Plântulas de dois genótipos de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) com tolerância diferencial à salinidade foram expostas a 0 e 100 mM de NaCl, aplicado gradualmente em incrementos de 25 mM, a cada 12 horas, em solução nutritiva. Após 7 dias de tratamento salino foram determinados o crescimento da parte aérea e das raízes e os teores de solutos inorgânicos e orgânicos. A salinidade reduziu a produção de matéria seca e o comprimento tanto da parte aérea como do sistema radicular nos dois genótipos de sorgo, principalmente no genótipo sensível. Observou-se, de modo geral, aumento nas transferências de Na+ e de Cl- para a parte aérea, nos acúmulos de Na+ e Cl- e na relação Na+/K+ mas redução nas transferências de K+ e de Ca2+ para a parte aérea e nos teores de K+ e Ca2+ na parte aérea, sempre com maior intensidade no cultivar sensível. Aparentemente, a tolerância a altas concentrações salinas em sorgo parece estar relacionada com a capacidade do genótipo evitar o acúmulo de íons como Na+ e Cl- e, ou manter níveis adequados de íons como K+ e Ca2+, principalmente na parte aérea. Os carboidratos solúveis e aminoácidos constituíram juntos acima de 98% do total de solutos orgânicos e apresentaram os maiores aumentos absolutos em concentração durante o estresse salino. Provavelmente, os carboidratos solúveis e os aminoácidos foram os solutos orgânicos que mais contribuíram para o ajuste osmótico nas folhas e raízes, respectivamente. Sob estresse salino observou-se, também, expressivo aumento nos teores de prolina, especialmente nas folhas mais velhas do genótipo sensível. No entanto, estes teores, mesmo nas plantas estressadas, foram muito inferiores aos de outros solutos orgânicos. Ao contrário do que tem sido geralmente estabelecido, prolina não parece ter um importante papel no mecanismo de tolerância ao estresse salino, pelo menos para estes genótipos e sob as condições experimentais utilizadas neste estudo.
Salinidade; estresse salino; acúmulo de sais; acúmulo de solutos orgânicos; Sorghum bicolor
