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Dificuldades do acesso aos serviços de saúde entre idosos não institucionalizados: prevalência e fatores associados

Resumo

Objetivo:

Estimar a prevalência e descrever os fatores associados às dificuldades do acesso aos serviços de saúde entre idosos não institucionalizados.

Método:

Estudo transversal aninhado a uma coorte de base populacional, entre idosos comunitários, em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. A coleta de dados foi realizada no domicílio dos idosos entre novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Avaliou-se características demográficas, socioeconômicas, variáveis relacionadas aos cuidados de saúde e ao acesso e utilização dos serviços de saúde. Foram efetuadas análises bivariadas (teste qui-quadrado de Pearson) adotando-se nível de significância menor que 0,20 para inclusão das variáveis independentes no modelo múltiplo. O modelo final foi gerado por meio de análise de regressão de Poisson, com variância robusta, e as variáveis mantidas apresentaram associação com dificuldade de acesso aos serviços de saúde até o nível de significância de 0,05 (p<0,05).

Resultados:

Participaram deste estudo 394 idosos, 33% referiram dificuldades de acesso. Verificou-se, na análise múltipla, maior dificuldade de acesso entre os idosos sem companheiro; sem leitura; com autopercepção negativa de saúde e frágeis. Os idosos enfrentaram maiores dificuldades no acesso quando procuraram por serviços públicos.

Conclusão:

Estimou-se alta percepção de dificuldade de acesso, determinada por aspectos sociais e físicos inerentes ao envelhecimento, que podem ser potencializadas por características dos serviços públicos. Evidencia-se necessidade de investimentos na assistência à saúde do idoso, de forma a garantir a assistência e promover um envelhecer com saúde.

Palavras-chaves:
Serviços de Saúde; Assistência a Idosos; Acesso aos Serviços de Saúde; Prevalência; Enfermagem em Saúde Comunitária

Abstract

Objective:

To estimate the prevalence and factors associated with the difficulties of access to health services among non-institutionalized older adults in the town of Montes Claros, Minas Gerais, Brazil.

Method:

A cross-sectional study nested in a population-based cohort of community-dwelling older adults was carried out in Montes Claros, Minas Gerais, Brazil. Data collection was performed in the homes of the older adults between November 2016 and February 2017. Demographic, socioeconomic, and health-related variables and access to and use of health services were evaluated. Bivariate analyzes (Pearson’s chi-squared test) were conducted, adopting a level of significance lower than 0.20 for inclusion of the independent variables in the multiple model. The final model was generated by Poisson regression analysis, with robust variance, and the variables maintained were associated with difficulty in using the health services up to a level of significance of 0.05 (p<0.05).

Results:

394 older adults participated in this study, 33% of whom reported difficulties with access. In multiple analysis, greater difficulty of access was registered among older adults without a partner; who could not read; were frail and had a negative self-perception of health. Older adults face greater difficulties with access when seeking public services.

Conclusion:

A high perception of difficulty with access was identified, determined by social and physical aspects inherent to aging, and which may be worsened by the characteristics of public services. There is a need for investments in the health care of older adults, in order to guarantee care that promotes healthy aging.

Keywords:
Health Services; Old Age Assistance; Health Services Accessibility; Prevalence; Community Health Nursing

INTRODUÇÃO

Mudanças nos padrões demográficos e acentuada longevidade são tendências que tem redesenhado a estrutura etária da população no mundo e no Brasil11 Organização das Nações Unidas. Demografia econômica e envelhecimento Populacional [Internet]. [sem local]: ONU; 2018 [acesso em 11 nov. 2018]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/?post_type=post&s=envelhecimento
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,22 Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2015 [acesso em 2019 out 07]. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf
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. Esse cenário exige modificações na estrutura e oferta de serviços fundamentais que tenham padrões mínimos de qualidade e permitam ao idoso não somente viver por mais tempo, mas viver de forma ativa e saudável22 Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2015 [acesso em 2019 out 07]. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf
https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2...
,33 Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2016 [acesso em 18 nov. 2018];19(3):507-19. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v19n3/pt_1809-9823-rbgg-19-03-00507.pdf
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.

Com base nesse paradigma do envelhecer saudável surge a necessidade de adaptações do sistema de saúde para garantir qualidade de acesso e utilização dos serviços de saúde. As adequações indicam reformulação de políticas de saúde que contemplem novas formas de cuidado, pautadas na melhoria na qualidade de vida, manutenção da habilidade funcional e prevenção às condições crônicas em saúde22 Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2015 [acesso em 2019 out 07]. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf
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. Faz-se necessário modelos de atenção que respeitem as características dos idosos e que vislumbrem o atendimento integral ao longo do percurso assistencial44 Scolari GAS, Rissardo LK, Baldissera VDA, Carreira L. Unidades de pronto atendimento e as dimensões de acesso à saúde do idoso. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [acesso 18 nov. 2018];71(Suppl 2):811-7. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000800811&lng=en&tlng=en
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O acesso aos serviços de saúde representa um importante aspecto que fundamenta a qualidade e desempenho adequado dos serviços de saúde55 Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet [Internet]. 2011 [acesso 17 nov. 2018]; 377(9779):1778-97. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673611600548?via%3Dihub
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. Acesso é um conjunto de dimensões que determinam a relação entre a procura e a entrada no serviço66 Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad Saúde Pública. 2004;20 Supl 2:190-8.. A utilização de serviços de saúde compreende todo contato direto com os pontos assistenciais e é a evidência de que o acesso foi alcançado66 Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad Saúde Pública. 2004;20 Supl 2:190-8..

A relação do envelhecimento e acesso pode representar uma situação preocupante. Características inerentes ao envelhecimento apresentam, como consequência, menor disposição física do idoso em procurar os serviços de saúde e deslocar-se nos diferentes níveis de atenção77 Rissardo KL, Carreira L. Organização do serviço de saúde e cuidado ao idoso indígena: sinergias e singularidades do contexto profissional. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2014 [acesso 07 out. 2019];48(1):72-9. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342014000100072&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420140000100009
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. Outros fatores, como variações geográficas; socioeconômicas; necessidades individuais; qualidade de vida; nível de conhecimento sobre saúde, associados ao perfil de morbidade são determinantes na utilização de serviços de saúde e de sua frequência e, portanto, podem determinar dificuldades de acesso aos serviços de saúde para a população idosa88 Pilger C, Menon MU, Mathias TAF. Utilização de serviços de saúde por idosos vivendo na comunidade. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [acesso 18 nov. 2018]47(1):213-20. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000100027
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As dificuldades do acesso aos serviços de saúde vão muito além do aspecto geográfico, e se relacionam, principalmente, à baixa oferta de serviços99 Oliveira APC, Gabriel M, Poz MRD, Dussault G. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2017 [acesso 21 out. 2019];22(4):1165-80. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017002401165&lng=pt. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017224.31382016
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. Além disso, devem ser considerados os aspectos organizacionais; econômicos; sociais; culturais; religiosos; epidemiológicos e de comunicação com as equipes de saúde99 Oliveira APC, Gabriel M, Poz MRD, Dussault G. Desafios para assegurar a disponibilidade e acessibilidade à assistência médica no Sistema Único de Saúde. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2017 [acesso 21 out. 2019];22(4):1165-80. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017002401165&lng=pt. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017224.31382016
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,1010 Figueira MCS, Silva WP, Silva EM. Acesso aos serviços da Atenção Primária em Saúde: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [acesso em 26 fev. 2019];71(3):1178-88. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000301178&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
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De modo geral, ainda há lacunas no conhecimento sobre acesso e utilização de serviços de saúde. Os estudos, em sua maioria, são pautados na demanda de pessoas que estão presentes nos serviços, nas características demográficas e nos problemas de saúde com maior prevalência1111 Viegas APB, Carmo RF, Luz ZMP. Fatores que influenciam o acesso aos serviços de saúde na visão de profissionais e usuários de uma unidade básica de referência. Saúde Soc [Internet]. 2015 [acesso em 26 fev. 2019];24(1):100-12. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902015000100100&lng=pt&tlng=pt
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. Estudos realizados com usuários presentes nos serviços de saúde excluem aqueles que não procuram atendimento e comprometem o conhecimento em nível populacional1111 Viegas APB, Carmo RF, Luz ZMP. Fatores que influenciam o acesso aos serviços de saúde na visão de profissionais e usuários de uma unidade básica de referência. Saúde Soc [Internet]. 2015 [acesso em 26 fev. 2019];24(1):100-12. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902015000100100&lng=pt&tlng=pt
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. Portanto, justifica-se a realização de estudos de base populacional. Além disso, percebe-se que não há uniformidade no processo de análise da dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que representa um obstáculo para investigação comparativa da literatura e desta ca a necessidade de mais estudos na área1212 Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2012 [acesso 21 out. 2019];17(11):2865-75. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001100002&lng=pt
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Estimar a prevalência e identificar os fatores associados à dificuldade de acesso aos serviços de saúde salienta o real contexto do acesso da população idosa e contribui para sensibilizar, com dados fidedignos, gestores e profissionais de saúde sobre a necessidade de adaptações, intervenções, conhecimento e planejamento de políticas públicas a fim de promover ampliação do acesso, acolhimento, atendimento resolutivos para o envelhecer com qualidade1212 Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2012 [acesso 21 out. 2019];17(11):2865-75. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001100002&lng=pt
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Em relação aos profissionais de saúde este estudo pode despertar para a necessidade de treinamentos e mudanças na organização do processo de trabalho, para proporcionar aos idosos acesso aos serviços de saúde com qualidade. A fragilidade, morbidade e demais determinantes são barreiras para o acesso em saúde e reconhecê-los é importante para os profissionais atuarem nos serviços, na família, no acolhimento e no atendimento integral aos idosos88 Pilger C, Menon MU, Mathias TAF. Utilização de serviços de saúde por idosos vivendo na comunidade. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [acesso 18 nov. 2018]47(1):213-20. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000100027
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É relevante, ainda, destacar que o norte do Estado de Minas Gerais, onde está situado o cenário deste estudo, configura uma das regiões mais carentes do país e apresenta índices de desenvolvimento humano entre os mais baixos desse Estado e, portanto, carece de pesquisas relacionadas a assistência de saúde aos idosos, incluindo a avaliação de possíveis dificuldades de acesso e seus determinantes1313 Ramos GCF, Carneiro JA, Barbosa ATF, Mendonça JMG, Caldeira AP. Prevalência de sintomas depressivos e fatores associados em idosos no norte de Minas Gerais: um estudo de base populacional. J Bras Psiquiatr [Internet]. 2015 [acesso em 12 nov. 2017];64(2):123-31. Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852015000200122&lng=pt&tlng=pt
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. Neste contexto, este estudo teve como objetivo estimar a prevalência e identificar os fatores associados às dificuldades do acesso aos serviços de saúde entre idosos não institucionalizados do município de Montes Claros, MG, Brasil.

MÉTODO

Trata-se de estudo transversal aninhado a uma coorte de base populacional, realizado no município de Montes Claros, norte do Estado de Minas Gerais, Brasil, com população de, aproximadamente, 404 mil habitantes e representa o principal polo urbano regional1414 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama. Populações Estimadas, Cidades, 2018 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2018 [acesso em 12 nov. 2017]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/montes-claros/panorama
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O tamanho da amostra na linha de base foi calculado para estimar a prevalência de cada desfecho em saúde investigado no inquérito epidemiológico, considerando uma população estimada de 30.790 idosos (13.127 homens e 17.663 mulheres), residentes na região urbana, segundo dados do censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); nível de confiança de 95%; prevalência conservadora de 50% para os desfechos desconhecidos e erro amostral de 5%. Por tratar-se de amostragem por conglomerados, o número identificado foi multiplicado por um fator de correção e efeito de delineamento (deff) de 1,5%, e acrescido de 15% para eventuais perdas. O número mínimo de idosos definido pelo cálculo amostral foi de 360 pessoas (linha de base).

O processo de amostragem na linha de base foi probabilístico, por conglomerados e em dois estágios. No primeiro estágio, utilizou-se como unidade amostral o setor censitário. Foram selecionados aleatoriamente 42 setores censitários, entre os 362 setores urbanos do município, segundo dados do IBGE1414 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama. Populações Estimadas, Cidades, 2018 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2018 [acesso em 12 nov. 2017]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/montes-claros/panorama
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. No segundo estágio, definiu-se o número de domicílios de acordo com a densidade populacional de indivíduos, com idade igual ou maior que 60 anos. Nesta etapa, os setores com maior número de idosos tiveram mais domicílios alocados, de forma a produzir uma amostra mais representativa da população. Após sorteio dos domicílios verificavam se a casa sorteada possuía idosos, caso não, avaliavam se o domicílio à direita ou à esquerda havia o público referido para a coleta de dados.

A coleta de dados foi realizada entre os meses de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Foram considerados critérios de inclusão no estudo ter idade igual ou maior que 60 anos. Foram consideradas perdas os idosos não disponíveis para participação em pelo menos três visitas em dias e horários diferentes, mesmo com agendamento prévio, bem como idosos cujos cuidadores/familiares recusaram a participação no estudo.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi baseado em estudos similares, de base populaciona1515 Carneiro JA, Cardoso RR, Durães MS, Guedes MCA, Santos FL, Costa FM, et al. Frailty in the elderly: prevalence and associated factors. Rev Bras Enferm. 2017;70(4):747-52.,1616 Bonello AALM, Correa CRS. Acesso aos serviços básicos de saúde e fatores associados: estudo de base populacional. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2014 [acesso 04 abr. 2019];19(11):4397-4406. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232014001104397&lng=pt&tlng=pt
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. A dimensão do acesso, especificamente, foi adaptada do inquérito Vigitel de 20101717 Brasil. Ministério da Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: Vigitel 2010. Brasília, DF: MS; 2011., do Ministério da Saúde, e foi previamente testado, nesta investigação, em estudo piloto em um setor censitário especialmente sorteado e cujos dados não foram incluídos na pesquisa final. O processo de preenchimento, de verificação de coerência dos dados e controle de qualidade, bem como o arquivamento das informações foi coordenado pelo investigador principal.

Os entrevistadores (estudantes de graduação em Enfermagem e Medicina) foram previamente treinados e calibrados, para tanto foi utilizada a medida de concordância Kappa (0,8). Para a coleta de dados percorreram-se os setores censitários a partir de um ponto previamente definido em cada setor censitário para realizarem as entrevistas. As perguntas do questionário foram respondidas com o auxílio de familiares ou acompanhantes para os idosos incapazes de responder, seguindo orientações dos instrumentos de coleta de dados.

Foram avaliadas as características demográficas; sociais e econômicas do grupo; além das variáveis relacionadas aos cuidados de saúde e ao acesso e utilização dos serviços de saúde. A fragilidade foi avaliada por meio da escala Edmonton Frail Scale (EFS)1818 Rolfson DB, Majumdar SR, Tsuyuki RT, Tahir A, Rockwood K. Validity and reliability of the Edmonton Frail Scale. Age Ageing [Internet]. 2006 [acesso em 26 fev. 2019];35(5):526-29. Disponível em: https://academic.oup.com/ageing/article/35/5/526/9782
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. Avaliou-se, ainda, a percepção de dificuldade para utilização do serviço de saúde mais procurado, por meio da questão “O(a) Sr(a) tem alguma dificuldade para usar seu principal serviço de saúde, quando necessário?”. A resposta a essa questão foi tomada como variável dependente e foi dicotomizada em sim ou não.

As variáveis independentes estudadas foram as Demográficas: sexo (masculino e feminino), faixa etária (dicotomizada até 79 anos e igual ou maior de 80 anos, devido uma piora da fragilidade em tal faixa etária). Sociais: situação conjugal (com ou sem companheiro), condição de residir sozinho ou com outras pessoas, escolaridade (até 4 nos de estudo ou mais que 4 anos), leitura (saber ler ou não). Econômicas: renda própria, renda familiar mensal (até 1 salário mínimo ou maior de 1 salário). Clínicas: presença de comorbidades crônicas (hipertensão arterial, diabetes mellitus, infarto agudo do miocárdio, doenças osteoarticulares, neoplasia, acidente vascular encefálico). Autopercepção da saúde, presença de cuidador, queda nos últimos 12 meses, internação nos últimos 12 meses, fragilidade. Relativas ao acesso: dificuldades de transporte, dificuldades financeiras, ausência de companhia, serviços ruins, barreiras geográficas e arquitetônicas, além do tempo necessário para se chegar ao serviço de saúde. Possuir plano de saúde, principal tipo de serviço procurado (público ou privado), tipos de serviço em que encontrou mais dificuldade de acesso: pronto atendimento (PA) particular, PA SUS, centro de especialidades e unidade básica da Estratégia Saúde da Família (ESF),

A fragilidade foi avaliada por meio da escala Edmonton Frail Scale (EFS)1818 Rolfson DB, Majumdar SR, Tsuyuki RT, Tahir A, Rockwood K. Validity and reliability of the Edmonton Frail Scale. Age Ageing [Internet]. 2006 [acesso em 26 fev. 2019];35(5):526-29. Disponível em: https://academic.oup.com/ageing/article/35/5/526/9782
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, instrumento que avalia nove domínios: cognição; estado de saúde; independência funcional; suporte social; uso de medicação; nutrição; humor; continência urinária e desempenho funcional. Esses domínios estão distribuídos em 11 itens, com pontuação de 0 a 17. Para a análise estatística, os resultados da escala foram divididos em dois níveis: sem fragilidade (escore final ≤6) e com fragilidade (escore >6).

A análise dos resultados envolveu a construção de uma planilha eletrônica no programa Excel®, para organização e dupla digitação com realização da conferência e comparação das digitações. As informações foram codificadas e transferidas para um banco de dados do software analítico Statistical Package for the Social Sciences - SPSS, versão 18.0, (SPSS for Windows, Chicago, EUA), a fim de avaliar possíveis relações de associação entre as variáveis.

Realizou-se análises bivariadas para identificar fatores associados à variável resposta, por meio do teste qui-quadrado. A magnitude das associações foi estimada a partir da razão de prevalência (RP). A regressão de Poisson, com variância robusta, foi utilizada para calcular as RP ajustadas, considerando, de forma conjunta, as variáveis independentes que estiveram mais fortemente associadas com a dificuldade de acesso na análise bivariada, até o nível de significância de 20% (p<0,20). Para a análise do modelo final, considerou-se um nível de significância de 0,05 (p<0,05).

O estudo atendeu à Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que estabelece diretrizes e normas que regulamentam pesquisas envolvendo seres humanos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros - Parecer nº 1629.395 08/07/2016 - CAAE nº 56520216.4.0000.5109. Todos os idosos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para participação neste estudo.

RESULTADOS

Participaram deste estudo 394 idosos comunitários. A avaliação das características da amostra evidenciou a predominância do sexo feminino, 263 (66,8%). A faixa etária com maior contingente foi entre 60 e 79 anos 302 (76,6%), com média de idade de 73,9 (dp±7,9) anos. Residiam sem companheiro 199 (50,6%); 295 (74,9%) possuíam até quatro anos de estudo. Em relação às variáveis sociais, 348 (88,3%) idosos não possuíam cuidador. Das variáveis clínicas 281 (71,3%) eram hipertensos; 189 (48,0%) referiam doenças osteoarticulares.

Os serviços de saúde mais procurados foram as Estratégias Saúde da Família 259 (65,7%), seguido do Pronto Atendimento Público 188 (47,7%). Os serviços particulares ou seguros de saúde (convênios) foram procurados por 132 (33,5%) idosos. O registro de internações para os 12 meses anteriores à pesquisa foi feito por 122 (17,8%) idosos.

Quanto a questões relativas ao acesso verificou-se que as principais dificuldades de acessar o principal serviço de saúde foram: dificuldades de transporte 39 (30%), a falta de recursos financeiros 32 (24,6%), a ausência de companhia 30 (23,1%), a percepção de que o serviço era ruim 58 (44,6%), barreiras arquitetônicas 24 (18,5%), barreiras geográficas 28 (21,5%). O tempo médio necessário para se chegar ao principal serviço foi de 16,4 minutos.

A Tabela 1 mostra a análise bivariada da dificuldade de acesso aos serviços de saúde segundo as variáveis demográficas, socioeconômicas, da saúde e relativas ao acesso aos serviços de saúde.

Tabela 1
Análise bivariada da dificuldade de acesso aos serviços de saúde segundo as variáveis demográficas, socioeconômicas, da saúde e relativas ao acesso aos serviços de saúde (n=394). Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, 2018.

A Tabela 2 apresenta os fatores associados à dificuldade de acesso aos serviços de saúde entre idosos comunitários.

Tabela 2
Fatores associados à dificuldade de acesso aos serviços de saúde entre idosos comunitários em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.

DISCUSSÃO

Verificou-se, neste estudo, que 33% dos idosos relataram dificuldade de acesso aos serviços de saúde. A prevalência estimada representa um percentual elevado, o que é relevante, uma vez que os idosos constituem importante parcela de demanda por atendimento nos serviços de saúde, devido as suas características de comorbidades, fragilidade e suas condições de saúde, que os tornam vulneráveis88 Pilger C, Menon MU, Mathias TAF. Utilização de serviços de saúde por idosos vivendo na comunidade. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [acesso 18 nov. 2018]47(1):213-20. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000100027
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. Possivelmente, o acesso aos serviços de saúde para os idosos, determinado pela Política Nacional de Saúde da Pessoa idosa1919 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006. Aprova a política nacional de saúde da pessoa idosa. Diário Oficial da União. Out. 2006., não está sendo legitimado na prática.

Em um estudo conduzido no Brasil, em João Pessoa, foi observado dificuldade de acesso aos serviços devido os meios de transporte e as barreiras geográficas2020 Amaral FLJS, Motta MHA, da Silva LPG, Alves SB. Fatores associados com a dificuldade no acesso de idosos com deficiência aos serviços de saúde. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2012 [acesso em 26 fev. 2019];17(11):2991-3001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001100016&lng=pt&tlng=pt
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. No entanto, no presente estudo 67% dos idosos tiveram acesso aos serviços de saúde, quando procurado. Observa-se um caminho progressivo das políticas de saúde destinadas aos idosos que necessitam de melhoria e ampliação do acesso para o alcance integral, igualitário e universal.

A importante predominância de mulheres evidencia o crescente fenômeno da feminização da população idosa. Essa tendência ocorre principalmente em função do diferencial da mortalidade por sexo, que afeta o ritmo de crescimento das populações masculina e feminina e que prevalece na população brasileira, resultando em maior sobrevida das mulheres22 Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2015 [acesso em 2019 out 07]. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf
https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2...
. Um dos desafios do processo de feminização do envelhecimento é possibilitar a criação de um espaço de convivência nos serviços de saúde com o objetivo de motivar a participação das mulheres idosas no convívio social, além de garantir seu acesso aos serviços de saúde quando necessário. Assim seria possível evitar o isolamento e fortalecer a autoestima e a autonomia feminina2,21 .

Neste estudo verificou-se, na análise múltipla, que os idosos com maior dificuldade foram aqueles sem companheiro, que não sabem ler; que possuem autopercepção negativa da própria saúde e que são frágeis. Quanto aos serviços de saúde procurados, verificou-se que os idosos enfrentaram maiores dificuldades no acesso, quando buscaram atendimento nos serviços públicos.

A maior dificuldade de acesso entre idosos sem companheiros pode ser explicada devido à ausência de companhia, para encaminhá-los aos serviços2222 Domingues MA, Ordonez TN, Lima-Silva TB, Torres MJ, Barros TC, Florindo AA. Redes de relações sociais dos idosos residentes em Ermelino Matarazzo, São Paulo: um estudo epidemiológico. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2013 [acesso em 26 nov. 2019];16(1):49-59. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232013000100006&lng=pt&tlng=pt
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. Pesquisa evidenciou que idosos viúvos, divorciados ou separados apresentaram a dificuldade de locomoção e a ausência de companhia para o cuidado em saúde como determinantes de problemas relacionados a ausência de procura pelos serviços de saúde.

A relação entre a falta de leitura e piores indicadores de saúde incluindo maiores dificuldades em acessar os serviços de saúde já foi bem descrita2121 Almeida APSC, Nunes BP, Duro SMS, Facchini LA. Determinantes socioeconômicos do acesso a serviços de saúde em idosos: revisão sistemática. Rev Saúde Pública. 2017;51(50):1-15.,2323 Pereira DS, Nogueira JAD, Silva CAB. Qualidade de vida e situação de saúde de idosos: um estudo de base populacional no Sertão Central do Ceará. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2015 [acesso 08 maio 2019];18(4):893-908. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n4/pt_1809-9823-rbgg-18-04-00893.pdf
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. Também em estudo realizado no Ceará foi evidenciada que a baixa escolaridade pode potencializar piora no estado de saúde, em função de hábitos não saudáveis pela falta de conhecimento; maior exclusão e menor nível de informação para procurar serviços de saúde precocemente 2323 Pereira DS, Nogueira JAD, Silva CAB. Qualidade de vida e situação de saúde de idosos: um estudo de base populacional no Sertão Central do Ceará. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2015 [acesso 08 maio 2019];18(4):893-908. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n4/pt_1809-9823-rbgg-18-04-00893.pdf
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As chances de procurar serviços de saúde aumentam à medida que os indivíduos envelhecem e possuem baixa escolaridade2424 Louvison MCP, Lebrão ML, Duarte YAO, Santos JLF, Malik AM, Almeida ES. Desigualdades no uso e acesso aos serviços de saúde entre idosos do município de São Paulo. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 [acesso 20 out. 2019];42(4):733-40. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000400021&lng=en
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, e é esperado que a maior procura faça emergir maiores dificuldades de acesso1111 Viegas APB, Carmo RF, Luz ZMP. Fatores que influenciam o acesso aos serviços de saúde na visão de profissionais e usuários de uma unidade básica de referência. Saúde Soc [Internet]. 2015 [acesso em 26 fev. 2019];24(1):100-12. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902015000100100&lng=pt&tlng=pt
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. Estudos conduzidos na Alemanha, França e Reino Unido25 também evidenciaram que usuários com baixa escolaridade são os que enfrentam maiores entraves no uso dos serviços de saúde que procuraram. Faz-se necessário contínuo incentivo à alfabetização aos idosos, oferecendo-lhes oportunidade de aprendizado que lhes proporcionará melhora nos aspectos relacionados ao autocuidado e à responsabilização para com sua saúde e a busca oportuna pelos serviços de saúde2626 Paskulin LMG, Bierhals CCBK, Valer DB, Aires M, Guimarães NV, Brocker AR, et al . Alfabetização em saúde de pessoas idosas na atenção básica. Acta Paul Enferm [Internet]. 2012 [acesso 21 out. 2019];25(Spec 1):129-35. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000800020&lng=pt
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Neste estudo, idosos que apresentaram autopercepção negativa da saúde e eram frágeis relataram maiores dificuldades no acesso aos serviços de saúde. Resultados semelhantes foram observados em estudos realizados em São Paulo27 e Minas Gerais2828 Medeiros SM, Silva LRS, Carneiro JA, Ramos GCF, Barbosa ATF, Caldeira AP. Fatores associados à autopercepção negativa da saúde entre idosos não institucionalizados de Montes Claros, Brasil. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2016 [acesso 19 nov. 2018];21(11):3377-86. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016001103377&lng=pt&tlng=pt
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. A percepção negativa de saúde poder estar relacionada à presença de morbidade, fragilidade e outras condições que determinam maior necessidade de procura por serviços médicos. Nessas condições, uma busca mais frequente implica também em maiores dificuldades de acesso e utilização2828 Medeiros SM, Silva LRS, Carneiro JA, Ramos GCF, Barbosa ATF, Caldeira AP. Fatores associados à autopercepção negativa da saúde entre idosos não institucionalizados de Montes Claros, Brasil. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2016 [acesso 19 nov. 2018];21(11):3377-86. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016001103377&lng=pt&tlng=pt
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A associação significativa entre acesso e fragilidade, que é uma síndrome que envolve aspectos biológicos, psicológicos, sociais e pode impactar negativamente na vida social e pessoal dos idosos pode ser compreendida pela maior necessidade percebida. Ao alcançar o acesso aos serviços de saúde, embora a fragilidade seja uma condição progressiva, é possível que o atendimento adequado possa atenuar e prevenir os sintomas. Com o aumento da fragilidade o idoso tem dificuldade de se locomover, necessita de ajuda; da presença do cuidador e tais acometimentos são barreiras para os idosos procurarem e usarem os serviços de saúde2929 Fernandes HC. O acesso aos serviços de saúde e sua relação com a capacidade funcional e a fragilidade em idosos atendidos pela Estratégia Saúde da Família [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2010..

Quanto aos serviços mais utilizados verificou-se, no presente estudo, maiores dificuldades entre idosos que procuraram os serviços públicos. Essas dificuldades foram principalmente relacionadas à falta de transporte para se chegar ao serviço, poucos recursos financeiros, ausência de companhia, percepção de serviços pouco resolutivos e ainda em função de barreiras geográficas e arquitetônicas que impediam ou dificultavam o acesso. De forma semelhante, estudo realizado no Paraná evidenciou uma percepção negativa da população sobre os serviços públicos que ofereciam atendimento precário, os idosos relatavam obstáculos para obter assistência quando procuravam serviços de saúde públicos44 Scolari GAS, Rissardo LK, Baldissera VDA, Carreira L. Unidades de pronto atendimento e as dimensões de acesso à saúde do idoso. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [acesso 18 nov. 2018];71(Suppl 2):811-7. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000800811&lng=en&tlng=en
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. Tais serviços apresentavam problemas relativos a não continuidade dos programas realizados, principalmente em função das mudanças de governo, e consequente modificações das políticas públicas de saúde44 Scolari GAS, Rissardo LK, Baldissera VDA, Carreira L. Unidades de pronto atendimento e as dimensões de acesso à saúde do idoso. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [acesso 18 nov. 2018];71(Suppl 2):811-7. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000800811&lng=en&tlng=en
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. Também em pesquisa realizada em Maranhão30 o acesso aos serviços públicos também foi considerado deficiente devido ao horário de atendimento das unidades básicas, que funcionam em horários comerciais, falta de um telefone fixo para agendamentos de consultas e em função de questões organizacionais precárias.

Nesta pesquisa, a menor dificuldade em acessar os serviços privados pelos idosos pode ser compreendida pela significativa parcela da população participante que possuía planos de saúde, (37,8%). Além disso, cerca de 70% dos idosos pagam seus próprios planos. A cobertura dos planos de saúde entre os idosos no Brasil tem crescido rapidamente e é de aproximadamente 5 milhões de pessoas de 60 anos ou mais, representando 29,4% do total de idosos no País3131 Malta DC, Stopa SR, Pereira CA, Szwarcwald CL, Oliveira M, Reis AC. Cobertura de Planos de Saúde na população brasileira, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2017 [acesso em 19 nov. 2018];22(1):179-90. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017000100179&lng=pt&tlng=pt
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Embora não tenha sido significante no modelo final, neste estudo, o serviço mais procurado foi a ESF e prováveis problemas nesse serviço, podem ser uma justificativa para as maiores dificuldades de acesso nos serviços públicos. Embora a cobertura da ESF esteja aumentando em todo País a iniquidade de acesso ainda persiste. Prover cuidados com qualidade é um dos principais objetivos dos sistemas de saúde, mas a intenção nem sempre é suficiente. Equilibrar a demanda com a capacidade de atendimento ainda parece ser um sério problema a ser enfrentado em relação ao acesso na atenção primária em saúde3232 Rocha SA, Bocchi SCM, Godoy MF. Acesso aos cuidados primários de saúde: revisão integrativa. Physis [Internet]. 2016 [acesso em 19 nov. 2018];26(1):87-111. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312016000100087&lng=pt&tlng=pt
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. Apesar das dificuldades existentes a ESF tem se mostrado capaz de minimizar diferenças de acesso que há muito tempo se perpetuam. Acredita-se que para que o impacto positivo no acesso seja percebido pela população ainda será necessário mais tempo para plena consolidação da ESF3333 Andrade MV, Noronha K, Barbosa ACQ, Rocha TAH, Silva NC, Calazans JA, et al. A equidade na cobertura da Estratégia Saúde da Família em Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública [Internet]. 2015 [acesso em 19 nov. 2018];31(6):1175-87. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312016000100087&lng=pt&tlng=pt
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A longevidade é paradoxal, pois os benefícios de viver mais tempo são contrapostos pela possibilidade de doenças crônicas, declínio físico e psicológico, isolamento, depressão e declínio do status social e econômico. Com o aumento de pessoas idosas na comunidade também aumentam a necessidade da qualificação da atenção à saúde e a dependência de cuidados tanto da equipe de saúde como dos familiares e maior procura pelos serviços de saúde3434 Silva RM, Brasil CCP. A quarta idade: o desafio da longevidade. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [acesso em 19 nov. 2018];21(11):3631-2. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016001103631&lng=pt&tlng=pt
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Diante disso, há muito que se fazer para que o Sistema Único de Saúde dê respostas efetivas e eficazes às necessidades e demandas de saúde a população idosa. O acesso aos diversos serviços de saúde precisa ser ampliado e todos os profissionais de saúde, principalmente os que atuam na rede de atenção básica, porta de entrada aos serviços de saúde, devem ser alvo de treinamento e capacitação continuados para se adequarem às necessidades da população idosa. Quanto maior for o acesso aos bens e serviços da sociedade, maior será a qualidade de vida no processo de envelhecimento. Neste contexto, os serviços de saúde têm papel fundamental na atenção à saúde, para que a população idosa possa usufruir a vida com tudo aquilo que construiu. Para tal, são requeridos investimentos que priorizem a prevenção de doenças; controle de condições de cronicidade e ampliação do acesso aos serviços de saúde que permita aos idosos um viver com bem-estar22 Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2015 [acesso em 2019 out 07]. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf
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Os dados deste estudo devem ser interpretados a luz de algumas limitações, como a perda expressiva de idosos a partir do início do estudo (linha de base) para a primeira onda do estudo. Além da própria condição do idoso, com suas limitações; perda da funcionalidade e capacidade cognitiva, que podem dificultar as respostas aos vários questionamentos, visto que o questionário utilizado é amplo e o cansaço físico e mental do idoso pode ter sido um impedimento. Sugere-se em outros estudos que a coleta de dados possa ser realizada em mais de um momento, por etapas.

Embora na presente investigação tenham sido utilizados dados de um estudo maior de abordagem longitudinal, as informações sobre acesso são oriundas de um recorte transversal. Estudos transversais apresentam limitações no tocante à identificação temporal dos fatores estudados. Observa-se a necessidade de estudos longitudinais acerca da temática que desenvolvam e validem instrumentos de avaliação do acesso e a qualidade dos serviços de saúde específicos para idosos tendo em vista as particularidades desse segmento da população e a falta de padronização na avaliação de acesso e uso de serviços de saúde.

Os resultados evidenciam que as condições relacionadas às dificuldades de acesso são passíveis de intervenção, o que é fundamental para a prevenção e promoção de saúde dos idosos, de forma a evitar desfechos clínicos adversos, principalmente no que se refere a dificuldades de usar os serviços de saúde. O conhecimento dos fatores associados às dificuldades de acesso entre idosos permite que ações de saúde destinadas a esse grupo possam ser desenvolvidas de forma a minimizar tais dificuldades1515 Carneiro JA, Cardoso RR, Durães MS, Guedes MCA, Santos FL, Costa FM, et al. Frailty in the elderly: prevalence and associated factors. Rev Bras Enferm. 2017;70(4):747-52..

CONCLUSÃO

A dificuldade de acesso aos serviços de saúde procurados foi relatada por uma proporção significativa dos idosos participantes do estudo. As principais condições associadas a essa dificuldade de acesso foram não possuir companheiro; não saber ler; apresentar uma autopercepção negativa da própria saúde e ser classificado como idoso frágil. Além disso, maiores dificuldades foram relatadas na busca por atendimento nos serviços públicos.

O estudo demonstra a necessidade de investimentos direcionados a saúde do idoso, de forma a garantir a assistência a esse crescente contingente populacional. A relação dos idosos com os serviços de saúde é intensa e pode refletir iniquidades que impactam negativamente na qualidade de vida dessa população que depende de políticas públicas integradas e efetivas.

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  • Não houve financiamento na execução deste trabalho.

Editado por

Editado por:

Tamires Carneiro de Oliveira Mendes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    04 Jun 2019
  • Aceito
    01 Nov 2019
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