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Prevalência do papilomavírus humano e seus genótipos em mulheres portadoras e não-portadoras do vírus da imunodeficiência humana

Prevalence of human papillomavirus and its genotypes in the uterine cervix of HIV-infected and non-infected women

Resumos

OBJETIVO: avaliar a prevalência do HPV e seus genótipos, utilizando a técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR), em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV. MÉTODOS: estudo transversal no qual foram avaliadas 79 mulheres. Dentre elas, 41 eram portadoras do vírus HIV constituindo o grupo estudado, e 38 soronegativas para o HIV, atendidas em uma Unidade Básica de Saúde, e compuseram o grupo controle. Todas as participantes foram submetidas a teste sorológico para detecção do HIV e procuraram de forma espontânea, e pela primeira vez, o atendimento de ginecologia nos serviços mencionados. Estas mulheres responderam ao questionário padrão e foram submetidas a exame ginecológico, com coleta de material da cérvice uterina para citologia oncótica e para detecção do DNA-HPV e seus genótipos. Para análise estatística realizaram-se os testes de Kruskal-Wallis, do chi2 ou o exato de Fisher. Foi considerada significância estatística p<0,05. RESULTADOS: os dois grupos analisados demonstraram semelhanças quanto às características demográficas, antecedentes obstétricos e ginecológicos, exceto DST prévia. Diferenciaram-se quanto ao exame ginecológico atual e à citologia oncótica cervical. Houve diferença significante em relação à presença do DNA-HPV nos dois grupos (p<0,05). Das pacientes infectadas pelo HIV, 73,2% apresentaram resultado positivo para o DNA-HPV, comparado a 23,8% dentre as soronegativas (OR=8,79; IC 95%: 2,83-28,37). Em relação aos genótipos não se percebeu nítido predomínio de um subtipo específico de HPV em relação aos grupos infectados ou não pelo HIV, assim como foi similar a freqüência dos tipos não identificáveis. Constatou-se predominância não significante (p>0,05) da infecção múltipla por HPV nas soropositivas (50,0%), e a combinação mais freqüentemente encontrada foi a dos tipos 6, 11 e 16. A infecção simples por HPV nas soronegativas ocorreu em 66,6% das pacientes. O tipo 16 foi o mais freqüentemente encontrado, representando 44,4% do total das infecções simples nos dois grupos. CONCLUSÕES: as mulheres soropositivas pelo HIV apresentaram maior prevalência do DNA-HPV na cérvice uterina, em relação às soronegativas. Não houve maior predominância de tipos específicos de HPV quando os dois grupos foram comparados. Houve tendência de infecção por múltiplos tipos de HPV nas portadoras de HIV, ao passo que a infecção simples predominou nas soronegativas.

Reação em cadeia de polimerase; Papillomavirus humano; HIV; Citologia; Neoplasias do colo uterino


PURPOSE: to estimate the prevalence of HPV and its genotypes in HIV-infected and non-infected women, using the Polymerase Chain Reaction (PCR) technique. METHODS: a sectional study with 79 enrolled women: a study group, with 41 HIV-infected women, and a control group, with 38 non-infected women attended at a Basic Health Unit. All were submitted to a serologic test for the detection of HIV and spontaneously looked for gynecological attendance at those units, for the first time. They answered a standard questionnaire and were submitted to a gynecological examination with a cervical swab and specimen for the detection of DNA-HPV and its genotypes. Statistical analysis was performed using Kruskal-Wallis, chi2 or Fisher's exact tests. Statistical significance was considered at p<0.05. RESULTS: the demographic characteristics, obstetric and gynecological previous history were similar in both groups except for previous STD, but different as to the gynecological examination and cervical cytological analysis. The presence of DNA-HPV was significantly different (p<0.05) in the two groups. Among HIV-infected patients, 73.2% presented DNA-HPV positive results, as compared with 23.8% of non-infected women (OR=8.79; 95% IC: 2.83 28.37). Concerning HPV genotypes, there was no clear predominance of a specific HPV subtype in the HIV-infected or in the HIV non-infected groups, and the frequency of unidentified types was similar in both groups. Non-significant predominance of HPV multiple infections (p>0.05) was detected in the HIV-infected women (50.0%) and the most frequently found combination was of types 6, 11 and 16. HPV simple infection occurred in 66.6% of HIV-non-infected patients. The most frequent type found in both groups was 16, representing 44% of all the simple infections in both groups. CONCLUSIONS: HIV-infected women showed higher DNA-HPV prevalence in the uterine cervix, as compared to non-infected women. There was no difference in the predominance of specific types of HPV when both groups were compared. There was a tendency to HPV multiple infections in the HIV-infected women, whereas simple infection predominated in the non-infected patients.

Polymerase chain reaction; Papillomavirus, human; HIV; Cytology; Cervix neoplasm


ARTIGOS ORIGINAIS

Prevalência do papilomavírus humano e seus genótipos em mulheres portadoras e não-portadoras do vírus da imunodeficiência humana

Prevalence of human papillomavirus and its genotypes in the uterine cervix of HIV-infected and non-infected women

Rachel Rezende CamposI; Victor Hugo de MeloII; Dora Mendez del CastilhoIII; Cynthia Patrícia Ferreira NogueiraIV

IMédica Ginecologista-Obstetra da Prefeitura de Betim (MG) da Secretaria Municipal de Saúde (Unidade Básica de Saúde)

IIProfessor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil

IIIMédica do Núcleo de Pesquisa e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil

IVBióloga do Núcleo de Pesquisa e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG) - Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Rachel Rezende Campos Rua Inspetor Jaime Caldeiras 1030 Bairro Brasiléia - Betim - MG - 32510-720 Telefones (31) 3531-4717; 9984-2110 e-mail: camposrochabh@yahoo.com.br

RESUMO

OBJETIVO: avaliar a prevalência do HPV e seus genótipos, utilizando a técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR), em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV.

MÉTODOS: estudo transversal no qual foram avaliadas 79 mulheres. Dentre elas, 41 eram portadoras do vírus HIV constituindo o grupo estudado, e 38 soronegativas para o HIV, atendidas em uma Unidade Básica de Saúde, e compuseram o grupo controle. Todas as participantes foram submetidas a teste sorológico para detecção do HIV e procuraram de forma espontânea, e pela primeira vez, o atendimento de ginecologia nos serviços mencionados. Estas mulheres responderam ao questionário padrão e foram submetidas a exame ginecológico, com coleta de material da cérvice uterina para citologia oncótica e para detecção do DNA-HPV e seus genótipos. Para análise estatística realizaram-se os testes de Kruskal-Wallis, do c2 ou o exato de Fisher. Foi considerada significância estatística p<0,05.

RESULTADOS: os dois grupos analisados demonstraram semelhanças quanto às características demográficas, antecedentes obstétricos e ginecológicos, exceto DST prévia. Diferenciaram-se quanto ao exame ginecológico atual e à citologia oncótica cervical. Houve diferença significante em relação à presença do DNA-HPV nos dois grupos (p<0,05). Das pacientes infectadas pelo HIV, 73,2% apresentaram resultado positivo para o DNA-HPV, comparado a 23,8% dentre as soronegativas (OR=8,79; IC 95%: 2,83-28,37). Em relação aos genótipos não se percebeu nítido predomínio de um subtipo específico de HPV em relação aos grupos infectados ou não pelo HIV, assim como foi similar a freqüência dos tipos não identificáveis. Constatou-se predominância não significante (p>0,05) da infecção múltipla por HPV nas soropositivas (50,0%), e a combinação mais freqüentemente encontrada foi a dos tipos 6, 11 e 16. A infecção simples por HPV nas soronegativas ocorreu em 66,6% das pacientes. O tipo 16 foi o mais freqüentemente encontrado, representando 44,4% do total das infecções simples nos dois grupos.

CONCLUSÕES: as mulheres soropositivas pelo HIV apresentaram maior prevalência do DNA-HPV na cérvice uterina, em relação às soronegativas. Não houve maior predominância de tipos específicos de HPV quando os dois grupos foram comparados. Houve tendência de infecção por múltiplos tipos de HPV nas portadoras de HIV, ao passo que a infecção simples predominou nas soronegativas.

Palavras-chave: Reação em cadeia de polimerase; Papillomavirus humano; HIV; Citologia; Neoplasias do colo uterino

ABSTRACT

PURPOSE: to estimate the prevalence of HPV and its genotypes in HIV-infected and non-infected women, using the Polymerase Chain Reaction (PCR) technique.

METHODS: a sectional study with 79 enrolled women: a study group, with 41 HIV-infected women, and a control group, with 38 non-infected women attended at a Basic Health Unit. All were submitted to a serologic test for the detection of HIV and spontaneously looked for gynecological attendance at those units, for the first time. They answered a standard questionnaire and were submitted to a gynecological examination with a cervical swab and specimen for the detection of DNA-HPV and its genotypes. Statistical analysis was performed using Kruskal-Wallis, c2 or Fisher's exact tests. Statistical significance was considered at p<0.05.

RESULTS: the demographic characteristics, obstetric and gynecological previous history were similar in both groups except for previous STD, but different as to the gynecological examination and cervical cytological analysis. The presence of DNA-HPV was significantly different (p<0.05) in the two groups. Among HIV-infected patients, 73.2% presented DNA-HPV positive results, as compared with 23.8% of non-infected women (OR=8.79; 95% IC: 2.83 28.37). Concerning HPV genotypes, there was no clear predominance of a specific HPV subtype in the HIV-infected or in the HIV non-infected groups, and the frequency of unidentified types was similar in both groups. Non-significant predominance of HPV multiple infections (p>0.05) was detected in the HIV-infected women (50.0%) and the most frequently found combination was of types 6, 11 and 16. HPV simple infection occurred in 66.6% of HIV-non-infected patients. The most frequent type found in both groups was 16, representing 44% of all the simple infections in both groups.

CONCLUSIONS: HIV-infected women showed higher DNA-HPV prevalence in the uterine cervix, as compared to non-infected women. There was no difference in the predominance of specific types of HPV when both groups were compared. There was a tendency to HPV multiple infections in the HIV-infected women, whereas simple infection predominated in the non-infected patients.

Keywords: Polymerase chain reaction; Papillomavirus, human; HIV; Cytology; Cervix neoplasm

Introdução

As infecções pelo HPV e HIV ocorrem em mulheres em todo o mundo. Existe consenso na literatura quanto à associação do DNA-HPV com as neoplasias intra-epiteliais cervicais e câncer cervical1-3. Há relatos que entre 93 e 100% dos carcinomas de células escamosas da cérvice uterina contêm DNA-HPV de alto grau, transmitido durante o ato sexual4. Amplo estudo multicêntrico envolvendo aproximadamente 2000 pacientes portadoras de câncer cervical de células escamosas identificaram como de alto risco com potencial carcinogênico os HPVs dos tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 823. Vários estudos apontam a infecção do HIV, por si, como um fator independente para a infecção do HPV anogenital tanto na forma latente quanto na expressa clinicamente nas mulheres, principalmente pela neoplasia intra-epitelial cervical1,5-7.

Alguns estudos têm evidenciado maior prevalência do HPV em pacientes infectados pelo HIV, ao mesmo tempo em que associam estas infecções às lesões precursoras do câncer cervical8-11. Esses estudos mostram diversas taxas de prevalência, de acordo com a população estudada, método de diagnóstico da lesão cervical e técnica empregada para avaliar a presença do HPV no trato anogenital2,12,13. Demonstrou-se que a prevalência de anormalidades citológicas é mais alta nas mulheres soropositivas do que nas mulheres soronegativas, e ambos, HPV e imunodeficiência associada com HIV, são forte e independentemente fatores de risco para citologia alterada14. Além disto, os fatores de risco comportamentais e sociais, entre eles a precocidade do intercurso sexual, os múltiplos parceiros sexuais e o uso de cigarros, são fatores de risco para alteração citológica e neoplasia cervical, assim como para infecção pelo HPV15. Em 2002 a American Cancer Society considerou que o início precoce da atividade sexual e ter múltiplos parceiros, apesar de serem considerados fatores de risco, não determinam a necessidade de monitoramento com intervalos mais freqüentes para detecção do câncer cervical, exceto quando as mulheres são infectadas pelo HIV4 .

No Brasil, mais especificamente em São Paulo, foi encontrada prevalência de 98% de HPV, detectado pela PCR (reação em cadeia de polimerase), em mulheres infectadas pelo HIV, assim como alta prevalência de infecção com múltiplos genótipos (78,9%)13. Estes autores reafirmam seus resultados preliminares e complementam relatando que a infecção com três ou mais tipos de HPV não parece conferir risco adicional para displasia cervical em comparação à infecção simples12.

Demonstrou-se também que, nas lesões do colo uterino, a prevalência do HPV, utilizando-se a histopatologia como método diagnóstico, foi menor do que quando se utilizou a PCR, mas, em contrapartida, a histopatologia apresentou especificidade de 100%, não apresentando nenhum falso-positivo. A prevalência de HPV neste grupo, detectado pela PCR, foi de 85,7%16. Outro estudo relatou 80% de prevalência de HPV na cérvice uterina de mulheres HIV-positivas, sendo que os HPV mais prevalentes foram os tipos 6 e 16. O tipo 6 esteve associado a lesões de baixo grau e o 33 a lesões de alto grau17.

Observa-se que, na literatura, não há consenso quanto ao comportamento e presença dos genótipos do HPV em relação às lesões intraepiteliais cervicais. Fica bem clara a necessidade de acompanhamento diferenciado e mais periódico para as pacientes soropositivas para o HIV3,4,6,7.

O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da infecção pelo HPV e seus genótipos na cérvice uterina de mulheres soropositivas e soronegativas para o HIV. O conhecimento do grau de extensão da infecção pelo HPV na nossa população deve ser preliminar, e é fundamental para se proporem estratégias de monitoramento e tratamento mais adequadas à realidade dos nossos serviços de saúde e das nossas pacientes.

Métodos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais. Todas as participantes do estudo, após devidamente orientadas e esclarecidas sobre a pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

As participantes do estudo foram mulheres que procuraram, pela primeira vez, o Serviço de Ginecologia do Centro de Treinamento e Referência de Doenças Infecciosas e Parasitárias (CTR-DIP) Orestes Diniz, sendo que, na sua maioria, foram encaminhadas pela clínica médica deste serviço. Todas as pacientes já apresentavam teste sorológico confirmando a presença do HIV e constituíram o grupo de estudo. As usuárias da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Prefeitura de Betim que participaram do estudo como grupo controle eram mulheres que procuraram pela primeira vez o serviço de ginecologia de forma espontânea, podendo ser consideradas como amostra da população feminina geral. Estes serviços fazem parte do Sistema Único de Saúde da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

As pacientes, nos dois grupos, foram selecionadas por ordem de chegada aos referidos serviços de saúde. Foram excluídas as gestantes, as adolescentes menores de 18 anos e as pacientes que não tinham o resultado do teste de triagem para o HIV. Das 43 primeiras mulheres soropositivas atendidas, no transcorrer do estudo, duas apresentaram material sem qualidade para realização da PCR, restando 41 para a análise final. As pacientes atendidas na UBS constituíram o grupo de mulheres não-portadoras de HIV e, para isto, todas tiveram sangue coletado para teste sorológico, com o fim de detecção do HIV. Das 43 pacientes selecionadas, quatro desistiram de realizar o teste para o HIV e houve uma perda de dados, restando 38 pacientes no grupo de mulheres soronegativas para o HIV (controle).

As Tabelas 1 e 2 apresentam as características demográficas, comportamentais, história obstétrica e ginecológica das mulheres de acordo com a sorologia para o HIV.

Todas as pacientes foram submetidas ao questionário do protocolo de atendimento ginecológico. As pacientes da UBS foram entrevistadas, examinadas e tiveram seu material para o estudo cérvico-vaginal coletado sempre pelo mesmo profissional (RRC). A colposcopia e a biópsia cervical das pacientes da UBS não foram realizadas no próprio local devido à falta do material necessário para estes procedimentos. Quando indicado, as pacientes foram encaminhadas para o serviço de referência de propedêutica do colo uterino da rede SUS-Betim (foram encaminhadas três pacientes soronegativas, mas não houve necessidade de biópsia cervical).

As pacientes do CTR-DIP Orestes Diniz foram entrevistadas e examinadas pela equipe de atendimento ginecológico, sendo que todas as coletas de espécimes cérvico-vaginal foram realizadas pela autora. Estas pacientes, quando necessário, submeteram-se a exame colposcópico e biópsia guiada para estudo histopatológico neste mesmo serviço.

Para avaliar o número de pacientes necessário ao trabalho proposto (cálculo do tamanho da amostra), utilizou-se o programa Epi-Info versão 6.0. Levou-se em consideração a freqüência de HPV de 15% para as soronegativas e de 40% para as soropositivas, de acordo com dados da literatura. Isto resultou numa amostra de 36 pacientes para cada grupo, considerando-se poder de detecção de 80% (erro tipo II ou beta de 0,2) e probabilidade de erro de 5% (erro tipo 1 ou alfa de 0,05). Considerando-se 10% de perda, estimaram-se 40 pacientes para cada grupo.

Todos os testes sorológicos de triagem foram coletados na UBS-Betim e enviados para serem processados no Laboratório Central do Hospital Regional de Betim, no Setor de Imunodiagnóstico. Os procedimentos seqüenciais para detecção de anticorpos anti-HIV seguiram a portaria nº 488, de 17 de junho de 1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Todas as pacientes do CTR-DIP também possuíam teste confirmatório sorológico para HIV segundo normas da mesma portaria.

Para coleta do material para detecção de HPV e seus genótipos realizou-se a consulta ginecológica com anamnese e exame físico da paciente. Durante o exame ginecológico foi feita a inspeção genital e, após colocação do espéculo vaginal, a coleta do material para realização da PCR. Com uma espátula de Ayre, recolheu-se o material do colo uterino, que foi colocado em tubo de ensaio contendo 2 mL de soro fisiológico. Este tubo foi enviado ao Núcleo de Pesquisa e Apoio Diagnóstico (NUPAD) da Faculdade de Medicina. No caso das pacientes do CTR-DIP, o envio de material foi imediato. Em relação às pacientes da UBS, o material foi transportado em recipiente apropriado, resfriado a 4ºC, e entregue no laboratório em um prazo máximo de 24 horas. As amostras foram processadas para identificação do HPV e tipagem para os genótipos mais freqüentemente citados na literatura: 6, 11, 16, 18, 31, 33 e 35.

A técnica de detecção do DNA-HPV pela PCR segue os seguintes passos16: homogeneização do material da amostra; transferência de todas as amostras para tubos Eppendorf e centrifugação por 1 minuto, a 14.000 rpm e extração do DNA. Após esta extração, as amostras foram colocadas em tubos contendo uma mistura para ir ao termociclador. Esta mistura é composta dos quatro desoxirribonucleotídeos (dCTP, dGTP, dATP e dTTP), de DNA polimerase (Taq polimerase), MgCl2, H2O estéril, tampão da enzima, iniciadores de controle da reação de PCR e iniciadores para detecção da DNA-HPV (consenso e geral). Realizado o processo da PCR, as bandas de DNA foram visualizadas em gel de agarose 1% (ou acrilamina 4%), coradas com brometo de etídio e examinadas no transiluminador (UV). Detectada a presença do DNA-HPV em qualquer um dos sistemas, procedeu-se a tipagem do HPV mediante a PCR. Neste caso, preparava-se nova mistura, utilizando-se primers específicos para cada tipo de HPV. A seqüência dos primers* * primers: significa concentração dos iniciadores utilizados no NUPAD para tipagem específica do HPV foi: em primeiro lugar o consenso, em seguida o geral e a b-globina. Os primers consenso e geral foram utilizados para identificação da presença do HPV e a b-globina avaliou a qualidade da amostra. Como resultado do procedimento havia cinco possibilidades diagnósticas: amostra sem qualidade para diagnóstico molecular; amostra negativa para o HPV; amostra positiva (globina e geral positivas e consenso negativa); amostra positiva (globina e consenso positivas e geral negativa) e amostra positiva (globina, geral e consenso positivas).

Todas as pacientes foram submetidas à coleta de material cervical para citologia oncótica cervical, histopatologia e realização do teste de Schiller. Os resultados da citologia foram expressos utilizando a classificação de Bethesda e/ou a de Papanicolaou. O material das pacientes do CTR-DIP foi enviado para o Laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da UFMG, ao passo que o das pacientes da UBS foi enviado para o laboratório privado conveniado do SUS-Betim.

As pacientes portadoras do HIV completaram o estudo da cérvice uterina com realização da colposcopia (colposcópio da marca Leisegang, modelo padrão). Para este exame, após o teste de Schiller, o colo foi descorado com bissulfito de sódio e aplicado ácido acético 5%, para melhor evidenciar as lesões. As alterações cervicais foram descritas segundo nomenclatura proposta pelo Comitê da Federação Internacional de Patologia Cervical e Colposcópica, 1990. Constatada alteração cervical maior, foi realizada biópsia guiada com pinça de Gaylor. O material foi fixado em formol a 10% e enviado para análise no Laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Os dados foram armazenados e analisados no programa de computador Epi-Info, versão 6.0. Para a comparação das medianas entre os dois grupos foi empregado o teste de Kruskal-Wallis. Para análise da distribuição de freqüência foi empregado o teste do c2 ou teste exato de Fisher, quando necessário. Foi considerado o valor de 5% (p<0,05) como limiar de significância estatística.

Resultados

Foram analisadas as informações coletadas de 41 mulheres soropositivas e 38 soronegativas. Os dois grupos se mostraram semelhantes em várias características demográficas e comportamentais, apresentadas na Tabela 1. Dentre as variáveis com diferença significante entre os grupos destacou-se o estado civil (p<0,05) e a presença significativamente maior de profissionais do sexo no grupo de mulheres soropositivas (p<0,05). Com relação à atividade sexual atual as mulheres soronegativas eram mais ativas (84,2%) do que as soropositivas (56,4%) (p<0,05).

Entre os antecedentes obstétricos e ginecológicos das pacientes, apresentados na Tabela 2, os dois grupos se diferenciaram em relação à ocorrência de doença sexualmente transmissível (DST) prévia, com presença de 31,7% entre as pacientes soropositivas e 5,4% entre as soronegativas (p<0,05).

Em relação às pacientes vivendo com HIV, a forma predominante de contágio foi a sexual, sendo que 97% reconheceram esta via de transmissão. Entre estas mulheres, 75% estavam em uso de alguma medicação antiretroviral. Pela classificação dos Centros de Doenças e Controle da Prevenção (CDC), de 1992, constatou-se que 56,7% apresentaram infecção pelo HIV e não haviam desenvolvido AIDS, ao passo que 43% já se apresentavam no estágio clínico avançado da doença (quatro pacientes no momento da consulta não tinham valores de CD4 que permitissem classificá-las)18.

Na Tabela 3 apresenta-se a distribuição de freqüência dos resultados do exame cervical. Encontrou-se teste de Schiller significativamente alterado nas mulheres soropositivas (p<0,05). A citologia oncótica também se apresentou alterada com maior freqüência nas mulheres soropositivas (p<0,05). Entre as pacientes soropositivas, em 15 (37,5%) a citologia detectou a presença do HPV, e em sete (18,9%) a classificação citológica foi classe III de Papanicolaou. Em contraposição, entre as soronegativas, nenhuma teve HPV identificado na citologia e/ou classe III de Papanicolaou.

Foram realizadas 19 biópsias guiadas pela colposcopia nas pacientes soropositivas, e os exames histopatológicos apresentaram os seguintes resultados: seis (31,5%) NIC I; cinco (26%) NIC II; um (5,3%) NIC III. Nenhuma paciente apresentou carcinoma localizado (sem invasão) e/ou invasor e, em 13 (68,4%), a histologia confirmou a presença do HPV. Não houve necessidade de biópsia de nenhuma paciente soronegativa.

A Tabela 4 mostra o resultado da positividade do DNA-HPV, detectado pela PCR, que apresentou diferença significante entre os grupos comparados. Entre as 79 pacientes analisadas, 41 eram infectadas pelo HIV e, nestas, foi detectada a presença do DNA-HPV em 30 (73,2%) e, entre as 38 mulheres soronegativas, apenas em nove (23,7%) se evidenciou a presença do DNA-HPV (p<0,05) [OR = 8,79; IC 95% (2,83-28,37)].

A Tabela 5 apresenta o resultado encontrado para os genótipos do HPV, com ênfase na infecção simples ou múltipla. Na análise de 39 pacientes (30 vivendo com HIV e nove soronegativas) nota-se que a infecção múltipla predominou nas soropositivas (50%), sendo que a combinação mais freqüentemente encontrada foi 6/11/16 (13%). Nas soronegativas predominou a infecção simples (66,6%). Constatou-se que o tipo 11 foi o mais freqüente nas mulheres soropositivas (13,3%), observando-se nestas pacientes a presença de todos os tipos de genótipos pesquisados. O tipo 16 foi o mais encontrado nas pacientes soronegativas, sendo que entre estas pacientes não foram detectados os tipos 6, 11, 33 e 35.

Discussão

Este estudo foi realizado para detectar a prevalência da infecção pelo HPV em mulheres soropositivas e soronegativas para o HIV, assim como determinar os tipos específicos do HPV nestes dois grupos.

Dentre as variáveis demográficas analisadas encontramos resultado similar na literatura em relação à idade das pacientes, onde se afirma que, no Brasil, a infecção pelo HPV é mais comum em mulheres jovens, sexualmente ativas19. Com relação à AIDS no Brasil, o grupo etário feminino mais afetado está na faixa entre 20 a 49 anos (86,7%). Percebe-se que as infecções pelo HPV e HIV são mais freqüentes entre as mulheres no auge de sua capacidade produtiva e reprodutiva. As lesões intraepiteliais cervicais têm sido consideradas as doenças ginecológicas mais comuns nas mulheres em idade reprodutiva, nos Estados Unidos14.

Em referência à idade do primeiro intercurso sexual, constatamos mediana de 18 anos, não havendo diferença entre os grupos. Estes dados são confirmados por outro estudo15. Esta variável tem sido considerada por alguns autores como fator de risco para a infecção pelo HPV/HIV e presença de NIC, porém, em mulheres com menos de 16 anos.

Não foi possível análise do uso de drogas injetáveis devido ao pequeno número de pacientes. Ressaltamos que todas (n=4) as usuárias de drogas injetáveis eram portadoras do HIV.

Quando foram comparados os métodos contraceptivos de forma geral (pregresso e atual), não foram encontradas diferenças entre os dois grupos. Porém, quando se avaliou especificamente o uso de anticoncepcionais orais, pudemos verificar que uma percentagem grande de mulheres soropositivas para HIV passou a utilizar este método (10 para 56%) após o diagnóstico da infecção. Provavelmente, isto ocorreu porque elas sentiram a necessidade de utilizar método contraceptivo mais seguro, para evitar gravidez com risco de transmissão vertical do vírus. Surpreendentemente, não houve aumento do uso de preservativo pelos parceiros destas pacientes.

Foi relatada no Brasil, em 2002, expressiva diminuição da proporção média das relações sexuais desprotegidas (sem o uso de condom masculino ou feminino), de 14 para 6% em um estudo de seguimento de 90 dias. Este estudo concluiu que a oferta do condon feminino deve ser acompanhada de aconselhamento apropriado para êxito do método21. Já comentava que não se podem resumir as recomendações às mulheres em meras exigências do uso de camisinhas, devendo-se "... garantir a qualidade da assistência, recuperar a dimensão educativa das ações em saúde e redirecionar o olhar sobre o corpo feminino, de modo a poder ver mais do que o aparelho feminino... Temos o dever de aprender a respeitar e ouvir essas mulheres, ajudando-as a construir estratégias especificas de autoproteção contra o HIV"21.

Dentre as características que diferenciam os grupos, encontramos: história de ser profissional do sexo, estar ou não com vida sexual ativa e história pregressa de DST. Desde 1997 existe relato de que o risco de infecção pelo HIV aumenta de três a dezoito vezes na presença de DST11,20.

Ao avaliarmos o estado civil, detalhamos as categorias solteiras (ou separadas), viúvas, casadas (ou amasiadas), e verificamos que a grande maioria das soronegativas encontrava-se casada ou amasiada. As soropositivas apresentaram alta freqüência de viuvez e grande parte destas pacientes descobriu sua doença quando do falecimento de seus companheiros, devido à AIDS.

Na avaliação do perfil das pacientes soropositivas constatamos que quase todas foram infectadas por HIV por meio da relação sexual. Isto reflete o que vem acontecendo, de forma geral, no Brasil e no mundo. Existe, neste grupo, maior freqüência de profissionais do sexo (oito mulheres infectadas pelo HIV contra uma não-portadora), o que ajudaria a explicar também a maior exposição para adquirir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HPV.

Encontramos diferença significante em relação aos resultados dos exames de citologia oncótica cervical. Destacamos que estudos realizados em São Paulo também demonstraram maior freqüência de anormalidades nas citologias oncóticas cervicais das mulheres soropositivas em relação às soronegativas para o HIV24,25.

O objetivo principal deste estudo foi avaliar a prevalência do HPV na cérvice uterina das mulheres soropositivas, detectado pela PCR, utilizando como grupo controle as mulheres soronegativas. Constatamos freqüência de 73,2% de HPV nas pacientes soropositivas, em contraposição a 23,6% nas soronegativas, o que representou risco 8,7 maior de presença do HPV nas mulheres soropositivas. Nossos dados encontram consonância com os apresentados na literatura. Desde 1992 há relatos de estudos que utilizaram a técnica de PCR para detecção do DNA-HPV, demonstrando prevalência entre 40 a 98% nas mulheres soropositivas e 13 a 56% nas soronegativas5,7,8,10,15,26.

No Brasil foi observado que a prevalência 78 a 98% do HPV em mulheres soropositivas, empregando-se PCR, e de 64,5% quando se utilizou a técnica da captura híbrida10,12,13,25. Alguns desses estudos apresentaram a prevalência do HPV em relação ao tipo de lesão cervical, levando também em consideração o estado de imunossupressão e a quantificação da carga viral do HPV no colo das pacientes infectadas pelo HIV15-17.

Escolhemos a técnica molecular da PCR por ser ela, atualmente, padrão ouro para a detecção do DNA-HPV1. Percebemos que este também foi o método com o qual se obteve maior freqüência de diagnóstico do HPV em nossas pacientes. A prevalência do HPV com base na citologia, histopatologia guiada pela colposcopia e PCR foi de 17,5, 68 e 73%, respectivamente.

Verifica-se que existe interesse em associar os subtipos do HPV encontrados e se a infecção é simples ou múltipla (presença de três ou mais tipos de HPV) com o grau de lesão cervical e/ou estado de imunossupressão3,12,14,15. Já se observou que a prevalência da múltipla infecção pelo HPV varia de acordo com o método de detecção e utiliza-se nestes estudos PCR com primers diferentes (SPF10, PCR com mistura de iniciadores: PGMY09/PGMY11 e PCO4/GH20) e também a hibridização reversa. Demonstra-se que a infecção múltipla é comumente detectada quando se emprega PCR, sendo este método de alta especificidade e sensibilidade3,12,13.

No Brasil foram observadas freqüências de 7,5% de infecção por um ou mais tipos de HPV de baixo grau e 33% dos casos de infecção com um ou mais tipos HPV de alto grau. Estes autores, em outro estudo, relatam presença de múltiplos genótipos em 78,9% das mulheres soropositivas, não tendo, no entanto, encontrado associação significante entre os genótipos do HPV e a classificação citológica, carga viral do HIV e contagem de células T CD4+13. Em publicação posterior, se observou maior prevalência da infecção múltipla do HPV em mulheres soropositivas, quando comparadas às soronegativas. Neste mesmo estudo, 45% das mulheres soropositivas apresentaram infecção múltipla, mas esta não conferiu risco adicional para displasia em comparação às infecções simples ou duplas para o HPV, e nem se relacionou com a gravidade da imunossupressão12.

A infecção múltipla pelo HPV foi mais freqüente entre as mulheres que se apresentavam com lesões de baixo grau e, à medida que aumenta a gravidade da lesão cervical, a infecção simples se torna a mais freqüente27. Na revisão realizada por autores canadenses verificou-se que as portadoras do HIV, comparadas com as soronegativas, eram com maior freqüência infectadas pelo HPV de alto risco oncogênico, incluindo os tipos 16 e 18, além de as infecções se apresentarem com múltiplos tipos de HPV7.

Em alguns estudos nos quais se avaliaram a infecção múltipla do HPV em soropositivas tenta-se explicar esta associação pela possível maior exposição destas mulheres a relações sexuais desprotegidas e à falha do sistema imunológico, de forma a permitir a replicação de mais tipos de HPV (perda da imunidade tipo-específica para HPV). Entretanto, estas são hipóteses que ainda não foram comprovadas12. É interessante, porém, perceber que amplo trabalho multicêntrico, epidemiológico, em mulheres portadoras de câncer cervical, identificando o DNA-HPV pela PCR, constatou que a infecção múltipla de tipos de HPV não estava associada ao aumento do risco para câncer cervical em comparação com infecção simples do HPV3 .

Sintetizando os estudos citados, percebe-se que as mulheres portadoras do HIV têm maior prevalência na cérvice uterina do DNA-HPV, de HPV com alto risco oncogênico e infecção múltipla pelo HPV, sendo que estas variáveis não estão, necessariamente, associadas com a gravidade das lesões do colo uterino. Comparando os nossos achados com os resultados de outros autores, verificamos que a infecção múltipla foi mais freqüente nas pacientes soropositivas, apesar de não ter sido encontrada diferença significante. A combinação dos tipos 6, 11 e 16 e o tipo 11, isoladamente, foram mais freqüentes nas pacientes soropositivas para HIV. Assim, em relação aos genótipos do HPV, nesta casuística, não observamos tendência nítida da predominância de um tipo de HPV em relação aos grupos soropositivos e soronegativos, assim como foi similar a freqüência dos tipos não identificáveis. Houve, sim, maior freqüência de combinações dos diversos genótipos nas mulheres soropositivas.

Concluímos que é mais freqüente a presença do HPV nas mulheres soropositivas que nas soronegativas e que existe uma tendência à maior freqüência de genótipos múltiplos nas soropositivas. Sugerimos a necessidade de se avaliar rotineiramente a presença do HPV e seus genótipos na cérvice uterina de mulheres portadoras do HIV.

Recebido em: 10/2/2005

Aceito com modificações em: 5/4/2005

Trabalho realizado no Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias (CTR-DIP) Orestes Diniz - Belo Horizonte (MG) - Brasil

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    primers: significa concentração dos iniciadores
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Ago 2005
    • Data do Fascículo
      Maio 2005

    Histórico

    • Recebido
      10 Fev 2005
    • Aceito
      05 Abr 2005
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