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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Volume: 34, Número: 1, Publicado: 2012
  • Aborto legal: o conhecimento dos profissionais e as implicações das políticas públicas Editorial

    Vieira, Elisabeth Meloni
  • Mulheres com síndrome dos ovários policísticos apresentam maior frequência de síndrome metabólica independentemente do índice de massa corpóreo Artigos Originais

    Melo, Anderson Sanches; Macedo, Carolina Sales Vieira; Romano, Lucas Gabriel Maltoni; Ferriani, Rui Alberto; Navarro, Paula Andrea de Albuquerque Salles

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar a prevalência de síndrome metabólica e dos seus critérios definidores em mulheres com síndrome dos ovários policísticos do Sudeste brasileiro, estratificadas de acordo com o índice de massa corpóreo e comparadas com controles ovulatórias. MÉTODOS: Estudo transversal, realizado com 332 mulheres em idade reprodutiva, que foram divididas em dois grupo: Controle, constituído por 186 mulheres com ciclos menstruais regulares, sintomas ovulatórios e sem diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos ou outra anovulação crônica; e Síndrome dos ovários policísticos, composto por 146 mulheres com o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos - Consenso de Rotterdam ASRM/ESHRE. Cada um destes grupos foi estratificado de acordo com o índice de massa corpóreo (<25 ≥ 25 e < 30 e ≥ 30 kg/m²). Foram analisadas as frequências da síndrome metabólica e de seus critérios definidores, características clínicas e hormonais (hormônio folículo estimulante, testosterona total, sulfato de dehidroepiandrostenediona). RESULTADOS: A frequência da síndrome metabólica foi seis vezes maior no Grupo Síndrome dos ovários policísticos obesa em relação às mulheres controles de mesmo índice de massa corpóreo (Controle com 10,5 versus Síndrome dos ovários policísticos com 67,9%, p<0,01). Essa frequência foi duas vezes mais elevada entre as mulheres do Grupo Síndrome dos ovários policísticos com índice de massa corpóreo ≥ 25 e <30 kg/m² (Controle com 13,2 versus Síndrome dos ovários policísticos com 22,7%, p<0,01) e três vezes maior em portadoras de síndrome dos ovários policísticos com índice de massa corpóreo < 25 kg/m² (Controle com 7,9 versus Síndrome dos ovários policísticos com 2,5%, p<0,01), em relação às mulheres controles pareadas para o mesmo índice de massa corpóreo. Independente do índice de massa corpóreo, as mulheres com síndrome dos ovários policísticos apresentaram maior frequência dos critérios definidores da síndrome metabólica. CONCLUSÃO: Mulheres com síndrome dos ovários policísticos apresentam maior frequência de síndrome metabólica e de seus critérios definidores, independentemente do índice de massa corpóreo. A hiperinsulinemia e o hiperandrogenismo são características importantes na origem destas alterações em mulheres na terceira década de vida com síndrome dos ovários policísticos.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To assess the prevalence of metabolic syndrome and of its defining criteria in women with polycystic ovary syndrome from the Brazilian Southeast, who were stratified according to body mass index and compared to ovulatory controls. METHODS: This was a cross-sectional study conducted on 332 women of reproductive age, who were divided into two groups: Control, consisting of 186 women with regular menstrual cycles and ovulatory symptoms and without a diagnosis of polycystic ovary syndrome or other type of chronic anovulation, and the Polycystic ovary syndrome,Group, consisting of 146 women with a diagnosis of polycystic ovary syndrome (Rotterdam Consensus ASRM/ESHRE). Each group was stratified according to the body mass index, as follows: body mass index ( < 25 ≥25 and <30, and ≥ 30 kg/m²). The frequencies of metabolic syndrome and of its defining criteria and the clinical and hormonal characteristics (follicle stimulating hormone, total testosterone, dehydroepiandrostenedione sulfate) were analyzed. RESULTS: The frequency of metabolic syndrome was six times higher in the obese Polycystic ovary syndrome Group than among control women with the same body mass index (Control with 10.5 versus Polycystic ovary syndrome with 67.9%, p<0.01); twice higher in the Polycystic ovary syndrome Group with body mass index ≥ 25 and <30 kg/m² (Control with 13.2 versus Polycystic ovary syndrome with 22.7%, p<0.01), and three times higher in the Polycystic ovary syndrome Group with body mass index <25 kg/m² (Control with 7.9 versus Polycystic ovary syndrome with 2.5%, p<0.01), compared to control women paired for the same body mass index. Regardless of the body mass index, women with polycystic ovary syndrome had a higher frequency of all the criteria defining metabolic syndrome. CONCLUSION: Women with polycystic ovary syndrome have higher frequency of metabolic syndrome and of its defining criteria regardless of the body mass index. Hyperinsulinemia and hyperandrogenism are important characteristics of the origin of these alterations, especially in obese women with polycystic ovary syndrome.
  • Importância da avaliação da qualidade de vida em pacientes com endometriose Artigos Originais

    Minson, Fabíola Peixoto; Abrão, Maurício Simões; Sardá Júnior, Jamir; Kraychete, Durval Campos; Podgaec, Sérgio; Assis, Fabrício Dias

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Examinar a relação entre aspectos clínicos e qualidade de vida em um grupo de pacientes com endometriose. MÉTODOS: Participaram desse estudo 130 mulheres atendidas durante o ano de 2008 em um centro multiprofissional de ginecologia especializado em endometriose. Este é um estudo de corte transversal realizado com uma amostra de conveniência. O diagnóstico de endometriose foi realizado por biopsia pós-laparoscopia, segundo os critérios da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva. Os dados clínicos e demográficos foram coletados a partir dos prontuários dos pacientes. A intensidade da dor foi avaliada com o uso de uma escala visual numérica (0-10) e os dados referentes à qualidade de vida foram coletados por meio do questionário SF-36. A análise dos dados consistiu de estatística descritiva e inferencial, teste de coeficiente de correlação de Spearman e o teste de Kruskal-Wallis para comparar escores entre grupos. RESULTADOS: As pacientes apresentaram idade entre 21 e 54 anos [<img src="/img/revistas/rbgo/v34n1/a03tx01.jpg" align="absmiddle" > ou = 34, desvio padrão (DP)=6,56], sendo que 87% tinham terceiro grau completo e 75% eram casadas. Dezessete por cento referiram casos de endometriose na família. O tempo médio de manifestação dos sintomas foi de 4,5 anos (DP=6,6), 63% das pacientes estavam no estágio 3 ou 4 de endometriose, 36% das pacientes sofriam de dismenorreia severa ou incapacitante e a intensidade média da dor, segundo escala visual numérica, foi de 5,6 (DP=3,5). Os resultados sugeriram que o estadiamento da doença não é determinante da intensidade da dor. Por um lado, o tempo de manifestação dos sintomas também não apresentou relação com a intensidade da dor e com os escores do SF-36. Por outro, a intensidade da dor apresentou associação com menores escores em algumas escalas do SF-36. CONCLUSÃO: As pacientes com endometriose apresentaram escores de qualidade de vida inferiores ao da população em geral e inferiores a algumas outras patologias.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: The present study examined the relationship between some clinical variables and quality of life in a group of patients with endometriosis. METHODS: A total of 130 women seen at a multidisciplinary center specializing in gynecology endometriosis in 2008 participated in the study. This was a cross-sectional study conducted with a convenience sample. The diagnosis of endometriosis was performed by biopsy according to the criteria of the American Society for Reproductive Medicine. The clinical and demographic data were collected from the patients' records. Pain intensity was assessed by a visual numerical scale (0-10), and data on the quality of life were collected using the SF-36. Data analysis consisted of descriptive and inferential statistical tests, Spearman correlation coefficient and Kruskal-Wallis test to compare scores between groups. Nonparametric tests were used for analysis because data were not normally distributed. RESULTS: The patients were 21 to 54 years of age [<img src="/img/revistas/rbgo/v34n1/a03tx01.jpg" align="absmiddle" > or = 34, standard diversion (SD)=6.56], 87% had a university degree, and 75% were married. Seventeen percent reported cases of endometriosis in the family. The average time of onset of symptoms was 4.5 years (SD=6.6), 63% of patients were in stage 3 or 4 of endometriosis 36% of patients had severe or disabling dysmenorrhea and the average intensity of pain according to a visual numerical scale was of 5.6 (SD=3.5). Results suggest that the staging of the disease did not determine the intensity of pain. The time of onset of symptoms also showed no relationship to pain intensity and SF-36 scores. On the other hand, the intensity of pain was associated with lower scores on some scales of the SF-36. CONCLUSION: Patients with endometriosis had lower scores of quality of life than the general population and lower than those of some other diseases.
  • Opinião de estudantes dos cursos de Direito e Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sobre o aborto no Brasil Artigos Originais

    Medeiros, Robinson Dias de; Azevedo, George Dantas de; Oliveira, Emilly Auxiliadora Almeida de; Araújo, Fábio Aires; Cavalcanti, Francisco Jakson Benigno; Araújo, Gabriela Lucena de; Castro, Igor Rebouças

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Analisar e comparar o conhecimento e opiniões de estudantes dos cursos de Direito e Medicina sobre a questão do aborto no Brasil. MÉTODOS: Foi realizado estudo transversal envolvendo 125 alunos concluintes do ano de 2010, sendo 52 de Medicina (grupo MED) e 73 de Direito (grupo DIR), com uso de questionário construído com base em estudos publicados sobre o tema. As variáveis dependentes foram: acompanhamento do debate sobre aborto, conhecimento sobre situações em que o aborto é permitido por lei no Brasil, opinião sobre situações em que concorda com a ampliação do permissivo legal para interrupção da gestação e conhecimento prévio de alguém que já induziu o aborto. As variáveis independentes incluíram dados sociodemográficos como sexo, idade, renda familiar e curso de graduação. Análise estatística: testes do χ² e exato de Fisher, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: A maioria dos entrevistados relatou acompanhar a discussão sobre o aborto no Brasil (67,3% do grupo MED e 70,2% grupo DIR, p>0,05). Na avaliação do conhecimento sobre o tema, os estudantes de Medicina demonstraram percentual de acerto significativamente superior aos estudantes de Direito (100,0 e 87,5%, respectivamente; p=0,005), em relação à legalidade do aborto na gravidez resultante de estupro. Elevados percentuais de acertos também foram observados nos dois grupos, em relação à gravidez impondo risco de vida à gestante, mas sem significância estatística (94,2 e 87,5% para os grupos MED e DIR, respectivamente). Percentuais significativos dos entrevistados declararam-se favoráveis à ampliação legal do aborto em outras situações, com destaque para: anencefalia (68%), gravidez com prejuízos graves à saúde física da mulher (42,1%) e para feto com qualquer malformação congênita grave (33,7%). CONCLUSÃO: Os resultados demonstraram um conhecimento satisfatório dos concluintes dos cursos de Direito e Medicina quanto à legalidade do aborto no Brasil, aliado a uma tendência favorável à ampliação do permissivo legal para outras situações não previstas em lei. Ressalta-se a importância da inclusão dessa temática nos currículos de graduação e do desenvolvimento de estratégias de ensino interprofissional.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To analyze and compare the knowledge and opinions of Law and Medical students regarding the issue of abortion in Brazil. METHODS: This was a cross-sectional study involving 125 graduate students from the class of 2010. Of these, 52 were medical students (MED group) and 73 law students (LAW group). A questionnaire was applied based on published research about the topic. Dependent variables were: monitoring the abortion debate, knowledge concerning situations where abortion is permitted under Brazilian law, opinion about situations that agree with extending legal permission to terminate pregnancy and prior knowledge of someone who has undergone induced abortion. Independent variables were: sex, age, household income and graduation course. Statistical analysis: χ² and Fisher's exact tests, with the level of significance set at 5%. RESULTS: Most interviewees reported monitoring the debate on abortion in Brazil (67.3% of the MED group and 70.2% of the LAW group, p>0.05). When assessing knowledge on the subject, medical students had a significantly higher percentage of correct answers than law students (100.0 and 87.5%, respectively; p=0.005) regarding the legality of abortion for pregnancies resulting from rape. Elevated percentages of correct responses were also recorded for both groups in relation to pregnancies that threaten the life of the mother (94.2 and 87.5% for MED and LAW groups, respectively), but without statistical significance. A significant percentage of respondents declared they were in favor of extending legal abortion to other situations, primarily in cases of anencephaly (68%), pregnancy severely harming the mother's physical health (42.1%) or that of the fetus in cases of severe congenital malformation (33.7%). CONCLUSION: Results showed a satisfactory knowledge on the part of law and medical school graduate students regarding the legality of abortion in Brazil, combined with a favorable trend towards extending legal permission to other situations not covered by the law. It is important to underscore the inclusion of this topic in the undergraduate curriculum and the development of inter-professional teaching strategies.
  • Efeito da ipriflavona sobre ratas Wistar e suas ninhadas Artigos Originais

    Bellei, Pedro Martins; Terra, Marcella Martins; Peters, Vera Maria; Guerra, Martha de Oliveira; Andrade, Amaury Teixeira Leite de

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar os efeitos da ipriflavona durante a fetogênese, já que não foram encontrados estudos visando avaliar seu efeito durante este período. MÉTODOS: Foram utilizadas 60 ratas prenhes, distribuídas aleatoriamente em quatro grupos (n=15). G-controle (1 mL de água destilada) e três grupos tratados com ipriflavona, via intragástrica, do 16º ao 20º dia pós-coito (PC): G-300 (300 mg/kg), G-1500 (1.500 mg/kg) e G-3000 (3.000 mg/kg). Os animais foram pesados e sacrificados no 21º dia por exsanguinação total sob anestesia (xilazina (10 mg/kg) e quetamina (90 mg/kg) via intraperitoneal. Foi realizado hemograma completo e dosagens séricas de colesterol, triglicérides, AST, ALT, ureia, creatinina e glicose das ratas prenhes. Após laparotomia foram removidos e pesados fígado, rim, suprarrenais, baço e ovários; os fetos e placentas foram pesados obtendo-se o peso médio das ninhadas. Quatro fetos (dois machos e duas fêmeas) por mãe foram aleatoriamente designados para obter-se o comprimento e peso de cérebro, fígado, rins e pulmões. Para a análise estatística utilizou-se o teste ANOVA seguido do teste de Dunnet; para dados não homocedásticos e sem distribuição normal, foi usado o teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney; as proporções foram analisadas pelo teste do χ² (p<0,05) RESULTADOS: Níveis de triglicérides (mg/dL): G-Controle (138,8±21,8); G-300 (211,2±63,9); G-1500 (251,5±65,2); G-3000 (217,7±49,6); p<0.05. Peso corporal dos fetos (g): G-Controle (machos 3,3±0,3; fêmeas 3,1±0,3); G-300 (machos 3,4±0,2; fêmeas 3,1±0,4); G-1500 (machos 3,5±0,3; fêmeas 3,2±0,3); G-3000 (machos 3,4±0,5; fêmeas 3,1±0,4). CONCLUSÃO: A ipriflavona não causou toxicidade materna, mas elevou níveis de triglicérides e reduziu o hematócrito em doses elevadas, o tamanho, peso corporal e de órgãos fetais não foram alterados. Não foram observadas malformações externas nem mortes fetais.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: Evaluate the effects of ipriflavone during fetogenesis, since no studies have been conducted to assess its effect during this period. METHODS: 60 pregnant rats were divided randomly into four groups (n=15). G-control (1 mL of distilled water) and three groups treated intragastrically with ipriflavone from the 16th to the 20th post coitus (PC) day: G-300 (300 mg/kg), G-1,500 (1,500 mg/kg) and G-3,000 (3,000 mg/kg). The animals were weighed, anaesthetized intraperitoneally with xylazine and ketamine at doses of 180 mg/kg and 10 mg/kg, respectively, and sacrificed by total exsanguination on the 21st day. A complete blood count was performed and serum cholesterol, triglycerides, AST, ALT, urea, creatinine, and glucose were determined in pregnant rats. After laparotomy, the liver, kidneys, adrenals, spleen and ovaries were removed and weighed; fetuses and placentas were also weighed to obtain the average weight of the litters. Four fetuses (two males and two females) were chosen at random for the determination of the length and weight of brain, liver, kidneys and lungs. Statistical analysis: ANOVA followed by Dunnett's test. For raw data without normal distribution and homoscedasticity, we used the Kruskal-Wallis test followed by the Mann-Whitney test. Proportions were analyzed by the χ² test (p<0.05). RESULTS: Triglyceride levels (mg/dL) were: Control-G (138.8±21.8), G-300 (211.2±63.9) G-1,500 (251.5±65.2) G-3,000 (217.7±49.6); p<0.05. The body weight of fetuses (g) was: G-Control (male 3.3±0.3; female 3.1±0.3), G-300 (male 3.4±0.2; female 3.1±0.4), G-1,500 (male 3.5±0.3; female 3.2±0.3), G-3,000 (male 3.4±0.5; female 3.1±0.4). CONCLUSION: Ipriflavone did not cause maternal toxicity, but increased triglyceride levels and reduced hematocrit at higher doses. The body and organ weights of the fetuses did not change with dam treatment. There were no external malformations or fetal deaths.
  • Fatores associados à duração do aleitamento materno em crianças menores de seis meses Artigos Originais

    Salustiano, Letícia Pacífico de Queiroz; Diniz, Angélica Lemos Debs; Abdallah, Vânia Olivetti Steffen; Pinto, Rogério de Melo Costa

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Descrever as características maternas e das crianças, bem como avaliar os fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo. MÉTODOS: Estudo transversal que incluiu 667 crianças de seis meses que compareceram na Campanha de Multivacinação em Uberlândia, 2008. No delineamento amostral, foram sorteadas as unidades de vacinação e posteriormente as crianças em cada unidade, sistematicamente. Um instrumento semiestruturado foi utilizado para coleta dos dados, formulado com questões sobre alimentação da criança e características sociodemográficas da mãe. Foi utilizado risco relativo e teste do χ² para análise dos dados, aceitando como nível crítico p<0,05, com intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS: A prevalência do aleitamento materno para os menores de 120 e 180 dias foi de 89,5 e 85%, respectivamente; e na modalidade de aleitamento materno exclusivo, 50,6 e 39,7% para menores de 120 e 180 dias, respectivamente. Os fatores mais associados ao abandono do aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses foram o trabalho materno fora de casa (OR=2,7; IC95%=1,7-4,2) e o uso de chupetas (OR=4,2; IC95%=2,8-6,3). O fato de a mãe ser multípara (OR=0,5; IC95%=0,4 -0,81) e recorrer ao atendimento puerperal na rede pública (OR=0,5; IC95%=0,3-0,7) representaram fatores de proteção contra a prática do desmame precoce. CONCLUSÃO: As prevalências do aleitamento materno e aleitamento materno exclusivo no município de Uberlândia estão entre as maiores do país. Os fatores mais frequentemente associados à prática de desmame precoce foram trabalho materno fora de casa, oferta de bicos ou chupetas às crianças, atendimento puerperal efetuado no serviço privado e primiparidade.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To describe the characteristics of mothers and children and to evaluate the factors associated with discontinuation of exclusive breastfeeding. METHODS: A cross-sectional study on infants under six months of age who attended the vaccination campaign in 2008. In the sample design, vaccination units were selected by drawing lots and infants were similarly selected later at each unit systematically. A semi-structured instrument was used for data collection, containing questions about children's nutrition and socio-demographic characteristics. We used Odds Ratio and the χ² test for data analysis, accepting as the critical level p<0.05. RESULTS: The prevalence of breastfeeding for infants under 120 and 180 days of age was 89.5 and 85% respectively, and exclusive breastfeeding was 50.6 and 39.7% for infants less than 120 and 180 days of age, respectively. The factors most related to the abandonment of exclusive breastfeeding in infants under six months were maternal employment outside the home (OR=2.73; 95%CI=1.74-4.29) and use of pacifiers (OR=4.26; 95%CI=2.85-6.38). The mother being multiparous (OR=0.57; 95%CI=0.40-0.81) and receiving postpartum care in the public health care network (OR=0.55; 95%CI=0.39-0.79) represented protective factors against the practice of early cessation of breastfeeding. CONCLUSIONS: The prevalence of breastfeeding and exclusive breastfeeding in the municipality of Uberlândia is among the highest in the country and the factors most often associated with the practice of early weaning were maternal employment outside the home, offering pacifiers to the infants, receiving postpartum care in the private health sector, and primiparity.
  • Influência do internamento materno prolongado nos resultados maternos e perinatais de duas séries de pacientes com placenta prévia Artigos Originais

    Alencar Júnior, Carlos Augusto; Alencar, Elana Couto de; Brilhante, Douglas Pinheiro; Teixeira, Marina Diógenes; Feitosa, Francisco Edson de Lucena

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Comparar os resultados maternos e perinatais de pacientes portadoras de placenta prévia, após adoção do internamento materno prolongado, com os de uma série histórica ocorrida em 1991. MÉTODOS: Estudo retrospectivo comparando 108 casos da doença - em pacientes hospitalizadas em uma instituição de ensino do estado do Ceará, nordeste do Brasil, no período de primeiro de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2010 - com 101 casos ocorridos em 1991, na mesma instituição. Os seguintes dados maternos e perinatais foram coletados: idade materna, paridade, idade gestacional no momento do parto, via de parto, tempo de internamento materno, escores de Apgar ao primeiro e quinto minutos, peso ao nascimento, adequação do peso ao nascer, tempo de hospitalização neonatal, morbidade materna e neonatal e mortalidades (materna, fetal, neonatal e perinatal). As variáveis categóricas foram analisadas utilizando-se os testes do χ² de associação e exato de Fischer. Os resultados foram considerados significativos quando p<0,05. RESULTADOS: Em 1991, 1,1% dos casos (101/8.900) apresentou placenta prévia. No presente estudo, a prevalência foi de 0,4% (108/24.726). Nenhuma morte materna foi observada nas duas séries. Em relação às pacientes de 1991, as da série atual foram significativamente mais jovens, com menor paridade e ficaram mais tempo internadas. Para os resultados perinatais observaram-se melhores índices de Apgar ao primeiro e quinto minutos, maior tempo de internamento neonatal e redução das mortalidades fetal, neonatal e perinatal. CONCLUSÃO: Os resultados perinatais, em pacientes com placenta prévia, foram significativamente melhorados entre o ano de 1991 e os anos de 2006 e 2010. Não podemos afirmar, entretanto, ter sido esta melhora necessariamente decorrente do maior tempo de internamento materno.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To compare the maternal and perinatal outcomes of patients with placenta previa, after the adoption of a prolonged maternal hospital stay, to those of a 1991 series. METHODS: We performed a retrospective study comparing 108 cases of placenta previa hospitalized in the Maternity School Assis Chateaubriand, Universidade Federal do Ceará, during the period from 01/01/2006 to 12/31/2010, with those obtained in 1991, when 101 cases of the pathology were observed at our institution. The following maternal and perinatal data were collected: maternal age, parity, gestational age at delivery, mode of delivery, maternal stay length, Apgar scores at the 1st and 5th minutes, birth weight, adequacy of birth weight, neonatal length stay, maternal and neonatal morbidity and mortality rates (maternal, fetal, neonatal and perinatal). Statistical analysis was performed using the χ² and Fisher's exact tests. The results were considered significant when p<0.05. RESULTS: In 1991, placenta previa was found in 1.13% of cases (101/8900). In the present study, the prevalence was 0.43% (108/24726). No maternal death was observed in either series. Regarding the study of 1991, the current patients were significantly younger, with lower parity, were hospitalized longer, had better Apgar scores at 1st and 5th minutes, and had longer neonatal hospitalization. Also, we identified reduction of fetal, neonatal and perinatal mortality. CONCLUSIONS: Perinatal outcomes in patients with placenta previa were significantly improved between 1991 and the years 2006 and 2010. However, we can not say whether this improvement was due to the prolonged maternal hospital stay.
  • Marcadores séricos de trombofilias hereditárias e anticorpos antifosfolípides em gestantes com antecedentes de pré-eclâmpsia grave Artigos Originais

    Figueiró-Filho, Ernesto Antonio; Oliveira, Vanessa Marcon de; Coelho, Lílian Rezende; Breda, Ili

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Verificar a frequência e a associação de marcadores séricos para trombofilias hereditárias e adquiridas em gestantes com histórico de pré-eclâmpsia grave em gestação anterior. MÉTODOS: Estudo tipo caso-controle composto por 81 gestantes com histórico de pré-eclâmpsia grave em gestação anterior (grupo de estudo) e 32 gestantes sem antecedente de pré-eclâmpsia grave em gestação anterior (grupo controle). Foi rastreada a presença de anticorpos antifosfolípides e trombofilias hereditárias em ambos os grupos. Foi utilizado o teste χ² com correção de Yates para verificar as associações e calcular os riscos relativos. RESULTADOS: Verificou-se a presença de trombofilias em 60,0% das pacientes com histórico de pré-eclâmpsia e em 6,0% das pacientes do grupo controle. Encontrou-se significante associação entre pré-eclâmpsia grave em gestação anterior e presença de marcadores para trombofilias hereditárias/anticorpos antifosfolípides (p<0,05). Identificou-se risco relativo para desenvolvimento de pré-eclâmpsia grave de 1,57 (1,34<RR<1,84) para gestantes com presença de anticorpos antifosfolípides, 1,53 (1,26<RR<1,86) em mulheres com marcadores de trombofilias hereditárias e de 1,86 (1,45<RR<2,38), considerando a presença de trombofilias hereditárias e/ou presença de anticorpos antifosfolípides. CONCLUSÃO: Mulheres com marcadores séricos para trombofilias hereditárias ou adquiridas demonstraram risco relativo elevado para o desenvolvimento de pré-eclâmpsia grave.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To determine the frequency and the association of serum markers for inherited and acquired thrombophilias in pregnant women with a history of severe pre-eclampsia in previous pregnancies. METHODS: Case-control study consisting of 81 pregnant women with a history of severe pre-eclampsia in previous pregnancies (study group) and 32 women with no history of severe pre-eclampsia in previous pregnancies (control group). The presence of inherited thrombophilia and antiphospholipid antibodies was screened in both groups. We used the chi-square test with Yates correction to assess associations and calculate the relative risks. RESULTS: The presence of thrombophilia was detected in 60.0% of patients with a previous history of pre-eclampsia and in 6.0% of the control patients. A significant association was found between pre-eclampsia in a previous pregnancy and the presence of markers for hereditary thrombophilia/antiphospholipid antibodies (p<0.05). The relative risk to develop pre-eclampsia was found to be 1.57 (1.34<RR<1.84) for pregnant women with antiphospholipid antibodies, 1.53 (1.26<RR<1.86) for women with hereditary thrombophilia markers and 1.86 (1.45<RR<2.38) considering the presence of hereditary thrombophilia and/or antiphospholipid antibodies. CONCLUSION: Women with serum markers for inherited or acquired thrombophilia showed a high relative risk to develop pre-eclampsia.
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