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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Volume: 36, Número: 2, Publicado: 2014
  • Resistência insulínica na Síndrome dos Ovários Policísticos deve ser sempre tratada? Editorial

    Soares Júnior, José Maria; Sá, Marcos Felipe Silva de; Baracat, Edmund Chada
  • Resultados gestacionais e trombofilias em mulheres com história de óbito fetal de repetição Artigos Originais

    Barros, Venina Isabel Poço Viana Leme de; Igai, Ana Maria Kondo; Andres, Marina de Paula; Francisco, Rossana Pulccinelli Vieira; Zugaib, Marcelo

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Descrever desfechos obstétricos e frequência de trombofilias em gestantes com óbito fetal de repetição após a 20a semana de gravidez. MÉTODOS: Avaliação de desfechos obstétricos em uma série de casos de gestantes com óbito fetal de repetição após a 20a semana de gestação, acompanhadas de 2001 a 2013. A atividade de antitrombina, atividade da proteína C e S, presença de fator V de Leiden, presença da mutação do gene de protrombina e presença de síndrome antifosfolípide foram avaliadas nessas pacientes. RESULTADOS: Foram incluídas 20 pacientes que tinham óbito fetal de repetição. Trombofilias foram encontradas em 11 delas, sendo 7 diagnosticadas como síndrome antifosfolípide, 3 como deficiência de proteína S e 1 como mutação do gene da protrombina. Todas foram tratadas com heparina subcutânea (heparina não fracionada ou enoxaparina) e 14 delas com ácido acetilsalicílico (AAS) durante toda a gestação. Complicações obstétricas ocorreram em 15 pacientes e incluíram: restrição de crescimento fetal intrauterino (25%), placenta prévia (15%), índice de líquido amniótico diminuído (25%), pré-eclâmpsia grave (10%), sofrimento fetal (5%) e óbito fetal (5%). A idade gestacional média do parto foi de 35,8±3,7 semanas e o peso dos recém-nascidos foi, em média, de 2.417,3±666,2 g. CONCLUSÃO: A pesquisa de trombofilias deve ser realizada em todas as gestantes com óbitos fetais de repetição após a 20a semana de gestação, como forma de identificar possíveis fatores causas passíveis de tratamento.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To evaluate pregnancy outcome and thrombophilia frequency in women with recurrent fetal death. METHODS: Evaluation of obstetric outcomes in a retrospective cohort of pregnant women with recurrent stillbirth after the 20th week, from 2001 to 2013. Antithrombin activity, protein C and S activity, factor V Leiden, prothrombin gene mutation and antiphospholipid syndrome were analyzed. RESULTS: We included 20 patients who had recurrent fetal death. Thrombophilia were found in 11 of them, 7 diagnosed with antiphospholipid syndrome, 3 with protein S deficiency and 1 with prothrombin gene mutation. All of them were treated with subcutaneous heparin (unfractionated heparin or enoxaparina) and 14 of them with acetylsalicylic acid (AAS) during pregnancy. Obstetric complications occurred in 15 patients and included: intrauterine fetal growth restriction (25%), placenta previa (15%), reduced amniotic fluid index (25%), severe preeclampsia (10%), fetal distress (5%), and stillbirth (5%). The mean gestational age at delivery was 35.8±3.7 weeks and newborn weight averaged 2,417.3±666.2 g. CONCLUSION: Thrombophilia screening should be performed in all pregnant women with recurrent fetal death after the 20th week as a way to identify possible causal factors suitable for treatment.
  • Adequação do processo da assistência pré-natal segundo os critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e Rede Cegonha Artigos Originais

    Martinelli, Katrini Guidolini; Santos Neto, Edson Theodoro dos; Gama, Silvana Granado Nogueira da; Oliveira, Adauto Emmerich

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar a adequação do processo de assistência pré-natal segundo os parâmetros do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), acrescido dos procedimentos previstos pela Rede Cegonha, no Sistema Único de Saúde (SUS) de uma microrregião do Espírito Santo, Brasil. MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal, em 2012-2013, por meio de entrevistas e de análise do Cartão da Gestante e do prontuário do recém-nascido, com 742 puérperas em 7 maternidades da região escolhida para a pesquisa. As informações foram coletadas, processadas e submetidas aos testes do χ2 e exato de Fisher para testar a diferença de proporção entre os critérios adotados pelo PHPN mais a Rede Cegonha e o local de moradia, renda familiar mensal e modalidade de cobertura do serviço pré-natal. Foi considerado um nível de significância de 5%. RESULTADOS: Os parâmetros que apresentaram as menores taxas de adequação foram os testes rápidos e os exames de repetição, com frequências em torno de 10 e 30%, respectivamente, além das atividades educativas (57,9%) e da imunização antitetânica (58,7%). Já os parâmetros manejo do risco (92,6%) e exame de glicemia de jejum (91,3%) apresentaram os melhores resultados. Foi encontrada adequação de 7,4% para o PHPN, de 0,4% para a Rede Cegonha, no que diz respeito aos parâmetros da gravidez de risco habitual, e de 0 para os de alto risco. Houve diferença estatisticamente significante entre as puérperas segundo local de moradia para realização de sorologia para sífilis (VDRL), teste anti-HIV e repetição de glicemia de jejum, e a renda familiar mensal influenciou a realização dos exames tipagem sanguínea/fator Rh, VDRL, hematócrito e teste anti-HIV. CONCLUSÃO: A assistência pré-natal no SUS mostrou-se inadequada, de acordo com os procedimentos previstos pelo PHPN e Rede Cegonha na microrregião de um estado do Sudeste brasileiro, principalmente para as mulheres de menor renda, usuárias do PACS e residentes na zona rural.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To evaluate the adequacy of the process of prenatal care according to the parameters of the Program for the Humanization of Prenatal Care (PHPN) and of the procedures provided by the Stork Network of Unified Health System (SUS) in the microregion of Espirito Santo state, Brazil. METHODS: A cross-sectional study was conducted in 2012-2013 by interviewing and analyzing the records of 742 women during the postpartum period and of their newborns in 7 hospitals in the region chosen for the research. The information was collected, processed and analyzed by the χ2 and Fisher's exact test to determine the difference in proportion between the criteria adopted by the PHPN and the Stork Network and the place of residence, family income and type of coverage of prenatal service. The level of significance was set at 5%. RESULTS: The parameters showing the lowest adequacy rate were quick tests and repeated exams, with frequencies around 10 and 30%, respectively, in addition to educational activities (57.9%) and tetanus immunization (58.7%). In contrast, risk management (92.6%) and the fasting plasma glucose test (91.3%) showed the best results. Adequacy was 7.4% for the PHPN, 0.4% for the Stork Network, with respect to the parameters of normal risk pregnancies, and 0 for high risk pregnancies. There was a significant difference between puerperae according to housing location regarding the execution of serology for syphilis (VDRL), anti-HIV and repeated fasting glucose tests, and monthly income influenced the execution of blood type/Rh factor tests, VDRL, hematocrit and anti-HIV test. CONCLUSION: Prenatal care in the SUS proved to be inadequate regarding the procedures required by the PHPN and Stork Network in the micro-region of a state in southeastern Brazil, especially for women of lower income, PACS users and residents of rural areas.
  • Associação entre risco gestacional e tipo de parto com as repercussões maternas e neonatais Artigos Originais

    Reis, Zilma Silveira Nogueira; Lage, Eura Martins; Aguiar, Regina Amélia Lopes Pessoa; Gaspar, Juliano de Souza; Vitral, Gabriela Luiza Nogueira; Machado, Eliana Gonçalves

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Avaliar as relações entre risco gestacional, tipo de parto e suas repercussões maternas e neonatais imediatas. MÉTODOS: Análise retrospectiva de coorte em base de dados secundários, em maternidade de hospital universitário. Foram considerados 1606 partos no período de nove meses. Características epidemiológicas, clínicas, obstétricas e neonatais foram comparadas em função da via de parto e do risco gestacional, caracterizado conforme os critérios de elegibilidade de alto risco clínico. A ocorrência de complicações maternas e neonatais durante a internação foi analisada em função do risco gestacional e parto cesariano. Para isto, análise logística univariada e multivariada foram empregadas. RESULTADOS: A taxa global de cesarianas foi de 38,3%. O alto risco gestacional esteve presente em 50,2% dos partos, representado principalmente pelos distúrbios hipertensivos e as malformações fetais. A ocorrência total de cesarianas, cesarianas anteparto ou intraparto foi mais frequente em gestantes de elevado risco gestacional (p<0,001]. A cesariana, isoladamente, não influenciou o resultado materno, mas associou-se ao resultado neonatal desfavorável (OR 3,4; IC95% 2,7-4,4). O alto risco gestacional associou-se ao resultado materno e neonatal desfavorável (OR 3,8; IC95% 1,6-8,7 e OR 17,5; IC95% 11,6-26,3, respectivamente) Na análise multivariada, essas relações de risco se mantiveram, embora o efeito do risco gestacional tenha determinado uma redução no OR do tipo de parto isoladamente de 3,4 (IC95% 2,66-4,4) para 1,99 (IC95% 1,5-2,6) para o resultado neonatal desfavorável. CONCLUSÃO: O risco gestacional foi o principal fator associado ao resultado materno e neonatal desfavorável. A cesariana não influenciou diretamente o resultado materno, mas aumentou as chances de um resultado neonatal desfavorável.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To analyze the relationships among gestational risk, type of delivery and immediate maternal and neonatal repercussions. METHODS: A retrospective cohort study based on secondary data was conducted in a university maternity hospital. A total of 1606 births were analyzed over a 9-month period. Epidemiological, clinical, obstetric and neonatal characteristics were compared according to the route of delivery and the gestational risk characterized on the basis of the eligibility criteria for high clinical risk. The occurrence of maternal and neonatal complications during hospitalization was analyzed according to gestational risk and cesarean section delivery using univariate and multivariate logistic analysis. RESULTS: The overall rate of cesarean sections was 38.3%. High gestational risk was present in 50.2% of births, mainly represented by hypertensive disorders and fetal malformations. The total incidence of cesarean section, planned cesarean section or emergency cesarean section was more frequent in pregnant women at gestational high risk (p<0.001). Cesarean section alone did not influence maternal outcome, but was associated with poor neonatal outcome (OR 3.4; 95%CI 2.7-4.4). Gestational high risk was associated with poor maternal and neonatal outcome (OR 3.8; 95%CI 1.3-8.7 and OR 17.5; 95%CI 11.6-26.3, respectively). In multivariate analysis, the ratios were maintained, although the effect of gestational risk has determined a reduction in the OR of the type of delivery alone from 3.4 (95%CI 2.7-4.4) to 1.99 (95%CI 1.5-2.6) for adverse neonatal outcome. CONCLUSION: Gestational risk was the main factor associated with poor maternal and neonatal outcome. Cesarean delivery was not directly associated with poor maternal outcome but increased the chances of unfavorable neonatal outcomes.
  • Níveis de cortisol salivar e sérico, alfa-amilase e fluxo de saliva total não estimulada em gestantes e não gestantes Original Articles

    Abrão, Aline Lauria Pires; Leal, Soraya Coelho; Falcão, Denise Pinheiro

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Comparar os níveis de cortisol sérico e salivar, alfa-amilase salivar (sAA) e fluxo de saliva não estimulada (UWS) em gestantes e não gestantes. MÉTODOS: Trata-se de um estudo longitudinal realizado no centro de promoção da saúde de um hospital universitário. Nove gestantes e 12 não gestantes participaram do estudo. Foram coletados e analisados soro e UWS nos três trimestres gestacionais e duas vezes por mês durante o ciclo menstrual. A análise do cortisol salivar e sérico foi realizada com o uso de quimiluminescência e a atividade da sAA foi determinada por meio de analisador automático para bioquímica. RESULTADOS: Foi verificado que a mediana (intervalo interquartil) dos níveis de cortisol sérico no grupo de gestantes foi maior que 23,8 µL/dL (19,4-29,4) quando comparado ao grupo de não gestantes, que teve média de 12,3 (9,6-16,8; p<0,001). Os níveis de sAA seguiram o mesmo padrão, com médias de 56,7 U/L (30,9-82,2) e 31,8 (18,1-53,2; p<0,001), respectivamente. Foram observadas diferenças dos níveis de cortisol sérico e salivar (µL/dL) e de sAA entre a fase folicular versus a fase lútea (p<0,001). As medianas dos fluxos salivares (UWS) foram semelhantes em gestantes (0,26 [0,15-0,30] mL/min) e não gestantes (0,23 [0,20-0,32] mL/min). Foram encontradas correlações significativas entre o cortisol salivar e o sérico (p=0,02) e entre o cortisol salivar e a sAA (p=0,01). CONCLUSÕES: Os níveis de cortisol sérico de sAA durante a gestação elevam-se. Na fase lútea do ciclo ovariano, os níveis de cortisol salivar aumentam ao passo que os níveis de cortisol sérico e sAA diminuem.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To compare salivary and serum cortisol levels, salivary alpha-amylase (sAA), and unstimulated whole saliva (UWS) flow rate in pregnant and non-pregnant women. METHOD: A longitudinal study was conducted at a health promotion center of a university hospital. Nine pregnant and 12 non-pregnant women participated in the study. Serum and UWS were collected and analyzed every trimester and twice a month during the menstrual cycle. The salivary and serum cortisol levels were determined by chemiluminescence assay and the sAA was processed in an automated biochemistry analyzer. RESULTS: Significant differences between the pregnant and non-pregnant groups were found in median [interquartile range] levels of serum cortisol (23.8 µL/dL [19.4-29.4] versus 12.3 [9.6-16.8], p<0.001) and sAA (56.7 U/L [30.9-82.2] versus 31.8 [18.1-53.2], p<0.001). Differences in salivary and serum cortisol (µL/dL) and sAA levels in the follicular versus luteal phase were observed (p<0.001). Median UWS flow rates were similar in pregnant (0.26 [0.15-0.30] mL/min) and non-pregnant subjects (0.23 [0.20-0.32] mL/min). Significant correlations were found between salivary and serum cortisol (p=0.02) and between salivary cortisol and sAA (p=0.01). CONCLUSIONS: Serum cortisol and sAA levels are increased during pregnancy. During the luteal phase of the ovarian cycle, salivary cortisol levels increase, whereas serum cortisol and sAA levels decline.
  • Sintomas depressivos em mulheres com dor pélvica crônica Artigos Originais

    Luz, Rosa Azevedo da; Rodrigues, Flávia Melo; Vila, Vanessa Silva Carvalho; Deus, José Miguel de; Lima, Kézia Porto

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Investigar a presença de sintomas depressivos em mulheres com dor pélvica crônica. MÉTODOS: Foi realizado um estudo de corte transversal descritivo, no qual foram incluídas mulheres com diagnóstico de dor pélvica crônica, com idade maior ou igual a 18 anos, sem gravidez no último ano e sem câncer. A amostra foi definida com base no cálculo de amostragem representativa que estimou o quantitativo de 50 mulheres, que estavam em seguimento no ambulatório de Ginecologia, tendo sido encaminhadas pela rede básica do Sistema Único de Saúde. A coleta dos dados ocorreu no período de outubro de 2009 a maio de 2010. Foram analisadas características sociodemográficas, econômicas e clínicas. A intensidade da dor foi avaliada pela escala analógica visual. Os sintomas depressivos foram investigados pelo Inventário de Depressão de Beck.Para análise estatística, foram utilizadas medidas de posição (média, mediana), dispersão (desvio padrão) e teste do χ2. O nível de significância estatística adotado foi de p≤0,05. RESULTADOS: A média de idade das participantes foi de 41,6±9,4 anos. Predominaram mulheres com nível médio de escolaridade, cor parda, religião católica, que viviam com o companheiro fixo. A maioria (98%) estava economicamente ativa, tendo como ocupação serviços domésticos. Quanto à percepção subjetiva da dor, evidenciou-se que 52% afirmaram dor intensa e 48%, moderada. A maioria das mulheres (52%) convivia com a dor há menos de cinco anos, e 30%, há mais de 11 anos. O escore médio do BDI foi de 17,4 (±9,4). Foi observado que 58% das mulheres tiveram sintomas depressivos de grau leve, moderado e grave avaliados pelo BDI. Os sintomas depressivos de frequências mais elevadas foram fatigabilidade, perda da libido, irritabilidade, dificuldade de trabalhar, preocupações somáticas, choro, insatisfação, tristeza e insônia. CONCLUSÃO: Os sintomas depressivos foram frequentes nessas mulheres com dor pélvica crônica.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To investigate the presence of depressive symptoms in women with chronic pelvic pain. METHODS: This descriptive cross-sectional study was performed with women aged 18 years or older, diagnosed with chronic pelvic pain, with no pregnancy history in the previous year, and with no cancer history. The sample was established by calculating the representative sample, estimated as 50 women. All women were undergoing treatment at a gynecology outpatient clinic, referred by the primary health care network of the Brazilian national health system. Data collection was performed from October2009 to May 2010. The women's sociodemographic, economic and clinical characteristics were analyzed. Pain intensity was evaluated using a visual analogue scale. The depressive symptoms were investigated using Beck's Depression Inventory. Statistical analysis was performed using position measures (mean, median), dispersion (standard deviation) and the χ2 test. Values of p≤ .05 were considered statistically significant. RESULTS: The participants' mean age was 41.6±9.4 years. The following features predominated: secondary education level; pardo (brown) skin color; Catholic religion; and living with a steady partner. Most (98%) were economically active and worked with general domestic services. Regarding the participants' subjective perception of pain, 52% reported experiencing intense pain, while 48% reported experiencing moderate pain. Most women (52%) had been living with pain for five years or less, and 30%, for over 11 years. The mean BDI score was 17.4 (±9.4). It was observed that 58% of the women presented mild, moderate and severe depressive symptoms according to the BDI. The most frequent depressive symptoms were fatigability, loss of libido, irritability, difficulty to work, somatic preoccupations, crying, dissatisfaction, sadness, and insomnia. CONCLUSION: Depressive symptoms were frequent among these women suffering with chronic pelvic pain.
  • Influência do índice de massa corpórea, porcentagem de gordura corporal e idade da menarca sobre a capacidade aeróbia (VO2 máx) de alunas do ensino fundamental Artigos Originais

    Capel, Tiago Leoni; Vaisberg, Mauro; Araújo, Maíta Poli de; Paiva, Roberta Foster Leonidas de; Santos, Juliana de Melo Batista dos; Bella, Zsuzsanna Ilona Katalin de Jármy-Di

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Identificar e relacionar a composição corporal, baseada na porcentagem de gordura corporal e o índice de massa corpórea (IMC), e a idade da menarca, com a capacidade aeróbia, utilizando-se os valores de VO2 máximo indireto, de estudantes do segundo ciclo do ensino fundamental. MÉTODOS: Foram avaliadas 197 meninas com média de idade de 13,0±1,2 anos, estudantes de duas escolas estaduais de Atibaia-SP. Para estimar a porcentagem de gordura corporal, foi realizada uma avaliação de dobras cutâneas utilizando-se o protocolo de Slaughter para meninas adolescentes. Já o índice de massa corpórea (IMC), medido em quilogramas por metro quadrado (kg/m2), seguiu as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para a avaliação aeróbia, foi utilizado o teste de corrida proposto por Léger, determinando o volume de oxigênio máximo de forma indireta (VO2 máx). Para a análise estatística, foi utilizada a regressão linear de Pearson, o teste t de Student e a análise multivariada. RESULTADOS: 22,3% das meninas apresentaram sobrepeso e 3,5% obesidade, de acordo com o IMC. Na amostra estudada, 140 (71,1%) adolescentes relataram a ocorrência de menarca. A média de idade da menarca foi de 12,0±1,0 anos. A média de idade de menarca para o grupo com IMC normal foi significativamente maior (12,2±0,9 anos) do que nas estudantes com sobrepeso ou obesidade (11,6±1,0 anos). A média do VO2 máx indireto foi de 39,6±3,7 mL/kg/min, variando de 30,3 a 50,5 mL/kg/min. O avanço da idade cronológica e a precocidade da menarca correlacionaram-se positivamente com os menores valores de VO2 máx. CONCLUSÕES: Meninas com maiores valores de IMC e percentual de gordura corporal apresentaram menores valores de VO2 máx. A precocidade da menarca e o avanço da idade cronológica foram os fatores mais importantes para a redução da capacidade aeróbia. A idade da menarca foi mais elevada em meninas com IMC adequado quando comparadas com as meninas com sobrepeso ou obesidade.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To identify and relate body fat percentage (skin fold measures), body mass index (BMI) and age at menarcheto aerobic capacity using the indirect VO2 maximum value (VO2 max) of girls in the second cycle of primary school. METHODS: A total of 197 girls aged 13.0±1.2 years on average, students from two public schools in the city of Atibaia in São Paulo, were evaluated. Anthropometric evaluation of skin folds was performed using the Slaughter protocol for teenage girls, and BMI (kg/m2) was based on "Z score" (graphic of percentile) according to WHO recommendations. The Léger protocol was used to determine VO2 max. Pearson linear regression and the Student t-test were used for statistical analysis. RESULTS: 22.3% of the girls were overweight and 3.5% were obese according to the classification proposed by the WHO; 140 (71.1%) girls reported menarche. The average age at menarche was 12.0±1.0 years and was significantly higher in the group with normal BMI (12.2±0.9 years) than in the overweight or obese groups (11.6±1.0 years). The average indirect VO2 max value was 39.6±3.7 mL/kg/min, ranging from 30.3 to 50.5 mL/kg/min. The advance of chronological age and early age at menarche were positively correlated with lower VO2 max values. CONCLUSIONS: This study showed that 25.8% of the girls had aBMI value above WHO recommendations. Girls with higher BMI and higher body fat percentage had lower VO2 max. The earlier age at menarche and the advance of chronological age were the most important factors for the reduction of aerobic capacity. The ageat menarche was higher in girls with adequate BMI compared tooverweight or obese girls.
  • Frequência dos distúrbios de sono em mulheres na pós-menopausa com sobrepeso/obesidade Artigos Originais

    Corrêa, Karin Mitiyo; Bittencourt, Lia Rita Azeredo; Tufik, Sérgio; Hachul, Helena

    Resumo em Português:

    OBJETIVOS: Avaliar a frequência dos distúrbios do sono, como apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas e insônia, em pacientes na pós-menopausa com sobrepeso/obesidade no ambulatório de distúrbios do sono no climatério. MÉTODOS: Foram selecionadas 34 pacientes na pós-menopausa, e os seguintes critérios de inclusão foram adotados: idade entre 50 e 70 anos, mínimo de 12 meses de amenorreia, Índice de Massa Corporal igual ou superior a 25 kg/m2, pacientes com queixas relacionadas ao sono e que tivessem sido submetidas a pelo menos uma polissonografia. As pacientes responderam a seis questionários sobre características do sono e sintomas do climatério e uso de medicações. Foram aferidos o peso e a altura em balança padronizada e as medidas das circunferências do abdome e do quadril. Para a análise estatística, o teste do χ2 foi utilizado para variáveis qualitativas, e o teste t de Student, para análise das variáveis quantitativas. RESULTADOS: A média de idade foi de 60,3 anos, o Índice de Massa Corporal médio de 31,6, o tempo de pós-menopausa médio de 11,6 anos e o Índice Menopausal de Kupperman médio de 19. Da amostra, 85,2% apresentou relação cintura/quadril igual ou superior a 0,8; metade apresentou escore igual ou superior a 9 na Escala de Epworth; 68% apresentou distúrbio do sono de acordo com o índice de Pittsburgh e 68% dos casos foram classificados como de alto risco para apneia do sono pelo Questionário Berlin. Na polissonografia, 70,5% apresentou eficiência do sono menor que 85%; 79,4% com latência do sono menor que 30 min; 58,8% com latência para sono REM menor que 90 min e 44,1% com apneia leve. Comparando os grupos, houve associação linear média entre IMC e IAH e relação entre IMC elevado e uso de medicações para distúrbios da tireoide. CONCLUSÃO: Foi observada alta prevalência de distúrbio respiratório do sono, sono fragmentado e insônia de início, bem como maior incidência de distúrbios da tireoide no grupo com IMC mais elevado.

    Resumo em Inglês:

    PURPOSE: To evaluate the frequency of sleep disorders, such as obstructive sleep apnea, restless leg syndrome and insomnia in overweight/obese postmenopausal women seen in a climacteric sleep disorders clinic. METHODS: Thirty-four postmenopausal women were selected using the following inclusion criteria: age between 50 and 70 years; at least 12 months of amenorrhea; body mass index (BMI) greater than or equal to 25 kg/m2; and sleep-related complaints with at least one previous polysomnography. Patients provided responses to 6 questionnaires related to sleep characteristics and menopausal symptoms. Weight and height were measured using standardized scales, and abdomen and hip circumferences were also measured. The statistical analyses were performed using the χ2 test for qualitative variables and using Student's t-test for quantitative variables. RESULTS: Patients' characteristics were as follows: mean age of 60.35 years; mean BMI of 31.62; an average of 11.61 postmenopausal years and an average Kupperman Index of 19. A total of 85.2% of the patients had a waist/hip ratio of less than 0.8. The Epworth Scale score was greater than or equal to 9 in 50% of patients; 68% had sleep disturbances according to the Pittsburgh Index, and 68% were classified as high-risk for sleep apnea by the Berlin Questionnaire. On polysomnography, 70.58% of the patients had a sleep efficiency lower than 85%; 79.41% had a sleep latency of less than 30 min; 58.82% had a REM sleep latency of less than 90 min, and 44.11% had mild apnea. When the groups were compared, a linear association was identified between BMI and the AHI average, and a relationship between high BMI and use of drugs for thyroid treatment was found. CONCLUSION: There was a high prevalence of sleep-disordered breathing, initial insomnia, fragmented sleep, and thyroid disorders in the group with higher BMI.
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