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HLA e minorias étnicas: quando menos significa muito

HLA in ethnic minorities: when little is too much

EDITORIAIS E COMENTÁRIOS

HLA e minorias étnicas: quando menos significa muito

HLA in ethnic minorities: when little is too much

Maria da Graça Bicalho

Correspondência Correspondência: Maria da Graça Bicalho Rua Albano Reis - 1360 _ Bom Retiro 80.520-530 _ Curitiba-PR _ Brasil E-mail: ligh@ufpr.br

Raça ou etnicidade são fatores importantes quando se trata de transplante de medula óssea entre indivíduos não aparentados, uma vez que tecidos histocompatíveis são características herdadas e mais facilmente compartilhadas entre indivíduos da mesma raça ou etnia.

O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) conta atualmente com um banco de dados de mais de 1 milhão e trezentos mil potenciais doadores,1 que se cadastraram com a expectativa de se tornarem o match perfeito e fazer a diferença na vida de pacientes cujo transplante de medula óssea é sua única chance de sobrevivência. Entre 25% a 30% dos pacientes irão encontrar irmãos ou familiares HLA idênticos, o que agilizará o processo do transplante. No entanto, para 70% dos pacientes, as equipes médicas recorrem aos Registros Nacionais e Internacionais de Doadores Não Aparentados, onde o tempo de busca e espera dependerá, entre outros fatores, da frequência e do tipo HLA do paciente, e também desse doador, com genótipo HLA idêntico ao do paciente, encontrar-se efetivamente cadastrado no Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea. Se por um lado, quanto maior o número de doadores cadastrados maiores as chances de se encontrar a dupla doador/receptor histocompatível, há que se considerar que alguns pacientes podem não estar competindo em igualdade de condições simplesmente porque possuem um tipo HLA raro ou uma variação alélica HLA característicos de indivíduos não cadastrados pertencentes a grupos raciais sub-representados nos registros nacionais de doadores.

Portanto, é importante esclarecer que essa situação pode mudar se todos os indivíduos forem informados e conscientizados de que a variação genética ou diversidade HLA inerente a cada grupo racial deve estar representada nos registros de doadores. Esse fato se traduzirá em chances iguais para que todo paciente, qualquer que seja sua ancestralidade ou herança genética, encontre seu doador compatível.

As informações presentes no artigo "Percepção da comunidade nipo-brasileira residente em Curitiba sobre o Cadastro de Medula Óssea"2 são esclarecedoras e valiosas pois propiciam uma melhor compreensão das razões que impedem as pessoas de serem doadoras voluntárias de medula óssea. Além disso, remetem a uma reflexão cuidadosa sobre as limitações e a implementação de estratégias para que as mesmas possam ser superadas. Como resultado, a perspectiva desejável da adesão e aumento do número de doadores das minorias étnicas. As ações realizadas na comunidade nipo-brasileira do presente estudo inspiram iniciativas semelhantes em outras comunidades. A diversidade HLA do Registro de Doadores não Aparentados, refletindo a estrutura genética da população, propiciará uma maior chance estatística de que cada paciente encontre seu doador compatível e, por consequência, maior expectativa de vida e profundas mudanças em sua vida e na de seus familiares.

Profa. Adjunto do Departamento de Genética. Diretora do Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade Universidade Federal do Paraná _ Curitiba-PR

Recebido: 22/04/2010

Aceito: 22/04/2010

Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor.

  • 1. MedulaNet nº16 (fevereiro/março/abril - 2010).
  • 2. Watanabe AM, Omotto CA, Di Colli L, Hayashi VMH. Percepção da comunidade nipo-brasileira residente em Curitiba sobre o cadastro de medula óssea. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32(2):136-140.
  • Correspondência:

    Maria da Graça Bicalho
    Rua Albano Reis - 1360 _ Bom Retiro
    80.520-530 _ Curitiba-PR _ Brasil
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Jul 2010
    • Data do Fascículo
      2010
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