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Investigação, ciência e oftalmologia em Portugal

Em Portugal, do ponto de vista clínico, a oftalmologia atingiu níveis de qualidade e excelência que rivalizam com os melhores centros de referência no mundo, contando com profissionais muito diferenciados.

No que diz respeito à investigação e ao desenvolvimento científico, embora o percurso tenha sido enorme, parece claro que os indicadores de produção científica ficam ainda aquém do potencial e infraestrutura existentes no país.

O objetivo fundamental do médico oftalmologista é o melhor tratamento possível do doente. No entanto, a investigação científica constitui um motor essencial ao progresso da sociedade e ao bem estar das populações e ao tratamento dos doentes. A investigação científica não deve estar, por essa e outras razões, dissociada da prática clínica e uma deve alimentar a outra.

A melhor forma de assegurar que os oftalmologistas dispõem e usam a cada momento, a melhor informação disponível, consiste em criar uma cultura científica que permita compreender e integrar rapidamente na prática clínica, novos conhecimentos e novas descobertas publicadas nas revistas científicas da especialidade. Por outro lado, essa mesma cultura não pode deixar de criar no oftalmologista uma outra: a de colaboração e de abertura em relação à ciência.

Se é verdade que alguns ensaios são um dos componentes mais visíveis da investigação clínica em Portugal, não podemos deixar de notar que muitos dos desenvolvimentos científicos mais significativos se fazem na fronteira e no cruzamento de áreas disciplinares diversas.

É nessas áreas que surgem as questões mais relevantes e é esse o terreno mais fértil para as respostas mais criativas que vamos encontrando. Frequentemente, as respostas às questões complexas com que nos deparamos convocam conhecimentos que vão da biologia à física e a meios e recursos que envolvem tecnologias e soluções de engenharia diversas. A resposta à algumas das nossas questões clínicas diárias não seriam possíveis sem o apoio dos engenheiros e das suas soluções tecnológicas que nos permitem medir indicadores.

A ambição de um oftalmologista que quer fazer parte do mundo e da sociedade contemporânea não estará completa se ele não quiser conhecer e saber mais sobre as doenças que afetam a visão. Além disso, esse desejo não será realizado se, na medida dos meios que tiver ao seu dispor, não for possível o processo de criação de novo conhecimento que possa vir a beneficiar os seus doentes.

Partilho da ideia de que as sociedades científicas podem desempenhar um papel chave nesse processo, não apenas veiculando informação aos seus membros e associados, mas constituindo-se como atores ativos na promoção do conhecimento e da investigação, seja em ações de formação avançada, seja na divulgação e participação ativa em projetos de investigação. Incluo nessa fórmula não apenas a participação em projetos de investigação competitivos, mas também ações de angariação de financiamentos que possam ser dirigidos para atividades científicas. O papel de uma sociedade científica moderna passa por uma participação ativa em muitas dessas atividades. Veja-se, a título de exemplo, o desafio associado ao envelhecimento ativo e saudável das populações. Trata-se de responder a um desafio em que certamente a investigação clínica e, em particular, as ciências da visão, têm um papel preponderante, bem ilustrado pelo número e gravidade das doenças oculares associadas ao envelhecimento.

Como sociedade científica, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia não fica indiferente à esses desafios e, mais do que federar os oftalmologistas portugueses, contribui para a internacionalização e diferenciação destes médicos, mantendo-os informados e, sempre que possível, envolvidos no que de mais importante se faz e descobre na Europa e no mundo. Essa é a informação que, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, pode melhorar a visão dos nossos doentes.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2016
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