Acessibilidade / Reportar erro

Caracterização de uma síndrome depressiva em pacientes esquizofrênicos ambulatoriais

OBJETIVO: Os autores realizaram estudo de corte transversal com o objetivo de caracterizar e descrever quadros depressivos em pacientes esquizofrênicos atendidos no ambulatório de psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE). Os doentes tiveram o diagnóstico de esquizofrenia do DSM-IV. MÉTODOS: Foram selecionados pacientes que se encontravam no período de estabilidade do quadro clínico, definido de acordo com os seguintes critérios: o último episódio psicótico ter ocorrido há no mínimo dois meses e durante esse período as alterações nas doses dos antipsicóticos tenham sido inferiores a 5 mg de haloperidol ou doses equivalentes de outros neurolépticos. Participaram do estudo 104 pacientes. Após a identificação dos sintomas depressivos pela utilização da versão em português da Escala Calgary de Depressão para Esquizofrenia, 31 doentes (29,8%) preencheram os critérios diagnósticos para quadros depressivos. Desses, 22,1% preencheram os critérios para episódio depressivo maior pelo DSM-IV e 7,7% para episódio depressivo menor. Foram constituídos dois grupos: A (pacientes esquizofrênicos com depressão -- DSM-IV) e B (sem síndrome depressiva). Avaliaram-se as distribuições dos sintomas e dos escores da ECDE em ambos os grupos, as variáveis sociodemográficas, clínicas e terapêuticas em relação à freqüência da síndrome depressiva e a evolução clínica dos pacientes. Foram empregados os seguintes instrumentos: estressores psicossociais contido no eixo IV do DSM-IV e a Escala de Avaliação Global do Funcionamento (AGF - Eixo V- DSM-IV). CONCLUSÕES: Os resultados obtidos permitiram aos autores elaborarem as seguintes conclusões: todos os itens que compõem a versão brasileira da ECDE foram estatisticamente significantes na caracterização da síndrome depressiva; as variáveis sociodemográficas e terapêuticas não obtiveram diferenças estatisticamente significantes quando comparadas entre os dois grupos, assim como a maioria das características clínicas; entre os doentes deprimidos, diferenças, com significância estatística, foram assinaladas em relação a maior freqüência de eventos vitais (estressores psicossociais) no desencadeamento do primeiro surto esquizofrênico e a maior incidência de antecedentes familiares de portadores de transtornos do humor (primeiro e segundo graus). O tempo médio de duração da síndrome depressiva durante o período de acompanhamento dos pacientes foi de cinco meses e dez dias; os doentes que tiveram recidivas do episódio psicótico apresentaram quadros clínicos delirante-alucinatórios. Esse estudo busca contribuir para a inclusão do transtorno depressivo pós-psicótico da esquizofrenia no grupo dos transtornos esquizofrênicos.

Esquizofrenia; Depressão; Sintomas depressivos


Associação Brasileira de Psiquiatria Rua Pedro de Toledo, 967 - casa 1, 04039-032 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5081-6799, Fax: +55 11 3384-6799, Fax: +55 11 5579-6210 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: editorial@abp.org.br