OBJETIVO: A literatura vem mostrando que ser filho de alcoolista é um fator de risco para o desenvolvimento de alcoolismo na idade adulta. Além do sofrimento ocasionado pela convivência com pais alcoolistas, essa condição implica em outras vulnerabilidades para as crianças, como baixo autoconceito, mau desempenho escolar e problemas de comportamento. Este trabalho propõe-se a avaliar comparativamente crianças, filhos de alcoolistas (FA), e filhos de não-alcoolistas (FNA) com relação às variáveis acima citadas. MÉTODOS: O estudo baseia-se na comparação entre grupos, com delineamento denominado quasi experimental. Selecionaram-se dois grupos de 20 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 10 e 12 anos, sendo um dos grupos composto por filhos de alcoolistas e o outro por filhos de não-alcoolistas. Estas crianças foram submetidas à avaliação do autoconceito por meio da Escala Infantil Piers-Harris de Autoconceito e do desempenho escolar por meio do Teste de Desempenho Escolar (TDE). As mães destas crianças participaram do estudo respondendo a questões relativas ao comportamento de seus filhos, por meio da Escala Comportamental Infantil A2 de Rutter. RESULTADOS: Os resultados mostraram que filhos de alcoolistas tendem a ter um autoconceito mais negativo e um desempenho escolar inferior nas tarefas de leitura e aritmética quando comparados a filhos de não-alcoolistas. Quanto à percepção das mães, filhos de alcoolistas apresentam mais problemas de comportamento que filhos de não-alcoolistas. CONCLUSÕES: Concluiu-se que os resultados deste trabalho corroboram os de outros estudos e chamam a atenção para a necessidade de se atentar para possíveis vulnerabilidades das crianças filhas de alcoolistas, sobretudo, para tentar minimizá-las alterando a trajetória do sofrimento psicológico, que pode marcar suas vidas.
Alcoolismo; Transtorno da personalidade anti-social; Filho de pais incapacitados; Transtornos do comportamento infantil; Saúde da família; Auto-imagem; Baixo rendimento escolar
