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Psicofarmacologia

PSICOFARMACOLOGIA

Estudo das prescrições de psicotrópicos e anorexígenos segundo a especialidade médica, na cidade de Campo Grande, MS

Ferreira, FC; Souza, JA; Ayache, DCG

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Departamento de Clínica Médica, Serviço de Psiquiatria

Não só no Brasil como em todo mundo, existem poucos trabalhos científicos relacionando especialidades médicas com as prescrições de psicotrópicos e anorexígenos. Seu uso inapropriado e abusivo é um grande problema de Saúde Pública Mundial Através de um levantamento transversal, realizado durante o mês de maio de 1999 em drogarias e farmácias do município de Campo Grande – MS, feito por um instrumento de coleta. foram levantadas as seguintes variáveis: sexo do paciente; especialidade médica prescritora, medicamento psicotrópico prescrito, dosagem, apresentação e quantidade prescrita. Dentre as 907 prescrições levantadas observamos que houve uma predominância das prescrições para o sexo feminino com 63,9% das notificações. A Psiquiatria foi a especialidade médica que mais prescreveu (28,5%), sendo a principal responsável pela prescrição dos seguintes grupos farmacológicos: anticonvulsivantes, antidepressivos e neurolépticos. Observamos ser a Cardiologia a principal especialidade médica prescritora de ansiolíticos. A Endocrinologia a principal especialidade médica prescritora de anorexígenos, sendo a Sibutramina o mais prescrito. A amitriptilina despontou como o antidepressivo mais prescrito (24%), sendo a Psiquiatria a especialidade responsável por 45% das prescrições. Este constitui um trabalho exploratório e descritivo que aponta algumas discrepâncias entre especialidade médica e o grupo farmacológico prescrito, não condizendo com a racionalidade terapêutica da especialidade médica prescritora analisada. Evidencia a necessidade de estudos aprofundados qualitativos sobre os padrões de prescrição das classes farmacológicas não só em Campo Grande como em todo país.

Pesquisa Psicofarmacológica no Brasil e na América Latina

Santos-Jesus, R; Quarantini, L; Santos, A; Nolasco, T; Alves, S; Miranda-Scippa, A; De Oliveira, I

Departamento de Neuro, psiquiatria / UFBA. (71-9133-7499 / 237-4762)

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Santos, Jesus, R e-mail: dejesus@ufba.br

INTRODUÇÃO: A pesquisa no Brasil vem crescendo em número de publicações internacionais, e a coleta destas informações é importante como critério de avaliação dos serviços e dos pesquisadores.

OBJETIVO: avaliar a pesquisa psicofarmacológica no Brasil comparando-a com a da América Latina e seu impacto no cenário internacional.

MÉTODOS: Revisão da literatura, utilizando as bases de dados Web of Science e MEDLINE/PubMed, no período de 1996 a 2000. Construiu-se banco de dados para avaliar as variáveis referentes a país de origem, autores, instituições, colaboração internacional, tipo de documento, impacto do periódico e número de citações.

RESULTADOS: Identificamos 14 revistas relacionadas com psicofarmacologia que forneceram o total de 7.584 artigos científicos, sendo 147 artigos latinos (1,9%), dos quais 68 eram brasileiros (0,9%). O Brasil responde por 46,3% da produção psiquiátrica da América Latina. A maioria dos artigos brasileiros era original (80,9%). Em 27,9% havia colaboração internacional e 52,9% eram sobre pesquisa na área básica. Entre os pesquisadores brasileiros, aqueles da Região Sudeste publicam 72,0% de toda a produção.

CONCLUSÃO: Apesar da proporcional relevância da produção científica brasileira, comparativamente à América Latina, as publicações ainda têm números incipientes e evidenciam nossa marcante disparidade regional.

Alterações Lipídicas e Ganho de Peso Associados ao uso de Antipsicóticos

Sampaio A; Quarantini L; Neves S; Santos-Jesus R; Sena E; Miranda-Sccipa A

Departamento de Neuropsiquiatria, UFBA

Serviço de Psiquiatria, Hospital Universitário Professor Edgar Santos

Rua Augusto Viana s/n, Canela, SSA, BA

Tel: 71 9965 9419 Fax: 71 386 4832

Endereço para correspondência Endereço para correspondência E-mail: lcq@ufba.br

OBJETIVO: Este trabalho pretende fazer uma revisão da literatura sobre relação entre ganho ponderal e alterações lipídicas associados ao uso de agentes antipsicóticos.

MÉTODO: Foi feita busca pelas palavras-chave Antipsychotic Agents, Hyperlipidemia e Weight Gain, nos bancos de dados do Medline e Web of Science, utilizando referências a partir do ano de 1997.

RESULTADOS: A obesidade desperta grande preocupação por estar relacionada a comorbidades como hipertensão, doença arterial coronariana, diabetes mellitus tipo 2, além de implicações na adesão à terapêutica. Os trabalhos publicados com este tema, têm mostrado um aumento ponderal importante principalmente com o uso de alguns antipsicóticos atípicos. O antagonismo ao receptor da histamina H1 é implicado como principal mecanismo de indução do antipsicótico para o aumento ponderal através de um efeito direto no apetite. Supõe-se que um antagonismo simultâneo do receptor da serotonina 5HT-1c seja responsável por um maior ganho de peso visto com os antipsicóticos atípicos. Foi observada a capacidade das fenotiazinas em elevar os níveis de triglicérides e fração LDL do colesterol, sem alterar o colesterol total, o que também ocorre com os derivados da dibenzazepina: clozapina, olanzapina e quetiapina.

CONCLUSÃO: No seguimento de um paciente em uso de medicações antipsicóticas, torna-se importante o acompanhamento ponderal e monitorização do perfil lipídico a cada três meses durante o primeiro ano, a fim de detectar possíveis alterações secundárias ao uso da droga e tomar condutas precoces visando diminuição do risco de comorbidades.

Meta-análise da segurança cardíaca com aripiprazol

E. StockI, AR SahaII, R BrunellI, DG ArchibaldI, T IwamotoIII, RD McQuadeIV

IBristol-Myers Squibb , Wallingford, CT; II Otsuka Maryland Instituto de Pesquisa, LLC, Rockville, MD, EUA. IIIOtsuka Pharmaceutical Co., Ltda., Tóquio, Japão. IVBristol, Myers Squibb , Lawrenceville, NJ, EUA

OBJETIVO: Foi feita uma meta-análise para avaliar a segurança cardíaca a curto e longo prazo do aripiprazol, medida pelo prolongamento do intervalo QT.

MÉTODOS: Os efeitos a curto prazo foram avaliados em estudos controlados, de 4-6 semanas, duplo-cegos, em 1.648 pacientes randomizados para aripiprazol, placebo, ou controle ativo (haloperidol 10 mg/dia ou risperidona 6 mg/dia). Adicionalmente, os efeitos a longo prazo foram avaliados em um estudo controlado com haloperidol de 52 semanas (n = 1.294) e em um estudo aberto controlado com olanzapina (n = 255). Os dados são apresentados como a variação média entre a avaliação final e a basal, utilizando um método de correção exponencial fracionada.

RESULTADOS: Nos estudos de curta duração, o aripiprazol foi comparável ao placebo em todas as doses, independente do sexo ou raça. As variações médias no QTc com aripiprazol e placebo foram -4.4 mseg e -3.5 mseg, respectivamente; as variações com haloperidol e risperidona foram de -1.04 mseg e +2.15 mseg., respectivamente. Nestes estudos, a incidência de aumento de 30 mseg no QTc com o aripiprazol foi de 4,3%, comparada com 5,5% para o placebo na avaliação final; os valores para haloperidol e risperidona foram 7,8% e 10,5%, respectivamente. Nos estudos de longa duração, o aripiprazol não foi associado a aumentos significativos do intervalo QTc.

CONCLUSÃO: O aripiprazol não é associado ao prolongamento do intervalo QTc após a administração a curto e longo prazo.

Meta-análise dos efeitos sobre o peso com aripiprazol

Jody DI;, Saha AII; Iwamoto TIII; Biswas DIV; LinDIV; Marcus RIV; McQuade RI Messias E

IBristol, Myers Squibb, Lawrenceville, NJ; II Otsuka Maryland Instituto de Pesquisa, LLC, Rockville, MD, EUAIII Otsuka Pharmaceutical Co., Ltda., Tóquio, JapãoIV BMS , Wallingford, CT, EUA, BMS Brasil

Rua Carlos Gomes,924 SP fone 38822381 fax 38822013

Endereço para correspondência Endereço para correspondência e-mail : elaine.rahal@bms.com

OBJETIVO: Foi feita uma meta-análise para avaliar os efeitos a curto e a longo prazo sobre o ganho de peso (³7% em relação ao basal) do aripiprazol, um antipsicótico recentemente desenvolvido com mecanismo de ação único (agonismo parcial de dopamina D2 e serotonina 5HT1A, e antagonismo de 5HT2A).

MÉTODOS: Os efeitos a curto prazo foram avaliados em cinco estudos de 4-6 semanas de duração, duplo-cegos, controlados, em 1.648 pacientes com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo, randomizados para aripiprazol, placebo ou controle ativo (haloperidol 10 mg/dia ou risperidona 6 mg/dia). Os efeitos a longo prazo foram avaliados em um estudo controlado com haloperidol por 52 semanas (n=1.294) e em um estudo aberto, controlado com olanzapina (n=255).

RESULTADOS: Nos estudos de curto prazo, o aripiprazol foi associado a um aumento de 0,7kg de peso; o haloperidol e a risperidona produziram aumentos de 0,6kg e 1,3kg, respectivamente. No estudo de longo prazo com haloperidol, os pacientes com IMC<23 no basal apresentaram um ganho de peso com ambos (haloperidol e aripiprazol), enquanto os pacientes com IMC>27 apresentaram perda de peso. Após 26 semanas de tratamento no estudo controlado com olanzapina, o aripiprazol levou a uma perda de peso de 2,2kg versus um aumento de 4,4kg com olanzapina. O aripiprazol resultou em perda de peso em todas as categorias de IMC e a olanzapina resultou em ganho de peso em todas as categorias de IMC.

CONCLUSÃO: O aripiprazol está associado a um ganho de peso mínimo, que é comparável ao do haloperidol e inferior ao da olanzapina.

Efeitos neuroendócrinos da quetiapina em voluntários sadios

Guerra, A; Castel, S; Silva, A; Calil, H

Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia

Rua Napoleão de Barros, 925, São Paulo, SP. Tel: 5539-0155, Fax: 5572-5092

Endereço para correspondência Endereço para correspondência e-mail: alexandro@psicobio.epm.br

OBJETIVO: Avaliar respostas hormonais (prolactina, cortisol, ACTH e hormônio do crescimento) em voluntários sadios após a administração oral de quetiapina, um antipsicótico atípico com alta afinidade por receptores H1 e afinidade moderada por receptores sigma, alfa-1, 5-HT2, alfa-2 e D2.

MÉTODO: Quinze voluntários do sexo masculino participaram deste estudo randomizado, duplo-cego, cruzado, controlado com placebo. Uma hora após a inserção de um cateter intravenoso, amostras de sangue foram colhidas a cada 30 min das 9h00 às 13h00. A primeira amostra foi colhida antes da administração de 150 mg de quetiapina ou placebo. O procedimento foi repetido após uma semana, invertendo os grupos de quetiapina e placebo. As medidas para cada hormônio foram analisadas com a ANOVA para medidas repetidas, seguida do teste de Tukey. As médias das áreas sob as curvas foram comparados com o teste t.

RESULTADOS: Em comparação com o placebo, a concentração plasmática de prolactina aumentou após a quetiapina do tempo 60 min até o fim do experimento; a concentração plasmática de cortisol diminuiu do tempo 150 min ao tempo 240 min; e a secreção de ACTH não mostrou diferença. Houve um aumento tardio do GH, significante apenas no tempo 210 min. Os valores das áreas sob as curvas foram estatisticamente diferentes para prolactina e cortisol, em comparação com o placebo.

CONCLUSÃO: A administração de dose única de quetiapina aumentou a secreção de prolactina. A secreção de cortisol diminuiu conforme era esperado pelo perfil farmacodinâmico da quetiapina. A falta de resposta do ACTH pode ser explicada pela baixa sensibilidade do método de dosagem. O aumento tardio do GH pode ser conseqüente ao ntagonismo de receptores H1.

Aripiprazol: um estabilizador do sistema dopamina-serotonina

R.McQuadeI; Burris KI; Jordan SII; Tottori KIII; Kurahashi NIII; Kikuchi T; Messias E

IBristol-Myers Squibb, Wallingford, CT; IIOtsuka Maryland Instituto de Pesquisa, Rockville, MD; IIIOtsuka America Pharmaceutical Inc., Rockville, MD, EUA IVOtsuka Pharmaceutical Co., Ltda., Tokushima, Japão, Bristol, Myers Squibb Brasil

Rua Carlos Gomes,924 telefone 11.38822381, fax 11.38822013

Endereço para correspondência Endereço para correspondência e-mail: elaine.rahal@bms.com

OBJETIVOS: Aripiprazol, um novo antipsicótico, tem demonstrado efeito antipsicótico rápido e mantido com um excelente perfil de segurança e tolerabilidade. Uma revisão detalhada de seu mecanismo de ação é fornecida.

MÉTODOS: A afinidade da ligação e a atividade funcional do aripiprazol nos receptores de dopamina e serotonina foram investigadas usando células de ovário de hamster chinês (CHO) que expressam os receptores humanos recombinantes D2, D3, 5HT1A e 5HT2A de células P-11 de rato.

RESULTADOS: O aripiprazol ligou-se com alta afinidade aos receptores D2, D3, 5HT1A, e 5HT2A (Ki = 0,45, 0,80, 4,4, e, 3,4 nM, respectivamente). Nos receptores D2, o aripiprazol agiu como agonista parcial, com atividade intrínseca relativa inferior à da dopamina. Da mesma forma, o aripiprazol exibiu propriedades de agonismo parcial nos receptores 5HT2A. Nos receptores 5HT2A, o aripiprazol exibiu propriedades antagonistas.

CONCLUSÃO: o aripiprazol tem mecanismo de ação único, de potente agonismo parcial nos receptores D2, agonismo parcial nos receptores 5HT1A, e antagonismo nos receptores 5HT2A, agindo portanto como um estabilizador do sistema dopamina-serotonina. Este perfil de atividade nos receptores embasa os benefícios clínicos do aripiprazol, incluindo a melhora dos sintomas positivos, negativos e afetivos, com riscos mínimos de sintomas extrapiramidais (EPS), ganho de peso e elevação da prolactina.

Intoxicações por Antipsicóticos na Bahia

Cruz, S, Nunes, C; Schwab, D; Dunningham, W; Aguiar, W; Nery, J; Sarkis, V

Centro de Informações Antiveneno, Secretaria da Saúde do Estado da Bahia

Av. Edgard Santos S/N Cabula, HCRS, Salvador, Ba tel. 08002844343

Endereço para correspondência Endereço para correspondência e-mail: ciave@saude.ba.gov.br

OBJETIVO: Avaliar as intoxicações por antipsicóticos notificadas ao CIAVE -BA no período de 1997-1999. Estimarmos o impacto dessas intoxicações e investigarmos as características particulares das intoxicações por antipsicóticos nas intoxicações por medicamentos ocorridas no período.

MÉTODOS: Realizamos um estudo epidemiológico retrospectivo utilizando informações do banco de dados do CIAVE-BA referentes ao período de 1997-1999.Estabelecemos as seguintes variáveis de interesse: Percentual anual ocupado pelas intoxicações por antipsicóticos em relação ao total das intoxicações por medicamentos ocorridas no mesmo período, distribuição entre os sexos, idade, circunstância, terapêutica e evolução.

RESULTADOS: Foi encontrado um percentual importante nas intoxicações por antipsicóticos no total das representadas pelos medicamentos. O local de ocorrência das intoxicações foi bastante representativo tanto na capital como no interior do estado; acreditamos numa grande subnotificação, principalmente nos casos mais leves, somente com reações extrapiramidais em crianças, que podem ser resolvidos rapidamente pelo uso de antagonistas dessas reações e que, portanto não procuram ajuda toxicológica especializada.

CONCLUSÃO: As intoxicações por medicações antipsicóticas constituem um grande número de casos em relação ao total do número de casos das intoxicações medicamentosas. Aliado ao fato dos grupos de risco serem indivíduos bastante susceptíveis à intoxicação como crianças e pacientes com patologias psiquiátricas, devemos ficar alerta para a possibilidade dessas intoxicações nesses pacientes, reconhecendo as principais manifestações clínicas e iniciarmos prontamente seu tratamento.

  • Endereço para correspondência
    Santos, Jesus, R
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Mar 2003
    • Data do Fascículo
      Out 2002
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