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Contratransferência no atendimento inicial de vítimas de trauma pode predizer o abandono do tratamento psiquiátrico?

OBJETIVOS: Investigar a associação entre contratransferência (CT) no atendimento psiquiátrico inicial de vítimas de trauma e desfechos do tratamento. MÉTODO: A contratransferência de 50 terapeutas foi avaliada através da Assessment of Countertransference Scale após o primeiro atendimento de 131 vítimas de trauma (83% mulheres, idade entre 15 e 64 anos) selecionadas consecutivamente durante 4 anos. Foram avaliadas características demográficas e clínicas dos pacientes, e investigaram-se seus correlatos com os sentimentos contratransferenciais dos terapeutas. Os pacientes foram acompanhados ao longo do tratamento para verificar a associação entre a CT e o desfecho do tratamento, operacionalizado como alta ou abandono. RESULTADOS: A mediana de consultas realizadas foi 5 [4; 8], faltas 1 [0; 1] e taxa de abandono 34,4%. As características demográficas e clínicas dos pacientes dos grupos alta e abandono foram similares. Na análise multivariada, identificou-se que pacientes com relato de trauma na infância tiveram uma chance 61% menor de abandonar o tratamento que pacientes sem relato de trauma na infância (OR = 0,39; p = 0,039; IC 95% 0,16-0,95). Não foi detectada associação entre sentimentos contratransferenciais iniciais com os desfechos do tratamento. Conclusões: A CT no atendimento inicial de vítimas de trauma não esteve associada ao desfecho do tratamento. Estudos futuros devem avaliar a modificação da CT ao longo do tratamento e seu impacto sobre os desfechos.

Contratransferência (psicologia); Resultado do tratamento; Estresse psicológico; Violência; Brasil


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