OBJETIVOS: Avaliar a associação entre retardo mental estimado (RM) e evasão escolar numa amostra de escolares de terceira e quarta séries da rede estadual de Porto Alegre. MÉTODO: Neste estudo caso-controle, estudantes que evadiram da escola (n=44) e um grupo controle que se mantinha na escola (n=44) tiveram o seu quociente de inteligência (QI) determinado através dos sub-testes vocabulário e cubos da Escala de Inteligência de Wescheler <FONT FACE=Symbol>¾</FONT> terceira edição (WISC<FONT FACE=Symbol>¾</FONT>III). Estudantes com QI<70 foram considerados potenciais casos de RM. Outros transtornos mentais prevalentes nesta faixa etária foram avaliados nos dois grupos por meio da aplicação da Entrevista para Transtornos Afetivos e Esquizofrenia na Idade Escolar- Versão Epidemiológica, 4ª versão em português (K-SADS-E). RESULTADOS: O grupo de evadidos apresentou um número significativamente maior de indivíduos com provável RM do que o grupo controle (p<0,001). A razão de chances para evasão escolar manteve-se significativamente maior para os indivíduos com RM estimado, mesmo após ajuste para potenciais variáveis confundidoras (idade, transtorno de conduta, repetência escolar, renda e estrutura familiar) (p<0,01). CONCLUSÃO: Crianças com menor capacidade de inteligência representam um grupo de risco para evasão escolar, necessitando estratégias, em nível escolar, que possibilitem o seu reconhecimento e adequada inclusão no processo de aprendizagem.
Evasão escolar; Retardo mental; Absenteísmo; Escolares