Resumos
A psoríase é uma doença cutaneoarticular, cuja incidência varia entre 1%-3%. O estresse tende a ser um fator desencadeante ou de agravamento na psoríase. Além disso, a própria doença pode gerar estresse emocional, pelo constrangimento das lesões. Uma série de alterações psicológicas pode estar associada à psoríase, e são comuns os relatos de sentimentos de raiva, depressão, vergonha e ansiedade, culminando no isolamento social e, possivelmente, na disfunção sexual. Apesar de a disfunção sexual ser uma queixa comum, são poucos os dados encontrados a respeito na literatura. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática da prevalência da disfunção sexual na psoríase e na artrite psoriásica, avaliando a participação de fatores como depressão e extensão da doença nessa relação. O resultado da revisão sistemática sobre o assunto aponta que os dados a respeito das dificuldades sexuais nos pacientes com psoríase são limitados. As hipóteses aventadas para explicar a ocorrência de disfunção sexual nesse grupo de pacientes incluem a extensão do quadro cutâneo, os efeitos psicológicos da condição no paciente, a preocupação do parceiro e os efeitos colaterais relacionados aos tratamentos médicos para a psoríase. Os dados apresentados enfatizam a negligência frequente dada a este tipo de sintomatologia na prática médica e ressaltam a importância da avaliação do impacto da psoríase não apenas em relação ao acometimento cutâneo e articular, mas também psicossocial e sexual. Face às diversidades socioculturais de cada população, sugere-se a necessidade de um estudo específico na população brasileira a fim de fornecer maiores informações sobre nossos pacientes.
psoríase; artrite psoriásica; gênero; sexualidade
Psoriasis is a cutaneous-articular disease, whose incidence ranges from 1% to 3%. Stress tends to be a triggering or aggravating factor in psoriasis. In addition, the disease itself can generate emotional stress because of its lesions. Several psychological disorders can be associated with psoriasis, and feelings such as rage, depression, shame, and anxiety have been commonly reported, which can culminate in social isolation and sexual dysfunction. Despite being a common complaint among patients with psoriasis, sexual dysfunction has been rarely reported in the literature. This study aimed at performing a systematic review of the prevalence of sexual dysfunction in psoriasis and psoriatic arthritis, assessing the role played by factors such as depression and severity of disease in this relation. This systematic review showed that data on the sexual difficulties of patients with psoriasis are scarce. The hypotheses to explain sexual dysfunction in that group of patients include the severity of skin findings, the psychological effects of the condition on the patient, concerns of the sexual partner, and side effects of the medical treatments for psoriasis. Those data emphasize that this type of symptomatology is frequently neglected in medical practice, and stress the importance of assessing the impact of psoriasis regarding not only cutaneous and joint involvements, but also psychosocial and sexual impairments. Considering the sociocultural diversities of each population, a specific study of the Brazilian population to provide more information about our patients is required.
psoriasis; psoriatic arthritis; gender; sexuality
ARTIGO DE REVISÃO
Disfunção sexual em pacientes com psoríase e artrite psoriásica - uma revisão sistemática
Patricia Shu KurizkyI; Licia Maria Henrique da MotaII
IMédica Dermatologista; Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília - FMUnB
IIDoutora em Ciências Médicas, FMUnB; Orientadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas, FMUnB
Correspondência para Correspondência para: Licia Maria Henrique da Mota Centro Médico de Brasília SHLS 716/916 Bloco E salas 501-502 - Asa Sul CEP: 70390-904. Brasília, DF, Brasil E-mail: liciamhmota@yahoo.com.br
RESUMO
A psoríase é uma doença cutaneoarticular, cuja incidência varia entre 1%-3%. O estresse tende a ser um fator desencadeante ou de agravamento na psoríase. Além disso, a própria doença pode gerar estresse emocional, pelo constrangimento das lesões. Uma série de alterações psicológicas pode estar associada à psoríase, e são comuns os relatos de sentimentos de raiva, depressão, vergonha e ansiedade, culminando no isolamento social e, possivelmente, na disfunção sexual. Apesar de a disfunção sexual ser uma queixa comum, são poucos os dados encontrados a respeito na literatura. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática da prevalência da disfunção sexual na psoríase e na artrite psoriásica, avaliando a participação de fatores como depressão e extensão da doença nessa relação. O resultado da revisão sistemática sobre o assunto aponta que os dados a respeito das dificuldades sexuais nos pacientes com psoríase são limitados. As hipóteses aventadas para explicar a ocorrência de disfunção sexual nesse grupo de pacientes incluem a extensão do quadro cutâneo, os efeitos psicológicos da condição no paciente, a preocupação do parceiro e os efeitos colaterais relacionados aos tratamentos médicos para a psoríase. Os dados apresentados enfatizam a negligência frequente dada a este tipo de sintomatologia na prática médica e ressaltam a importância da avaliação do impacto da psoríase não apenas em relação ao acometimento cutâneo e articular, mas também psicossocial e sexual. Face às diversidades socioculturais de cada população, sugere-se a necessidade de um estudo específico na população brasileira a fim de fornecer maiores informações sobre nossos pacientes.
Palavras-chave: psoríase, artrite psoriásica, gênero, sexualidade.
INTRODUÇÃO
A psoríase é uma doença inflamatória, cutaneoarticular, crônica e recidivante, decorrente de alterações imunológicas e proliferativas da pele e, por vezes, de mucosas. A incidência mundial estimada é de 1%-3%.1-3 Em 5%-42% desses pacientes o quadro cutâneo está associado a artrite inflamatória, geralmente com fator reumatoide negativo, quadro denominado artrite psoriásica.4,5
O estresse tende a ser um fator desencadeante ou de agravamento na psoríase. Além disso, a própria doença pode gerar estresse emocional, pelo constrangimento das lesões.6 Uma série de alterações psicológicas pode estar associada à psoríase, e são comuns os relatos de sentimentos de raiva, depressão, vergonha e ansiedade, culminando no isolamento social e em consumo maior de álcool e fumo.7-11
A sexualidade, conforme definição da Organização Mundial de Saúde, é "uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado dos outros",12 com grande importância na manutenção de uma boa saúde mental. O impacto da psoríase na função sexual é importante, pois causa intenso desgaste pessoal, prejudicando a qualidade de vida.
Na literatura, podem ser encontrados relatos de impotência sexual e disfunção erétil decorrentes de terapêuticas medicamentosas para a doença, como o uso de etretinato e metotrexato.13-15 Entretanto, são poucos os estudos que relacionam a disfunção sexual diretamente à psoríase.16,17
As revisões sistemáticas de estudos de prevalência são importantes por fornecerem informações úteis tanto à prática médica quanto aos projetos de pesquisa. Uma visão aprofundada sobre o desenho e a metodologia aplicados na obtenção dos dados disponíveis é fundamental para o planejamento de futuros estudos.
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática dos estudos sobre a disfunção sexual nos pacientes com psoríase e artrite psoriásica, avaliando aspectos comumente apontados como associados - entre eles, alterações psicológicas e extensão da doença.
MÉTODOS
No período de agosto a outubro de 2011, foram realizadas buscas nas seguintes bases de dados: Medline (1966-2011), Biblioteca Cochrane, LILACS, PubMed (1991-2011) e Scopus, nos idiomas português, inglês, francês e espanhol. As palavras-chave utilizadas foram "psoriasis", "sexual dysfunction" e "psoriatic arthritis".
Foram incluídos estudos transversais observacionais, coortes prospectivas, estudos randomizados controlados e estudos do tipo caso e controle, que abordassem a função sexual nos pacientes com psoríase e/ou artrite psoriásica.
O título e o resumo dos artigos obtidos na pesquisa inicial foram revisados por dois observadores independentes a fim de se identificar aqueles relevantes. Uma revisão da versão integral foi realizada em todos os artigos que preenchiam os critérios de inclusão, e as referências bibliográficas desses artigos foram analisadas a fim de se destacar fontes adicionais. Foram considerados para os fins do estudo os artigos selecionados após concordância dos dois observadores.
Dos estudos selecionados, foram observados os seguintes dados: tipo de estudo, tamanho da amostra, instrumentos utilizados, análise estatística e resultados.
RESULTADOS
Dos artigos identificados nas bases de dados citadas, apenas 14 relacionavam-se diretamente com o tema pesquisado. Desses, sete foram excluídos por serem relatos de caso ou artigos de revisão. Além dos sete artigos restantes, um foi identificado a partir da análise das referências bibliográficas, totalizando oito artigos selecionados para os fins desse estudo.
Dos artigos selecionados, três eram do tipo caso e controle e cinco eram estudos transversais observacionais; não foram encontrados estudos randomizados controlados nem coortes prospectivas. Em relação aos três estudos de casos e controles, dois incluíram homens e mulheres com psoríase comparados a sujeitos sadios,18,19 e um foi realizado apenas em homens com psoríase comparados a grupos masculinos com outras doenças dermatológicas.20 Todos os estudos observacionais incluíram pacientes de ambos os gêneros. A Tabela 1 descreve os tipos de estudos e as amostras analisadas.
No total, 4.039 pacientes com psoríase foram analisados, dos quais 2.567 homens (63,55%) e 1.472 mulheres (36,45%). A idade dos pacientes com psoríase variou entre 23 e 62 anos. A Tabela 2 apresenta as características epidemiológicas das amostras de cada estudo.
A gravidade da psoríase foi avaliada por dermatologistas a partir do Psoriasis Area and Severity Index (PASI) em três estudos19,21,22 e pelo Total Body Surface Area (BSA) em um estudo,23 e pelo próprio paciente por meio do Self-Administered Psoriasis Area and Severity Index (SAPASI) em dois estudos.2,24 Dois estudos não avaliaram o grau de extensão da psoríase.18,20 A presença de lesões na área genital2,20,23,24 e o acometimento articular2,22-24 foram registrados em quatro estudos.
Em todos os estudos os pacientes foram avaliados quanto à função sexual a partir de questionários autoaplicáveis, e alguns estudos também avaliaram aspectos psicológicos e qualidade de vida. Dentre os questionários utilizados para avaliação da função sexual, os mais usados foram: o item 9 do Dermatology Life Quality Index (DLQI) ("Over the last week, how much has your skin caused any sexual difficulties - not at all, a little, a lot, very much"),2,19,22,24 o International Index of Erectile Function (IIEF)19,20,24 e o Female Sexual Function Index (FSFI).19,24 Gupta et al.23 utilizaram questionário de elaboração própria, e Ermertcan et al.19 montaram um questionário baseado nas perguntas de caráter sexual de vários questionários de qualidade de vida (Skindex-29, DLQI, Psoriasis Disability Index - PDI e Impact of Psoriasis on Quality of Life Questionnaire - IPSO). A Tabela 3 mostra os instrumentos usados por cada autor.
Qualidade de vida, depressão e função sexual
No estudo de Mercan et al.,18 a disfunção sexual foi mais comum no grupo com psoríase que no grupo-controle, havendo diferença estatisticamente significativa (P < 0,05) entre o escore total e o subescore da experiência orgásmica do ASEX. Dez pacientes do grupo com psoríase apresentaram escore de BDI > 17, sendo considerados clinicamente depressivos. Quando excluídos esses pacientes, a análise ANOVA e o teste de Tuckey nos dois grupos revelaram resultados semelhantes no escore de ASEX.
Al-Mazeedi et al.21 observaram alterações psicológicas mais prevalentes no grupo de psoríase grave. Em relação à atividade sexual, ela esteve afetada em 31,6% dos pacientes. Apresentaram disfunção 38,9% dos pacientes com psoríase grave, 29,7% dos com psoríase moderada e 30,8% dos com psoríase leve. Entretanto, a diferença entre os grupos não foi estatisticamente significativa.
O estudo de Meeuwis et al.24 concentrou-se principalmente na presença de psoríase genital. A média do escore total do DLQI foi 6,6 ± 5,5. Os pacientes com lesões genitais apresentaram escores piores que os pacientes sem lesões genitais, em especial no item referente à vida sexual.
Os homens com psoríase apresentaram SQoL-M (Sexual Quality of Life Questionnaire for Men) de 77,2 ± 24,1 (o índice varia de 0-100; quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida sexual) e IIEF de 55,7 ± 17,2 (o índice varia de 5-75; quanto maior, melhor a função sexual), sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem lesão genital. Em relação às mulheres, 37,7% apresentaram FSDS (Female Sexual Distress Scale) > 15, mostrando alteração da vida sexual. A média do escore das mulheres com lesão genital foi significativamente mais alta que nas mulheres sem lesão genital. Em relação ao FSFI, 48,7% das mulheres apresentaram índice < 26, denotando disfunção sexual. Essa alteração apresentou-se igualmente distribuída entre as mulheres com e sem lesão genital.
Sampogna et al.2 observaram que entre seus pacientes, 48,2% podiam ser caracterizados como casos com distúrbios psicológicos menores (depressão e ansiedade). A prevalência da disfunção sexual variou de acordo com a pergunta analisada, entre 35,5% na pergunta retirada do PDI a 71,3% da extraída do IPSO. A prevalência foi maior nos pacientes com artrite psoriásica, com alterações psicológicas e com escores de SAPASI > 20 em todas as perguntas. Em relação à pergunta do IPSO, a prevalência da disfunção sexual foi observada mais nas mulheres.
No estudo de Ermertcan et al.,19 os pacientes foram divididos em seis grupos: controle sadios, psoríase sem depressão e psoríase com depressão, tanto femininos quanto masculinos. A média do PASI nas mulheres sem depressão foi 6,53 ± 4,25, e nas que apresentavam depressão, de 6,54 ± 6,96. O DLQI mostrou piora da qualidade de vida mais significativa no grupo com depressão quando comparado com o grupo sem depressão. O escore total do FSfimostrou disfunção sexual significativa nos grupos com psoríase com e sem depressão quando comparados com o grupo-controle. Entretanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos com psoríase. Avaliando-se os domínios separadamente, os escores de todos os domínios, exceto lubrificação e dor, estiveram significativamente piores nos grupos com psoríase. Houve correlação negativa entre o escore do FSfie DLQI, mas o PASI não mostrou correlação.
Nos grupos masculinos, a média do PASI foi de 9,27 ± 6,03 nos com psoríase pura e 7,31 ± 4,51 nos com psoríase e depressão. O escore DLQI total apresentou-se significativamente mais alto nos pacientes com psoríase e depressão quando comparado com o grupo sem depressão, caracterizando pior qualidade de vida. O escore total do IIEF mostrou disfunção significativa nos grupos com psoríase quando comparados com o controle, não havendo também diferença entre os dois grupos com psoríase. Em relação à avaliação individual dos domínios, a satisfação com a relação sexual esteve significativamente baixa nos pacientes com psoríase; os outros domínios mostraram-se mais baixos também, porém sem diferença estatisticamente considerável. O escore total do IIEF não mostrou correlação com o PASI e o DLQI.
Gupta et al.23 relataram que 49 dos 120 pacientes estudados (40,8%) afirmaram ter um declínio da atividade sexual após o início da psoríase. No grupo com alteração da função sexual, 77% dos pacientes apresentavam dor articular, em comparação com 54% dos do grupo sem alteração da função sexual. O grupo afetado também apresentou significativamente mais depressão e maior tendência ao consumo de álcool. O declínio da atividade sexual foi associado com o efeito da psoríase em sua aparência por 60% dos pacientes, contra 14,9% que atribuíram ao desinteresse do parceiro.
O estudo de Goulding et al.20 concentrou-se principalmente na presença de disfunção erétil. A média do escore do DLQI foi significativamente mais elevada no grupo com psoríase. Dos 92 indivíduos, 53 (58%) obtiveram um escore de IIEF < 21, indicando disfunção erétil, o que ocorreu em 64 dos 120 controles (49%), não apresentando diferença estatisticamente significativa.
Guenther et al.22 avaliaram 1.996 pacientes quanto ao tratamento com ustekinumabe. Antes do tratamento, 22,6% dos pacientes apresentavam disfunção sexual, avaliada a partir do item 9 do DLQI. A disfunção foi mais observada nas mulheres (27,1%) que nos homens (20,8%). A proporção dos pacientes com disfunção sexual correlacionou-se diretamente com o PASI.
DISCUSSÃO
Os dados a respeito das dificuldades sexuais nos pacientes com psoríase são limitados. As hipóteses aventadas para explicar a ocorrência de disfunção sexual nesse grupo de pacientes incluem a extensão do quadro cutâneo, efeitos psicológicos da condição no paciente, preocupação do parceiro e efeitos colaterais relacionados aos tratamentos médicos para a psoríase.22
Vários estudos associaram a psoríase à morbidade psicológica, especialmente depressão e ansiedade.10,25,26 Alguns autores sugerem que níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias, especificamente fator de necrose tumoral alfa e interleucina 1, envolvidos na patogênese da psoríase, estão ligados à depressão.27 Essas alterações psicológicas foram mais prevalentes nos pacientes com psoríase em quatro dos estudos analisados,.
Correlação positiva entre disfunção sexual e depressão foi observada nos estudos de Mercan et al.,18 Sampogna et al.2 e Gupta et al.23 Entretanto, mesmo no estudo de Mercan et al.,18 observou-se que os pacientes com psoríase apresentavam mais desordens sexuais relacionadas ao orgasmo que propriamente de desejo sexual. Como os distúrbios sexuais na depressão afetam tipicamente o desejo e a vontade, mais que o orgasmo, os autores sugerem que a disfunção sexual na psoríase possa estar relacionada a outras razões, que não a depressão. Ermertcan et al.,19 comparando grupos de indivíduos sadios e de portadores de psoríase com depressão e sem depressão, não apontaram correlação entre problemas psicológicos e a presença de disfunção sexual.
Em relação ao quadro clínico, a forma grave/moderada esteve mais associada à disfunção sexual em dois estudos,2,22 porém dois outros não mostraram diferença estatisticamente significativa.19,21 A presença de artrite psoriásica também esteve relacionada em dois estudos.2,23 A presença de lesão genital teve impacto na qualidade de vida, porém não mostrou correlação com a função sexual,2,19,20 com exceção do estudo de Meeuwis et al.24 No estudo em questão, mulheres com psoríase genital apresentavam piora da função sexual; entretanto, o mesmo não ocorreu no grupo masculino. Os autores sugerem que provavelmente não é a presença da lesão genital em si que provoca o declínio da função sexual, e sim a experiência subjetiva do paciente.
Todos os estudos mostraram piora da função sexual nos pacientes com psoríase, exceto o apresentado por Goulding et al.20 Uma explicação para esse resultado pode ser o fato de os autores utilizarem como grupo-controle portadores de outras doenças dermatológicas, incluindo, entretanto, quadros que muitas vezes podem ser extensos, com limitações estéticas e físicas semelhantes à psoríase, como eczema atópico e lúpus eritematoso. Os próprios autores relatam alta prevalência de disfunção erétil na amostra total estudada (50%), que corresponderia à população com doenças dermatológicas. Além disso, a disfunção sexual já foi correlacionada com outros quadros cutâneos, como doenças sexualmente transmissíveis,28,29 vitiligo,30,31 urticária crônica31 e neurodermatite.18,28
Finalmente, é importante salientar o resultado apresentado por Meeuwis et al.,24 em que apenas 9% dos pacientes estavam satisfeitos com a atenção dada ao aspecto sexual durante suas consultas, enquanto 43% a consideraram insuficiente. Os dados apresentados enfatizam a negligência frequente dada a esse tipo de sintomatologia na prática médica32 e ressaltam a importância da avaliação do impacto da psoríase não apenas em relação ao acometimento cutâneo e articular, mas também psicossocial e sexual.
Durante a revisão, a associação do termo "Brazil" na pesquisa às bases de dados não identificou nenhum artigo. Face às diversidades socioculturais de cada população, esse dado mostra a necessidade de um estudo específico na população brasileira a fim de fornecer maiores informações sobre nossos pacientes.
Recebido em 03/11/2011.
Aprovado, após revisão, em 05/09/2012.
Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse.
Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília - HUB-UnB.
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Correspondência para:
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Dez 2012 -
Data do Fascículo
Dez 2012
Histórico
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Recebido
03 Nov 2011 -
Aceito
05 Set 2012