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CARTAS AOS EDITORES LETTERS TO THE EDITORS

Prezados editores, prezados colegas leitores:

Escrevo não para polemizar, mas na tentativa de trazer um reforço, por um novo viés, às justificativas que motivaram o amigo professor Mittermayer B. Santiago, editor do Jornal da Liga dos Reumatologistas do Norte/Nordeste, a defender, recentemente neste mesmo espaço(1), a importância da publicação que representa. Segundo Mittermayer, a criação de uma revista regional não divide, mas é, ao contrário, um estímulo que tenderá a aumentar em qualidade o que vier a ser encaminhado à Revista Brasileira de Reumatologia e ele apresenta ainda um levantamento do que aparece na "MEDLINE" em relação à RBR, demonstrando uma clara "ênfase à exportação do nosso melhor produto científico".

Entendo que cabe alguma reflexão. Na forma que as justificativas são apresentadas, Mittermayer nos faz entender a própria motivação que foi a gênese das críticas que apontavam a possível "competição" que o Jornal da Liga poderia representar à Revista Brasileira de Reumatologia. E expõe o quanto estão certos também os que reclamam da falta de priorização do encaminhamento de trabalhos à RBR. O anseio da Liga dos Reumatologistas do Norte e Nordeste cumpre nesse episódio talvez uma das maiores razões de sua existência, a exposição da importância do segmento da reumatologia brasileira que o compõe e as discrepâncias que acontecem nesse nosso Estado/Federação.

Conquistas difíceis como a tão sonhada indexação, a busca quase heróica em apresentar-se bem à avaliação do Scientific Electronic Library Online (SciELO), ficam mais bem entendidas e parece que o brado deve servir para que todos compreendam e se unam na valorização da nossa vitrine científica maior, a Revista Brasileira de Reumatologia.

Não vejo senões na proliferação de revistas científicas, representando regiões, escolas ou serviços, desde que exista o sentimento, e desculpem a influência de setembro na expressão – patriótico – no entendimento de que "o melhor" deve aparecer na Revista. Isso ganha ainda maior importância quando se trata de artigos originais. E a qualidade dos que foram publicados, por exemplo, no último Jornal da Liga, na minha avaliação, honrariam a RBR.

Esse é um pacto que me parece muito fácil, a rigor todos estamos querendo a mesma coisa. Uma valorização do que se faz no Brasil. E a luta por esse reconhecimento é maior, porque "lá fora" não há irmãos, nem amigos. No máximo, conhecidos.

O dia 20 de setembro marca o aniversário de uma guerra, a Revolução Farroupilha. Os Farrapos, ao contrário do que muitos pensam, não queriam a independência em relação ao resto do país. A República do Piratini foi fruto de um descaso, de uma falta de reconhecimento e igualdade de oportunidades e condições sentidas pelo povo do Sul. Os gaúchos lutaram não para ficar de fora, mas para ser parte real e digna do Brasil. Acho que a lembrança serve para a discussão que tem sido colocada. Às vezes é preciso gritar para ser ouvido. Mas é preciso também abrir a porta e sentar à mesa.

A Revista Brasileira de Reumatologia pode e deve ser a nossa principal bandeira científica. Voltando ao exemplo da Guerra dos Farrapos, poderá cumprir-se assim um papel que se impõe numa das estrofes do Hino Rio-Grandense, motivado por aqueles tempos: Mostremos valor constância / nessa ímpia e injusta guerra / Sirvam nossas façanhas / de modelo a toda terra.

FERNANDO NEUBARTH

Presidente-eleito da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Porto Alegre, setembro de 2005

REFERÊNCIA

1. Santiago MB: A inportância do Jornal da LIRNNE. Carta ao Editor. Rev Bras Reumatol 45(3): XXIII-XXIV, 2005.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Fev 2006
  • Data do Fascículo
    Out 2005
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