Vazões dos rios da América do Sul: concordância e contradições entre alterações recentes e projetadas

RESUMO

Cenários climáticos fornecem informações importantes para o planejamento de recursos hídricos. Contudo, eles mostram inconsistências com mudanças climáticas recentes em alguns casos, o que afeta sua robustez e confiabilidade. A avaliação de robustez pode auxiliar na identificação de áreas prioritárias na adaptação de recursos hídricos a mudanças climáticas. Mesmo sendo relevante, esse tipo de análise tem sido menosprezado em avaliações de mudanças climáticas, por exemplo, na América do Sul. Nesse estudo, avaliamos a robustez e confiabilidade de cenários de alteração de vazão os comparando com dados observados e modelados recentes. Projeções climáticas são mais prováveis de acontecer em regiões que mostram concordância entre mudanças recentes e projetadas, logo, a gestão deve dar mais peso aos cenários nestes locais. As bacias Tocantins-Araguaia, São Francisco, Atlântico Ocidental e do Prata (porção norte) concordam com o decréscimo de vazão, indicando que a mudança climática deve ser priorizada no planejamento. As bacias Orinoco e Amazônica mostraram forte discordância entre alterações recentes e projetadas de vazão, com tendências de aumento nas últimas décadas. Isso mostra que cenários futuros nessas regiões devem ser interpretados com cuidado. Sendo assim, a gestão de recursos hídricos poderia considerar que as regiões noroeste e alto-central da América do Sul apresentam projeções mais prováveis em comparação com as bacias Amazônica e Orinoco.

Palavras-chave:
Impactos de mudanças climáticas; América do Sul; Alteração de vazão; Robustez