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Reafirmando compromissos por uma agenda ampla e solidária pela Saúde dos povos

EDITORIAL EDITORIAL

Reafirmando compromissos por uma agenda ampla e solidária pela Saúde dos povos

O tema do 8º. Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e do 11º. Congresso Mundial de Saúde Pública (Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva e Federação Mundial de Associações de Saúde Pública - WFPHA) - Saúde Pública no Mundo Globalizado: Rompendo barreiras sociais, econômicas, e políticas - foi de fato um convite a comunidade sanitária nacional e internacional para a construção de respostas aos grandes desafios no campo do desenvolvimento social e da proteção e promoção da saúde e da vida.

De 21 a 25 de agosto de 2006 o Rio de Janeiro foi a sede do maior Congresso de Saúde Pública de todos os tempos. A junção dos dois congressos reuniu mais de onze mil participantes. Um número recorde de 9.669 resumos de trabalhos científicos foi submetido e 419 integrantes nacionais e internacionais do Comitê de Avaliação de Trabalhos analisaram e aprovaram 671 resumos para apresentação oral (22,2% da comunidade internacional) e 7.433 estudos para apresentação na modalidade de pôster (5,0% dos autores internacionais). Esta enorme produção científica resultou em um programa científico ampliado que incluiu cinco conferências; dezesseis grandes debates; 152 painéis e palestras; 168 comunicações coordenadas e 7.433 apresentações em pôsteres. O programa compreendeu também: 24 oficinas; 15 e reuniões científicas institucionais; quatro assembléias, incluindo a da Abrasco e da WFPHA e três simpósios e fóruns internacionais. A Expo Saúde Internacional contou com a participação de 57 expositores - organizações governamentais e não governamentais e centros de ensino e pesquisa nacionais e internacionais.

A presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de abertura, referendou a importância dos congressos e, em seu pronunciamento manifestou o compromisso do governo brasileiro com o desenvolvimento social e a saúde e conclamou a todos os representantes dos países para um esforço comum de combate à pobreza e as iniqüidades sociais.

Ao longo dos Congressos os Ministros de Estado da Saúde, representantes e delegados de 77 países compartilharam suas visões, idéias e propostas para um mundo melhor e mais saudável para todos. As sessões centrais dos dois Congressos interagiram com seu tema principal e suas dimensões: Ações Globais sobre os Determinantes Sociais da Saúde; Participação do Cidadão e Direito à Saúde; Estratégias para a Promoção de Sistemas de Saúde Eqüitativos; Novas Fronteiras da Ciência e Tecnologia em Saúde [aspectos éticos, acesso global aos medicamentos e à inovações tecnológicas em saúde].

O conferência magna, agraciada com o prêmio "Hugh Rodman Leavell" concedida pela WFPHA a Paulo Buss, presidente da Fundação Oswaldo Cruz, intitulada Globalização, Pobreza e Saúde", sintetizou o impacto de políticas econômicas globais contemporâneas sobre as iniqüidades sociais, a pobreza e a Saúde. Analisando criticamente o cenário internacional o conferencista comparou os investimentos militares com aqueles para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, demonstrando a distância entre o discurso [dos governos e de agências internacionais] e as ações frente às necessidades e às políticas sociais. Buss mencionou também experiências em curso - a Aliança Global para Vacinas e Imunização/GAVI; a Convenção Quadro para o Controle do Tabaco; o Acordo TRIPS e o acesso universal a medicamentos; a Taxa Tobin; o Comitê Internacional sobre Determinantes Sociais em Saúde - indicando que estas iniciativas devem ser firmemente apoiadas e, por sua abrangência e suas implicações em defesa dos direitos humanos globais, podem atuar como exemplos na construção de uma agenda solidária e cooperativa entre nações ricas e pobres pela redução da pobreza e iniqüidades, na mobilização da sociedade em torno do desenvolvimento, do direito à saúde e da justiça social.

Sir Michael Marmot, em sua apresentação "Ações globais sobre os determinantes sociais da Saúde" e o professor Giovani Berlinguer em sua conferencia em torno das "Novas Fronteiras da Ciência e da Tecnologia e suas implicações para a Saúde Pública, integraram a diversidade e a qualidade de outros conferencistas e expositores durante os cinco dias de intensos debates e proposições em defesa da Saúde. Os resultados são inúmeros papers, moções, manifestos enfocando a Saúde como o motor e condição para o desenvolvimento dos povos. Nesta vertente, a Declaração do Rio - aprovada por todos os participantes na sessão de encerramento dos Congressos - é uma convocatória à solidariedade e a responsabilidade globais contra a exclusão social e as enormes barreiras e desafios da Saúde Pública contemporânea. É um referencial de valores e de princípios em torno da Saúde, do desenvolvimento e da justiça social. Neste sentido, os organizadores - WFPHA e Abrasco - e todas as associações-membro, lideranças e profissionais de saúde, trabalhadores, pesquisadores e organizações afins, as nacionais e as internacionais, governamentais e não governamentais, estão convidados a discutir, fazer referência e aprimorar seu conteúdo. Nosso próximo passo é transformar a Declaração do Rio em uma agenda ampliada de ação global que assegure "que todo ser humano possa viver sua vida com o respeito e a dignidade criando, dessa forma, um futuro melhor para as próximas gerações".

Álvaro Hideyoshi Matida

Secretário Executivo da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Fev 2007
  • Data do Fascículo
    2006
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