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A influência dos relacionamentos interorganizacionais no desempenho de empresas hoteleiras – evidências de destinos peruanos

The influence of interorganizational relationships on the performance of hotel companies - evidence from Peruvian destinations

La influencia de las relaciones interorganizacionales en el desempeño de las empresas hoteleras - evidencia desde destinos peruanos

Resumo

Turismo é uma atividade econômica naturalmente complexa, na qual as organizações e empresas relacionam-se entre si. Partindo da perspectiva de que relacionamentos importam e que diferentes tipos de relacionamento estão disponíveis para as empresas em um destino turístico, o presente trabalho tem por objetivo analisar a relação entre diferentes tipos de relacionamentos interorganizacionais sobre o desempenho das empresas de hospedagem. De forma específica analisam-se os relacionamentos estabelecidos por estabelecimentos de hospedagem de três destinos turísticos peruanos: Cusco, Arequipa e Trujillo. Os dados coletados são de fonte primária e foram analisados a partir da técnica de Análise de Equações Estruturais. Os resultados indicam que somente os relacionamentos verticais influenciam o desempenho das empresas, reforçando o papel da complementariedade. Embora não influenciem diretamente o desempenho, os resultados apontam que as organizações de suporte desempenham papel relevante ao estimular o desenvolvimento de relacionamentos verticais e horizontais.

Palavras-chave
Relacionamentos Interorganizacionais; Clusters; Destinos Turísticos; Hotéis

Abstract

Tourism is a naturally complex economic activity, in which organizations and companies relate to each other. From the perspective that relationships matter and that different types of relationships are available to companies in a tourist destination, the present work aims to analyze the relationship between different types of interorganizational relationships on hotel companies’ performance. Specifically, the relationships established by these companies from three Peruvian tourist destinations are analyzed: Cusco, Arequipa, and Trujillo. The data collected are from a primary source and were analyzed using the Structural Equation Modeling technique. The results indicate that only vertical relationships influence the performance of companies, reinforcing the role of complementarity.

Keywords
Interorganizational Relationships; Clusters; Tourism; Hotels

Resumen

El turismo es una actividad económica naturalmente compleja, en la que las organizaciones y empresas se relacionan entre sí. Desde la perspectiva de que las relaciones importan y que diferentes tipos de relaciones están disponibles para las empresas en un destino turístico, el presente trabajo tiene como objetivo analizar la relación entre diferentes tipos de relaciones interorganizacionales en el desempeño de las empresas de hospedaje. Específicamente, se analizan las relaciones que establecen los establecimientos de hospedaje en tres destinos turísticos peruanos: Cusco, Arequipa y Trujillo. Los datos recopilados provienen de una fuente primaria y se analizaron utilizando la técnica de Análisis de Ecuaciones Estructurales. Los resultados indican que solo las relaciones verticales influyen en el desempeño de las empresas, reforzando el papel de la complementariedad. Aunque no influyen directamente en el desempeño, los resultados muestran que las organizaciones de apoyo juegan un papel relevante para estimular el desarrollo de relaciones verticales y horizontales.

Palabras clave
Relaciones Interorganizacionales; Clústeres; Destinos Turísticos; Hoteles

1 INTRODUÇÃO

Relacionamentos importam para o desempenho das empresas (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, 22, p. 660–679. https://doi.org/10.2307/259056
https://doi.org/10.2307/259056...
). Essa perspectiva mostra-se particularmente relevante para o turismo, por se tratar de uma atividade econômica naturalmente aglomerada territorialmente (Kylänen & Rusko, 2011Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
; Czakon, 2018Czakon, W. (2018). Network coopetition. Routledge Companion to Coopetition Strategies, 1 ed. p. 47-57.) e dependente dos relacionamentos interorganizacionais para o seu desenvolvimento (Denicolai, Cioccarelli & Zucchella, 2010Denicolai, S., Cioccarelli, G., & Zuchella, A. (2010). Resource-based local development and networked core-competencies for tourism excellence. Tourism Management, 31(2). https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.03.002.
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.0...
; Mwesiumo & Halpern, 2017Mwesiumo, D. & Halpern, N. (2017). A review of empirical research on interorganizational relations in tourism. Current Issues in Tourism, 22(4). https://doi.org/10.1080/13683500.2017.1390554
https://doi.org/10.1080/13683500.2017.13...
; Wilke, Costa, Freire & Ferreira, 2019Wilke, E. P., Costa, B. K., Freire, O. B. L., & Ferreira, M. P. (2019). Interorganizational cooperation in tourist destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, 72, p. 340-351. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.12.015
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.1...
). Como destacado por Buhalis (2000)Buhalis, D. (2000) Marketing the competitive destination of the future. Tourism Management, 21(1), p. 97-116. https://doi.org/10.1016/S0261-5177(99)00095-3.
https://doi.org/10.1016/S0261-5177(99)00...
, destinos turísticos são amálgamas de produtos, serviços e experiências ofertados aos visitantes. A qualidade dos serviços ofertados e o desempenho do destino resultam da interação entre agentes interdependentes e integrados (Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.00...
; Czernek & Czakon, 2016Czernek, K., & Czakon, W. (2016). Trust-building processes in tourist coopetition: The case of a Polish region. Tourism Management, 52, p. 380-394. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2015.07.009.
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2015.0...
). A interação entre organizações é o que cria o produto turístico, sendo a interdependência é uma característica essencial da atividade (Zemla, 2014Zemla, M. (2014). Inter-destination cooperation: Forms, facilitators and inhibitors – The case of Poland. Journal of Destination Marketing & Management, 3(4). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2014.07.001
https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2014.07.0...
; Mwesiumo & Halpern, 2017Mwesiumo, D. & Halpern, N. (2017). A review of empirical research on interorganizational relations in tourism. Current Issues in Tourism, 22(4). https://doi.org/10.1080/13683500.2017.1390554
https://doi.org/10.1080/13683500.2017.13...
).

O turismo é uma atividade econômica complexa, caracterizada pela coexistência de uma multiplicidade de pequenas e médias empresas que atuam no mesmo território ofertando produtos complementares que compõem a experiência proporcionada ao turista (Maggioni, Marcoz & Mauri, 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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). Além das empresas, assim como outras atividades aglomeradas territorialmente, observa-se a presença de organizações de suporte que auxiliam e orientam os processos produtivos locais (Prats, Guia & Molina, 2008Prats, L. L., Guia, J., & Molina, F. X. (2008). How Tourism Destinations Evolve: The Notion of Tourism Local Innovation System. Tourism and Hospitality Research, 8(3). https://doi.org/10.1057%2Fthr.2008.24
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; Czakon, 2018Czakon, W. (2018). Network coopetition. Routledge Companion to Coopetition Strategies, 1 ed. p. 47-57.). Em que pese os relacionamentos serem descritos como preponderantemente positivos para as empresas, poucos estudos se dedicaram a analisar os relacionamentos com diferentes empresas e organizações de forma conjunta, observando suas interações e suas resultantes para as empresas (Macedo, Martins, Rossoni & Martins, 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
https://doi.org/10.1590/S0034-7590201704...
; Vieira, Hoffmann, Reyes Jr. & Boari, 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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).

Apesar da suposição de que as empresas que operam em destinos turísticos devem cooperar para alcançar um melhor desempenho, ainda são escassas as evidências empíricas (Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
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). Dada a diversidade de organizações presentes em um destino turístico, a escolha de parceiros com quem se relacionar se torna uma questão estratégica para as empresas (Borjeson, 2015; Mwesiumo e Halpern, 2017Mwesiumo, D. & Halpern, N. (2017). A review of empirical research on interorganizational relations in tourism. Current Issues in Tourism, 22(4). https://doi.org/10.1080/13683500.2017.1390554
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). Poucos estudos se dedicam a caracterizar quais relacionamentos que podem ser considerados efetivamente importantes para o desempenho das empresas em destinos turísticos (Fyall, Garrod & Wang, 2012Fyall, A., Garrod, B., & Wang, Y. (2012). Destination collaboration: a critical review of theoretical approaches to a multi-dimensional phenomenon. Journal of Destination Marketing and Management, 1(1-2). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.002
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; Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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). Essa mesma lacuna também é observada para outras atividades econômicas territorialmente aglomeradas (Lamprinopoulu & Tregar, 2011Lamprinopoulu, C., & Tregar, A. (2011). Inter-firm relations in SME clusters and the link to marketing performance. Journal of Business & Industrial Marketing, 26, 6. https://doi.org/10.1108/08858621111156412
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; Montoro-Sanchez, Garavito-Hernández & Romero-Martínez, 2021Montoro-Sanchez, A., Garavito-Hernández, Y., & Romero-Martínez, A. M. (2021). The Effect of the Diversity of Interorganizational Partners on Product Innovation. RAE – Revista de Administração de Empresas, 61(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020210406
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).

Considerando os argumentos apresentados, a presente pesquisa tem por objetivo analisar a relação entre diferentes tipos de relacionamentos interorganizacionais sobre o desempenho das empresas de hospedagem. De forma específica, são analisados os relacionamentos estabelecidos por empresas de hospedagem de três destinos turísticos do Peru: Cusco, Arequipa e Trujillo. Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho conta com outras 5 seções, além da presente introdução. Na seção seguinte são apresentados o marco e o modelo teórico que orientam o desenvolvimento do trabalho. Na terceira seção é apresentado o método de pesquisa. Nas seções seguintes são apresentados e discutidos os resultados das análises. Por fim, são apresentadas as conclusões do trabalho, suas limitações e sugestões de pesquisas futuras.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

No presente estudo, os relacionamentos serão considerados sob uma perspectiva diádica com foco nas relações estabelecidas pelas empresas de hospedagem e na influência dessas relações sobre o desempenho. Nesse sentido, os relacionamentos serão classificados de acordo com o posicionamento na cadeia produtiva do turismo. A categorização dos relacionamentos a partir da cadeia produtiva mostra-se mais simples, pois não demanda requisitos a priori, tais como confiança, interdependência, reciprocidade ou convergência de objetivos, para sua caracterização. Ressalta-se que estudos empíricos em destinos turísticos, embora verifiquem a presença de relacionamentos entre organizações, não identificam a cooperação como uma estratégia amplamente disseminada ou percebida pelas empresas (Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
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; Costa & Albuquerque, 2013Costa, H. A., & Albuquerque, P. H. M. (2013). Cooperar ou Não, Eis a Questão: variáveis associadas à Propensão a Cooperar por parte de Micro e Pequenas Empresas (MPE) do Turismo. Turismo em Análise, 24(1). http://dx.doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v24i1p41-64.
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; Costa, Gonçalves & Hoffmann, 2014; Volgger & Pechlaner, 2015Volgger, M., & Pechlaner, H. (2015). Governing networks in tourism: what have we achieved, what is still to be done and learned? Tourism Review, 70(4). https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013
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).

No presente estudo os relacionamentos serão classificados em três grupos: (i) Relacionamentos Verticais - quando envolvem empresas que operam em etapas diferentes da cadeia produtiva (p.ex.: empresas fornecedoras de produtos e serviços complementares ao serviço de hospedagem); (ii) Relacionamentos Horizontais – quando as empresas atuam na mesma etapa da cadeia produtiva, no caso específico outros estabelecimentos de hospedagem no destino; e (iii) Relacionamentos com Organizações de Suporte – posicionadas fora da cadeia produtiva e que prestam assistência às empresas (p.ex.: associações, governo estadual e municipal, ONGs e universidades). Classificação similar pode ser observada em outras pesquisas empíricas sobre os relacionamentos estabelecidos por empresas em aglomerações produtivas (Deboçã & Martins, 2015Deboçã, L. P., & Martins, R. S. (2015). Interorganizational Relationships in small sized business and their insertion in supply chains, Revista de Administração da UFSM, 8(4). https://doi.org/10.5902/1983465912409
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; Macedo et al., 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
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; Pereira, Azevedo, Giglio & Boaventura, 2021Pereira, C. E. C., Azevedo, A. C., Giglio, E. M., & Boaventura, J. M. G. (2021). Organizações de Apoio no Auxílio à Governança em Clusters Competitivos. Iberoamerican Journal of Strategic Management, 20, Special Issue. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134
https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134...
; Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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).

Os relacionamentos com outras firmas são recursos distintivos capazes de gerar vantagens competitivas (Denicolai et al., 2010Denicolai, S., Cioccarelli, G., & Zuchella, A. (2010). Resource-based local development and networked core-competencies for tourism excellence. Tourism Management, 31(2). https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.03.002.
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.0...
; Hoffmann, Vieira, Reyes Jr. & Melo, 2015Hoffmann, V. E., Vieira, D. P., Reyes Junior, E., & Melo, M. (2015). Estrategia empresarial en períodos de crisis: un estudio del sector hotelero de la región metropolitana de Belo Horizonte. Estudios y Perspectivas en Turismo, 24(3). Recuperado de: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1851-17322015000300013&script=sci_arttext
http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=...
; Wilke et al., 2019Wilke, E. P., Costa, B. K., Freire, O. B. L., & Ferreira, M. P. (2019). Interorganizational cooperation in tourist destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, 72, p. 340-351. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.12.015
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.1...
; Cristo-Andrade & Franco, 2020Cristo-Andrade, S., & Franco, M. J. (2020). Cooperation as a vehicle for innovation: a study of the effects of firm size and industry type, European Journal of Innovation, 23(3). https://doi.org/10.1108/EJIM-08-2018-0182
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). Sob a perspectiva da estratégia, a busca por relacionamentos, sejam horizontais ou verticais, se justifica pelo acesso a recursos ou combinação de recursos complementares (Lundberg & Andresen, 2012Lundberg, H., & Andresen, E. (2012). Cooperation among Companies, universities and local government in Swedish context. Industrial Marketing Management, 41, p. 429-437. https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2011.06.017
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2011...
; Silva, Hoffmann & Costa, 2020Silva, D. L. B., Hoffmann, V. E., & Costa, H. A. (2020) Trust in tourism cooperation networks: analysis of its role and linked elements in Parnaíba, Piauí, Brazil. Brazilian Journal of Tourism Research, 14(2). https://doi.org/10.7784/rbtur.v14i2.1535
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) para a criação de valor que não seria possível caso a empresa atuasse sozinha (Ritala & Tidstrom, 2014Ritala, P., & Tidstrom, A. (2014). Untangling the value-creation and value-appropriation elements of coopetition strategy: A longitudinal analysis on the firm and relational levels. Scandinavian Journal of Management, 30, p. 498—515. https://doi.org/10.1016/j.scaman.2014.05.002
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). Os relacionamentos permitem que as empresas superem suas limitações e acessem recursos que possibilitam desempenhos superiores (Hoffmann, Molina-Morales & Martínez-Fernandez, 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
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; Lamprinopoulu & Tregar, 2011Lamprinopoulu, C., & Tregar, A. (2011). Inter-firm relations in SME clusters and the link to marketing performance. Journal of Business & Industrial Marketing, 26, 6. https://doi.org/10.1108/08858621111156412
https://doi.org/10.1108/0885862111115641...
).

Relacionamentos Verticais ocorrem entre empresas que desenvolvem atividades complementares e compartilham recursos e informações para atender um cliente final (Macedo et al., 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
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). A busca por Relacionamentos Verticais justifica-se pelos benefícios de coordenação e integração da produtiva e pela complementariedade dos produtos e serviços ofertados (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, 22, p. 660–679. https://doi.org/10.2307/259056
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; Gulati, Nohria & Zaheer, 2000Gulati, R., Nohria, N., & Zaheer, A. (2000). Strategic Networks. Strategic Management Journal, 21(3). https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(200003)21:3%3C203::AID-SMJ102%3E3.0.CO;2-K
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
).

Relacionamentos Verticais possibilitam acesso a informações de mercado e a ativos complementares que auxiliam no aprimoramento da qualidade e da eficiência dos produtos ofertados (Montoro-Sanchez et al., 2021Montoro-Sanchez, A., Garavito-Hernández, Y., & Romero-Martínez, A. M. (2021). The Effect of the Diversity of Interorganizational Partners on Product Innovation. RAE – Revista de Administração de Empresas, 61(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020210406
https://doi.org/10.1590/S0034-7590202104...
). Lamprinopoulu e Tregar (2011)Lamprinopoulu, C., & Tregar, A. (2011). Inter-firm relations in SME clusters and the link to marketing performance. Journal of Business & Industrial Marketing, 26, 6. https://doi.org/10.1108/08858621111156412
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indicam que relacionamentos verticais são críticos para o desempenho de mercado das empresas. Hoffmann, Belussi, Martínez-Fernández e Reyes Jr. (2017) indicam que os relacionamentos verticais foram mais demandados para o desenvolvimento de inovações durante o período de crise. Cristo-Andrade e Franco (2020)Cristo-Andrade, S., & Franco, M. J. (2020). Cooperation as a vehicle for innovation: a study of the effects of firm size and industry type, European Journal of Innovation, 23(3). https://doi.org/10.1108/EJIM-08-2018-0182
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indicam que os relacionamentos verticais são relevantes para a geração de inovações, contudo seus resultados variam de acordo com o tamanho da firma e o setor analisado.

Considerando que o produto turístico é caracterizado pela composição de vários serviços (Hu, Chang & Lin, 2020Hu, I., Chang, C., & Lin, Y. (2020). Using big data and social network analysis for cultural tourism planning in Hakka villages. Tourism and Hosputality Research, 21(1). https://doi.org/10.1177%2F1467358420957061.
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; Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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; Silva et al., 2020Silva, D. L. B., Hoffmann, V. E., & Costa, H. A. (2020) Trust in tourism cooperation networks: analysis of its role and linked elements in Parnaíba, Piauí, Brazil. Brazilian Journal of Tourism Research, 14(2). https://doi.org/10.7784/rbtur.v14i2.1535
https://doi.org/10.7784/rbtur.v14i2.1535...
), o estabelecimento de relacionamentos verticais apresenta resultados positivos para as empresas, devido à necessidade de coordenação para a efetiva competição (Fyall et al., 2012Fyall, A., Garrod, B., & Wang, Y. (2012). Destination collaboration: a critical review of theoretical approaches to a multi-dimensional phenomenon. Journal of Destination Marketing and Management, 1(1-2). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.002
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; Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.00...
; Volgger & Pechlaner, 2015Volgger, M., & Pechlaner, H. (2015). Governing networks in tourism: what have we achieved, what is still to be done and learned? Tourism Review, 70(4). https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013
https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013...
). Nas atividades turísticas, a busca por parceiros é uma condição para a qualificação dos produtos e serviços ofertados. Nesse sentido, entre os relacionamentos verticais desenvolvidos pelas empresas do setor hoteleiro, destacam-se aqueles com outras atividades econômicas inseridas na cadeia produtiva do turismo, tais como restaurantes, estabelecimentos de entretenimento, atrativos turísticos, agências de receptivo e de viagens. A partir dos argumentos apresentados, se estabelece a primeira hipótese de pesquisa:

H1 – os relacionamentos verticais são positivamente associados ao desempenho das empresas do setor de hospedagem.

Relacionamentos Horizontais envolvem trocas, compartilhamento ou codesenvolvimento de produtos, tecnologias ou de serviços entre firmas de um mesmo estágio da cadeia produtiva que mantêm sua independência e optam por coordenar atividades específicas para consecução de objetivos comuns (Balestrin & Vargas, 2004Balestrin, A., & Vargas, L. M. A. (2004). Dimensão Estratégica das Redes Horizontais de PMEs: Teorizações e Evidências. RAC – Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, p. 203-227. https://doi.org/10.1590/S1415-65552004000500011
https://doi.org/10.1590/S1415-6555200400...
; Gimeno, 2004Gimeno, J. (2004). Competition within and between networks: the contingent effect of competitive embeddedness in alliance formation. Academy of Management Journal, 47(6), p. 820-842. https://doi.org/10.5465/20159625
https://doi.org/10.5465/20159625...
; Oum, Park, Kim & Yu, 2004Oum, T. H., Park, J., Kim, K., & Yu, C. (2004). The Effect of Horizontal Alliances on Firm Productivity and Profitability: evidence from the global airline industry. Journal of Business Research, 57(8). https://doi.org/10.1016/S0148-2963(02)00484-8
https://doi.org/10.1016/S0148-2963(02)00...
). Ainda que de mais difícil consecução (Deboçã & Martins, 2015Deboçã, L. P., & Martins, R. S. (2015). Interorganizational Relationships in small sized business and their insertion in supply chains, Revista de Administração da UFSM, 8(4). https://doi.org/10.5902/1983465912409
https://doi.org/10.5902/1983465912409...
; Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03...
), os relacionamentos horizontais mostram-se relevantes para o desempenho das empresas (Raza-Ullah, Bengtsson & Kock, 2014Raza-Ullah, T., Bengtsson, M., & Kock, S. (2014). The coopetition paradox and tension in coopetition at multiple levels. Industrial Marketing Management, 43(2). https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013.11.001
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013...
; Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.0...
; Macedo et al. 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
https://doi.org/10.1590/S0034-7590201704...
; Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342...
). Empresas em um mesmo estágio da cadeia produtiva possuem processos produtivos próximos, compartilham um mesmo mercado, pressões competitivas e problemas oriundos do ambiente organizacional. Nesse sentido, relacionamentos horizontais constituem uma alternativa eficiente para o aprendizado conjunto e para a busca por soluções para problemas compartilhados (Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03...
; Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J. R., & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. RAC – Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, 12(4). https://doi.org/10.1590/S1415-65552008000400008.
https://doi.org/10.1590/S1415-6555200800...
; Gnyawali & Park, 2009Gnyawali, D. R., & Park, B. J. (2009). Co-opetition and technological innovation in small and medium enterprises: a multi-level conceptual model. Journal of Small Business Management. 47(3), p. 308–330. https://doi.org/10.1111/j.1540-627X.2009.00273.x
https://doi.org/10.1111/j.1540-627X.2009...
; Montoro-Sanchez et al., 2021Montoro-Sanchez, A., Garavito-Hernández, Y., & Romero-Martínez, A. M. (2021). The Effect of the Diversity of Interorganizational Partners on Product Innovation. RAE – Revista de Administração de Empresas, 61(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020210406
https://doi.org/10.1590/S0034-7590202104...
).

Diversos estudos evidenciam que relacionamentos entre empresas de um mesmo estágio da cadeia produtiva apresentam resultados positivos (Bouncken & Kraus, 2013Bouncken, R. B., & Kraus, S. (2013). Innovation in knowledge-intensive industries: The double-edged sword of coopetition. Journal of Business Research, 66, p. 2060–2070. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.02.032.
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.0...
; Park, Srivastava & Gnyawali, 2014Park, B. J. R., Srivastava, M. K., & Gnyawali, D. R. (2014). Walking the tight rope of coopetition: Impact of competition and cooperation intensities and balance on firm innovation Performance. Industrial Marketing Management, 43(2). https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013.11.003
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013...
; Wu, 2014Wu, J. (2014). Cooperation with competitors and product innovation: moderating effects of technological capability and alliances with universities. Industrial Marketing Management, 43(2). https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013.11.002
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013...
; Teller, Alexander & Floh, 2016Teller, C., Alexander, A., & Floh, A. (2016). The Impact of Competition and Cooperation on the performance of a retail agglomeration and its stores. Industrial Marketing Management, 52. https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2015.07.010
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2015...
; Vieira, Hoffmann e Reyes Jr.,2018Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., & Reyes Júnior, E. (2018). La Dinámica de Cooperación entre Empresas de Hospedaje. Estudios y Perspectivas em Turismo, 27(3), pp. 588-608.), em especial para empresas de pequeno porte (Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03...
; Raposo, Ferreira & Fernandes, 2014Raposo, M. L., Ferreira, J. J. M., & Fernandes, C. I. (2014). Local and cross-border SME cooperation: Effects on innovation and performance. Revista Europea de Dirección y Economía de la Empresa, 23, p. 157-165. https://doi.org/10.1016/j.redee.2014.08.001
https://doi.org/10.1016/j.redee.2014.08....
; Verschoore, Balestrin & Teixeira, 2017Verschoore, J. R., Balestrin, A., & Teixeira, R. (2017). Network management and associated firms’ outcomes: multilevel analysis in the Southern Brazilian context. Journal of Management and Governance, 20(4). https://doi.org/10.1007/s10997-016-9345-5
https://doi.org/10.1007/s10997-016-9345-...
; Macedo et al., 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
https://doi.org/10.1590/S0034-7590201704...
). Considerando que a economia do turismo é altamente fragmentada e envolve um grande número de pequenas empresas, essa perspectiva parece especialmente apropriada. Para Maggioni et al., (2014)Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.0...
, a cooperação entre empresas do mesmo estágio na cadeia produtiva no turismo é determinante para o desempenho. Considerando os argumentos apresentados, se estabelece a segunda hipótese de pesquisa:

H2 – os relacionamentos horizontais são positivamente associados ao desempenho das empresas do setor de hospedagem.

O turismo é uma atividade econômica naturalmente aglomerada (Denicolai, et al., 2010Denicolai, S., Cioccarelli, G., & Zuchella, A. (2010). Resource-based local development and networked core-competencies for tourism excellence. Tourism Management, 31(2). https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.03.002.
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.0...
; Kylänen & Rusko, 2011Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
). Assim como em outras aglomerações produtivas, além das intensas relações entre empresas, os aglomerados são caracterizados pela presença de organizações públicas e privadas que auxiliam na criação de um ambiente institucional adequado e prestam serviços às empresas (Pereira et al., 2021Pereira, C. E. C., Azevedo, A. C., Giglio, E. M., & Boaventura, J. M. G. (2021). Organizações de Apoio no Auxílio à Governança em Clusters Competitivos. Iberoamerican Journal of Strategic Management, 20, Special Issue. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134
https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134...
; Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
https://doi.org/10.1080/13662716.2020.18...
). Organizações de suporte são atores relevantes que atuam como intermediários na provisão de informações conhecimentos para as empresas (Molina-Morales & Martínez-Fernandez, 2009Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernández, M. T. (2009). Too much love in the neighborhood can hurt: how an excess of intensity and trust in relationships may produce negative effects on firms. Strategic Management Journal, 30(9), p. 1013-1023. https://doi.org/10.1002/smj.766
https://doi.org/10.1002/smj.766...
; Hoffmann et al., 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
https://doi.org/10.1108/0955534111109800...
). A ação conjunta entre organizações de suporte e empresas amplia as possibilidades estratégicas e possibilitam ganhos para as empresas e para o território (Lundberg & Andresen, 2012Lundberg, H., & Andresen, E. (2012). Cooperation among Companies, universities and local government in Swedish context. Industrial Marketing Management, 41, p. 429-437. https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2011.06.017
https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2011...
; Segatto-Mendes & Mendes, 2006Segatto-Mendes, A. P., & Mendes, N. (2006). Cooperação tecnológica universidade-empresa para eficiência energética: um estudo de caso. RAC – Revista de Administração Contemporânea, 10(spe). https://doi.org/10.1590/S1415-65552006000500004
https://doi.org/10.1590/S1415-6555200600...
). Organizações de suporte oferecem serviços de treinamento e capacitação, financiamento, disseminação de conhecimentos e informações (Dayasindhu, 2002Dayasindhu, N. (2002). Embeddedness, knowledge transfer, industry clusters and global competitiveness: a case study of the Indian software industry. Technovation, 22(9). https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00098-0.
https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00...
; Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
https://doi.org/10.1080/13662716.2020.18...
).

A presença de organizações de suporte é um ativo para a gestão e desenvolvimento dos aglomerados e constitui uma fonte de recursos diferenciais para as empresas inseridas no território em relação às empresas de fora (Hoffmann & Campos, 2013Hoffmann, V. E., & Campos, L. M. S. (2013). Instituições de Suporte, Serviços e Desempenho: um Estudo em Aglomeração Turística de Santa Catarina. RAC – Revista de Administração Contemporânea, 17(1), 2, p. 18-41. https://doi.org/10.1590/S1415-65552013000100003
https://doi.org/10.1590/S1415-6555201300...
; Prim, Amal & Carvalho, 2016Prim, A. L., Amal, M., & Carvalho, L. (2016). Regional Cluster, Innovation and Export Performance: an Empirical Study, BAR, 13(2). https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016160028
https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016...
; Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
https://doi.org/10.1080/13662716.2020.18...
). Por serem acessíveis a todas as empresas da aglomeração, esses recursos não seriam, a priori, fonte de vantagem competitiva entre as firmas locais. Os recursos de acesso disponíveis na aglomeração são apropriados de forma distinta pelas diferentes empresas locais (Hervas-Oliver, Sempere-Ripoll, Alvarado & Estelles-Miguel, 2018Hervas-Oliver, J. L., Sempere-Ripoll, F., Alvarado, R. R. & Estelles-Miguel, S. (2018). Aglomerations and firm performance: who benefits and how much? Regional Studies, 52(3). https://doi.org/10.1080/00343404.2017.1297895
https://doi.org/10.1080/00343404.2017.12...
; Lazzeretti, Capone, Caloffi & Sedita, 2019Lazzeretti, L., Capone, F., Caloffi, A., & Sedita, R. (2019). Rethinking clusters. Towards a new research agenda for cluster research. European Planning Studies, 27(10). https://doi.org/10.1080/09654313.2019.1650899
https://doi.org/10.1080/09654313.2019.16...
). O grau de acesso aos recursos disponibilizados pelas organizações de suporte variaria de acordo com os recursos e capacidades internos (Prim et al., 2016Prim, A. L., Amal, M., & Carvalho, L. (2016). Regional Cluster, Innovation and Export Performance: an Empirical Study, BAR, 13(2). https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016160028
https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016...
; Wilke et al., 2019Wilke, E. P., Costa, B. K., Freire, O. B. L., & Ferreira, M. P. (2019). Interorganizational cooperation in tourist destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, 72, p. 340-351. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.12.015
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.1...
) e com as interconexões estabelecidas pelas empresas (Lechner & Leyronas, 2012Lechner, C. & Leyronas, C. (2012). The Competitive Advantage of cluster firms: the priority of regional network position over extra-regional networks – a study of a French high-tech cluster. Entrepreneurship & Regional Development, 24:5-6. https://doi.org/10.1080/08985626.2011.617785
https://doi.org/10.1080/08985626.2011.61...
). Diante o exposto, propõe-se a seguinte hipótese:

H3 – os relacionamentos com organizações de suporte são positivamente associados ao desempenho das empresas do setor de hospedagem.

Para além da provisão de recursos para as empresas, as organizações de suporte desempenham papel relevante no desenvolvimento dos territórios ao atuarem como intermediários e conectores entre as empresas locais (Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
https://doi.org/10.1080/13662716.2020.18...
). As organizações de suporte atuam na criação de um ambiente institucional adequado para as empresas (Pereira et al., 2021Pereira, C. E. C., Azevedo, A. C., Giglio, E. M., & Boaventura, J. M. G. (2021). Organizações de Apoio no Auxílio à Governança em Clusters Competitivos. Iberoamerican Journal of Strategic Management, 20, Special Issue. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134
https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134...
), garantindo as condições necessárias para que os relacionamentos se desenvolvam (Kylanen & Rusko, 2011Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
; Sacomano Neto & Paulillo, 2012Sacomano Neto, M., & Paulillo, L. F. O. (2012). Estruturas de Governança em Arranjos Produtivos Locais: um estudo comparativo nos arranjos calçadistas e sucroalcooleiro no estado de São Paulo. Revista de Administração Pública, 46(4). https://doi.org/10.1590/S0034-76122012000400011
https://doi.org/10.1590/S0034-7612201200...
). Essa função mostra-se ainda mais relevante em contextos em que há competição intensa e baixa propensão para cooperar (Castro, Bulgacov & Hoffmann, 2011Castro, M., Bulgacov, S., & Hoffmann, V. E. (2011). Relacionamentos Interorganizacionais e Resultados: Estudo em uma Rede de Cooperação Horizontal da Região Central do Paraná. RAC - Revista de Administração Contemporânea,15(1), 2. https://doi.org/10.1590/S1415-65552011000100003
https://doi.org/10.1590/S1415-6555201100...
; Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342...
). Especificamente em destinos turísticos as organizações de suporte atuam estimulando a integração produtiva e a cooperação entre as empresas (Beritelli, 2011Beritelli, P. (2011). Cooperation Among Proeminent Actors in a Tourist Destination. Annals of Tourism Research,. 38(2), p. 607-629. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11.015.
https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11...
; Fyall et al., 2012Fyall, A., Garrod, B., & Wang, Y. (2012). Destination collaboration: a critical review of theoretical approaches to a multi-dimensional phenomenon. Journal of Destination Marketing and Management, 1(1-2). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.002
https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.0...
; Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342...
). Nesse sentido, propõem-se as seguintes hipóteses de pesquisa:

H4.1 – os relacionamentos com organizações de suporte são positivamente associados aos relacionamentos verticais; e

H4.2 – os relacionamentos com organizações de suporte são positivamente associados aos relacionamentos horizontais.

A partir das hipóteses de pesquisa apresentadas, propõem-se o Modelo Teórico (Figura 1) que orientará as análises a serem realizadas.

Figura 1
Modelo Teórico

3 MÉTODO

A pesquisa teve por objeto as empresas do setor de hospedagem. O universo de estudo é composto pelas empresas de três destinos turísticos peruanos: Cusco, Arequipa e Trujillo. O turismo desempenha um importante papel para a economia do Peru e vem experimentando crescimento nos últimos anos (INEI, 2018INEI (2018). Indices por sector – Turismo. Recuperado de: https://www.inei.gob.pe/estadisticas/indice-tematico/turismo-11176/
https://www.inei.gob.pe/estadisticas/ind...
). Os destinos selecionados recebem os maiores fluxos de turistas nacionais e internacionais do Peru, por terem as maiores receitas com serviços de hospedagem e por contarem com a maior oferta de meios de hospedagem do país (Mincetur, 2018Mincetur (2018). Compendio de cifras de Turismo. Recuperado de: https://www.mincetur.gob.pe/turismo/publicaciones/compendio-cifras-turismo/
https://www.mincetur.gob.pe/turismo/publ...
; INEI, 2018INEI (2018). Indices por sector – Turismo. Recuperado de: https://www.inei.gob.pe/estadisticas/indice-tematico/turismo-11176/
https://www.inei.gob.pe/estadisticas/ind...
). Para além do desempenho da economia do turismo, os destinos selecionados contam com uma oferta diversificada de atrativos históricos, naturais e culturais, reforçando a perspectiva de serem destinos fragmentados em que o visitante tem ampla possibilidade de formatar o roteiro e escolher os serviços a serem consumidos. De acordo com Jamal e Getz (1995)Jamal, T. B., & Getz, D. (1995). Collaboration Theory and Community Tourism Planning. Annals of Tourism Research, 22(1), p. 186-204. https://doi.org/10.1016/0160-7383(94)00067-3
https://doi.org/10.1016/0160-7383(94)000...
, a fragmentação reforça a necessidade de relacionamentos entre as empresas do destino, o que justifica a escolha dos destinos estudados para o presente estudo.

Os dados analisados são de fonte primária e foram coletados a partir de questionário aplicado presencialmente. O instrumento foi estruturado com perguntas em quatro blocos, com questões nominais e intervalares. O primeiro bloco era composto por perguntas voltadas à categorização do respondente e do empreendimento. O segundo bloco foi adaptado da pesquisa de Vieira et al. (2002)Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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e abordava a importância dos relacionamentos verticais e com organizações de suporte. O terceiro bloco continha perguntas sobre os relacionamentos horizontais. Por fim, o quarto bloco trazia questões para avaliação da percepção de desempenho dos empreendimentos. As questões do terceiro e quartos blocos foram adaptadas do trabalho de Vieira, Hoffmann e Reyes Jr. (2018)Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., & Reyes Júnior, E. (2018). La Dinámica de Cooperación entre Empresas de Hospedaje. Estudios y Perspectivas em Turismo, 27(3), pp. 588-608..

As perguntas do segundo bloco elencaram diferentes organizações e solicitaram aos respondentes que identificassem a importância do relacionamento com a organização para a empresa a partir de uma escala de sete pontos, sendo 1 para a menor intensidade e 7 para a maior intensidade. As questões dos blocos subsequentes traziam afirmações e solicitavam que o respondente manifestasse seu grau de concordância, também em uma escala de sete pontos. O Quadro 1 resume os construtos, as variáveis e a forma de mensuração.

Quadro 1
Construtos e Variáveis

Os dados foram coletados de forma presencial, ao longo do mês de janeiro de 2020, junto aos gestores dos empreendimentos. A amostra resultante é não-probabilística e contou com 154 respostas distribuídas pelos três destinos conforme Tabela 1. A maioria da amostra é de empresas de pequeno porte, uma vez que 70% dos estabelecimentos respondentes tem até 30 unidades habitacionais e até 10 empregados. O tempo médio de operação é de 11 anos, quando da realização da pesquisa, com 89% das empresas pesquisadas tendo iniciado suas atividades após 2000.

Tabela 1
Amostra

Os dados foram analisados com a técnica de análise de equações estruturais (AEE). A AEE é uma família de modelos estatísticos que busca explicar as relações entre múltiplas variáveis latentes que podem ser avaliados de forma conjunta (Hair Jr., Black, Babin & Anderson, 2010Hair Jr., J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2010). Multivariate Data Analisys. 7 ed. Prentice Hall.; Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number.). Para estimação dos parâmetros foi empregado o método da Máxima Verossimilhança (Maximum Likehood), por ser a mais comumente empregara e ser robusto a violações da normalidade (Marôco, 2014Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number.). A amostra (154 questionários) mostrou-se suficiente de acordo com os critérios de Hair Jr. et al. (2010)Hair Jr., J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2010). Multivariate Data Analisys. 7 ed. Prentice Hall. e Marôco (2014)Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number.. O ajuste dos modelos de medida e estrutural foram avaliados a partir dos indicadores: RMSEA; GFI; CFI; PCFI; PGFI; e X²/d.f, seguindo os valores de referência de Marôco (2014).

A AEE foi realizada com o software AMOS – Analysis for Moments Structures. Não foram observados casos extremos na amostra (verificados a partir dos escores Z). A normalidade dos dados foi avaliada a partir das estatísticas de assimetria e curtose. Não se verificaram valores de assimetria e curtose menores que -2 ou maiores que 2. Dessa forma, seguindo os argumentos de Marôco (2014)Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number., assume-se que as variáveis não apresentam desvios severos de normalidade. Na seção seguinte são apresentados os resultados dos submodelos de medida e estrutural.

4 RESULTADOS

Seguindo as orientações de Marôco (2014)Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number. e Hair Jr. et al. (2010)Hair Jr., J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2010). Multivariate Data Analisys. 7 ed. Prentice Hall., antes de verificar as relações propostas no modelo teórico, procedeu-se a análise fatorial confirmatória para verificação e validação do modelo de medida. Variáveis com cargas fatoriais e com cargas fatoriais baixas ou duplicadas em mais de um construto foram excluídas das análises. O modelo de medida resultante apresentou indicadores de ajustamento adequados, conforme Tabela 2.

Tabela 2
Índices de Ajustamento Modelos de Medida e Final

Considerando a adequação do ajustamento do modelo de medida, procedeu-se a verificação da validade e da confiabilidade dos construtos (Tabela 3). Seguindo os parâmetros propostos por Marôco (2014)Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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e Hair Jr. et al. (2010)Hair Jr., J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2010). Multivariate Data Analisys. 7 ed. Prentice Hall., verifica-se as variáveis apresentaram cargas fatoriais acima de 0,5, o que indica a existência de confiabilidade individual desses itens. Adicionalmente, os resultados indicam que os construtos apresentam Confiabilidade Compósita (FC>0,7). A Validade Convergente foi avaliada a partir da Variância Extraída Média (VEM). Os valores ficaram ligeiramente abaixo do parâmetro mínimo recomendado (0,5). Todos os construtos apresentaram validade discriminante (raiz-quadrada dos valores da VEM superiores às correlações entre construtos), o que atende os critérios estabelecidos por Fornell e Larcker (1981)Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981). Structural Equation Models with Unobservable Variables and Measurement Error: Algebra and Statistics. Journal of Marketing Research, 18(1), p. 382-388. http://dx.doi.org/10.2307/3150980.
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.

Tabela 3
Análise da Confiabilidade, da Variância Média Extraída e das Correlações entre os Construtos

A partir da validação do modelo de medida, procedeu-se a verificação das relações entre os construtos no modelo estrutural. Os resultados encontrados indicam a presença de associações significativas entre os construtos Relações Verticais e Desempenho (H1); Relações com Organizações de Suporte e Relações Verticais (H4.1); e Relações com Organizações de Suporte e Relações Horizontais (H4.2). Relacionamentos Horizontais e Relacionamentos com Organizações de Suporte não se associaram de forma significativa ao Desempenho. A Tabela 4 resume os achados e os resultados dos testes de hipóteses.

Tabela 4
Estimativas das Relações entre Variáveis – Modelo Preliminar

Seguindo as orientações de Marôco (2014)Marôco, J. (2014). Análise de Equações Estruturais: Fundamentos teóricos, software e aplicações. 2 ed. Report Number., trajetórias não-significativas foram excluídas das análises para tornar o modelo mais parcimonioso. A partir das exclusões, o modelo final resultante (Figura 2) apresentou bons indicadores de ajustamento. A seção seguinte apresenta a discussão dos resultados encontrados.

Figura 2
Modelo Final

5 DISCUSSÃO

As primeiras hipóteses de pesquisa tratam da influência dos relacionamentos verticais e horizontais sobre o desempenho. Os resultados encontrados indicam uma associação positiva e significativa entre os Relacionamentos Verticais e o Desempenho, o que corroborara a primeira hipótese de pesquisa (H1). Relacionamentos Verticais auxiliam na qualidade e na eficiência dos produtos e serviços ofertados (Montoro-Sanchez et al., 2021Montoro-Sanchez, A., Garavito-Hernández, Y., & Romero-Martínez, A. M. (2021). The Effect of the Diversity of Interorganizational Partners on Product Innovation. RAE – Revista de Administração de Empresas, 61(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020210406
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), sendo positivos para o desempenho empresarial (Lamprinopoulu & Tregar, 2011Lamprinopoulu, C., & Tregar, A. (2011). Inter-firm relations in SME clusters and the link to marketing performance. Journal of Business & Industrial Marketing, 26, 6. https://doi.org/10.1108/08858621111156412
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; Hoffmann et al., 2017Hoffmann, V. E., Belussi, F., Martínez-Fernández, M. T., & Reyes Jr., E. (2017). United we stand, divided we fall? Clustered firms´ relationships after the 2008 crisis. Entrepreneurship & Regional Development, 29(7-8). https://doi.org/10.1080/08985626.2017.1343869
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).

Os resultados indicam que esses argumentos são válidos também para o contexto de aglomerações turísticas. Destinos turísticos dependem da interação para a composição do produto ofertado e para o desempenho do território (Hu et al., 2020Hu, I., Chang, C., & Lin, Y. (2020). Using big data and social network analysis for cultural tourism planning in Hakka villages. Tourism and Hosputality Research, 21(1). https://doi.org/10.1177%2F1467358420957061.
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; Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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). Os resultados encontrados indicam que essa complementariedade também se mostra positiva para a empresa, se associando ao desempenho (Fyall et al., 2012Fyall, A., Garrod, B., & Wang, Y. (2012). Destination collaboration: a critical review of theoretical approaches to a multi-dimensional phenomenon. Journal of Destination Marketing and Management, 1(1-2). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.002
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; Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
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; Volgger & Pechlaner, 2015Volgger, M., & Pechlaner, H. (2015). Governing networks in tourism: what have we achieved, what is still to be done and learned? Tourism Review, 70(4). https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013
https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013...
).

A segunda hipótese de pesquisa tratava da associação positiva entre os Relacionamentos Horizontais e o Desempenho. Os resultados encontrados não corroboraram a associação proposta e contradizem os resultados de pesquisas anteriores (Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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; Teller et al., 2016Teller, C., Alexander, A., & Floh, A. (2016). The Impact of Competition and Cooperation on the performance of a retail agglomeration and its stores. Industrial Marketing Management, 52. https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2015.07.010
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; Macedo et al. 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
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). Relacionamentos horizontais são descritos como mais complexos, devido à dificuldade das empresas em identificar possíveis sinergias e possibilidades de atuação conjunta (Bengtsson & Kock, 2014Bengtsson, M., & Kock, S. (2014). Coopetition – Quo Vadis? Past Accomplishments and future challenges. Industrial Marketing Management, 43, pp. 180-188. https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2014.02.015.
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; Raza-Ullah et al., 2014Raza-Ullah, T., Bengtsson, M., & Kock, S. (2014). The coopetition paradox and tension in coopetition at multiple levels. Industrial Marketing Management, 43(2). https://doi.org/10.1016/j.indmarman.2013.11.001
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). Dificuldade essa agravada pela competição existente entre as empresas de hospedagem de um mesmo destino (Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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).

Trabalhos anteriores já haviam destacado a baixa propensão a cooperar em destinos turísticos (Costa & Albuquerque, 2013Costa, H. A., & Albuquerque, P. H. M. (2013). Cooperar ou Não, Eis a Questão: variáveis associadas à Propensão a Cooperar por parte de Micro e Pequenas Empresas (MPE) do Turismo. Turismo em Análise, 24(1). http://dx.doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v24i1p41-64.
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; Volgger & Pechlaner, 2015Volgger, M., & Pechlaner, H. (2015). Governing networks in tourism: what have we achieved, what is still to be done and learned? Tourism Review, 70(4). https://doi.org/10.1108/TR-04-2015-0013
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), bem como entre estabelecimentos de hospedagem (Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
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; Costa et al., 2014Costa, H. A., Gonçalves, J. S., & Hoffmann, V. E. (2014). Cooperação entre Micro e Pequenas Empresas de Hospedagem como fonte de Vantagem Competitiva: estudo dos albergues de Belo Horizonte (MG). Revista Turismo Visão e Ação, 16(1). http://dx.doi.org/10.14210/rtva.v16n1.p6.
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). A intensidade das interações entre os estabelecimentos de hospedagem é uma condição necessária para o desempenho (Labben & Mungall, 2007Labben, T. G., & Mungall, A. (2007). The Influence of the Intensity of Collaboration and Type of Management on the Performance of Swiss Hotels. Advances in Hospitality and Leisure, 3. https://doi.org/10.1016/S1745-3542(06)03009-8
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). Encontrar pontos de ação conjunta com competidores não é uma situação de fácil resolução pelas empresas, especialmente para as de menor porte, como os estabelecimentos hoteleiros estudados, devido à menor disponibilidade de recursos e a uma maior aversão ao risco (Deboçã & Martins, 2015Deboçã, L. P., & Martins, R. S. (2015). Interorganizational Relationships in small sized business and their insertion in supply chains, Revista de Administração da UFSM, 8(4). https://doi.org/10.5902/1983465912409
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; Silva et al., 2020Silva, D. L. B., Hoffmann, V. E., & Costa, H. A. (2020) Trust in tourism cooperation networks: analysis of its role and linked elements in Parnaíba, Piauí, Brazil. Brazilian Journal of Tourism Research, 14(2). https://doi.org/10.7784/rbtur.v14i2.1535
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).

As organizações de suporte desempenham papéis relevantes em aglomerações produtivas, seja pela disponibilização de serviços diretamente às empresas aglomeradas (Molina-Morales & Martínez-Fernandez, 2009Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernández, M. T. (2009). Too much love in the neighborhood can hurt: how an excess of intensity and trust in relationships may produce negative effects on firms. Strategic Management Journal, 30(9), p. 1013-1023. https://doi.org/10.1002/smj.766
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; Hoffmann et al., 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
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), seja pela promoção de um ambiente favorável ao relacionamento entre as empresas locais (Pereira et al., 2021Pereira, C. E. C., Azevedo, A. C., Giglio, E. M., & Boaventura, J. M. G. (2021). Organizações de Apoio no Auxílio à Governança em Clusters Competitivos. Iberoamerican Journal of Strategic Management, 20, Special Issue. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.16134
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; Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
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).

Organizações de suporte oferecem variados serviços para as empresas em destinos turísticos (Hoffmann & Campos, 2013Hoffmann, V. E., & Campos, L. M. S. (2013). Instituições de Suporte, Serviços e Desempenho: um Estudo em Aglomeração Turística de Santa Catarina. RAC – Revista de Administração Contemporânea, 17(1), 2, p. 18-41. https://doi.org/10.1590/S1415-65552013000100003
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). Em que pese os serviços prestados pelas organizações de suporte estarem disponíveis para todas as empresas do destino, diferenças nas capacidades das de acessar e se apropriar dos serviços deveriam resultar em variações no desempenho das empresas (Prim et al., 2016Prim, A. L., Amal, M., & Carvalho, L. (2016). Regional Cluster, Innovation and Export Performance: an Empirical Study, BAR, 13(2). https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016160028
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; Hervas-Oliver et al., 2018Hervas-Oliver, J. L., Sempere-Ripoll, F., Alvarado, R. R. & Estelles-Miguel, S. (2018). Aglomerations and firm performance: who benefits and how much? Regional Studies, 52(3). https://doi.org/10.1080/00343404.2017.1297895
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; Lazzeretti et al., 2019Lazzeretti, L., Capone, F., Caloffi, A., & Sedita, R. (2019). Rethinking clusters. Towards a new research agenda for cluster research. European Planning Studies, 27(10). https://doi.org/10.1080/09654313.2019.1650899
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). A capacidade da empresa se beneficiar dos recursos disponíveis na aglomeração depende de seus recursos internos (Hervas-Oliver et al., 2018Hervas-Oliver, J. L., Sempere-Ripoll, F., Alvarado, R. R. & Estelles-Miguel, S. (2018). Aglomerations and firm performance: who benefits and how much? Regional Studies, 52(3). https://doi.org/10.1080/00343404.2017.1297895
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), das suas capacidades (Wilke et al., 2019Wilke, E. P., Costa, B. K., Freire, O. B. L., & Ferreira, M. P. (2019). Interorganizational cooperation in tourist destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, 72, p. 340-351. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.12.015
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) e do tamanho da empresa (Cristo-Andrade & Franco, 2020Cristo-Andrade, S., & Franco, M. J. (2020). Cooperation as a vehicle for innovation: a study of the effects of firm size and industry type, European Journal of Innovation, 23(3). https://doi.org/10.1108/EJIM-08-2018-0182
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). A influência positiva do relacionamento com organizações de suporte sobre o desempenho depende da capacidade das empresas em absorver os recursos disponibilizados (Wilke et al., 2019Wilke, E. P., Costa, B. K., Freire, O. B. L., & Ferreira, M. P. (2019). Interorganizational cooperation in tourist destination: building performance in the hotel industry. Tourism Management, 72, p. 340-351. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2018.12.015
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). Não foi possível observar a associação positiva entre os relacionamentos com organizações de suporte e desempenho (H3 rejeitada).

Os relacionamentos são uma forma das empresas superarem suas limitações de recursos (Hoffmann et al., 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
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; Lamprinopoulu & Tregar, 2011Lamprinopoulu, C., & Tregar, A. (2011). Inter-firm relations in SME clusters and the link to marketing performance. Journal of Business & Industrial Marketing, 26, 6. https://doi.org/10.1108/08858621111156412
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), porém a capacidade de se relacionar é um recurso que deve ser desenvolvido (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, 22, p. 660–679. https://doi.org/10.2307/259056
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). A ausência de significância entre os relacionamentos horizontais e desempenho e relacionamentos com organizações de suporte e desempenho (H2 e H3) sugere que as empresas estudadas não conseguem arcar com os custos relacionados ao desenvolvimento dessas capacidades necessárias para engajar em interações que resultem em recursos estratégicos. O porte reduzido das empresas dificulta o estabelecimento de interações estratégicas com competidores e com organizações de suporte. De forma distinta, o relacionamento com outras empresas da cadeia produtiva do turismo complementaria os serviços prestados pelos estabelecimentos de hospedagem contribuindo para a experiência proporcionada ao visitante. Nesse sentido, os benefícios dos Relacionamentos Verticais seriam mais facilmente percebidos pelas empresas, conforme corroborado pela associação positiva observada na H1.

A verificação das Hipóteses H4.1 e H4.2 corrobora a perspectiva de que as organizações de suporte desempenham papel relevante na promoção de relacionamentos entre empresas do destino (Fyall et al., 2012Fyall, A., Garrod, B., & Wang, Y. (2012). Destination collaboration: a critical review of theoretical approaches to a multi-dimensional phenomenon. Journal of Destination Marketing and Management, 1(1-2). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2012.10.002
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, Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342...
). Kylanen & Rusko (2011)Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
destacam que as organizações de suporte proporcionam condições para que empresas concorrentes se relacionem, ainda que de forma não-intencional. Organizações de suporte atuam como provedoras de um ambiente institucional favorável para formação de relacionamentos interorganizacionais (Kylanen & Rusko, 2011Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
; Sacomano Neto & Paulillo, 2012Sacomano Neto, M., & Paulillo, L. F. O. (2012). Estruturas de Governança em Arranjos Produtivos Locais: um estudo comparativo nos arranjos calçadistas e sucroalcooleiro no estado de São Paulo. Revista de Administração Pública, 46(4). https://doi.org/10.1590/S0034-76122012000400011
https://doi.org/10.1590/S0034-7612201200...
), intermediando o estabelecimento de conexões entre as empresas (Galaso & Miranda, 2021Galaso, P., & Miranda, A. R. (2021). The Leading Role of Support Organizations in clusters networks of developing countries. Industry and Innovation, 28(7). https://doi.org/10.1080/13662716.2020.1856046
https://doi.org/10.1080/13662716.2020.18...
).

Os resultados encontrados permitem argumentar que o turismo, ainda que reconhecido como uma atividade econômica naturalmente aglomerada (Denicolai, et al., 2010Denicolai, S., Cioccarelli, G., & Zuchella, A. (2010). Resource-based local development and networked core-competencies for tourism excellence. Tourism Management, 31(2). https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.03.002.
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2009.0...
; Kylanen & Rusko, 2011Kylänen, M., & Rusko, R. (2011). Unintentional coopetition in the service industries: The case of Pyha¨-Luosto tourism destination in the Finnish Lapland. European Management Journal, 29, p. 193–205. https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.006
https://doi.org/10.1016/j.emj.2010.10.00...
), apresenta peculiaridades no que tange o papel das organizações de suporte. A influência positiva dos relacionamentos com organizações de suporte com os relacionamentos horizontais e verticais e a ausência de significância estatística na relação entre os relacionamentos com organizações de suporte e o desempenho sugerem que, embora a literatura descreva o papel das organizações de suporte como promotoras de serviços para as empresas (Molina-Morales & Martínez-Fernandez, 2009Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernández, M. T. (2009). Too much love in the neighborhood can hurt: how an excess of intensity and trust in relationships may produce negative effects on firms. Strategic Management Journal, 30(9), p. 1013-1023. https://doi.org/10.1002/smj.766
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; Hoffmann et al., 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
https://doi.org/10.1108/0955534111109800...
; Hoffmann & Campos, 2013Hoffmann, V. E., & Campos, L. M. S. (2013). Instituições de Suporte, Serviços e Desempenho: um Estudo em Aglomeração Turística de Santa Catarina. RAC – Revista de Administração Contemporânea, 17(1), 2, p. 18-41. https://doi.org/10.1590/S1415-65552013000100003
https://doi.org/10.1590/S1415-6555201300...
), seu principal papel para o turismo está na integração e coordenação produtiva do destino (Zemla, 2014Zemla, M. (2014). Inter-destination cooperation: Forms, facilitators and inhibitors – The case of Poland. Journal of Destination Marketing & Management, 3(4). https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2014.07.001
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; Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
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; Czernek & Czakon, 2016Czernek, K., & Czakon, W. (2016). Trust-building processes in tourist coopetition: The case of a Polish region. Tourism Management, 52, p. 380-394. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2015.07.009.
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).

Ainda considerando o papel das organizações de suporte em destinos turísticos, o estímulo por organizações de suporte para formação de relacionamentos empresariais apresenta uma evidência divergente dos argumentos de Beritelli (2011)Beritelli, P. (2011). Cooperation Among Proeminent Actors in a Tourist Destination. Annals of Tourism Research,. 38(2), p. 607-629. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11.015.
https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11...
. Para o autor, as relações empresariais desenvolvidas em destinos turísticos são derivadas dos relacionamentos e das interações sociais locais (Beritelli, 2011Beritelli, P. (2011). Cooperation Among Proeminent Actors in a Tourist Destination. Annals of Tourism Research,. 38(2), p. 607-629. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11.015.
https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.11...
). Em que pese a proximidade favorecer o contato social entre indivíduos e empresas em aglomerações produtivas (Molina-Morales & Martínez-Fernández, 2009Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernández, M. T. (2009). Too much love in the neighborhood can hurt: how an excess of intensity and trust in relationships may produce negative effects on firms. Strategic Management Journal, 30(9), p. 1013-1023. https://doi.org/10.1002/smj.766
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; Hoffmann et al., 2011Hoffmann, V. E., Molina-Morales, F. X., & Martínez-Fernándes, M. T. (2011). Evaluation of competitiveness in ceramic industrial districts in Brazil. European Business Review, 23, p. 87-105. https://doi.org/10.1108/09555341111098008
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), o papel das organizações de suporte como promotoras dos relacionamentos entre empresas indica que o contato social, derivado do compartilhamento territorial, pode não ser uma condição suficiente para o desenvolvimento de relacionamentos empresariais. Esse resultado, também observado em Vieira et al. (2022)Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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, aproxima os destinos turísticos estudados da perspectiva de aglomerações produtivas de Porter (1990)Porter , M. E. (1990). The Competitive Advantage of Nations. The MacMillan Press, London. e os afasta da perspectiva de distritos industriais.

6 CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo analisar a relação entre diferentes tipos de relacionamentos interorganizacionais sobre o desempenho das empresas. De forma específica, são analisados os relacionamentos de empresas de hospedagem dos três principais destinos turísticos peruanos.

Relacionamentos interorganizacionais são descritos pela literatura como uma variável influente sobre o desempenho das empresas. Os resultados encontrados indicam que nem todos os relacionamentos estabelecidos pelos hotéis estudados se relacionam diretamente com o desempenho. Relacionamentos horizontais e com organizações de suporte, ao contrário do proposto pelas hipóteses de pesquisa, não se associaram ao desempenho das empresas de hospedagem. Os serviços prestados pelas organizações de suporte e a busca pela resolução de problemas compartilhados, aspectos propostos pela literatura, não se mostraram recursos estratégicos para as empresas de pequeno porte estudadas.

Relacionamentos verticais, por sua vez, tiveram uma associação positiva e significativa com o desempenho das empresas. Aparentemente a integração produtiva é necessária não somente para formação do atrativo turístico, mas se reverte em melhorias de desempenho também para as empresas. Esse resultado ressalta a relevância da complementariedade dos produtos e serviços ofertados na economia do turismo. Assim como uma rede deve organizar os processos produtivos de forma eficiente para sua criação e manutenção, relacionamentos entre empresas devem gerar valor, que deve ser percebido e apropriado pelas empresas.

A complementariedade dos relacionamentos verticais aparentemente é mais facilmente percebida pelas empresas, em especial para empresas de pequeno porte. Partindo da perspectiva que relacionamentos importam (Dyer & Singh, 1998Dyer, J. H., & Singh, H. (1998). The relational view: cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, 22, p. 660–679. https://doi.org/10.2307/259056
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) e considerando a disponibilidade de potenciais relacionamentos a serem estabelecidos, as evidências sugerem a busca por complementariedade como um critério para a seleção de organizações com quem se relacionar. Esses resultados contribuem para avançar sobre a lacuna de pesquisa sobre a identificação de quais relacionamentos efetivamente importam para o desempenho das empresas, seja em destinos turísticos (Zee & Vanneste, 2015Zee, E., & Vanneste, D. (2015). Tourism networks unravelled; a review of the literature on networks in tourism management studies. Tourism Management Perspectives, 15, p. 46–56. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2015.03.006
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), seja em outras atividades econômicas aglomeradas territorialmente Montoro-Sanchez, Garavito-Hernández & Romero-Martínez, 2021Montoro-Sanchez, A., Garavito-Hernández, Y., & Romero-Martínez, A. M. (2021). The Effect of the Diversity of Interorganizational Partners on Product Innovation. RAE – Revista de Administração de Empresas, 61(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020210406
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).

Observa-se que pesquisas anteriores (Macedo et al., 2017Macedo, R., Martins, R. S., Rossoni, L., & Martins, G. S. (2017). Trust in relationships and business cluster. RAE – Revista de Administração de Empresas, 57(4). https://doi.org/10.1590/S0034-759020170404
https://doi.org/10.1590/S0034-7590201704...
; Vieira et al., 2022Vieira, D. P., Hoffmann, V. E., Reyes Júnior, E., & Boari, C. (2022). Clusters or Networks: interorganizational relationships influence on Brazilian hotel performance, Tourism Review, 77(2). https://doi.org/10.1108/TR-07-2020-0342
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) apresentaram resultados distintos para as associações entre relacionamentos verticais e horizontais e o desempenho de empresas de hospedagem. Assim como os relacionamentos estratégicos são peculiares às partes envolvidas (Prim et al., 2016Prim, A. L., Amal, M., & Carvalho, L. (2016). Regional Cluster, Innovation and Export Performance: an Empirical Study, BAR, 13(2). https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2016160028
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; Verschoore et al., 2017Verschoore, J. R., Balestrin, A., & Teixeira, R. (2017). Network management and associated firms’ outcomes: multilevel analysis in the Southern Brazilian context. Journal of Management and Governance, 20(4). https://doi.org/10.1007/s10997-016-9345-5
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), eventualmente os tipos de relacionamentos empresariais estabelecidos nos diferentes destinos sejam idiossincráticos às características e à trajetória de desenvolvimento do território, o que explica as diferentes associações dos relacionamentos com o desempenho empresarial.

Os resultados da pesquisa permitem considerações também sobre o processo de formação dos relacionamentos interorganizacionais. Os resultados evidenciam que a as organizações de suporte desempenham papel relevante no estabelecimento de relacionamentos entre as empresas (sejam verticais ou horizontais). A literatura sobre cooperação e relacionamentos interorganizacionais é profícua em tratar de seus benefícios, contudo deixa em segundo plano a discussão sobre os custos e as dificuldades na formação dos relacionamentos. A habilidade de desenvolver relacionamentos com outras organizações é uma capacidade que deve ser desenvolvida pelas empresas, o que implica em custos para identificação de potenciais parceiros, estabelecimento e manutenção do relacionamento. Embora os relacionamentos possam gerar benefícios para as empresas, eventualmente seus custos possam ser demasiadamente altos, em especial para empresas de pequeno porte.

O compartilhamento territorial não parece ser condição suficiente para a integração produtiva das empresas. Nesse contexto, faz-se necessária a presença de algum estímulo ou incentivo externo que oriente o comportamento das empresas e atuem como promotoras das condições para o estabelecimento dos relacionamentos empresariais. Os resultados sugerem que as organizações de suporte cumprem esse papel. Considerando que pesquisas sobre os relacionamentos desenvolvidos por pequenas e médias empresas do setor de hospedagem têm sido limitadas (Maggioni et al., 2014Maggioni, I., Marcoz, E. M., & Mauri, C. (2014). Segmenting networking orientation in the hospitality Industry: an empirical research on service bundling. International Journal of Hospitality Management, 42, p. 192–201. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2014.07.002
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), entende-se que os resultados encontrados constituem uma contribuição do presente trabalho para a literatura sobre relacionamentos interorganizacionais.

Além do aporte teórico, os resultados permitem também reflexões e orientações práticas. Sob a perspectiva da gestão de destinos turísticos, os resultados indicam que o principal papel desempenhado pelas organizações de suporte (públicas ou privadas) não está necessariamente na prestação de serviços para as empresas, mas na facilitação da interação entre as empresas que compõem a cadeia produtiva do turismo. Considerando a gestão de meios de hospedagem, os resultados permitem argumentar que as empresas de hospedagem alcançam melhores resultados através da interação com outras empresas do setor. Adicionalmente, a interação com organizações de suporte parece ser um caminho adequado para o desenvolvimento de relacionamentos e melhor integração produtiva no território.

O presente trabalho possui suas limitações. A primeira delas trata da impossibilidade de generalização dos resultados. A amostra coletada mostrou-se suficiente para as técnicas estatísticas empregadas, no entanto não possui características aleatórias. Nesse sentido, os resultados devem ser compreendidos em função da amostra coletada. Uma segunda limitação refere-se aos resultados da análise fatorial confirmatória. Como observado, os valores para análise da validade convergente ficaram abaixo dos parâmetros propostos pela literatura, o que é entendido como uma limitação do presente trabalho.

Pesquisas futuras poderiam se aprofundar sobre a influência das características locais para formação e resultados dos relacionamentos interorganizacionais. Outro aspecto a ser aprofundado seria a influência do porte do estabelecimento na formação de relacionamentos. A presente pesquisa optou por não aprofundar sobre as características do comportamento cooperativo. Aspectos como confiança, recorrência dos contatos e troca de conhecimentos ou de informações, não foram objeto do presente estudo. Pesquisas complementares poderiam se dedicar a analisar essas interações, sob uma ótica qualitativa ou quantitativa, para identificar que aspectos da cooperação efetivamente importam para o desempenho de empresas aglomeradas.

  • Como citar: Vieira, D. P., Reyes Júnior, E., Vásquez, P. L. A. (2023). A influência dos relacionamentos interorganizacionais no desempenho de empresas hoteleiras – evidências de destinos peruanos. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, 17, e-2739, 2023. https://doi.org/10.7784/rbtur.v17.2739

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Editado por

Glauber Eduardo de Oliveira Santos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Dez 2022
  • Aceito
    21 Mar 2023
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