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Polpa de citros peletizada na alimentação de eqüinos

Pelleted citrus pulp in equine feeding

Resumos

O objetivo desta pesquisa foi estudar três níveis de polpa de citros peletizada (PCP) em substituição ao milho em dietas de potras em crescimento. Vinte e uma potras da raça Árabe e Cruza-Árabe, com peso inicial de 278+9,6 kg e 18 meses de idade, foram usadas. Os animais foram mantidos em baias individuais e diariamente exercitados. Foi usado delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos, dieta basal (T1), 7,5% PCP (T2) e 15% PCP (T3), e sete repetições, em que a potra foi a unidade experimental. O período experimental foi de 16 semanas. As dietas foram formuladas com 40% de volumoso (feno de Cynodon dactylon Pers cv coast-cross) e 60% de concentrado, 14,5% de proteína bruta (PB) e 2,77 kcal/g de energia digestível na matéria seca (MS). Ganho em peso, o consumo voluntário (gMS/kg0,75) e perímetro torácico dos animais não diferiram entre os tratamentos. A altura média na cernelha para animais T1 (6,8+1,0 cm) foi superior à de T2 (3,4+1,0 cm) e T3 (4,6+1,0 cm). O coeficiente de digestibilidade aparente da MS para T2 (68,7+1,2%) e T3 (67,52+1,2%) foram superiores ao de T1 (58,62+1,2%). O mesmo fato ocorreu para a PB, sendo T2 (77,1+1,5%) e T3 (78,6+1,5%) maiores que T1 (70,8+1,5%). Para o teor de energia bruta, T2 (59,8+ 0,4%) foi inferior a T1 (62,0+0,4%) e T3 (61,2+0,4%). Não houve diferença entre os tratamentos para fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e taxas de passagem das fases sólida e líquida das digestas das diferentes dietas. A polpa de citrus peletizada pode ser usada até o nível de 15% em rações de potras em crescimento, sem influir no desempenho do animal.

alimentação; coeficiente de digestibilidade; desenvolvimento; polpa de citros peletizada; potras; taxa de passagem


The objective of this research was to study three levels of pelleted citrus pulp (PCP) in substitution to corn in diets of growing fillies. Twenty-one purebred and crossbred Arabian fillies averaging 278+9.6 kg of initial live weight and 18 months of age were used. The animals were maintained in individual pens and were daily exercised. A completely randomized design with three treatments: basal diet (T1), 7.5% PCP (T2) and 15.0% PCP (T3) with seven replicates, and with the filly as the experimental unit. The experimental period was of 16 weeks. The diets were formulated with 40% of coast-cross (Cynodon dactylon Pers) hay and 60% of concentrate, 14.5% of crude protein (CP), 2.77 kcal/g of digestible energy, on the dry matter (DM) basis. Weight gain, voluntary feed intake (gDM/kg.75) and the hearth girth did not differ among the treatments. The average withers height for T1 (6.8+1.0 cm) was higher than T2 (3.4+1.0 cm) and T3 (4.6+1.0 cm). The DM apparent digestibility coefficient for T2 (68.7+1.2%) and T3 (67.5+1.2 %) were higher than T1 (58.6+1.2 %). The same result was obtained for the CP, T2 (77.1+ 1.5 %) and T3 (78.6+1.5 %) were higher than that for T1 (70.8+1.5 %). For the gross energy, T2 (59.8+0.4%) was lower than both T1 (62.0+0.4%) and T3 (61.2+0.4%). There were no differences among the treatments for neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the solid and liquid passage rate of the digesta. The pelleted citrus pulp can be used up to 15,0% in the diets of growing fillies, without affecting the animal performance.

feeding; digestibility coefficient; growth; pelleted citrus pulp; fillies; passage rate


MONOGÁSTRICOS

Polpa de citros peletizada na alimentação de eqüinos

Pelleted citrus pulp in equine feeding

Airton ManzanoI; Alfredo Ribeiro de FreitasI,II; Sérgio Novita EstevesI; Nelson José NovaesI

IPesquisador da Embrapa-CPPSE, Caixa Postal, 339 - 13560-970 - São Carlos, SP

IIBolsista do CNPq

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi estudar três níveis de polpa de citros peletizada (PCP) em substituição ao milho em dietas de potras em crescimento. Vinte e uma potras da raça Árabe e Cruza-Árabe, com peso inicial de 278+9,6 kg e 18 meses de idade, foram usadas. Os animais foram mantidos em baias individuais e diariamente exercitados. Foi usado delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos, dieta basal (T1), 7,5% PCP (T2) e 15% PCP (T3), e sete repetições, em que a potra foi a unidade experimental. O período experimental foi de 16 semanas. As dietas foram formuladas com 40% de volumoso (feno de Cynodon dactylon Pers cv coast-cross) e 60% de concentrado, 14,5% de proteína bruta (PB) e 2,77 kcal/g de energia digestível na matéria seca (MS). Ganho em peso, o consumo voluntário (gMS/kg0,75) e perímetro torácico dos animais não diferiram entre os tratamentos. A altura média na cernelha para animais T1 (6,8+1,0 cm) foi superior à de T2 (3,4+1,0 cm) e T3 (4,6+1,0 cm). O coeficiente de digestibilidade aparente da MS para T2 (68,7+1,2%) e T3 (67,52+1,2%) foram superiores ao de T1 (58,62+1,2%). O mesmo fato ocorreu para a PB, sendo T2 (77,1+1,5%) e T3 (78,6+1,5%) maiores que T1 (70,8+1,5%). Para o teor de energia bruta, T2 (59,8+ 0,4%) foi inferior a T1 (62,0+0,4%) e T3 (61,2+0,4%). Não houve diferença entre os tratamentos para fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e taxas de passagem das fases sólida e líquida das digestas das diferentes dietas. A polpa de citrus peletizada pode ser usada até o nível de 15% em rações de potras em crescimento, sem influir no desempenho do animal.

Palavras-chave: alimentação, coeficiente de digestibilidade, desenvolvimento, polpa de citros peletizada, potras, taxa de passagem

ABSTRACT

The objective of this research was to study three levels of pelleted citrus pulp (PCP) in substitution to corn in diets of growing fillies. Twenty-one purebred and crossbred Arabian fillies averaging 278+9.6 kg of initial live weight and 18 months of age were used. The animals were maintained in individual pens and were daily exercised. A completely randomized design with three treatments: basal diet (T1), 7.5% PCP (T2) and 15.0% PCP (T3) with seven replicates, and with the filly as the experimental unit. The experimental period was of 16 weeks. The diets were formulated with 40% of coast-cross (Cynodon dactylon Pers) hay and 60% of concentrate, 14.5% of crude protein (CP), 2.77 kcal/g of digestible energy, on the dry matter (DM) basis. Weight gain, voluntary feed intake (gDM/kg.75) and the hearth girth did not differ among the treatments. The average withers height for T1 (6.8+1.0 cm) was higher than T2 (3.4+1.0 cm) and T3 (4.6+1.0 cm). The DM apparent digestibility coefficient for T2 (68.7+1.2%) and T3 (67.5+1.2 %) were higher than T1 (58.6+1.2 %). The same result was obtained for the CP, T2 (77.1+ 1.5 %) and T3 (78.6+1.5 %) were higher than that for T1 (70.8+1.5 %). For the gross energy, T2 (59.8+0.4%) was lower than both T1 (62.0+0.4%) and T3 (61.2+0.4%). There were no differences among the treatments for neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the solid and liquid passage rate of the digesta. The pelleted citrus pulp can be used up to 15,0% in the diets of growing fillies, without affecting the animal performance.

Key Words: feeding, digestibility coefficient, growth, pelleted citrus pulp, fillies, passage rate

Introdução

As pesquisas em nutrição animal devem priorizar a utilização de alimentos não adequados ao consumo humano, a fim de evitar a competição entre o homem e outros animais pelos cereais. Dentro desse enfoque, têm-se o milho e a aveia, que, além de utilizados na alimentação humana, são os principais suplementos energéticos na alimentação de eqüinos. Uma opção energética que não compete com a alimentação humana é a polpa de citros peletizada (PCP), cuja produção na região Sudeste está próxima a 945 mil toneladas (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL, 1991).

Analisando-se a composição deste alimento durante vários anos, LANZA e MESSINA (l979) constataram valores médios de 7,23% de proteína bruta (PB), 12,16% de fibra bruta (FB) e 4115,43 cal/g de energia bruta (EB), havendo, porém, grande variação na sua composição química, em virtude, principalmente da região de produção, do clima, das espécies e do processamento. A PCP é caracterizada como alimento de alto poder energético, em conseqüência do elevado conteúdo de matéria seca (MS) digestível, que varia de 79,5 a 91,9% (ESTEVES et al. 1987).

Resultados positivos da utilização da PCP em bovinos têm sido encontrados na literatura. WING (1975), quando substituiu o milho em grão por polpa cítrica, não verificou efeito sobre os coeficientes de digestibilidade da MS, PB e EB; VIJCHULATA et al. (1980) mostraram que o ganho em peso de bovinos foi semelhante, quando utilizaram PCP e milho em grão como fontes de energia das dietas; e ESTEVES et al. (1987), em condições tropicais, obtiveram ganhos de 1,720 kg/animal/dia, utilizando-se dietas em que a PCP substituiu totalmente a espiga de milho desintegrada com palha e sabugo.

Quanto ao uso de PCP em eqüinos, não têm sido encontrado resultados na literatura, possivelmente devido às facilidades que as indústrias cítricas possuíam para exportação deste produto, pois sua utilização era economicamente inviável em nosso meio (CARVALHO, 1992). Atualmente, com a diminuição do preço internacional do PCP, em razão da maior oferta deste produto e da produção alta de frutas cítricas em nosso meio, cerca de 1,3 milhões de toneladas a um preço de U$70,0/t (GARCIA, 1997), o que representa a metade do valor do milho, viabilizou sua utilização na alimentação animal.

O objetivo deste trabalho foi estudar diferentes níveis de polpa de citros peletizada em substituição ao milho em dietas de eqüinos em crescimento.

Material e Métodos

O experimento foi desenvolvido durante 16 semanas, no período de setembro a dezembro de 1994, na Embrapa/CPPSE, em São Carlos, SP, utilizando-se 21 potras, 18 puro sangue Árabe e 3 Cruza-Árabe, cujo grupo genético variou de 3/4 a 255/256 de sangue Árabe e média de peso inicial de 278+9,6 kg e 18 meses de média de idade.

Os animais foram distribuídos em delineamento experimental inteiramente ao acaso, com sete repetições e três tratamentos (T): ração basal (T1), 7,5% (T2) e 15% (T3) de PCP, em substituição a 26 e 55% do milho, respectivamente; a unidade experimental foi representada pela potra.

As rações fornecidas "ad libitum" eram constituídas de concentrado composto de milho, farelo de soja, farelo de trigo e óleo de soja na proporção de 60% da matéria seca. A parte volumosa das rações, correspondente a 40% da matéria seca, foi complementada por meio do feno de coast-cross (Cynodon dactylon (L) Pers). Cada animal recebeu diariamente sal mineralizado, calcário calcítico e um complexo vitamínico. As rações foram balanceadas segundo o NRC (1989). O experimento foi conduzido em três períodos:

Pré-experimental

Com duração de duas semanas, os animais foram adaptados às dietas experimentais, ficando em baias individuais de alvenaria, piso de cimento, sem cama, com bebedouro automático e cocho de cimento.

Experimental 1

Com duração de 14 semanas, foram medidos os consumos diários, as alturas nas cernelhas, os perímetros torácicos e ganhos em peso individual, com pesagens a cada duas semanas, sendo o jejum absoluto (16 horas) observado apenas na primeira e última pesagens. Nessa fase, foi estimada a taxa de passagem da fase sólida da digesta, utilizando-se o método do cromo fixado com a fibra do volumoso, enquanto o complexo cobalto-EDTA foi utilizado como indicador para estimar a taxa de passagem da fase líquida da digesta (UDEN et al.1982). Os marcadores foram oferecidos em dose única e as amostragens das fezes realizadas às 0, 8, 12,16, 22, 28, 34, 40, 48, 56, 64 e 72 horas após a dosagem. As amostras foram secas em estufa de circulação forçada, à temperatura de 60+1ºC, durante 72 horas e analisadas por meio de espectrofotômetro de absorção atômica AA12/1475 - Intralab.

As taxas de passagem foram estimadas com base no logaritmo natural da concentração dos marcadores excretados nas fezes, utilizando-se a parte linear da curva de excreção após o pico.

As rações foram fornecidas ad libitum na forma completa (concentrado + volumoso), em proporções iguais, às 9 e 17 h; sua análise química encontra-se na Tabela 1. Os animais foram exercitados cerca de 15 minutos/dia.

Período experimental 2

Teve duração de cinco dias para a coleta de fezes, utilizadas na determinação do coeficiente de digestibilidade (CD) da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA).

Para determinação dos CDs, foram utilizados os mesmos animais do período experimental 1, usando o método de cinza solúvel proposto por VAN KEULEN e YOUNG (1977).

Foram coletados cerca de 100 g de fezes do reto do animal, a cada refeição, que foram armazenados em congelador a 10+1ºC. Do total, após homogeneização e secagem, 100 g foram tomados como amostra para as análises químicas.

As amostras de 100 g dos alimentos, as rações completas e fezes foram diariamente coletadas, armazenadas e secadas, para análise química pelos métodos propostos pela ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS - AOAC (1995) e a fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido por GOERING e VAN SOEST (1970).

Os dados obtidos foram analisados por meio do procedimento GLM do Statistical Analysis System - SAS (SAS,1993) utilizando-se o seguinte modelo matemático, no qual o peso inicial (xij) foi usado como covariável:

yij = μ + Ti + β(xij -) + εij

i = 1,2,3; j = 1 , ...,7

em que

yij = efeito do i-ésimo tratamento avaliado no j-ésimo animal;

μ = efeito da média teórica;

Ti = efeito principal de tratamento;

β = coeficiente de regressão linear entre y e x;

xij, = peso inicial (covariável) e media dos valores de x, respectivamente; e

εij = erro aleatório suposto normalmente distribuído, com média zero e variância σ2.

Resultados e Discussão

Os resultados de peso final, ganho em peso, consumo de ração, conversão alimentar, aumento de altura na cernelha e perímetro torácico, por tratamento, encontram-se na Tabela 2. Os dados relativos ao consumo diário mostraram que os animais do tratamento T2 (8,62 kg MS) ingeriram menos (P<0,05) que os do T3 (9,98 kg MS) e foram semelhantes ao do T1(9,65 kg MS). Entretanto, quando o consumo foi medido na razão de grama de ração/quilograma de peso metabólico, não foi encontrada diferença entre tratamentos.

O consumo diário de matéria seca verificado no presente estudo foi mais elevado que o observado por TOSI et al. (1981) e LEÃO et al. (1984), quando trabalharam com diferentes volumoso, como feno de soja, silagem de milho e capim-elefante, em relação à diferentes concentrados, e MANZANO et al. (1995), que encontraram média de 6,8 kgMS/animal/dia em dietas contendo gordura animal e óleo de soja. Entretanto, são semelhantes aos obtidos por GARCIA et al. (1997), média de consumo de 9,36 kgMS/animal/dia, com dietas cujo volumosos foram cana-de-açúcar e capim-elefante. As diferenças verificadas nos trabalhos podem ser atribuídas à natureza, qualidade e quantidade de alimentos que compõem as rações, assim como à variabilidade existente entre os animais, além de fatores climáticos que afetam o consumo.

Os ganhos em peso não mostraram diferenças estatísticas entre os tratamentos. É importante ressaltar que, embora o consumo de alimentos pelos animais tenha apresentado diferença (P<0,05) entre os tratamentos, o ganho diário não foi afetado, possivelmente porque os animais tiveram ingestão semelhante de PB, 1,377; 1,285; e 1,342 kg/dia, e ED, 27,0; 23,5; e 27,9 Mcal/dia, para T1, T2 e T3, respectivamente. Outra explicação é a alta variabilidade encontrada nos dados de ganho diário (C.V.=17,2%). Quanto à conversão alimentar, os resultados encontrados foram 15,27; 17,35; e 19,24 para T1; T2 e T3, respectivamente, sendo o T3 inferior (P<0,05) a T1 e semelhante a T2, e este semelhante a T1.

A média do aumento na altura da cernelha no período de 98 dias (Tabela 2) apresentou diferença estatística (P<0,05), sendo T1 (6,8 cm) superior a T2 (6,4 cm) e T3. (4,6 cm). Estes resultados são superiores aos de MANZANO e MANZANO (1990), quando estudaram diferentes níveis de guandu como volumoso, semelhantes aos de MANZANO et al. (1995) e inferiores aos de GARCIA et al. (1997). As diferenças ocorridas nestes estudos são provenientes, entre outros, das raças estudadas, da idade dos animais no início do experimento e do valor nutritivo das dietas experimentais. Entretanto, a média de altura final na cernelha não apresentou diferenças entre tratamentos.

Com relação ao aumento do perímetro torácico (Tabela 2), não houve diferença estatística, porém, a discrepância com os resultados da literatura é considerada normal, pois são influenciados pelos mesmo fatores que afetam a altura da cernelha; o mesmo ocorreu com relação ao perímetro torácico final.

A média de consumo diário em MS das dietas no período experimental 2 foi de 9,71; 9,33; e 9,44+0,32 kg/animal para T1, T2 e T3, respectivamente. As médias dos coeficientes de digestibilidade aparentes da MS, PB, EB, FDN e FDA encontram-se na Tabela 3. A incorporação da polpa de citros peletizada influenciou (P<0,05) a digestibilidade aparente da MS, sendo T2 (68,71%) e T3 (67,52%) superiores a T1 (58,62%). Estes valores são superiores aos obtidos por MANZANO et al. (1995) e ALVARENGA et al. (1997), com animais alimentados com concentrado mais feno de coast-cross, porém são semelhantes aos encontrados por FARLEY et al. (1995) com dietas contendo 23% de farelo de soja. A digestibilidade, entre outros fatores, é afetada pelo comportamento dos animais durante a alimentação, pela alteração dentária, pelo peristaltismo alterado, pela diferença na produção de enzimas e pelas doenças no trato gastrointestinal (MEYER, 1995). A PCP influenciou positivamente (P<0,05) a digestibilidade aparente da PB, sendo T2 (77,13%) e T3 (78,64 %) superiores (P<0,05) a T1 (70,80%). Resultado semelhante foi encontrado para digestibilidade aparente da EB, sendo T1 (62,00%) e T3 (61,21%) superiores (P<0,05) a T2 (59,87%). A digestibilidade aparente da FDN e FDA não apresentou diferenças entre tratamentos. A similaridade e, ou, diferença entre os resultados deste estudo e os da literatura é atribuída pelos fatores que influenciam a digestibilidade da MS e dos nutrientes já mencionados. Além disso, a digestibilidade é influenciada pela composição química e quantidade de alimentos ingeridos, pela velocidade de trabalho, pelo grau de moagem e teor de umidade dos alimentos, pela quantidade de fibra e pelo tempo de passagem dos alimentos pelo trato digestivo (OLSSON e RUUDVERE, 1955).

Não houve diferença entre as médias obtidas para taxa de passagem das fases sólida e líquida da digesta (Tabela 4), resultados concordantes com aqueles relatados por MANZANO et al. (1995), demonstrando que, em eqüinos, a taxa de passagem se refere ao ceco; diferentemente de bovinos, que ocorre no rúmen. Dessa forma, a fase líquida tem taxa de passagem, ou "turnover", mais rápida que a sólida (UDEN e VAN SOEST, 1982). Embora o padrão de execução dos dois marcadores tenha sido semelhante, o tempo de passagem que ocorreu no fluxo normal da digesta, estimado pelo aparecimento do marcador nas fezes, ficou entre 8 e 12 horas para o cobalto, com a curva de excreção apresentando ponto máximo próximo de 24 horas, após a dosagem; para o cromo, esta curva ficou entre 12 e 16 horas, com ponto máximo também próximo de 24 horas.

Para todas as variáveis, foi feito estudo de regressão polinomial até segundo grau dos efeitos de tratamentos; como não se observaram significância (P>0,05), optou-se pelo teste de hipótese.

Conclusões

As potras que receberam polpa de citros peletizada nos níveis de 7,5 e 15% apresentaram desenvolvimento semelhante àquelas alimentadas com a dieta basal.

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca e proteína bruta das dietas com polpa de citros peletizada foram superiores ao da dieta basal.

A dieta com 7,5% de polpa de citros peletizada revelou coeficiente de digestibilidade aparente da energia bruta inferior ao das demais dietas.

As taxas de passagens das fases sólida e líquida foram semelhantes nas três dietas estudadas.

A polpa de citros peletizada pode ser utilizada até o nível de 15% em rações para potras em crescimento, sem influir no desempenho do animal.

A inclusão de 15% de polpa de citros peletizada afetou o aumento da altura na cernelha dos animais e promoveu acréscimo de 25% na sua conversão alimentar.

Recebido em: 13/02/98

Aceito em: 05/08/99

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Set 2011
  • Data do Fascículo
    1999

Histórico

  • Aceito
    05 Ago 1999
  • Recebido
    13 Fev 1998
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