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Revisão do gênero Cosmoplatidius Gounelle (Coleoptera, Cerambycidae)

Revision of the genus Cosmoplatidius Gounelle (Coleoptera, Cerambycidae)

Resumos

Cosmoplatidius Gounelle, 1911 e suas espécies são redescritos. Novos sinônimos: C. mandibularis Gounelle, 1911 = C. simulans (Bates, 1870) comb. nov.; C. ochraceus Linsley, 1961 = C. sellatus (White, 1853). Nova espécie descrita: C. abare sp. nov. do Peru, Bolívia, Brasil (Amazonas, Pará, Mato Grosso). Acrescenta-se chave para identificação das espécies.

Cerambycinae; Pteroplatini; região Neotropical; revisão


Cosmoplatidius Gounelle, 1911 and its species are redescribed. The following synonymies are established: C. mandibularis Gounelle, 1911 = C. simulans (Bates, 1870) comb. nov.; C. ochraceus Linsley, 1961 = C. sellatus (White, 1853). New species described: C. abare sp. nov. from Peru, Bolívia, Brazil (Amazonas, Pará, Mato Grosso). A key to species is provided.

Cerambycinae; Neotropical; Pteroplatini; revision


Revisão do gênero Cosmoplatidius Gounelle (Coleoptera, Cerambycidae)1 1 Contribuição número 1614 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

Revision of the genus Cosmoplatidius Gounelle (Coleoptera, Cerambycidae)

Dilma S. Napp I,III; Ubirajara R. Martins II,III

IDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, Paraná, Brasil

IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42494, 04218-970 São Paulo, São Paulo, Brasil

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

Cosmoplatidius Gounelle, 1911 e suas espécies são redescritos. Novos sinônimos: C. mandibularis Gounelle, 1911 = C. simulans (Bates, 1870) comb. nov.; C. ochraceus Linsley, 1961 = C. sellatus (White, 1853). Nova espécie descrita: C. abare sp. nov. do Peru, Bolívia, Brasil (Amazonas, Pará, Mato Grosso). Acrescenta-se chave para identificação das espécies.

Palavras-chave: Cerambycinae; Pteroplatini; região Neotropical; revisão.

ABSTRACT

Cosmoplatidius Gounelle, 1911 and its species are redescribed. The following synonymies are established: C. mandibularis Gounelle, 1911 = C. simulans (Bates, 1870) comb. nov.; C. ochraceus Linsley, 1961 = C. sellatus (White, 1853). New species described: C. abare sp. nov. from Peru, Bolívia, Brazil (Amazonas, Pará, Mato Grosso). A key to species is provided.

Key words: Cerambycinae; Neotropical; Pteroplatini; revision.

Cosmoplatidius Gounelle, 1911 foi proposto originalmente como subgênero de Cosmoplatus Aurivillius, 1911, para incluir duas espécies: Cosmoplatus (Cosmoplatidius) mandibularis Gounelle, 1911 e Pteroplatus annulipes Blanchard, 1847 (GOUNELLE 1911). AURIVILLIUS (1912) elevou-o à categoria de gênero e apenas recentemente, MONNÉ (2005) designou Cosmoplatus (Cosmoplatidius) mandibularis Gounelle, 1911 como espécie-tipo.

Até o momento, Cosmoplatidius incluía quatro espécies C. mandibularis, C. lycoides (Guérin-Meneville, 1844), C. ochraceus Linsley, 1961 e C. sellatus (White, 1853), as três primeiras sul-americanas, e a última distribuída do México ao Panamá.

Neste trabalho o gênero é revisado sendo propostas as sinonímias C. mandibularis Gounelle, 1911 = C. simulans (Bates, 1870) comb. nov. e C. ochraceus Linsley, 1961 = C. sellatus (White, 1853), e C. abare sp. nov. é descrita.

As siglas arroladas no texto referem-se às instituições: ACMB - American Coleoptera Museum, Coleção J. Wappes, San Antonio; BMNH - The Natural History Museum, Londres; CMNH - Carnegie Museum of Natural History, Pittsburgh; DEIC - Deutsches Entomologisches Institut, Eberswalde Finow; DZUP - Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba; FTHC - Coleção Frank T. Hovore, Santa Clarita; INBio - Instituto Nacional de Biodiversidad, Santo Domingo de Heredia; MNHN - Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris; MNRJ - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; MZSP - Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo; NHRS - Naturhistoriska Riksmuseet, Estocolmo; USNM - National Museum of Natural History, Washington.

As referências sob cada táxon referem-se à descrição original e ao catálogo de Monné (2005), salvo algumas consideradas pertinentes.

Cosmoplatidius Gounelle, 1911

Cosmoplatus (Cosmoplatidius) Gounelle, 1911: 131.

Cosmoplatidius; Aurivillius 1912: 455 (cat.); Monné, 2005: 449 (cat.).

Espécie-tipo: Cosmoplatus (Cosmoplatidius) mandibularis Gounelle, 1911 por designação subseqüente de Monné 2005 (= Pteroplatus simulans Bates, 1870).

Fronte transversa, curta, subvertical. Tubérculos anteníferos aplanados e arredondados. Genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior (exceto C. lycoides), os ápices projetados. Olhos finamente granulados, fortemente chanfrados; lobos oculares inferiores pouco desenvolvidos; os superiores afastados entre si, com cerca de 1/3 da largura de um lobo inferior. Mandíbulas projetadas, em ângulo com a fronte (exceto C. lycoides), com dimorfismo sexual; nos machos robustas, freqüentemente angulosas no terço apical; nas fêmeas, delgadas, triangulares e não angulosas. Artículos apicais dos palpos maxilares e labiais cilíndricos, pouco mais curtos que os dois precedentes que são cônicos e subiguais.

Antenas com 11 artículos, carenadas; nos machos mais longas que o corpo, nas fêmeas desde mais curtas até pouco mais longas. Escapo piriforme (exceto C. lycoides); flagelômeros III-VI cilíndrico-deprimidos, com espículos apicais externos e internos e cerdas densas na face inferior, formam, ou não, escova compacta; XI apendiculado.

Protórax mais largo que longo, quase ou tão largo na base quanto os úmeros, os ângulos posteriores pronunciados; lados sem tubérculos ou, no máximo, com pequena angulosidade mediana. Pronoto pouco convexo, sem gibosidades. Prosterno, lados do protórax e do pronoto com pontuação sexual formada por pontos grossos, marcados e densos, os interstícios finamente pontuados. Cavidades coxais anteriores fortemente angulosas aos lados e abertas atrás. Processo prosternal estreito (exceto C. lycoides), subparalelo entre as procoxas. Processo mesosternal quadrangular, tão largo quanto metade da mesocoxa; ápice com emarginação rasa, firmemente acoplado ao ápice do projeção intercoxal do metasterno que é tão larga quanto o processo mesosternal. Cavidades mesocoxais abertas aos lados. Mesosterno, metasterno e urosternitos fina e densamente pontuados e pubescentes, a escultura rasa; metasterno e urosternitos com alguns pontos maiores e pêlos longos e esparsos. Urosternitos fortemente transversos; urosternito V emarginado no ápice (exceto C. lycoides).

Escutelo pequeno, quadrangular. Élitros aplanados, expandidos para o ápice a partir do meio, a maior largura no terço apical; ápices amplamente arredondados de per sí, não declives, ornados com franja de pêlos curtos. Élitros com costas dorsais. Superfície opaca, revestida por pubescência densa e pontos setígeros com cerdas curtas esparsos em toda a superfície.

Pernas curtas. Fêmures cilíndricos, as abas apicais arredondadas; metafêmures, no máximo, alcançam a base do urosternito IV. Tíbias cilíndrico-deprimidas, carenadas. Tarsos curtos; metatarsômero I mais curto que II+III.

Discussão. Cosmoplatidius, Cosmoplatus Aurivillius, 1891 e Deltosoma Thomson, 1864 têm a base do protórax tão ou quase tão larga quanto a base dos élitros e evidentemente mais larga que a margem anterior; flagelômeros carenados e com espinhos curtos, fêmures cilíndricos e tíbias carenadas. Cosmoplatidius diferencia-se de Cosmoplatus pelos élitros expandidos a partir do meio para o ápice e com costas dorsais, e antenômeros VII-IX com espículo externo curto. Em Cosmoplatus, os élitros são desprovidos de costas e expandidos para o ápice desde a base e os antenômeros VII-IX apresentam espinho externo tão longo quanto 2/3 da largura apical do artículo.De Deltosoma, difere pelo processo prosternal estreito entre as procoxas, o mesosternal com 2/3 da largura da mesocoxa, e protórax com as margens laterais não ou apenas projetadas. Em Deltosoma, o processo prosternal é quadrangular, tão largo quanto uma procoxa, o mesosternal tão largo quanto uma mesocoxa e as margens laterais do protórax são projetadas, foliáceas.

Chave para as espécies de Cosmoplatidius

1. Pronoto com a área central negra (Fig. 11); genas com cerca da metade da largura do lobo ocular inferior; escapo cilíndrico; processo prosternal tão largo quanto metade de uma procoxa. (Fig. 4). Guiana, Guiana Francesa, Brasil (Amazonas, Mato Grosso, Goiás, São Paulo), Bolívia..................................... C. lycoides






1'. Pronoto com duas faixas laterais pretas (Figs 1, 6) ou sem áreas escurecidas; genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior; escapo piriforme; processo prosternal com cerca de 1/4 da largura de uma procoxa.................. 2

2. Antenômeros V e VI sem escova compacta de pêlos; protórax (Figs 13, 14) cerca de 1/3 mais largo que longo, com lados arredondados e aspecto mais hexagonal; epipleuras estreitadas para o ápice, largura no terço apical dos élitros cerca de 1/3 maior que a umeral.................. 3

2'. Antenômeros V e VI com escova compacta de pêlos; protórax (Fig. 12), no máximo, cerca de 1/4 mais largo que longo e aspecto geral mais quadrangular com lados mais paralelos; epipleuras não estreitadas para o ápice; largura no terço apical dos élitros quase duas vezes a largura umeral. (Fig. 5). México a Panamá, Colômbia, Trinidad......... C. sellatus

3. Dorso da cabeça inteiramente preto; escapo com pubescência amarelada contrastante com o tegumento, fina e densamente pontuado; pubescência do disco pronotal densa; élitros com duas costas dorsais. Macho: mandíbulas (Fig. 7) fortemente deprimidas no dorso, a margem externa elevada até o meio e terço apical anguloso; a margem interna com dente conspícuo; antenômeros IX-XI deprimidos e mais largos que os precedentes; antenômero XI apenas mais longo que o X. (Figs 1, 2). Peru, Brasil (Amazonas, Pará, Mato Grosso), Bolívia..................................... C. abare sp. nov.

3'. Dorso da cabeça com duas faixas pretas; escapo subglabro, a pubescência não contrastante com o tegumento; disco pronotal com pubescência pouco aparente; élitros com única costa. Macho: mandíbulas (Fig. 8) convexas no dorso, borda externa não elevada com dente no terço apical e margem interna sem dente; antenômeros IX-XI tão estreitos quanto os anteriores; antenômero XI 1/4 mais longo que o X. (Fig. 3). Equador, Peru, Brasil (Amazonas, Pará, Rondônia, Goiás), Bolívia.............................. C. simulans

Cosmoplatidius simulans (Bates, 1870) comb. nov.

Figs 3, 8, 14

Pteroplatus simulans Bates, 1870: 428; Monné, 2005: 449 (cat.).

Cosmoplatus (Cosmoplatidius) mandibularis Gounelle, 1911: 132. Syn. nov.

Cosmoplatidius mandibularis; Aurivillius, 1912: 455 (cat.); Monné, 2005: 449 (cat.).

Macho. Tegumento predominantemente alaranjado. Tegumento preto: duas largas faixas na região dorsal da cabeça que se estendem até o clípeo e deixam a fronte quase totalmente enegrecida; duas faixas laterais no pronoto contínuas com as faixas do dorso da cabeça; flagelômeros III-XI; pro-, meso- e metepisternos; metasterno (exceto em faixa mediana longitudinal e processo intercoxal anterior, amarelados) e urosternitos; tíbias e tarsos negros a castanhos; terço mediano dos fêmures; nos élitros, larga faixa mediana com a margem anterior oblíqua ascendente da margem para a sutura, faixa aos lados da sutura, região circum-escutelar e terço apical, pretos.

Fronte e tubérculos anteníferos com pontuação fina, densa e superficial, e pubescência avermelhada pouco aparente. Dorso da cabeça opaco, sem pontos, pubescência inaparente. Genas quase impontuadas, glabras; ápices aguçados. Mandíbulas (Fig. 8) grosseiramente pontuado-rugosas; convexas nos dois terços basais; face dorso-lateral, no terço apical, com área deprimida e dente externo projetado e rombo; ápices projetados e aguçados; margem interna emarginada, sem dentes.

Antenas ultrapassam os élitros em 2-2,5 artículos. Escapo com pontuação fina mais densa e marcada na base, gradualmente mais esparsa e rasa para o ápice; pubescência avermelhada pouco aparente. Antenômeros III-VI com espinho curto no ápice interno, o externo anguloso; pontuação fina, densa e pubescência pouco aparente na face dorsal, aspecto brilhante; face ventral dos III-V com pêlos longos e adensados sem formar escova compacta, VI com pêlos longos e esparsos. Antenômeros VII-XI cilíndricos, mais delgados que os anteriores, finamente pontuados, subglabros. Antenômeros III-V com comprimentos iguais, pouco mais longos que o escapo e que o IV; VI-VIII pouco mais longos que o III; XI cerca de um quarto mais longo que o III e 1/3 mais longo que o X.

Protórax (Fig. 14) um terço mais largo que longo. Lados divergentes da margem anterior até o meio, depois sinuosos e convergentes até os ângulos posteriores que são projetados; tão largo ao nível do meio quanto na base; largura basal igual à dos úmeros e cerca de 1/3 maior que a largura na margem anterior. Ângulos anteriores discretamente pronunciados. Disco do pronoto opaco, impontuado com pubescência avermelhada pouco aparente; lados com pontos maiores, rasos, pouco aparentes, a pubescência mais conspícua. Prosterno com pubescência esbranquiçada pouco aparente; nos lados do protórax, avermelhada, sedosa, aparente. Mesosterno, metasterno e urosternitos I-IV opacos com pubescência amarelada, mais longa nos urosternitos.

Escutelo sem pontos, pilosidade inaparente. Élitros (Fig. 3) gradual e moderadamente expandidos a partir do meio, largura no terço apical cerca de 1/3 maior que a umeral; com pubescência curta e deitada: amarelada nas regiões com tegumento alaranjado, castanha onde o tegumento é escuro; costa dorsal externa aparente, a interna inconspícua; margem externa, na metade apical, e ápices com franja curta, rala, entremeada por pêlos mais longos. Epipleuras gradualmente estreitadas para os ápices elitrais.

Fêmures sublineares, delgados, com pontuação fina, densa e superficial; pubescência avermelhada aparente e longas cerdas esparsas em toda a superfície; metafêmures atingem a base do urosternito IV. Tíbias delgadas com cerdas abundantes em toda a superfície e pubescência muito esparsa.

Variabilidade. A mancha amarelada umeral e a faixa mediana dos élitros podem apresentar-se muito reduzidas.

Dimensões em milímetros, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total 18,0-12,2/13,9-11,8; comprimento do protórax 3,0-1,8/2,0-1,6; largura mediana do protórax 4,0-2,6/3,0-2,0; largura basal 3,9-2,5/3,0-2,0; comprimento do élitro 12,5-9,0/10,8-9,2; largura umeral 4,3-2,8/3,3-2,5.

Material-tipo. De Pteroplatus simulans: BATES (1870) baseou a descrição em exemplares dos dois sexos, provenientes de Ega (= Tefé), mas não especificou o número de exemplares e forneceu apenas uma medida: sete linhas de comprimento (= 14,7 mm). CHEMSAK (1967) designou lectótipo, macho portador do rótulo manuscrito de Bates e depositado no MNHN. De C. mandibularis: GOUNELLE (1911) baseou a espécie em seis síntipos, cinco provenientes de Jataí, Goiás, e um da Bolívia. Originalmente um síntipo foi depositado no NHRS, outro no DEIC.

Discussão. O exame dos síntipos (MNHN) de Cosmoplatidius mandibularis Gounelle, 1911 e do lectótipo de Pteroplatus simulans Bates, 1870 por um dos autores (DSN) conduziu à sinonímia. Vide outros comentários em C. abare sp. nov.

Material examinado. EQUADOR, Napo: Ataualpa (1 km W), fêmea, IV.1997, F.T. Hovore leg. (FTHC); Shushuqui, macho, III.1987, D. Sanchéz (MNRJ). PERU, Ica: Chanchamayo, fêmea, III.1949, Col. H. Zellibor (MZSP). BRASIL, Amzonas: Mujo, fêmea, IX.1922, Boy leg. (MZSP). Pará: Belém, fêmea, II.1956, Dirings (MZSP); Santarém, fêmea, Acc. 2966 (retido do CMNH); Santo Antonio de Tauá (Reserva Sonho Azul), fêmea, II.1999, P. Jaufert leg., armadilha suspensa, isca vinho+açúcar (MZSP). Rondônia: Ouro Preto do Oeste, 2 machos, X.1983, macho, XII.1983, O. Roppa, J. Becker & B. Silva leg. (MNRJ); Vilhena, 2 machos (comparados com síntipos de C. mandibularis), 15.X.1986, C. Elias leg. (DZUP, Projeto POLONOROESTE). Mato Grosso do Sul: Corumbá, fêmea, XI, Acc. 2966 (CMNH). Bolívia, Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Flora & Fauna), macho, fêmea, 2-12.II.2000, J.E. Wappes leg. (MZSP, ACMB); fêmea, 16-31.XII.2002, R. Clarke leg. (MZSP); fêmea, 11-19.XII.2003, R. Clarke leg. (ACMB); macho, 21-25.XII.2003, R. Clarke leg. (DZUP). Província del Sara, macho, fêmea, Steinbach leg., Acc. 5043 (CMNH); Província? - Las Juntas, macho, XII.1913, J. Steinbach leg., Acc. 5053 (CMNH).

Cosmoplatidius abare sp. nov.

Figs 1, 2, 7, 13

Etimologia. Tupi, abaré = sacerdote. Homenagem ao Pe. Jesus Santigo Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

Macho. Fronte e toda a região dorso-lateral da cabeça pretas a castanhas; clípeo, genas e região ventral da cabeça amarelo-alaranjadas. Antenas, tíbias e tarsos negros a castanhos; fêmures alaranjados na metade basal, castanhos na apical. Disco do pronoto alaranjado, as regiões laterais castanho-escuras; prosterno alaranjado, lados do protórax castanho-escuros. Mesosterno alaranjado. Epimeros e episternos castanho-escuros. Metasterno e urosternitos acastanhados a castanho-amarelados. Élitros com o terço apical e larga faixa mediana transversa, pretos; margens anterior e posterior da faixa mediana irregulares: a posterior, às vezes, projeta-se para trás ao longo da sutura; a anterior contínua com faixa ao longo da sutura e em grande área em torno do escutelo.

Cabeça opaca, impontuada com pubescência amarelo-dourada mais densa na fronte e clípeo; genas e lados da cabeça com pubescência mais esparsa entremeada de pêlos longos e esparsos. Genas cerca de 1/5 mais longas que a largura do lobo ocular inferior, os ápices projetados e arredondados. Mandíbulas (Fig. 7) fortemente deprimidas no dorso, a margem externa elevada até o meio e terço apical anguloso; margem interna emarginada com forte dente mediano.

Antenas ultrapassam o ápice dos élitros em 2-2,5 artículos. Escapo com densa pubescência amarelada, deitada, contrastante com o tegumento escuro. Flagelômeros cilíndrico-deprimidos, as carenas menos aparentes nos IX-XI; finamente pontuados com pubescência castanho-amarelada mais adensada nos III-VI, contrastante com o tegumento escuro; III-VI com pêlos longos, abundantes e amarelados na face ventral sem formar escova compacta e com espículos nos ápices interno e externo; VII-X não adelgaçados, sem pêlos longos na face ventral, com espículo apical externo mais longo que o interno. Antenômero III cerca de 1/4 mais longo que o escapo e que o IV; V quase tão longo quanto o III; VI-VIII com comprimentos subiguais ao V; XI tão longo quanto o III e cerca de 1/4 mais longo que o X.

Protórax (Fig. 13) cerca de 1/3 mais largo que longo; lados subarredondados e divergentes da margem anterior até o meio onde são discretamente projetados, depois oblíquos, pouco atenuados para os ângulos posteriores que são pouco projetados. Tão a pouco mais largo ao nível do meio quanto na base, esta tão larga quanto os úmeros e cerca de 1/3 maior que a largura na margem anterior; ângulos anteriores não projetados. Pronoto um pouco convexo com denso revestimento de pubescência amarelo-alaranjada, sedosa, decumbente e dirigida para a linha mediana do pronoto e abundantes cerdas curtas, eretas, especialmente em torno da linha mediana; lados do pronoto com pontos grossos e densos, mais aparentes na metade anterior. Prosterno com densa pubescência esbranquiçada; lados do protórax com densa pubescência amarelo-dourada. Restante da superfície ventral com pubescência esbranquiçada curta mais aparente no meso- e metasterno.

Escutelo com densa pubescência castanha a alaranjada. Élitros (Fig. 1) como em C. simulans. Cada élitro com duas costas dorsais: a externa evidente da base até o sexto apical, a interna da base até pouco além do meio.

Fêmures cilíndricos; metafêmures alcançam o ápice do urosternito III.

Fêmea (Fig. 2). Mandíbulas arredondadas na face externa, pouco deprimidas, margem externa não proeminente. Antenas desde pouco mais curtas que o corpo, atingem o início do terço apical dos élitros, até tão longas quanto o corpo; antenômeros VII-X com aspecto serreado, mais expandidos que os precedentes; VI-IX com espinho interno mais longo que o externo; III o mais longo, cerca de 1/3 mais longo que os IV a VIII, subiguais em comprimento, o IV pouco mais curto; IX-XI mais robustos e mais curtos, o XI cerca de 1/3 mais curto que o III. Protórax mais nitidamente hexagonal, com a projeção mediana e os ângulos látero-posteriores mais evidentes, a largura basal até maior que a mediana; lados do protórax sem área de pontos grossos. Prosterno e lados do protórax finamente pontuados e pubescentes. Último urosternito arredondado no ápice.

Variabilidade. Machos menores podem apresentar as mandíbulas semelhantes às das fêmeas e o protórax com aspecto hexagonal como nas fêmeas. Colorido: disco do pronoto, em um exemplar, castanho com pilosidade clara; regiões laterais, às vezes, alaranjadas; élitros com colorido preto variável em extensão: em alguns exemplares são quase inteiramente pretos com apenas uma faixa transversal pós-mediana amarelada.

Dimensões, em milímetros, macho/fêmea respectivamente. Comprimento total 17,6-12,9/17,8-13,8; comprimento do protórax 3,2-2,2/3,2-1,8; largura mediana do protórax 4,8-3,1/4,2-3,2; largura basal do protórax 4,7-3.0/4.2-3,3; comprimento do élitro 13,3-10,0/14,2-10,7; largura umeral 4,8-3,1/4,2-3,6.

Material-tipo. Holótipo macho, BRASIL, Amazonas: Porto Velho (Rio Madeira), VI.1951, Dirings (MZSP). Parátipos (12 machos, 10 fêmeas): mesmos dados do holótipo, macho, fêmea (MNRJ, DZUP). Amazonas: Borba (Rio Madeira), macho, VI.1944, Parko leg. (MZSP). Pará. Santaremsinho (Município de Itaituba, Rio Tapajós), macho, fêmea, VI.1960, Dirings (MZSP), macho, VIII.1961, Dirings (DZUP). Mato Grosso. Rosário Oeste, fêmea, II.1971, Dirings. (MZSP). PERU, Loreto: Pucallpa, fêmea, 10.XII.1950, Col. H. Zellibor (MZSP). BOLÍVIA Província del Sara: (450 m), fêmea, V.1910, Stenbach leg. (CMNH); macho, fêmea, XII.1910, J. Steinnbach leg. (MZSP); macho, XII.1912, Steinbach (CMNH). Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Flora & Fauna), macho, 23-25.IV.2004, Wappes & Cline leg. (ACMB); macho, 2 fêmeas, 11-12.IX.2004, Wappes & Cline leg. (MZSP, ACMB); (Potrerito Road, 3 km W Buena Vista), macho, 10-12.IV.2004, E. Ortez leg. (ACMB); (El Cairo, 5 km W Buena Vista), macho, 28-29.IV.2004, Wappes & Cline leg. (ACMB); Concepción (25 km S, Hacienda San Sebastión) (sic), macho, 9-10.V.2004, Wappes & Cline leg. (DZUP); Roboré, macho, 28.II-1.III.1954, C. Gans & F. Pereira leg. (MZSP). Província?- Piedra Blanca, 2 fêmeas (CMNH, MZSP).

Discussão. Cosmoplatidius abare sp. nov. assemelha-se à C. simulans, da qual se distingue (C. simulans entre parêntesis): 1) Colorido: dorso da cabeça inteiramente preto; escapo preto; faixa preta mediana dos élitros com a margem anterior transversa (com duas faixas laterais pretas; escapo alaranjado; margem anterior da faixa transversal preta, oblíqua ascendente da margem externa para a sutura); 2) Pubescência, em geral, muito densa; contrastante com o tegumento escuro no escapo, antenômeros III-VI e lados do protórax (pouco aparente, não contrastante com tegumento); 3) Pronoto com pontuação sexual evidente nas regiões laterais (pouco aparente); 4) Mandíbulas do macho (Fig. 7) fortemente deprimidas no dorso, a margem externa elevada até o meio e terço apical anguloso; margem interna emarginada com forte dente mediano (convexas no dorso, margem externa não elevada com dente no terço apical e margem interna sem dente, Fig. 8); 5) antenômeros VII-XI deprimidos, quase tão largos quanto os precedentes (cilíndricos, mais delgados que os precedentes); 6) protórax: lados subarredondados e divergentes da margem anterior até o meio onde são discretamente projetados, depois oblíquos, pouco atenuados para os ângulos posteriores (lados divergentes da margem anterior até o meio, depois sinuosos e convergentes até os ângulos posteriores).

Cosmoplatidius lycoides (Guérin-Méneville, 1844)

Figs 4, 10, 11

Pteroplatus lycoides Guérin-Méneville, 1844: 233; Tavakilian, 1991: 447 (in syn.).

Cosmoplatidius lycoides; Monné, 1994: 46; 2005: 449 (cat.).

Pteroplatus annulipes Blanchard in D'Orbigny, 1846: 207, pl. 21, fig. 1.

Cosmoplatus (Cosmoplatidius) annulipes; Gounelle, 1911: 133.

Cosmoplatidius annulipes; Aurivillius, 1912: 455 (cat).

Macho. Cabeça (Fig. 10) com a fronte, dorso e regiões laterais após os lobos inferiores, pretos; clípeo, genas, face ventral e área triangular dorsal, alaranjados. Antenas pretas, exceto face ventral e laterais do escapo, vermelho-alaranjadas. Pronoto (Fig. 11) preto em toda a área central, alaranjado nas laterais; lados do protórax castanho-escuros, prosterno alaranjado. Restante da superfície ventral castanha, exceto processo mesosternal, amarelado. Pernas castanho-escuras, os fêmures com anel amarelo-alaranjado antemediano. Escutelo castanho-escuro. Élitros (Fig. 4) alaranjados, com terço apical, larga faixa transversal mediana, faixa preta aos lados da sutura na metade basal e região circum-escutelar, pretos.

Cabeça com fronte fina e densamente pontuada, pubescência inconspícua; entre os tubérculos anteníferos microcorrugada e, na região posterior, opaca, sem pontos e pubescência pouco aparente. Clípeo acompanha a declividade da fronte. Genas pouco mais longas que a metade da largura do lobo ocular inferior, largamente arredondadas no ápice; pontuação grossa, rasa e irregular. Mandíbulas (Fig. 10) pouco robustas; convexas no dorso, a face externa arredondada com a margem ligeiramente foliácea; pontuação grossa, moderadamente densa e cerdas avermelhadas esparsas.

Antenas tão longas quanto o corpo ou ultrapassam os élitros em um artículo. Escapo robusto, cilíndrico gradualmente engrossado para o ápice, discretamente deprimido na base; fina e densamente pontuado, a escultura bem marcada, e pubescência avermelhada pouco aparente. Antenômeros III-XI cilíndrico-deprimidos, fina e densamente pontuados; III-VI com abundantes cerdas castanhas e pubescência inconspícua na face dorsal, na ventral com cerdas densas de comprimentos desiguais que não formam escova compacta; VII-XI tão largos quanto os precedentes, com pilosidade mais esparsa e pêlos muito longos e esparsos na face ventral e ápices. Antenômeros III-VI com espículo apical interno, o ápice externo apenas anguloso, VII com espículo apical interno e externo, VIII-X com espinho apical externo mais longo que o interno. Antenômeros III e XI os mais longos, com comprimentos subiguais e pouco mais longos que os demais; XI cerca de 1/3 mais longo que o X.

Protórax (Fig. 11) hexagonal, os lados divergentes da margem anterior para a posterior com pequena projeção mediana subacuminada e discretamente sinuosos entre esta projeção e os ângulos látero-posteriores que são bem pronunciados. Largura na base igual à largura umeral. Margem anterior cerca de 1/3 mais estreita que a posterior, os ângulos anteriores nulos. Pronoto aplanado. Superfície opaca, sem pontos, exceto nas regiões laterais com pontos grossos, rasos, pouco aparentes; pubescência castanha pouco aparente na grande área de tegumento escuro, e amarelo-dourada, conspícua, nas regiões com tegumento alaranjado. Prosterno com pubescência esbranquiçada esparsa; nos lados do protórax, amarelada, mais aparente. Processo prosternal com cerca da metade da largura da procoxa, os lados subparalelos o ápice encurvado. Restante da superfície ventral com pubescência amarelada, uniformemente densa. Último urosternito transverso, truncado-arredondado no ápice.

Escutelo com densa pubescência castanha. Élitros moderada e gradualmente expandidos a partir do meio, no terço apical cerca de 1/3 mais largos do que nos úmeros; pontos setígeros aparentes desde a base, costas pouco conspícuas; margem externa e ápices com cerdas pouco adensadas entremeadas com pêlos longos e esparsos. Eplipleuras declives na metade basal, gradualmente estreitadas para os ápices.

Fêmures um pouco engrossados; pontuação fina, rasa e densa, e cerdas amareladas densas em toda a superfície; metafêmures atingem o ápice do urosternito III. Tíbias com cerdas castanhas moderadamente densas.

Fêmea. Antenas mais curtas que o corpo, atingem o início da curvatura apical dos élitros; escapo mais delgado e mais deprimido na base; flagelômeros mais deprimidos com pilosidade e pubescência mais aparentes; antenômero XI cerca de 1/4 mais curto que o III e pouco mais longo que o X, apendiculado. Largura basal do protórax pouco menor que a umeral; lados do pronoto, propleuras e prosterno finamente pubescentes, sem pontos grossos. Élitros com costas mais aparentes. Metafêmures atingem o meio do urosternito III. Urosternito V fortemente transverso, ápice retilíneo.

Variabilidade. A área central preta do pronoto pode ser dividida por estreita faixa longitudinal amarelada. Élitros desde inteiramente pretos, exceto úmeros alaranjados e pequena mancha ou faixa transversal pós-mediana amareladas, até quase inteiramente alaranjados exceto terço apical e região circum-escutelar, pretos.

Dimensões, em milímetros, macho/fêmea respectivamente. Comprimento total 12,0/12,8-11,3; comprimento do protórax 1,6/1,7-1,4; largura mediana do protórax 2,3/2,6-2,2; largura basal do protórax 2,7/3,1-2,6; comprimento do élitro 9,3/10,2-8,7; largura umeral 2,8/3,2-2,7.

Material-tipo. De Pteroplatus lycoides Guérin-Méneville, 1844: holótipo macho (MNHN) procedente do Brasil, examinado por meio de diapositivo. De Pteroplatus annulipes Blanchard, 1846: holótipo macho (MNHN) descrito da Bolívia e examinado por meio de diapositivo.

Discussão. C. lycoides distingue-se das demais espécies do gênero pelos caracteres mencionados na chave além do protórax fortemente trapezoidal (Figs 4, 11) nos dois sexos e o urosternito V com ápice truncado-arredondado nos machos e retilíneo nas fêmeas.TAVAKILIAN (1991) considerou Pteroplatus lycoides Guérin-Méneville, 1844 sinônima de Pteroplatus annulipes Blanchard, 1843 (sic). Não pudemos encontrar nenhuma referência a Blanchard, 1843 e, de acordo com MONNÉ (1994) P. lycoides tem prioridade sobre P. annulipes, mas com data de 1847. Na realidade o trabalho de Blanchard data de 1846, segundo SHERBORN & WOODWARD (1901), portanto, P. lycoides é o nome que tem a prioridade e é o adotado neste trabalho.

Material examinado. BRASIL, Rondônia: Ouro Preto do Oeste, macho, X.1983, O. Roppa, J. Becker & B. Silva leg. (MNRJ). Goiás: macho (MZSP); Jataí, macho (MNHN, Col. Gounelle); macho, 2 fêmeas (MZSP); fêmea, XII.1897-I.1898, Pujol leg. (MNHN, Col. Gounelle); Vianópolis, 2 fêmeas, III.1930, R. Spitz leg. (MZSP); São Paulo: Batatais, macho, XII.1943, Pe. Pereira leg. (MZSP). BOLÍVIA, Santa Cruz: Buena Vista (4-6 km SSE, Hotel Flora & Fauna), 2 machos, 16-31.I.2003, R. Clarke leg.; fêmea, 1-16.IV.2003, R. Clarke leg.; macho, 5-8.V.2004, Wappes & Cline leg.

Cosmoplatidius sellatus (White, 1853)

Figs 5, 6, 9, 12

Pteroplatus sellatus White, 1853: 82, pl. 3, fig. 3.

Cosmoplatidius sellatus; Linsley, 1961: 4; Monné, 2005: 449 (cat.).

Cosmoplatidius ochraceus Linsley, 1961: 5; Monné, 2005: 449. Syn. nov.

Macho. Cabeça alaranjada; fronte, genas e duas largas faixas que se estendem da fronte por todo o dorso a cada lado e laterais da cabeça após os lobos oculares inferiores, pretas. Antenas e pernas pretas ou alaranjadas. Protórax alaranjado; pronoto com duas faixas laterais pretas contínuas com as faixas do dorso da cabeça; lados do protórax castanho-escuros; prosterno e mesosterno alaranjados. Metasterno e urosternitos castanho-escuros ou alaranjados. Escutelo alaranjado ou preto. Élitros inteiramente alaranjados ou com o terço apical e grande área triangular no terço basal, pretos.

Fronte abaulada na região mediana que é finamente pontuado-rugosa e subglabra; Dorso da cabeça, entre as faixas de tegumento escuro, com pilosidade amarelo-dourada; nas faixas escuras, pubescência castanha curta e densa. Genas tão longas ou pouco mais curtas que a largura do lobo ocular inferior, ápices subacuminados; pontuação grossa, densa a esparsa; pilosidade alaranjada, longa e esparsa. Mandíbulas (Fig. 9) robustas, convexas no dorso e deprimidas na metade basal interna; face externa arredondada com pontuação variável; ápices projetados e aguçados; face interna com dente rombo no terço apical.

Antenas tão longas quanto o corpo ou ultrapassam ápice elitral em 1,5-2,5 artículos. Escapo fina e muito densamente pontuado-corrugado com densas cerdas castanhas. Flagelômeros III-VI finamente corrugados com cerdas curtas e densas na face dorsal; face ventral com franja compacta de cerdas castanhas mais evidente nos V-VI (Figs 5, 6); VII-XI mais delgados que os precedentes, pubescentes com raros pêlos longos na face ventral e ápices; III-IV com ápice interno projetado e anguloso, o externo nulo, V-X com espinhos curtos nos ápices interno e externo, mais aparentes nos VII-X. Antenômeros III, VII e VIII com comprimentos subiguais, cerca de 1/3 mais longos que o escapo e antenômeros IV e V; XI 1/3 mais curto que o III, tão longo quanto o X, acuminado no quarto apical.

Protórax (Fig. 12) cerca de 1/4 mais largo que longo, moderada e regularmente arredondado aos lados, aspecto quadrangular; um pouco constrito à frente dos ângulos látero-posteriores que são proeminentes; ângulos anteriores nulos. Maior largura na base, subigual à largura ao nível do meio e pouco menor que a umeral. Pronoto um pouco convexo, com pontos moderadamente densos nas regiões laterais; no disco e nos lados com pilosidade amarelo-dourada densa; nas faixas de tegumento escuro com pubescência castanha curta. Lados do protórax com pontos grossos e pilosidade, densos. Prosterno com pontuação sexual bem marcada e pilosidade esbranquiçada adensada.

Escutelo com pubescência amarelo-dourada. Élitros (Fig. 5) com pubescência amarelo-dourada bem aparente nas áreas de tegumento alaranjado, castanha e curta onde o tegumento é preto; pontos setígeros pouco aparentes. Epipleuras declives na metade basal e totalmente expandidas na apical; largura no terço apical quase duas vezes a umeral. Cada élitro com duas costas dorsais pouco mais aparentes na região mediana e o limite com a epipelura marcado em forma de costa na metade apical. Margem externa, do meio até o início da curvatura apical, com franja curta e compacta de cerdas rijas; nos ápices com cerdas curtas, esparsas e alguns pêlos longos.

Fêmures com pontuação fina, rasa e densa, e pilosidade esparsa; metafêmures atingem o terço basal do urosternito III. Tíbias com cerdas moderadamente densas.

Fêmea. Mandíbulas mais delgadas, com depressão mais rasa no dorso. Antenas mais curtas que o corpo, alcançam início da curvatura apical dos élitros; antenômeros VII-X deprimidos, com espinhos mais evidentes; XI muito curto, menor que a metade do comprimento do III, apendiculado, bem aguçado na metade apical. Protórax mais hexagonal, pouco constrito à frente dos ângulos látero-posteriores. Metafêmures atingem a base do urosternito III. Urosternito V truncado no ápice.

Variabilidade. O colorido do corpo pode ser inteiramente alaranjado (Fig. 6), sem faixas enegrecidas na cabeça e pronoto. De acordo com LINSLEY (1961) os élitros podem ter três padrões distintos: 1) quase inteiramente amarelos com os ápices estreitamente enegrecidos; 2) amarelos com o quarto apical preto; 3) amarelos com os ápices e faixa antemediana pretos. A pilosidade e pontuação do corpo e apêndices são mais densas em exemplares do norte da distribuição (México); nos de Trinidad y Tobago são esparsas, especialmente nos apêndices.

Dimensões, em milímetros, macho/fêmea respectivamente. Comprimento total 15,1-12,2/15,5-12,7; comprimento do protórax 2,5-1,8/1,8-2,0; largura mediana do protórax 3,3-2,6/ 2,5-3,2; largura basal do protórax 3,3-2,6/3,4-2,6; comprimento do élitro 11,0-9,2/12,2-9,7; largura umeral 3,5-2,7/3,6-2,8.

Material-tipo. De Pteroplatus sellatus White, 1853: holótipo fêmea (BMNH), descrita de Puebla, México, examinada por meio de diapositivo. De Cosmoplatidius ochraceus Linsley, 1961: holótipo macho (BMNH), descrito de "Lake Sapatoza Region", Chiriguana (9º22'N, 73º36'25"W), Cesar, Colômbia, examinado por meio de diapositivo (Fig. 6).

Discussão. C. sellatus distingue-se das demais espécies pelos caracteres mencionados na chave, além de ser a única que apresenta o antenômero XI bem mais curto que o III nos dois sexos (nas fêmeas com metade do comprimento do III). O exame dos diapositivos dos tipos, corroborado pelo exame de material com procedências diversificadas (México a Colômbia e Trinidad e Tobago) permitiu-nos verificar como a espécie varia, independentemente da distribuição e, portanto, estabelecer a sinonímia entre C. sellatus White, 1853 e C. ochraceus Linsley, 1961.

Material examinado. MÉXICO, Macho (MNHN, Col. Bates). Puebla: Izucar: macho (MNHN, Col. Gounelle); Chiapas: Sumidero (Parque Nacional), fêmea, VI.1989, E. Zuccaro & P. K. Lagos leg. (ACMB); fêmea, VI.1989, B.C. Ratclife leg. (MZSP); La Trinitaria (3-5 km S), fêmea, X.1988, J.E. Wappes leg. (ACMB). EL SALVADOR, La Libertad: Yam, macho, I.1960, J. Bechynè leg. (MNRJ). HONDURAS, Olancho: La Muralla (Parque Nacional), fêmea, V.1995, J.E. Wappes leg. (ACMB). COSTA RICA, Guanacaste: R. Gongora (6 km NE de Quebrada Grande de Liberia, 700 m), macho, II.1992, Curso de Parataxonomia (INBio). PANAMÁ, Panamá: Cermeño, 3 machos, V.1939, Zetec leg. (ACMB, MZSP, DZUP); Cerro Campana, macho, V.1985, F.T. Hovore leg. (FTHC); Bayano distr., Ipeti (3-5 km W), fêmea, V.1986, F.T. Hovore leg. (FHTC); Coclé, El Valle, fêmea, I.1994, J.E. Wappes (ACMB). TRINIDAD E TOBAGO, Trinidad: Curepe, macho, IX.1969, Benet leg. (MZSP); Maracas Bay, 2 machos, VIII.1969, H. & A. Howden leg. (MZSP, DZUP); Tunapuna, fêmea, VIII.1969, H. & A. Howden leg. (MZSP). COLÔMBIA, Tolima, Chaparal, fêmea, 1914, Col. F. Tippmann (USNM); Ibaqué, macho, VI.1991, M. Curzo leg. (MZSP); Magdalena: Zaino (Parque Nacional Natural Tayrona, 11º 20'N 74º 2'W, 50 m,), fêmea, 3-22.IX.2000, R. Henriquez leg., Malaise (MZSP). Província? La Garita (Gebirge), fêmea, W. Fritsche leg. (MNHN, Col. Gounelle); Hacienda Pehlke, 2 machos, IV-VI.1908, Col. Tippmann (USNM); Río Magdalena, macho, 1914, Col. F. Tippmann (MZSP).

AGRADECIMENTOS

A Albino M. Sakakibara (DZUP) pelas fotos que ilustram o trabalho.

Recebido em 17.VIII.2005; aceito em 08.V.2006.

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  • WHITE, A. 1853. Catalogue of the coleopterous insects in the collection of the British Museum. Longicornia 1. London, British Museum, vol. 7, p. 1-174.
  • 1
    Contribuição número 1614 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Jul 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2006

    Histórico

    • Recebido
      17 Ago 2005
    • Aceito
      08 Maio 2006
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