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Métodos fisiológicos como índices de mensuração do esforço auditivo: uma revisão integrativa da literatura

RESUMO

Objetivo:

revisar a literatura científica e apresentar os instrumentos e métodos existentes para a avaliação objetiva do esforço auditivo em indivíduos normo-ouvintes no cenário mundial.

Métodos:

esta foi uma revisão integrativa de literatura cujo intuito foi reunir e resumir o conhecimento científico a respeito da temática métodos objetivos para mensuração do esforço auditivo, desenvolvida por meio da busca de artigos em periódicos especializados, nacionais e internacionais, nos idiomas inglês e português, disponíveis nas bases de dados: PUBMED, Biblioteca Cochrane, LILACS e SCIELO.

Resultados:

foram revisados 18 artigos nos quais os métodos fisiológicos foram empregados para mensurar o esforço auditivo em indivíduos normo-ouvintes. Os principais achados dos artigos revisados se referem aos autore(s) e objetivo(s) da pesquisa, país onde a pesquisa foi conduzida, casuística, método fisiológico empregado e, resultados.

Conclusão:

não existe consenso entre os pesquisadores quanto ao melhor método fisiológico para mensurar este parâmetro, ou seja, este esforço nas tarefas de percepção de fala, embora o nível de condutância da pele tenha sido considerado a medida mais precisa até o momento.

Descritores:
Audição; Cognição; Frequência Cardíaca; Pupila; Resposta Galvânica da Pele

ABSTRACT

Purpose:

to review the scientific literature and present existing instruments and methods for the objective assessment of the listening effort in normal hearing individuals worldwide.

Methods:

a literature integrative review whose purpose was to gather and summarize the scientific knowledge regarding the objective methods theme for measuring the listening effort, developed through the search of articles in specialized national and international journals, in the English and Portuguese languages, available in the databases: PUBMED, Cochrane Library, LILACS and SCIELO.

Results:

18 articles which used physiological methods to measure the listening effort in individuals with normal hearing were reviewed. The main findings described in those articles refer to the author(s) and purpose(s) of the research, country where the research was conducted, casuistry, physiological method used and results.

Conclusion:

there is no consensus among the researchers about the best physiological method to measure this parameter, that is, this effort in the speech perception tasks, although the level of skin conductance is considered the most accurate measure to date.

Keywords:
Hearing; Cognition; Heart Rate; Pupil; Galvanic Skin Response

Introdução

Nos últimos anos, as áreas da psicologia cognitiva e da audiologia têm se empenhado em encontrar o método mais apropriado de mensurar o esforço auditivo, utilizando diferentes instrumentos para quantificar esse fenômeno tanto por meio de procedimentos subjetivos quanto de procedimentos objetivos. Na avaliação subjetiva tem sido usados questionários11. Gatehouse S, Noble W. The speech, spatial and qualities of hearing scale (SSQ). Int J Audiol. 2004;43(2):85-99.,22. Gatehouse S, Akeroyd M. Two-eared listening in dynamic situations. Int J Audiol. 2006;45(Suppl 1):S120-4., escalas de classificação33. Humes LE. Dimensions of hearing aid outcome. J Am Acad Audiol. 1999;10(1):26-39. ou métodos de autorrelato. Apesar de estes métodos serem de fácil e rápida aplicabilidade, o uso de um método objetivo para quantificar esse esforço cognitivo, em contextos clínicos, seria de inestimável valor para a obtenção de resultados mais precisos e fidedignos.

Na literatura encontram-se diferentes abordagens para estimar o esforço auditivo objetivamente. Um dos métodos de mensuração empregados por pesquisadores que estudam esta temática é a pupilometria44. Goldwater BC. Psychological significance of pupillary movements. Psychol Bull. 1972;77(5):340-55.

5. Kramer SE, Kapteyn TS, Festen JM, Kuik DJ. Assessing aspects of auditory handicap by means of pupil dilatation. Audiology. 1997;36(3):155-64.
-66. Zekveld AA, Kramer SE, Festen JM. Pupil response as an indication of effortful listening: the influence of sentence intelligibility. Ear Hear. 2010;31(4):480-90.. Nestes estudos, o estímulo de fala utilizado para avaliação do esforço auditivo foram sentenças apresentadas em diferentes relações sinal-ruído, a resposta esperada era a repetição destas sentenças e o aumento do diâmetro da pupila era interpretado como um aumento do esforço auditivo.

Outros estudos utilizaram medidas fisiológicas diferentes para investigar e quantificar o esforço auditivo, dentre elas a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), condutância e temperatura da pele e, atividade eletromiográfica(EMG). Os autores afirmaram que essas medidas poderiam ser empregadas como possíveis índices de esforço auditivo77. Mackersie CL, Cones H. Subjective and psychophysiological indexes of listening effort in a competing-talker task. J Am Acad Audiol. 2011;22(2):113-22..

Assim como nos estudos com pupilometria, os dados fisiológicos foram registrados durante uma tarefa de reconhecimento de fala e, à medida que a demanda da tarefa aumentava, a atividade eletromiográfica e a condutância da pele também aumentavam.

Autores88. Fournier LR, Wilson GF, Swain CR. Electrophysiological, behavioral, and subjective indexes of workload when performing multiple tasks: manipulations of task difficulty and training. Int J Psychophysiol. 1999;31(2):129-45.

9. Wilson GF, Russell CA. Real-time assessment of mental workload using psychophysiological measures and artificial neural networks. Hum Factors. 2003;45(4):635-44.
-1010. Richter M, Friedrich A, Gendolla GHE. Task difficulty effects on cardiac activity. Psychophysiology. 2008;45(5):869-75. relataram que alterações nas medidas cardíacas e na condutância da pele são comumente observadas quando as demandas mentais das tarefas são aumentadas. Outros autores1111. Backs RW, Seljos KA. Metabolic and cardiorespiratory measures of mental effort: The effects of level of difficulty in a working memory task. Int J Psychophysiol. 1994;16(1):57-68,1212. Veltman JA, Gaillard AWK. Physiological workload reactions to increasing levels of task difficulty. Ergonomics. 1998;41(5):656-69. constataram alterações na respiração, na eletromiografia, na atividade da eletroencefalografia e na temperatura da pele, durante a avaliação do esforço auditivo, porém estas medidas foram menos consistentes para quantificar este esforço.

Um estudo de revisão sobre o esforço auditivo1313. McGarrigle R, Munro KJ, Dawes P, Stewart AJ, Moore DR, Barry JG et al. Listening effort and fatigue: what exactly are we measuring? A British Society of Audiology Cognition in Hearing Special Interest Group 'white paper'. Int J Audiol. 2014;53(7):433-40. concluiu que a falta de uniformidade nos métodos empregados para a avaliação deste parâmetro deve-se as suposições distintas dos profissionais envolvidos na área. Diante disso, estes autores1313. McGarrigle R, Munro KJ, Dawes P, Stewart AJ, Moore DR, Barry JG et al. Listening effort and fatigue: what exactly are we measuring? A British Society of Audiology Cognition in Hearing Special Interest Group 'white paper'. Int J Audiol. 2014;53(7):433-40. recomendaram que os pesquisadores considerem essas premissas ao interpretar seus dados e, sempre que possível, façam previsões baseadas nos conhecimentos teóricos atuais para aumentar a compreensão acerca dos mecanismos subjacentes ao esforço auditivo.

Apesar de a literatura internacional apresentar diversos estudos que mensuram o esforço auditivo de forma objetiva, ainda não há um consenso no que se refere ao melhor índice para se avaliar este parâmetro.

Conhecer as pesquisas e os instrumentos de avaliação objetiva do esforço auditivo que têm sido empregados no âmbito nacional e internacional é o primeiro passo para a capacitação do fonoaudiólogo que atua nesta área e, este domínio possibilitará a escolha do melhor método de avaliação. Desta forma, os objetivos do presente artigo foram revisar a literatura científica e apresentar os instrumentos e métodos existentes para a avaliação objetiva do esforço auditivo em indivíduos normo-ouvintes no cenário mundial.

Métodos

Por não utilizar seres vivos, não foi necessário a aprovação desse trabalho pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

O presente artigo apresenta como método a revisão integrativa da literatura, que tem como intuito reunir e resumir o conhecimento científico produzido a respeito de uma temática investigada, possibilitando a avaliação e a síntese das evidências disponíveis, colaborando para o desenvolvimento deste assunto1414. Mendes KDD, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64.. Esta revisão foi executada de acordo com as seguintes etapas: identificação da questão de pesquisa; busca na literatura por meio do estabelecimento de critérios, tais como: palavras-chave, critérios de inclusão e exclusão; avaliação e análise dos estudos incluídos na revisão bibliográfica; apresentação da revisão e síntese do conhecimento1515. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. 2005;52(5):546-53..

Com o propósito de nortear a busca e discussão dos estudos, foi formulada a seguinte questão: “Quais métodos existentes têm sido utilizados para avaliar o esforço auditivo de forma objetiva em indivíduos normo-ouvintes no cenário mundial?”. A fim de obter respostas para este questionamento, foi realizado o levantamento de artigos em periódicos especializados, nacionais e internacionais, tanto no idioma inglês quanto no português, disponíveis nas seguintes bases de dados: US National Library of Medicine National Institutes of Health(PUBMED), biblioteca Cochrane, Biblioteca Virtual em Saúde - Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online, de forma específica em cada base e, sem limitar o período de busca (SCIELO).

Para o levantamento dos artigos foram determinados termos relacionados ao tema “esforço auditivo”, encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), no Medical Subject Headings (MeSH) e, palavras-chave relacionadas ao tema, combinados entre si com a utilização dos operadores booleanos AND e OR. Os termos escolhidos para a busca foram utilizados de forma isolada e cruzada (Figura 1). Em todas as buscas foi utilizado o filtro “palavra”.

Figura 1:
Relação das palavras e descritores de assuntos utilizados na busca da literatura

Inicialmente, a inclusão ou exclusão dos artigos se baseou na informação contida no título e no resumo, porém se estas informações não fossem explicitas em relação ao tema pesquisado, o artigo foi lido para o cumprimento dos seguintes critérios de inclusão: artigos que empregassem métodos objetivos para a avaliação do esforço auditivo em indivíduos com audição normal. Foram excluídos todos os artigos sobre esforço auditivo que utilizavam apenas métodos de autorrelato, questionários, escalas subjetivas e paradigmas de tarefa dupla; estudos sobre avaliação do esforço auditivo em populações com perda de audição; trabalhos com animais; artigos aos quais apenas o resumo e/ou “abstract” estivessem disponíveis e, artigos de revisão de literatura.

A análise dos estudos embasou-se, inicialmente, na leitura dos títulos e resumos, seguida pela leitura integral dos artigos que se enquadraram nos critérios de seleção. Cada artigo foi avaliado por um dos autores e, em caso de incerteza, houve um consenso entre todos os autores quanto à inclusão do artigo.

As publicações que foram classificadas como elegíveis para esta revisão foram lidas por pelo menos um dos autores. As características principais dos estudos selecionados e dos índices fisiológicos empregados para mensurar o esforço auditivo foram organizadas em formato de figura.

Para a organização dos dados, foram computados os artigos que resultaram de cada termo cruzado, que se re petiram em relação à busca anterior e que estavam relacionados ao presente estudo.

Na análise dos estudos selecionados, foram considerados os seguintes dados: autores e objetivo(s) da pesquisa, país onde a pesquisa foi conduzida, casuística, método fisiológico empregado e resultados.

Revisão da Literatura

A partir da busca realizada nas bases de dados PUBMED, biblioteca Cochrane, LILACS e SCIELO, foram encontrados 206 artigos, sendo que cada artigo foi apresentado em uma ou mais bases de dados. Na leitura dos resumos desses artigos, foram excluídos aqueles que haviam sido previamente selecionados em outras bases de dados, aqueles que não se enquadravam nos critérios de inclusão e, ainda, os periódicos aos quais os artigos completos não se encontravam disponíveis durante o período da busca.

Desse total de 206 artigos, procedeu-se à leitura dos resumos e, descartaram-se 56 artigos porque os participantes apresentavam perda de audição, 16 pela indisponibilidade dos textos completos, 24 por se tratar de estudos cujo método de avaliação do esforço auditivo foi subjetivo, 69 não abordavam o tema esforço auditivo, 18 devido à duplicidade, 4 eram estudos de revisão de literatura e, 1 que era um estudo experimental desenvolvido com animais. Após esta análise detalhada, foram selecionados 18 artigos que atendiam aos critérios estabelecidos para esta revisão.

O processo de seleção dos estudos incluídos nesta revisão de literatura está ilustrado em forma de figura (Figura 2).

Figura 2:
Fluxograma da seleção dos artigos revisados e analisados

A síntese dos artigos que apresenta informações referentes aos autores e objetivo(s) da pesquisa, país onde a pesquisa foi conduzida, casuística, método fisiológico empregado e resultados dos estudos encontra-se na Figura 3.

Figura 3:
Síntese dos estudos selecionados para análise de métodos fisiológicos de avaliação do esforço auditivo em indivíduos com audição normal (n=18)

O artigo atual apresenta uma visão geral dos estudos que utilizaram métodos fisiológicos para avaliar o esforço auditivo de forma objetiva em indivíduos com audição normal e sua abrangência no cenário mundial. Ressalta-se que esta revisão foi conduzida conforme as diretrizes para uma revisão integrativa da literatura, pois não visava avaliar a qualidade dos estudos incluídos, mas descrever as publicações anteriores com o intuito de fornecer uma visão geral das pesquisas desenvolvidas até o momento sobre o tema esforço auditivo e, a mensuração deste parâmetro de forma objetiva.

De forma específica, os objetivos desta revisão foram apresentar os índices fisiológicos existentes que são empregados para a mensuração do esforço auditivo em indivíduos com audição normal no cenário mundial e, fornecer uma síntese dos resultados obtidos.

Com base nos estudos analisados foi possível inferir que dentre os índices fisiológicos utilizados para a mensuração do esforço auditivo e apresentados nos artigos revisados, o nível de condutância da pele demonstrou ser a medida mais precisa e promissora na quantificação deste esforço77. Mackersie CL, Cones H. Subjective and psychophysiological indexes of listening effort in a competing-talker task. J Am Acad Audiol. 2011;22(2):113-22.,2020. Wendt D, Dau T, Hjortkjær J. Impact of background noise and sentence complexity on processing demands during sentence comprehension front. Psychol. 2016;7(345):1-12.. Autores afirmaram que o aumento na condutância da pele ocorreu devido à excitação do sistema nervoso simpático em consequência do aumento da demanda empregada para a realização da tarefa de percepção de fala2222. Mackersie CL, Calderon-Moultrie N. Autonomic nervous system reactivity during speech repetition tasks: heart rate variability and skin conductance. Ear Hear. 2016;37(1):118S-25S..

Índices fisiológicos como a frequência cardíaca, a temperatura da pele77. Mackersie CL, Cones H. Subjective and psychophysiological indexes of listening effort in a competing-talker task. J Am Acad Audiol. 2011;22(2):113-22. e a pupilometria1717. McGarrigle R, Dawes P, Stewart AJ, Kuchinsky SE, Munro KJ. Measuring listening-related effort and fatigue in school aged children using pupillometry. J Exp Child Psychol. 2017;161:95-112. não sofreram alterações significativas que comprovaram o esforço auditivo empregado na tarefa de percepção de fala em indivíduos normais.

Contudo, estudo relatou que a dilatação pupilar, observada durante a aplicação de testes de percepção de fala, principalmente em situações adversas, reflete os processos auditivos e cognitivos necessários para a resolução da tarefa auditiva2828. Zekveld AA, Heslenfeld DJ, Joshrude IS, Versfeld NJ, Kramer SE. The eye as a window to the listening brain neural correlates of pupil size as a measure of cognitive listening load. Neuroimage. 2014;101:76-86..

Outro estudo investigou por meio da pupilometria se o esforço de processamento de músicos e não músicos é diferente. Os resultados demonstraram que os músicos dispensaram menor esforço auditivo ao desempenhar uma tarefa de percepção de fala em diferentes relações sinal-ruído durante o registro da pupilometria provavelmente devido às suas habilidades musicais1919. Bianchi F, Santurette S, Wendt D, Dau T. Pitch discrimination in musicians and non-musicians: effects of harmonic resolvability and processing effort. J. Assoc. Res. Otolaryngol. 2016;17(1):69-79..

Na maioria dos estudos revisados a população avaliada foi composta por adultos jovens, sendo apenas um estudo conduzido com uma população infantil1717. McGarrigle R, Dawes P, Stewart AJ, Kuchinsky SE, Munro KJ. Measuring listening-related effort and fatigue in school aged children using pupillometry. J Exp Child Psychol. 2017;161:95-112..

Alguns autores afirmam a relevância da realização de novas pesquisas para determinar os aspectos fisiológicos2121. Francis AL, MacPherson MK, Chandrasekaran B, Alvar AM. Autonomic nervous system responses during perception of masked speech may re?ect constructs other than subjective listening effort. Front. Psychol. 2016;7(263):1-15.,3232. Bernarding C, Corona-Strauss FI, Latzel M, Strauss DJ. Auditory streaming and listening effort: an event related potential study. IEEE. 2010;2010(1):6817-20. e da demanda cognitiva envolvidos no processamento de fala em diferentes relações sinal-ruído, com estímulos acústicos que apresentam características distintas e, considerando as respostas emocionais dos indivíduos avaliados2121. Francis AL, MacPherson MK, Chandrasekaran B, Alvar AM. Autonomic nervous system responses during perception of masked speech may re?ect constructs other than subjective listening effort. Front. Psychol. 2016;7(263):1-15.,2222. Mackersie CL, Calderon-Moultrie N. Autonomic nervous system reactivity during speech repetition tasks: heart rate variability and skin conductance. Ear Hear. 2016;37(1):118S-25S..

Vale ressaltar que dois estudos mensuraram o esforço auditivo tanto de forma subjetiva quanto objetiva e, constataram que a diferença dos métodos empregados na avaliação representava diferenças nos processos cognitivos envolvidos1616. Miles K, Mc Mahon C, Boisvert I, Ibrahim R, de Lissa P, Graham P et al. Objective assessment of listening effort: coregistration of pupillometry and EEG. Trends Hear. 2017;21:1-13.,2020. Wendt D, Dau T, Hjortkjær J. Impact of background noise and sentence complexity on processing demands during sentence comprehension front. Psychol. 2016;7(345):1-12..

Alguns estudos mensuraram o esforço auditivo de indivíduos normo-ouvintes com o uso de potenciais auditivos de longa latência2626. Bertoli S, Bodmer D. Effects of age and task difficulty on ERP responses to novel sounds present during a speech perception in noise test. Clin Neurophysiol. 2016;127(1):360-8.,3030. Bernarding C, Strauss DJ, Latzel M, Hannemann R, Chalupper J, Corona-Strauss FI. Simulations of hearing loss and hearing aid: effects on electrophysiological correlates of listening effort. IEEE. 2011;2011(1):2319-22.,3232. Bernarding C, Corona-Strauss FI, Latzel M, Strauss DJ. Auditory streaming and listening effort: an event related potential study. IEEE. 2010;2010(1):6817-20. e, os autores observaram que estas medidas foram capazes de detectar diferenças nas vias corticais auditivas quando os indivíduos realizaram o esforço auditivo necessário para desempenhar tarefas de percepção de fala e, até mesmo compreender o discurso em condições de escuta distintas, tais como silêncio e ruído. O estudo que utilizou o Potencial Evocado Auditivo Relacionado a Eventos2626. Bertoli S, Bodmer D. Effects of age and task difficulty on ERP responses to novel sounds present during a speech perception in noise test. Clin Neurophysiol. 2016;127(1):360-8. como índice de esforço auditivo visou comparar o desempenho de adultos jovens e idosos. A análise dos achados evidenciou que as amplitudes do Novelty P3 e do potencial positivo atrasado foram maiores em jovens do que em idosos e, que com o aumento da demanda da tarefa, o Novelty P3 apresentou efeitos mais robustos em jovens e o potencial positivo atrasado em idosos.

A presente revisão de literatura demonstra que os métodos fisiológicos empregados para a mensuração do esforço auditivo parecem ser sensíveis a diferentes condições experimentais, e por este motivo, são necessárias novas pesquisas que adotem outros delineamentos nesta mensuração.

Além disto, fica evidente que as pesquisas nesta área são relativamente recentes visto que dos 18 artigos selecionados, 72,2% dos artigos1616. Miles K, Mc Mahon C, Boisvert I, Ibrahim R, de Lissa P, Graham P et al. Objective assessment of listening effort: coregistration of pupillometry and EEG. Trends Hear. 2017;21:1-13.

17. McGarrigle R, Dawes P, Stewart AJ, Kuchinsky SE, Munro KJ. Measuring listening-related effort and fatigue in school aged children using pupillometry. J Exp Child Psychol. 2017;161:95-112.

18. Wagner AE, Toffanin P, Baskent D. The timing and effort of lexical access in natural and degraded speech. Front. Psychol. 2016;7(398):1-14.

19. Bianchi F, Santurette S, Wendt D, Dau T. Pitch discrimination in musicians and non-musicians: effects of harmonic resolvability and processing effort. J. Assoc. Res. Otolaryngol. 2016;17(1):69-79.

20. Wendt D, Dau T, Hjortkjær J. Impact of background noise and sentence complexity on processing demands during sentence comprehension front. Psychol. 2016;7(345):1-12.

21. Francis AL, MacPherson MK, Chandrasekaran B, Alvar AM. Autonomic nervous system responses during perception of masked speech may re?ect constructs other than subjective listening effort. Front. Psychol. 2016;7(263):1-15.

22. Mackersie CL, Calderon-Moultrie N. Autonomic nervous system reactivity during speech repetition tasks: heart rate variability and skin conductance. Ear Hear. 2016;37(1):118S-25S.

23. McMahon, Boisvert I, de Lissa P, Granger L, Ibrahim R, Lo CY et al. Monitoring alpha oscillations and pupil dilation across a performance-intensity function. Front. Psychol. 2016;7(745):1-12.

24. Wagner A, Pals C, Blecourt CM, Sarampalis A, Baskent D. Does signal degradation affect top-down processing of speech? In: Van Dijk P, Baskent D, Gaudrain E, Kleine E, Wagner A, Lanting C (orgs). Physiology, psychoacoustics and cognition in normal and impaired hearing. Switzerland: Springer Open, 2016. p. 297-306.

25. Damian A, Corona-Strauss FI, Hannemann R, Strauss DJ. Towards the assessment of listening effort in real life situations: mobile EEG recordings in a multimodal driving situation. IEEE. 2015;2015(1):8123-6.

26. Bertoli S, Bodmer D. Effects of age and task difficulty on ERP responses to novel sounds present during a speech perception in noise test. Clin Neurophysiol. 2016;127(1):360-8.

27. Koelewijna T, Kluivera H, Shinn-Cunninghamb BG, Zekvelda AA, Krame SE. The pupil response reveals increased listening effort when it is difficult to focus attention. Hear Res. 2015;323:81-90.
-2828. Zekveld AA, Heslenfeld DJ, Joshrude IS, Versfeld NJ, Kramer SE. The eye as a window to the listening brain neural correlates of pupil size as a measure of cognitive listening load. Neuroimage. 2014;101:76-86. são dos últimos cinco anos. Cabe ainda ressaltar que a análise dos artigos revelou a inexistência de estudos nacionais que mensuraram o esforço auditivo utilizando índices fisiológicos como método de mensuração deste parâmetro tanto em indivíduos normo-ouvintes quanto em indivíduos com perda de audição. Destaca-se ainda que na literatura internacional 50% das pesquisas foram conduzidas nos Estados Unidos da América77. Mackersie CL, Cones H. Subjective and psychophysiological indexes of listening effort in a competing-talker task. J Am Acad Audiol. 2011;22(2):113-22.,1717. McGarrigle R, Dawes P, Stewart AJ, Kuchinsky SE, Munro KJ. Measuring listening-related effort and fatigue in school aged children using pupillometry. J Exp Child Psychol. 2017;161:95-112.,2020. Wendt D, Dau T, Hjortkjær J. Impact of background noise and sentence complexity on processing demands during sentence comprehension front. Psychol. 2016;7(345):1-12.

21. Francis AL, MacPherson MK, Chandrasekaran B, Alvar AM. Autonomic nervous system responses during perception of masked speech may re?ect constructs other than subjective listening effort. Front. Psychol. 2016;7(263):1-15.
-2222. Mackersie CL, Calderon-Moultrie N. Autonomic nervous system reactivity during speech repetition tasks: heart rate variability and skin conductance. Ear Hear. 2016;37(1):118S-25S.,2929. Bernarding C, Strauss DJ, Hannemann R, Corona-Strauss FI. Quantification of listening effort correlates in the oscillatory EEQ activity: a feasibility study. IEEE. 2012;2012(1):4615-8.

30. Bernarding C, Strauss DJ, Latzel M, Hannemann R, Chalupper J, Corona-Strauss FI. Simulations of hearing loss and hearing aid: effects on electrophysiological correlates of listening effort. IEEE. 2011;2011(1):2319-22.

31. Zekveld AA, Kramer SE, Festen JM. Pupil response as an indication of effortful listening: the influence of sentence intelligibility. Ear Hear. 2010;31(4):480-90.
-3232. Bernarding C, Corona-Strauss FI, Latzel M, Strauss DJ. Auditory streaming and listening effort: an event related potential study. IEEE. 2010;2010(1):6817-20., 22,2% nos Países Baixos1818. Wagner AE, Toffanin P, Baskent D. The timing and effort of lexical access in natural and degraded speech. Front. Psychol. 2016;7(398):1-14.,2424. Wagner A, Pals C, Blecourt CM, Sarampalis A, Baskent D. Does signal degradation affect top-down processing of speech? In: Van Dijk P, Baskent D, Gaudrain E, Kleine E, Wagner A, Lanting C (orgs). Physiology, psychoacoustics and cognition in normal and impaired hearing. Switzerland: Springer Open, 2016. p. 297-306.,2727. Koelewijna T, Kluivera H, Shinn-Cunninghamb BG, Zekvelda AA, Krame SE. The pupil response reveals increased listening effort when it is difficult to focus attention. Hear Res. 2015;323:81-90.,2828. Zekveld AA, Heslenfeld DJ, Joshrude IS, Versfeld NJ, Kramer SE. The eye as a window to the listening brain neural correlates of pupil size as a measure of cognitive listening load. Neuroimage. 2014;101:76-86., 11,1% na Austrália66. Zekveld AA, Kramer SE, Festen JM. Pupil response as an indication of effortful listening: the influence of sentence intelligibility. Ear Hear. 2010;31(4):480-90.,2323. McMahon, Boisvert I, de Lissa P, Granger L, Ibrahim R, Lo CY et al. Monitoring alpha oscillations and pupil dilation across a performance-intensity function. Front. Psychol. 2016;7(745):1-12. (11,1%) e, 5,5% respectivamente na Dinamarca1919. Bianchi F, Santurette S, Wendt D, Dau T. Pitch discrimination in musicians and non-musicians: effects of harmonic resolvability and processing effort. J. Assoc. Res. Otolaryngol. 2016;17(1):69-79., Alemanha2525. Damian A, Corona-Strauss FI, Hannemann R, Strauss DJ. Towards the assessment of listening effort in real life situations: mobile EEG recordings in a multimodal driving situation. IEEE. 2015;2015(1):8123-6. e Suíça2626. Bertoli S, Bodmer D. Effects of age and task difficulty on ERP responses to novel sounds present during a speech perception in noise test. Clin Neurophysiol. 2016;127(1):360-8..

Diante da relevância em se estudar e pesquisar os processos cognitivos envolvidos na percepção da fala e seu esforço para compreendê-la, seria primordial a continuidade das investigações que contribuam para a descoberta do índice fisiológico mais preciso para a mensuração do esforço auditivo, a fim de beneficiar os indivíduos com perda de audição em seu processo de compreensão de fala em situações cotidianas.

Conclusão

Este estudo apresentou uma revisão de literatura sobre os índices fisiológicos mais comumente empregados para a mensuração do esforço auditivo de normo-ouvintes e, se concluiu que não existe consenso entre os pesquisadores quanto ao melhor método fisiológico para se mensurar este parâmetro auditivo, ou seja, este esforço nas tarefas de percepção de fala, embora o nível de conductância da pele tenha sido considerada a medida mais precisa para esta mensuração.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2018

Histórico

  • Recebido
    20 Mar 2018
  • Aceito
    25 Jun 2018
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