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A literacia familiar no desenvolvimento de habilidades linguísticas e metalinguísticas de pré-escolares

RESUMO

Objetivo:

verificar a prática de literacia familiar com crianças pré-escolares de uma escola pública de um município da região nordeste do Brasil.

Métodos:

participaram 21 pais ou responsáveis de crianças pré-escolares do Infantil IV e V de uma escola pública. Um questionário com 18 perguntas sobre a participação dos pais ou responsáveis em práticas de literacia familiar foi elaborado para a pesquisa. Os dados obtidos foram analisados de forma descritiva e inferencial, adotando-se nível de significância de 5%.

Resultados:

a média da idade dos pré-escolares foi de 69 meses e dos pais ou responsáveis que responderam ao questionário foi de 31 anos. A escolaridade da maioria dos pais era Ensino Fundamental Incompleto ou Ensino Médio Completo. Sobre a relação positiva entre a escolaridade dos pais/responsáveis e os itens do questionário, houve significância entre as práticas de prestar atenção quando a criança fala, demonstrar os sons das letras e palavras e ensinar/incentivar a criança a escrever seu próprio nome.

Conclusão:

práticas de literacia familiar não são comumente desenvolvidas na cultura do nordeste brasileiro e quando são relacionam-se mais àquelas cujas atividades assemelham-se ao que é ensinado em ambiente escolar. Também foi encontrada correlação fraca entre escolaridade dos responsáveis e as práticas de literacia familiar.

Descritores:
Promoção da Saúde; Linguagem Infantil; Desenvolvimento Infantil

ABSTRACT

Purpose:

to verify family literacy practices with preschoolers from a public school in a municipality of the Northeast Region of Brazil.

Methods:

21 parents/guardians of pre-kindergarten and kindergarten students from a public school participated in this study. A questionnaire with 18 items on the parents’/guardians’ participation in family literacy practices was develop for this research. The resulting data underwent descriptive and inferential analysis, with the significance level set at 5%.

Results:

the preschoolers’ mean age was 69 months, and that of the parents/guardians who answered the questionnaire was 31 years. The educational level of most parents/guardians was either high school or unfinished middle school. A significant, positive relationship, between the parents’/guardians’ educational level and the following questionnaire items was seen: paying attention to the children when they spoke, calling their attention to the sound of letters and words, and teaching/encouraging them to write their names.

Conclusion:

family literacy practices are not commonly developed in the culture of the Northeast Region of Brazil, and when so, most of them are similar to activities taught at school. There was also a weak correlation between the parents’/guardians’ educational level and the family literacy practices.

Keywords:
Health Promotion; Child Language; Child Development

Introdução

A garantia da saúde da criança envolve ações e serviços de saúde que visam assegurar o direito à vida e ao seu bem-estar, considerando determinantes e condicionantes sociais. Uma das medidas que garante estes aspectos está na atenção básica à saúde que promove e acompanha de forma vigilante o pleno crescimento e desenvolvimento integral da criança, principalmente, durante a primeira infância. As condutas para que isso ocorra devem incluir apoio às famílias, visando o fortalecimento de vínculos familiares11. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015 - Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2015 [accessed in December 2019]: Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1130_05_08_2015.html
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A promoção de saúde relaciona-se a capacitação sobre os hábitos de vida das pessoas, que vai além do âmbito biológico, podendo, assim, abranger o conceito amplo de saúde22. Santos SKZ, ROS Mad. Ressignificando promoção de saúde em grupos para profissionais da saúde. Rev Bras Educ Med. 2016;40(2):189-96. que aborda o desenvolvimento e o cuidado integral do indivíduo, abrangendo também a atuação direcionada à comunicação humana33. Sousa MFS, Nascimento CMB, Sousa FOS, Lima MLLT, Silva VL, Rodrigues M. Evolution of speech-language pathologists supply in Unified Health System (SUS) and in primary healthcare in Brazil. Rev. CEFAC. 2017;19(2):213-20.,44. Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia. Contribuição da Fonoaudiologia para o avanço do SUS. 2016 [accessed in May 2020]. Available at: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index. php/my-product/cartilha-contribuicao-da-fonoaudiologia-para-o-avanco-do-sus/
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Ações de promoção e prevenção de alterações relacionadas à comunicação têm vasta importância para desenvolvimento adequado da linguagem. Uma estratégia de promoção de saúde voltada para o desenvolvimento da linguagem é a inserção da prática de literacia no cotidiano familiar55. Resende A, Figueiredo MH. Práticas de literacia familiar: uma estratégia de educação para a saúde para o desenvolvimento integral da criança. J Public Health. 2018;36(2):102-13.. A literacia refere-se à capacidade de tornar aplicável o uso de habilidades de leitura, escrita e cálculo na vida cotidiana, diferenciando-se de alfabetização, que é a aquisição dessas competências66. Benavente A. A literacia em Portugal - Resultados de uma pesquisa extensiva e monográfica. 1ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 1996..

Atividades desenvolvidas precocemente, entre os quatro e cinco anos de idade no período pré-escolar, auxiliam o melhor desempenho e desenvolvimento da linguagem oral e escrita e são denominadas literacia emergente. Esta é desenvolvida de forma dinâmica e interacional, na qual é possível identificar, dentre as atividades relacionadas à literacia emergente, os seguintes âmbitos: reconhecimento do material escrito, conhecimento das letras do alfabeto e conhecimento do código, jogos que envolvam leitura e escrita, dentre outros. Esses estímulos precoces proporcionam conhecimentos e experiências com a linguagem escrita de tal modo a prevenir dificuldades relacionadas a esta77. Gomes I, Santos L. Literacia emergente: é de pequenino que se torce o pepino! Rev Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UFP. 2005;71(2):312-26..

A aprendizagem da linguagem escrita pode começar muito antes da sua exposição formal que, na maioria dos casos, ocorre na escola. Estratégias que envolvem vocabulário expressivo, discriminação auditiva, conceito de escrita (de como ler um livro, por exemplo) e identificação de letras, além de identificação e produção de rimas são precursores da linguagem escrita e não necessariamente precisam da instrução escolar88. Nicolau CC, Navas ALGP. Assessment of skills that predict reading success in 1st- and 2nd-grade children of elementary school. Rev. CEFAC. 2015;17(3):917-26..

O uso de jogos com caráter lúdico, porém intencional para linguagem escrita, nos primeiros anos escolares promovem resultados, a longo prazo, no desempenho da aprendizagem dessa linguagem. Estes achados podem ser evidenciados na evolução do desempenho de alunos do quarto ano do ensino fundamental, quando comparados aos seus resultados no período da pré-escola, em habilidades preditoras para leitura, tais como o vocabulário, a memória auditiva e a consciência fonológica99. Cruz JS, Almeida M, Pinto P, Constante P, Macedo A, Amaral J et al. Contribuição da literacia emergente para o desempenho em leitura no final do 1.º CEB. Aná. Psicológica. 2014;3(32):245-57..

A aprendizagem do vocabulário desde cedo é beneficiada por meio da leitura compartilhada. Crianças de três anos de idade expostas a leitura compartilhada de um livro ilustrado são capazes de associar palavras desconhecidas a imagens, pois mesmo com poucas apresentações da mesma leitura, podem aprender a discriminar a relação palavra-figura desconhecidas das demais e até nomear figuras de objetos anteriormente incomuns ao seu vocabulário1010. Garcia FP, Vaz AM, Schmidt A. Shared book reading and word learning in preschool children. Trends in Psychology. 2016;24(4):1437-49.. Também já é possível identificar nessa idade sensibilidade à consciência fonológica, que é aperfeiçoada com o aumento da idade e também com contatos com a linguagem escrita1111. Rosal AGC, Cordeiro AAA, Silva ACF, Silva RL, Queiroga BAM. Contributions of phonological awareness and rapid serial naming for initial learning of writing. Rev. CEFAC. 2016;18(1):74-85..

A família tem o papel fundamental na exposição e desenvolvimento dessas atividades. A participação dos pais e de toda a família torna essa aprendizagem mais natural e significativa, já que é com eles que a criança começa a aprender e, em alguns casos, com quem passa mais tempo1212. Mata L. Literacia - O papel da família na sua apreensão. Aná. Psicológica. 1999;1(27):65-77..

A maioria dos pais acredita que para melhor desempenho das crianças nas habilidades de leitura e escrita, eles têm que participar da estimulação utilizando-se, além de atividades técnicas-práticas (escolares), o uso de atividades holísticas que requerem práticas de leitura e escrita integradas em situações funcionais e lúdicas, utilizadas em situações informais1313. Pacheco P, Mata L. Literacia familiar - crenças de pais de crianças em idade pré-escolar e características das práticas de literacia na família. Aná. Psicológica. 2013;3(31):217-34..

A Política Nacional de Alfabetização traz como diretrizes de implementação, dentre outras, a participação das famílias no processo de alfabetização por meio de incentivo aos hábitos de leitura e escrita e à apreciação literária mediante ações que os integrem à prática cotidiana. Depreende-se que esse conjunto de práticas e experiências relacionadas à leitura e escrita vivenciadas pelas crianças com os pais denomina-se literacia familiar1414. Brasil, Diário Oficial da União. Decreto nº 9.765, de 11 de abril de 2019 - Institui a Política Nacional de Alfabetização. 2019 [accessed in December 2019]. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Decreto/D9765.htm.
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A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), realizada em 2016, demonstrou que 54,73% de mais de 2 milhões de alunos concluintes do 3º ano do ensino fundamental tiveram desempenho insuficiente no exame de proficiência em leitura. Dado preocupante, pois os estudantes avançaram nos anos escolares sem de fato ter a aprendizagem significativa, visto que o objetivo é para além de decodificar e codificar, ou seja, ler e escrever, necessário para o estabelecimento da autonomia e compreensão destes processos, aplicando-os em situações práticas cotidianas. Considerando que as práticas de leitura e escrita que partem dos familiares desde antes da educação formal destas habilidades, promovem êxito na aprendizagem pelas crianças, estas têm sido incentivadas e utilizadas em outros países como preventivas do insucesso escolar1515. Brasil, Ministério da Educação. PNA Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização. Brasília: MEC (SEALF), 2019..

Diante da necessidade de conhecimento de práticas de estimulação da linguagem das crianças pelos familiares, visando a promoção de saúde relacionada aos aspectos da comunicação humana, a pergunta de pesquisa é: familiares de crianças pré-escolares têm conhecimento de habilidades linguísticas a serem desenvolvidas durante o processo anterior à alfabetização? Assim, o presente estudo tem o objetivo de verificar a prática de literacia familiar com crianças pré-escolares de uma escola pública de um município da região nordeste do Brasil.

Métodos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Tiradentes de Jaboatão dos Guararapes, Brasil, sob o protocolo número 4.375.509.

Trata-se de um estudo quantitativo, de levantamento, descritivo e explicativo. Esse tipo de estudo foi escolhido porque uma pesquisa de levantamento oferece descrição quantitativa de atitudes de uma amostra, o que pode inferir esses resultados a uma população1616. Creswell JW. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2007..

Inicialmente, a pesquisa direcionou-se aos pais/responsáveis que totalizavam 45, dos pré-escolares matriculados no Infantil IV e V da instituição de ensino Escola Municipal José Rodovalho, localizada no bairro Candeias, no município de Jaboatão dos Guararapes - PE. A escolha desta escola ocorreu por ser campo de atuação da equipe de saúde a qual uma das pesquisadoras faz parte em um programa de residência multiprofissional, onde são realizadas as atividades do Programa Saúde na Escola e demais ações de saúde. Atende o público de classes socioeconômicas baixa e média, com 687 alunos distribuídos em 20 turmas do infantil ao nono ano do ensino fundamental, em tempo integral.

Foi elaborado um questionário sobre Práticas de Literacia Familiar pelas autoras desta pesquisa, com base no material de orientações às famílias do Programa de literacia familiar “Conta para mim” do Ministério da Educação1717. Brasil, Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra Mim: Guia de literacia familiar. Brasília: MEC, SEALF; 2019.. O Programa objetiva promover amplamente a literacia familiar e, dentre seus materiais, há um guia explicativo a respeito do conceito de literacia e práticas para desenvolvê-la.

O questionário é do tipo fechado, baseado na escala Likert, constituído por 18 perguntas que tem como opção de resposta cinco alternativas (sempre, muitas vezes, às vezes, raramente ou nunca) para que os participantes escolhessem a que mais se adequava à sua realidade. As perguntas do questionário foram divididas em três eixos maiores para melhor apresentação, sendo esses: a) Interação Verbal; b) Práticas preditoras de Leitura e; c) Contatos com a Escrita. As perguntas dentro dos eixos sobre atividades estão relacionadas à interação verbal, leitura dialogada, narração de histórias, contatos com a escrita e motivação que os pais/responsáveis desempenham com a criança. Esses campos são baseados nas propostas de atividades e orientações do guia do Programa de literacia familiar citado.

Devido à pandemia da COVID-19, as atividades presenciais da escola foram suspensas e estavam sendo realizadas de forma remota. No entanto, uma vez por mês havia um momento presencial com os pais/responsáveis dos alunos para distribuição dos kits alimentação fornecidos pela prefeitura da cidade. Logo, foi acordado com a diretoria a aplicação dos questionários nesse momento de distribuição dos kits, com todos os cuidados de higienização e distanciamento físico.

Inicialmente, a pesquisa foi proposta aos 45 pais/responsáveis pelos pré-escolares matriculados na escola. Contudo, nem todos compareciam para buscar os kits alimentação. Além disso, em discussão com a diretoria da escola optou-se por não realizar a pesquisa em formato online considerando a dificuldade de acesso e entendimento de muitas famílias. Assim, foi adotado como critério de inclusão os pais/responsáveis das crianças da idade escolar estudada que compareceram presencialmente para a entrevista. Não houve critério de exclusão, considerando que pais/responsáveis letrados e não letrados deveriam ser identificados sobre suas práticas de literacia familiar. Logo, participaram da pesquisa apenas aqueles que puderam comparecer presencialmente, totalizando 21 pais/responsáveis.

Ao chegarem à instituição, os responsáveis pelos pré-escolares eram direcionados a uma sala onde a pesquisadora se encontrava. A mesma explicava o intuito da pesquisa, sua importância e a não obrigatoriedade para participação. Os pais ou responsáveis que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. A pesquisadora oferecia a possibilidade de leitura e marcação dos itens de forma individual aos pais/responsáveis ou, em caso de preferirem, a mesma realizava a leitura oralmente e eles indicavam as respostas mais adequadas à sua realidade, garantindo a fidedignidade dos resultados.

Ao final da aplicação do questionário, foi fornecido um material de orientação sobre práticas de literacia familiar, com dicas de atividades que podem ser desenvolvidas pelos pais/responsáveis com as crianças e que estimulem o desenvolvimento da linguagem. No entanto, não foi avaliado neste estudo dados sobre a utilização desse material.

Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial. Na descritiva foram coletados dados demográficos de idade das crianças e dos pais/responsáveis e escolaridade dos pais/responsáveis. Na análise inferencial foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson para verificar a relação entre a escolaridade dos responsáveis e a prática de aspectos relacionados à literacia familiar. O valor de p, de significância, adotado foi de p<0,05.

Resultados

A Tabela 1 apresenta a frequência da idade dos pré-escolares. A idade média foi de 69 meses (± 7). Já os pais e responsáveis que responderam ao questionário, apresentaram idade média de 31 anos (±8). É possível observar a frequência de idade desses na Tabela 2.

Tabela 1:
Frequência da idade dos pré-escolares
Tabela 2:
Frequência da idade dos responsáveis

Com relação à escolaridade das crianças, oito estavam matriculadas no Infantil IV e 13 no Infantil V. A respeito da escolaridade dos pais/responsáveis, é possível observar a distribuição da amostra no Figura 1, na qual a maioria tinha Ensino Médio completo. Dos 21 participantes, 15 pediram que a pesquisadora lesse o questionário, dentre os quais oito apresentavam escolaridade no ensino básico incompleto (Figura 2).

Figura 1:
Escolaridade dos pais/responsáveis

Figura 2:
Escolaridade dos pais que solicitaram leitura do questionário

As respostas para as perguntas dos questionários estão apresentadas nas Tabelas 3, 4 e 5, segundo os temas: Interação Verbal, Leitura e Contatos com a Escrita, respectivamente.

Tabela 3:
Frequência de respostas dos pais/responsáveis sobre práticas de interação verbal
Tabela 4:
Frequência de respostas dos pais/responsáveis sobre preditores da leitura
Tabela 5:
Frequência de respostas dos pais/responsáveis sobre práticas de contato com a escrita

A Tabela 6 demonstra a relação entre a escolaridade dos responsáveis e as perguntas do questionário que correspondem às práticas de literacia familiar. Observa-se que há relação estatisticamente significante entre a escolaridade e os itens: “Presta atenção ao seu filho/ sua filha quando ele fala?”; “Já demonstrou para seu filho/ sua filha como são os sons das palavras e das letras?”; “Ensina/incentiva seu filho/ sua filha a escrever o próprio nome?”.

Tabela 6:
Relação entre a escolaridade dos responsáveis e as perguntas do questionário

Discussão

Em termos práticos, a literacia familiar envolve a interação verbal, a leitura dialogada, a narração de histórias, os contatos com a escrita, a motivação das crianças para atividades de leitura e escrita e atividades diversas que envolvem músicas, danças, passeios e outras atividades de entretenimento que possam ser associadas à estimulação da linguagem. Essas práticas de literacia desenvolvidas pelos familiares tornam-se facilitadoras para o processo de alfabetização1717. Brasil, Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra Mim: Guia de literacia familiar. Brasília: MEC, SEALF; 2019.. O ensino de identificação de letras e seus sons e a prática de leitura compartilhada realizadas pelos pais antes da entrada de seus filhos na pré-escola, com 2 ou 3 anos de idade, favorece o conhecimento das letras, o desenvolvimento da consciência fonológica e do vocabulário das crianças, proporcionando melhor precisão e fluência de leitura quando chegam ao primeiro ano do ensino fundamental, sendo possível observar, também, bons resultados de compreensão leitora em anos escolares posteriores1818. Inoue T, Georgiou GK, Parrila R, Kirby JR. Examining an extended home literacy model: The mediating roles of emergent literacy skills and reading fluency. Sci Stud Read. 2018;22(4):273-88..

Assim, considerando a importância deste estímulo durante a primeira infância, é esperado que crianças pré-escolares, especialmente na faixa etária estudada nesta pesquisa, já tenham adquirido várias habilidades linguísticas (como o domínio do sistema gramatical básico de uma língua) e metalinguísticas (como a consciência fonológica), bem como capazes de manter a organização temporal dos fatos em uma narrativa1919. Hage SRV, Pinheiro LAC. Desenvolvimento típico da linguagem e a importância para identificação de suas alterações na infância. In: Lamônica DAC, Britto DBO, organizadores. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. São Paulo: Booktoy; 2017. p 31-7.,2020. Alexandre DS, Alpes MF, Reis ACMB, Mandrá PP. Validation of a booklet on language developmental milestones in childhood. Rev. CEFAC. 2020;22(2):1-14..

A partir do questionário, observou-se que os pais/responsáveis têm hábitos que favorecem a interação verbal. Trata-se de um fator positivo para o desenvolvimento da linguagem e cognição das crianças, visto que as interações familiares a partir de modelos para aprendizagem e a variedade de estímulos proporcionados, contribui para o desenvolvimento do vocabulário da criança. Esse componente linguístico, além de favorecer a linguagem oral, está significativamente relacionado ao desempenho da leitura e escrita2121. Dias NM, Bueno JOS, Pontes JM, Mecca TP. Linguagem oral e escrita na Educação Infantil: relação com variáveis ambientais. Psicol. Esc. Educ. 2019;23(e178467):1-10..

As respostas sobre perguntas de práticas de leitura apontam que a maioria dos entrevistados leem para seus filhos ou veem e comentam sobre imagens de um livro pelo menos às vezes. Práticas de leitura compartilhada precocemente entre pais e seus filhos promovem melhor desenvolvimento de habilidades linguísticas (compreensão e produção da linguagem) das crianças2222. Niklas F, Cohrssen C, Tayler C. The sooner, the better: early reading to children. SAGE Open. 2016;6(4):1-13.. Além disso, crianças que são expostas diretamente à leitura na pré-escola (Educação Infantil), além de apresentarem melhor decodificação e fluência leitora, quando comparadas à pré-escolares que não tiveram essa exposição, também apresentam melhores resultados em provas de processamento fonológico e mantêm velocidade de leitura alta2323. Pinto P, Lopes JA. Literacia pré-Escolar e desempenho na leitura na instrução primária. Psic Teor Pesq. 2016;32(4):1-9..

Outro aspecto relevante deste estudo refere-se aos dados sobre os contatos com a escrita, nos quais os pais/responsáveis demonstram incentivar a escrita mais formal, relacionada com o que a criança aprende no ambiente escolar e pouco com atividades mais naturais da rotina. Hábitos de escrita pré-formal e os conhecimentos de ordem conceitual e funcional acerca da linguagem escrita, por meio de atividades lúdicas, têm grande importância no desempenho em leitura e escrita nos anos seguintes após a educação pré-escolar99. Cruz JS, Almeida M, Pinto P, Constante P, Macedo A, Amaral J et al. Contribuição da literacia emergente para o desempenho em leitura no final do 1.º CEB. Aná. Psicológica. 2014;3(32):245-57.. O incentivo da escrita e reflexões metalinguísticas sobre esse processo, trazem benefícios não só para o ato da escrita como, também, para o processo de leitura, pois elas utilizam as reflexões aprendidas sobre as correspondências grafema-fonema para ler2424. Albuquerque A, Martins MA. Escrita inventada no jardim-de-infância: contributos para a aprendizagem da leitura e escrita. Aná. Psicológica. 2018;3(36):341-54..

Sobre a escolaridade dos responsáveis, a maioria tem ensino médio completo e apenas um participante está no ensino superior. Tal dado reflete nas práticas de literacia familiar, pois como a literatura aponta, a escolaridade dos responsáveis, implica em uma melhor qualidade e quantidade de estimulações dos filhos, visto que mães com ensino superior tendem a ler mais para as crianças, o que reflete desde cedo no bom desenvolvimento do vocabulário já aos dois anos de idade2525. Linberg A, Lehrl S, Weinert S. The early years home learning environment - Associations with parent-child-course attendance and children's vocabulary at age 3. Front Psychol. 2020;11(1425):1-13..

Com relação à escolaridade dos pais que solicitaram leitura do questionário, dos quinze, oito não tinham a formação básica completa. Logo, a solicitação pode ter sido devido a uma dificuldade para leitura e/ou interpretação da mesma. O fato de os pais apresentarem dificuldades para ler pode implicar no quanto estimulam a linguagem dos seus filhos, principalmente a linguagem escrita, pois os contatos com essa serão menores. Ao observar a escolaridade dos pais de crianças que são competentes para leitura e escrita e de crianças que apresentam dificuldades nessas habilidades, encontram-se mais aqueles com ensino fundamental incompleto neste grupo do que naquele. Além disso, crianças com essas alterações geralmente têm familiares com as mesmas dificuldades2626. Enricone JRB, Salles JF. Relação entre variáveis psicossociais familiares e desempenho em leitura/escrita em crianças. Psicol. Esc. Educ. 2011;15(2):199-210..

Ao comparar a escolaridade dos pais com as práticas de literacia familiar, foi observado que houve relação estatisticamente significante somente em três itens dos dezoito do questionário. Dentre as perguntas sobre interação verbal, a significância entre a associação com a escolaridade dos responsáveis ocorreu no item “Você presta atenção ao seu filho/ sua filha quando ele fala?”. Prestar atenção ao que a criança tem a dizer promove reforço de sua autoestima e, junto a outras práticas de interação verbal, incentiva sua expressão pela fala, além de aumentar sua capacidade de compreensão1717. Brasil, Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra Mim: Guia de literacia familiar. Brasília: MEC, SEALF; 2019.. O fato de não haver correlação entre a escolaridade e os demais itens sobre interação verbal e de os resultados apontarem que os pais realizam essas práticas, apesar de não ser frequente, ressalta a importância de interagir de forma mais natural possível, e com isso, incentivar a expressão verbal pela criança. A quantidade de turnos de conversação entre adultos e crianças, especialmente na faixa etária entre 18 e 24 meses, prediz desempenhos dessas, entre os nove e treze anos de idade, em competências linguísticas e habilidades cognitivas2727. Gilkerson J, Richards JA, Warren SF, Oller DK, Russo R, Vohr B. Language experience in the second year of life and language outcomes in late childhood. J Pediatr. 2018;142(4):1-11..

Outro resultado da análise inferencial, referente às práticas preditoras de leitura, mostrou que, quanto maior a escolaridade dos pais, maior a probabilidade de demonstrar para seu filho/sua filha como são os sons das palavras e das letras. O estímulo de sons de palavras e letras é uma atividade de consciência fonológica, presente desde cedo na criança, aos três anos de idade, na qual é possível observar o desenvolvimento desta habilidade, porém mais voltado ao nível de consciência silábica. Essas competências vão se aperfeiçoando com a progressão da idade e dos anos escolares1111. Rosal AGC, Cordeiro AAA, Silva ACF, Silva RL, Queiroga BAM. Contributions of phonological awareness and rapid serial naming for initial learning of writing. Rev. CEFAC. 2016;18(1):74-85.. A consciência fonológica associa-se, consistentemente, com a leitura e a escrita, pois é uma habilidade de conhecimento dos sons, importante para a alfabetização2828. Pazeto TCB, León CBR, Seabra AG. Avaliação de habilidades preliminares de leitura e escrita no início da alfabetização. Rev. psicopedag. 2017;34(104):137-47.. Vale ressaltar a importância da estimulação desta habilidade em pré-escolares, principalmente os que frequentam escolas públicas, visto que pesquisas apontam resultados inferiores em testes de consciência fonológica e habilidades iniciais de leitura e escrita nessa população comparado aos que frequentam escola particular2929. León CBR, Almeida A, Lira S, Zauza G, Pazeto TCB, Seabra AG et al Phonological awareness and early reading and writing abilities in early childhood education: preliminary normative data. Rev. CEFAC. 2019;21(2):1-10..

A respeito dos contatos com a escrita, a significância entre a escolaridade dos pais ocorreu com a prática de ensino/incentivo do filho a escrever o próprio nome. A escrita do próprio nome é importante para o processo de aprendizagem da escrita, pois há uma funcionalidade ao realizá-la, além do valor afetivo. Assim, como essa atividade torna-se significativa para a criança, há uma contribuição desse treino no desenvolvimento da coordenação motora necessária para o ato de escrever3030. Ribeiro ACM. A apropriação da escrita na educação infantil: explorando o nome próprio [Specialization Course Completion Paper]. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação; 2019.. A estimulação da escrita no jardim de infância, estabelecendo funcionalidade a esta prática e utilizando atividades lúdicas como recursos, favorece o desempenho da leitura e da escrita no nível do processamento ortográfico99. Cruz JS, Almeida M, Pinto P, Constante P, Macedo A, Amaral J et al. Contribuição da literacia emergente para o desempenho em leitura no final do 1.º CEB. Aná. Psicológica. 2014;3(32):245-57..

O conhecimento das práticas de literacia familiar torna-se importante tanto para profissionais da educação quanto da saúde a fim de estimular tais práticas para obter um adequado desenvolvimento da linguagem das crianças. Essa afirmação tornou-se ainda mais relevante diante do contexto de adaptação de rotina de pais e escolares devido a pandemia da COVID-19. Diante desse contexto, os pais/responsáveis, principalmente de pré-escolares, tiveram papel fundamental de estimulação da linguagem visando a alfabetização. Uma forte evidência disso é a atividade de leitura compartilhada que, dentre outros, promove o aumento do vocabulário das crianças e o vínculo entre pais e filhos3131. Azizah A, Eliza D. The role of parents in stimulating the development of early children's literation in pandemic time (Covid 19). IJPSAT. 2021;24(2):154-9..

Ainda sobre a importância do conhecimento de práticas de literacia familiar pelos profissionais de saúde, vale ressaltar o ambiente da atenção primária que é o contato mais próximo de muitas famílias e onde são realizadas orientações abrangentes sobre saúde. Assim, nesse contexto, a literacia pode ser orientada como promoção de saúde da criança, estabelecendo uma visão integral do desenvolvimento infantil11. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015 - Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2015 [accessed in December 2019]: Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1130_05_08_2015.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegi...
,55. Resende A, Figueiredo MH. Práticas de literacia familiar: uma estratégia de educação para a saúde para o desenvolvimento integral da criança. J Public Health. 2018;36(2):102-13..

É importante a geração de conhecimentos sobre práticas de prevenção, já que a literatura aponta ser habitual que boa parte dos responsáveis e médicos esperem até quatro ou cinco anos de idade para realizar o devido encaminhamento e que entre profissionais de saúde e educação, quase metade dos entrevistados em uma pesquisa anterior não realizam o encaminhamento para um fonoaudiólogo diante de queixas dos pais relacionadas à linguagem dos filhos(as)3232. Alves JMM, Carvalho AJA, Pereira SCG, Escare AG, Goulart LMHF, Lemos SMA. Association between language development and school environment in children of early childhood education. Disturb. Comun. 2017;29(2):342-53.,3333. Panes ACS, Corrêa CC, Webwe AT, Maximino LP. Fatores de risco para o desenvolvimento da linguagem: atitudes dos profissionais da saúde e educação. Journal Health NPEPS. 2018;3(1):185-97..

Embora o estudo tenha apresentado pequena quantidade de participantes, os resultados mostram a relevância da estimulação da linguagem no ambiente familiar. Além disso, esse número reduzido justifica-se pelo contexto pandêmico do momento em que a pesquisa foi desenvolvida e pela dificuldade de acesso à internet e entendimento do formato on-line de muitos pais/responsáveis das crianças para que pudessem responder o questionário on-line. Outra limitação deste estudo é a falta de informações sobre os aspectos de desenvolvimento da linguagem dos pré-escolares. Apesar das limitações, esta pesquisa contribuiu para o conhecimento científico a respeito de práticas de literacia familiar, ainda escassas na literatura brasileira. Além disso, o questionário desenvolvido pode auxiliar em pesquisas futuras sobre a temática.

Finalmente, este estudo contribuiu na disseminação do conhecimento de práticas de literacia aos pais/responsáveis para que estimulem a linguagem das crianças no ambiente familiar, bem como possibilitou o acesso a um material fornecido pelas pesquisadoras com atividades que envolvem interação verbal, consciência fonológica, atenção, leitura e escrita.

Conclusão

Este estudo evidenciou que práticas de literacia familiar não são comumente desenvolvidas e, quando são, relacionam-se mais àquelas cujas atividades assemelham-se ao que é ensinado em ambiente escolar. Também foi encontrada fraca correlação entre escolaridade dos responsáveis e as práticas de literacia familiar.

Sugere-se, para futuras pesquisas, a comparação de dados sobre literacia familiar entre pais de estudantes de escolas públicas e privadas. Também é recomendável a ampliação de pesquisas que possibilitem a obtenção de dados sobre o desenvolvimento da linguagem das crianças nesta faixa etária e sua relação com o conhecimento dos pais/responsáveis a respeito da literacia familiar, buscando compreender o quanto esta interfere nas habilidades linguísticas e metalinguísticas, possibilitando ações de prevenção e promoção da comunicação humana.

Finalmente, compreender a realidade das famílias a respeito de práticas de literacia, especialmente da região nordeste do Brasil, é de suma importância, visto que o impacto social é notório, a partir do momento que foram identificadas as necessidades no contexto que esta criança vive, com vistas à melhoria nos índices de alfabetização nos seus anos posteriores.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    19 Mar 2021
  • Aceito
    12 Jul 2021
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