este artigo explica como os conceitos de Biopolítica e homo sacer contribuem para a compreensão do que aconteceu no campo de concentração e centro de tortura Villa Grimaldi, durante a ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile. Os presos eram humilhados e torturados, perdendo sua condição de sujeitos de direito. O processo de reificação dos prisioneiros realizado pelos guardas e agentes sádicos somou-se à impossibilidade de as vítimas se defenderem legalmente diante dos tribunais. A figura arcaica romana do homo sacer é perfeitamente aplicável para explicar a situação das pessoas mantidas em campos de concentração clandestinos como Villa Grimaldi. A noção de superstes tormentorum (sobrevivente da tortura) é também apresentada aqui para uma discussão mais aprofundada, a fim de se referir ao processo complexo e doloroso em que as “testemunhas-vítimas-sobreviventes” do horror da Villa Grimaldi e outros espaços similares tentam se reinserir na sociedade.
Biopolítica; homo sacer; tortura; ditadura militar; Villa Grimaldi