Acessibilidade / Reportar erro

Desenvolvimento de uma cartilha educativa para pessoas com dor crônica

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A dor crônica é considerada um problema de saúde pública. A melhor forma de enfrentá-la ainda é um desafio. Contudo, intervenções socioeducativas têm sido recomendadas por diretrizes nacionais e internacionais que tratam do seu manuseio. O objetivo deste estudo foi elaborar uma cartilha educativa escrita na língua portuguesa brasileira para pessoas que vivenciam o problema da dor crônica.

MÉTODOS:

Este estudo de desenvolvimento de tecnologia leve foi realizado em três fases: revisão narrativa da literatura para identificar o conteúdo adequado; aproximação da população alvo, por meio de entrevistas estruturadas; e construção da cartilha por profissionais especializados no tratamento da dor crônica.

RESULTADOS:

O estudo resultou na confecção de uma cartilha nomeada de “EducaDor”, ilustrada ludicamente, com 18 páginas, divididas nas seguintes seções: 1. O que é dor? 2. Dor aguda: a dor útil; 3. Dor crônica: a dor persistente; 4. A convivência com a dor; 5. Falsas ideias sobre a dor crônica, não acredite nelas; 6. Estratégias para lidar com a dor. Por meio de linguagem acessível, a cartilha fornece dados sobre neurofisiologia e aspectos psicológicos e comportamentais envolvidos com a dor crônica. A cartilha pode contribuir para a modificação de crenças errôneas sobre a dor e de comportamentos mal adaptativos, além de fornecer estratégias para o enfrentamento da dor crônica.

CONCLUSÃO:

Este estudo desenvolveu com sucesso uma tecnologia leve em saúde que fornece subsídios para programas socioeducacionais para o manuseio da dor crônica.

Descritores:
Automanejo; Dor crônica; Educação em saúde

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Chronic pain is considered a public health problem. The best way to deal with it is still a challenge. However, socio-educational interventions have been recommended in national and international guidelines that deal with it. The objective of this study was to develop an educational booklet written in the Brazilian Portuguese language for people who face the problem of chronic pain.

METHODS:

This study on the development of a light technology was conducted in three phases: the narrative of the literature review to identify the appropriate content; the approach of target audience through structured interviews; and the elaboration of a booklet by professionals specialized in the treatment of chronic pain.

RESULTS:

The study resulted in the production of a booklet named “EducaDor,” ludically illustrated with 18 pages, divided into the following sections: 1. What is pain? 2. Acute pain: useful pain; 3. Chronic pain: the persistent pain; 4. Living with the pain; 5. False ideas about chronic pain, do not believe them; 6. Strategies to deal with the pain. Using plain language, the booklet provides data on neurophysiology and psychological and behavioral aspects related to chronic pain. The booklet can contribute to modifying misbeliefs about pain and bad behaviors, as well as to provide strategies to cope with chronic pain.

CONCLUSION:

This study has successfully developed a light health technology which offers inputs for socio-educational programs to handle chronic pain.

Keywords:
Chronic pain; Health education; Self-management

INTRODUÇÃO

Dor é a principal razão para a procura de serviços de saúde11 Traue HC, Jerg-Bretzke L, Hrabal V. Fatores Psicológicos na Dor Crônica. In: Kopf A, Patel NB, editors. Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos. 2010.. Embora seja um fenômeno fisiológico no estágio agudo, quando evolui para a condição crônica torna-se uma morbidade que produz impactos negativos para as sociedades contemporâneas22 International Association for the Study of Pain TF on T. Classification of chronic pain. Merskey H, Bogduk N, editors. Austr Dent J. 1994..

Estimativas da prevalência de dor crônica (DC) variam de 12 a 30% em nível mundial33 Goldberg DS, McGee SJ. Pain as a global public health priority. BMC Public Health. 2011;11:770. e no Brasil afeta cerca de 40% da população44 Sá KN, Baptista AF, Matos MA, Lessa I. Chronic pain and gender in Salvador population, Brazil. Pain. 2008;139(3):498-506.

5 de Moraes Vieira EB, Garcia JB, da Silva AA, Mualem Araújo RL, Jansen RC. Prevalence, characteristics, and factors associated with chronic pain with and without neuropathic characteristics in São Luís, Brazil. J Pain Symptom Manage. 2012;44(2):239-51.
-66 Costa Cabral DM, Bracher ES, Depintor JD, Eluf-Neto J. Chronic pain prevalence and associated factors in a segment of the population of São Paulo City. J Pain. 2014;15(11):1081-91.. Trata-se de uma condição complexa, cujo manuseio ainda é um desafio. O cuidado biomédico é insuficiente para o controle da DC. Para compreendê-la é preciso considerar as relações entre mudanças biológicas e aspectos filosóficos, sociais e emocionais77 Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624.

8 Marquez JO. A dor e os seus aspectos multidimensionais. Cienc Cult. 2011;63(1):28-32.
-99 Network SI. Management of chronic pain. 2013..

A DC é influenciada por pensamentos, crenças, atitudes e expectativas1010 Sarti CA. A dor, o indivíduo e a cultura. Saúde e Soc. 2001;10(1):3-13.. Crenças errôneas, pouco adaptativas, geralmente estão associadas à pior evolução do quadro doloroso, tais como: a dor é um sinal de lesão; não é possível o controle da dor; é preciso evitar atividades que possam provocá-la; a solicitude de familiares e amigos é desejável; não existe relação entre emoção e dor; a dor é incapacitante; fármacos são o melhor tratamento; e existe cura médica77 Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624.,1111 Turk DC. Understanding pain sufferers: the role of cognitive processes. Spine J. 2004;4(1):1-7.

12 Alcântara MA, Sampaio RF, Pereira LS, Fonseca ST, Silva FC, Kirkwood RN, et al. Disability associated with pain--a clinical approximation of the mediating effect of belief and attitudes. Physiother Theory Pract. 2010;26(7):459-67.
-1313 Pimenta CA, Kurita GP, Silva EM, Cruz DA. Validade e confiabilidade do Inventário de atitudes frente à dor crônica (IAD-28 itens) em língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(n. esp):1071-9..

A abordagem biopsicossocial implica em uma mudança na relação entre o profissional de saúde e o paciente. O protagonismo da pessoa com DC em seu processo terapêutico é fundamental para que possa assumir uma postura ativa1414 Lima MA, Trad L. Dor crônica: objeto insubordinado. História, Ciências, Saúde-Manguinhos. 2008;15(1):117-33.. Nesse sentido, intervenções socioeducativas têm sido recomendadas por diretrizes internacionais que tratam de seu manuseio1515 State of Tennessee - Department of Health. Tennessee Chronic Pain Guidelines. 2014.

16 Moseley GL. Evidence for a direct relationship between cognitive and physical change during an education intervention in people with chronic low back pain. Eur J Pain. 2004;8(1):39-45.
-1717 Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, Hildebrandt J, Klaber-Moffett J, Kovacs F, et al. Capter 4 European guidelines for the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15(Suppl 2):192-300..

Um estudo realizado sobre a prevalência de DC em Salvador44 Sá KN, Baptista AF, Matos MA, Lessa I. Chronic pain and gender in Salvador population, Brazil. Pain. 2008;139(3):498-506. motivou o desenvolvimento de uma tecnologia leve, direcionada a pessoas que vivenciam o problema da DC. Intervenções baseadas em educação foram efetivas no controle da DC na população australiana1818 Butler DS, Moseley. Explain Pain. Austrália: NOI Group Publishing; 2003., porém a aplicação direta de uma intervenção dessa natureza em outra cultura não é recomendada. Os escassos recursos em língua portuguesa motivaram o desenvolvimento de um recurso próprio para as condições socioambientais, socioeconômicas e educacionais do Brasil.

Materiais socioeducativos impressos, incluindo livros, cartilhas e folhetos, podem ser considerados como formas de tecnologia leve. Esses materiais ampliam a possibilidade de comunicação entre os interessados, proporcionam a uniformização das orientações e ainda podem ser levados para casa e consultados sempre que necessário1919 Moreira MF, Nóbrega MM, Silva MI. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm. 2003;56(2):184-8.,2020 Silva DC, Alvim NA, Figueiredo PA. Tecnologias leves em saúde e sua relação com o cuidado de enfermagem hospitalar. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008;12(2):291-8..

Direcionado para diferentes públicos, recomenda-se que a elaboração desses materiais seja precedida por ampla revisão da literatura e inclua a aproximação do público-alvo, a fim de conhecer o contexto sociocultural, expectativas, interesses e preocupações. Além do conteúdo a ser abordado, critérios como linguagem utilizada, ilustrações e diagramação do material devem ser observados para facilitar sua leitura e compreensão. É preciso considerar as barreiras socioculturais, principalmente quando associadas ao nível de escolaridade, que podem dificultar a leitura e o entendimento do instrumento1919 Moreira MF, Nóbrega MM, Silva MI. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm. 2003;56(2):184-8.,2121 Center for Disease Control and Prevention. Simply Put - A guide for creating easy-to-understand materials [Internet]. 3rd ed. Atlanta, Georgia; 2009. 44p. Available from: www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply
www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply...

22 Menghini KG. Designing and evaluating parent educational materials. Adv Neonatal Care. 2005;5(5):273-83.

23 Echer IC. [The development of handbooks of helth care guidelines]. Rev Lat Am Enfermagem. 2005;13(5):754-7.

24 da Luz ZM, Pimenta DN, Rabello A, Schall V. Evaluation of informative materials on leishmaniasis distributed in Brazil: criteria and basis for the production and improvement of health education materials. Cad Saude Publica. 2003;19(2):561-9.

25 Escudero-Carretero M, Sánchez-Gómez S, González-Perez R, Sanz-Amores R, Prieto-Rodrigues MA, Fernández de la Mota E. Elaboración y validación de un documento informavo sobre adeno-amigdalectomía para pacientes. An Sist Sanit Navar. 2013;36(1):21-34.
-2626 Castro MS, Pilger D, Fuchs FD, Ferreira MB. Development and validity of a method for the evaluation of printed education material. Pharm Pract (Granada). 2007;5(2):89-94..

O presente estudo teve como objetivo elaborar uma cartilha educativa voltada para pessoas com DC.

MÉTODOS

A metodologia envolveu três fases: 1) revisão narrativa da literatura; 2) interlocução com pacientes com dor crônica; e 3) a elaboração da cartilha.

Com o objetivo de garantir que o conteúdo do material estivesse atualizado e baseado em evidências científicas77 Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624., optou-se por realizar uma revisão da literatura. A busca foi realizada na biblioteca virtual do Pubmed de fevereiro a maio de 2015. Foram incluídos estudos em português, inglês ou espanhol, publicados entre 2000 e 2015, com resultados de ensaios clínicos randomizados e revisões de literatura, que indicassem pelo menos uma intervenção socioeducativa para DC em adultos. A estratégia de busca foi: “chronic painANDpatient educationANDpatient education handout or models educational or self-care or guideline or self-management or educational program or management or education or pamphlet or brochure or bookletNOT (cancer or children).

Os artigos foram selecionados pelo título e resumos, sendo excluídos os que não tratavam de intervenções socioeducativas, os duplicados, os que ainda estavam em desenvolvimento e os que abordavam práticas educativas exclusivas, sem possibilidade de aplicação por equipe interdisciplinar.

A segunda fase do estudo envolveu a aproximação do principal público alvo, formado por pacientes de um centro de referência para tratamento da dor crônica da cidade de Salvador, registrado na Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) e subsidiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para permitir a ampliação dos significados do processo saúde-doença, a abordagem qualitativa foi considerada a mais adequada. Optou-se pela entrevista estruturada com perguntas fechadas e em sequência pré-estabelecida2727 Fraser MT, Gondim SM. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paid (Ribeirão Preto). 2004;14(28):139-52.. Buscou-se, por meio das entrevistas, o levantamento das necessidades, dos conhecimentos, das lacunas e das crenças corretas e errôneas sobre a DC2828 Zale EL, Lange KL, Fields SA, Ditre JW. The relation between pain-related fear and disability: A meta-analysis. J Pain. 2013;14(10):1019-30..

Com base em temas considerados necessários para a compreensão do fenômeno doloroso pela IASP2929 IASP Interprofessional Pain Curriculum Outline. IASP. 2012., foram utilizados quatro roteiros nas temáticas: conceito, percepção, processamento e controle da dor. As entrevistas foram gravadas e transcritas e seu conteúdo foi tratado a partir da análise de conteúdo, na modalidade de análise temática2727 Fraser MT, Gondim SM. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paid (Ribeirão Preto). 2004;14(28):139-52.,3030 Minayo MCDS. O desafio do conhecimento. 14ª ed. Hucitec editora. São Paulo; 2014..

As entrevistas foram aplicadas por equipe treinada. A coleta ocorreu no período de junho a agosto de 2013. Apesar de não se tratar de ambiente reservado e silencioso, a sala de espera foi escolhida para a coleta por ser o local onde habitualmente os pacientes trocam experiências.

Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos, com diagnóstico de dor musculoesquelética crônica de acordo com os critérios da IASP. Foram excluídos os que relatavam estar em acompanhamento para dor oncológica e os que apresentaram dificuldade de comunicação. Foram considerados perdas os casos em que os pacientes foram chamados para a consulta durante a entrevista.

Durante o planejamento da pesquisa, foi estimado entrevistar 10 pessoas com cada roteiro, porém a coleta foi interrompida quando atingiu o critério de saturação3030 Minayo MCDS. O desafio do conhecimento. 14ª ed. Hucitec editora. São Paulo; 2014..

A análise temática do conteúdo consistiu em três etapas: 1) pré-análise; 2) exploração do material; e 3) tratamento, inferência e interpretação dos dados.

Na primeira etapa (pré-análise) foi realizada a leitura flutuante de todo o material, os objetivos do estudo foram retomados e foram selecionadas perguntas entre as que pertenciam aos quatro roteiros que estruturaram o conteúdo deste estudo. A leitura das questões selecionadas foi retomada e os dados brutos, organizados em forma de tabelas e agrupados por semelhança na temática aos quais faziam referência. Os relatos dos pacientes foram codificados com a letra “R” e um numeral arábico por paciente.

Na segunda etapa, o material foi explorado por processo de categorização, permitindo a redução dos textos em palavras ou expressões significativas agregadas em torno das categorias temáticas. No estudo em questão, as categorias e subcategorias utilizadas foram apriorísticas3131 Campos CJ. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev Bras Enferm. 2004;57(5):611-4. (Tabela 1), estabelecidas pela revisão narrativa da literatura e relacionadas com os temas tratados na cartilha. Os dados foram então examinados e agrupados por categorias, não mais considerando as perguntas e os roteiros pré-estabelecidos.

Tabela 1
Categorias e subcategorias temáticas

Na terceira etapa (tratamento e análise dos dados) foram realizadas interpretações dos dados. Esta fase do estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob os pareceres 098/2012 e 108/2011. Todas as recomendações da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde foram rigorosamente cumpridas.

Com base nos dados obtidos na literatura e nas entrevistas, uma equipe formada por seis fisioterapeutas pesquisadores se reuniu para o desenvolvimento da cartilha (terceira fase), que envolveu a definição dos objetivos, seleção do conteúdo, escrita e formatação.

As ilustrações tiveram o papel de favorecer o interesse pela leitura, criar um sentimento de identificação e de descontração2323 Echer IC. [The development of handbooks of helth care guidelines]. Rev Lat Am Enfermagem. 2005;13(5):754-7.,2626 Castro MS, Pilger D, Fuchs FD, Ferreira MB. Development and validity of a method for the evaluation of printed education material. Pharm Pract (Granada). 2007;5(2):89-94.. Durante a produção da cartilha, foram selecionadas algumas imagens disponíveis em páginas eletrônicas que pudessem servir como base para a confecção das ilustrações finais, pois foi observada a necessidade de criação de ilustrações próprias, que permitisse identidade ao material produzido e noção de continuidade.

Como forma de auxiliar a compreensão dos conceitos apresentados e também para promover a identificação do leitor, foram incluídos alguns trechos das falas dos entrevistados. Foram selecionadas falas que expressassem sentimentos e crenças relativas à dor, experiências da convivência com a dor crônica e estratégias de enfrentamento, tendo o cuidado de não incluir falas que expressassem pensamentos catastróficos ou algum tipo de preconceito.

O público mais acometido por DC, tanto pelos dados levantados da literatura como pelo perfil dos entrevistados, é constituído, predominantemente, por pessoas de baixo nível socioeconômico e baixa escolaridade. Entre as modalidades escritas, a cartilha se adequou melhor à proposta, por permitir a apresentação do conteúdo de forma atraente e compreensível para o público-alvo.

As principais recomendações, preconizadas pela literatura científica, utilizadas no desenvolvimento da cartilha, foram relativas à linguagem escrita, ilustrações e diagramação (Tabela 2).

Tabela 2
Recomendações que foram utilizadas no desenvolvimento da cartilha

RESULTADOS

Na primeira fase, a revisão da literatura identificou 704 estudos selecionados por título. Desses, 179 foram selecionados para a leitura do resumo, dos quais 43 foram selecionados para a leitura completa do texto. Dos artigos completos, oito eram estudos de revisão e 35 ensaios clínicos (Tabela 3).

Tabela 3
Artigos utilizados

Os estudos eram heterogêneos quanto à metodologia científica, didática do recurso, profissionais envolvidos, duração e frequência dos encontros, modelo de abordagem em saúde, nomenclatura e conteúdo apresentado. Devido à necessidade de selecionar o conteúdo apropriado para confecção da cartilha, optou-se por focar nos temas abordados e não na metodologia.

Os modelos de abordagem socioeducativa se distribuíram em biomédico, biopsicossocial e também um modelo misto. Os principais temas abordados, orientações e os principais resultados são apresentados na tabela 4.

Tabela 4
Modelos com respectivos temas e orientações abordados e resultados encontrados

Os estudos que mostraram predomínio de conteúdo biomédico apresentaram como temas anatomia, biomecânica, epidemiologia e fisiopatologia da dor. As orientações ministradas aos pacientes foram, principalmente, relativas à postura e aos movimentos corretos durante atividades diárias, sobre a prática de exercícios físicos e também sobre a importância de manter-se ativo. A diminuição da intensidade da dor e da incapacidade foram os resultados mais relatados.

Os estudos alinhados com o modelo biopsicossocial abordaram temas como gestão da dor, fármacos, nutrição, fisiologia da dor, ergonomia, gerenciamento do estresse, crenças disfuncionais e estratégias de enfrentamento. As orientações envolveram a prática de exercício físico, incentivo ao movimento, aceitação da dor, exercício de relaxamento e participação ativa. Como principais resultados foram observados diminuição da dor, da incapacidade, melhora do estado geral, qualidade de vida, autoeficácia, estratégias de enfrentamento e diminuição das crenças mal adaptativas.

Os estudos considerados mistos abordaram conteúdos de neurofisiologia da dor (características, finalidade e processamento das dores aguda e crônica), fatores de sustentação, comportamento, crenças e valores culturais. Como estratégia foi observado o uso de ilustrações, exemplos e metáforas, entrega de caderno de exercícios para ser levado para casa, diário de dor, folheto informativo e aplicação de questionário sobre neurofisiologia da dor. Foi observada também a inclusão da prática de exercícios e orientações para a sua prática em domicílio.

Na segunda fase foram entrevistadas 60 pessoas com DC, sendo 52 (86,6%) do sexo feminino e idade variando de 28 a 67 anos. Um dos pacientes teve que ser excluído pela interrupção da entrevista por ser chamado para atendimento, sendo analisadas as respostas de 59 pacientes. Os quatro roteiros foram respondidos conforme diagrama de fluxo (Figura 1).

Figura 1
Diagrama de fluxo da coleta de dados

Uma síntese dos resultados das entrevistas, dividida entre os roteiros A, B, C e D pode ser observada na tabela 5. Os principais achados das entrevistas são apresentados nas seguintes subcategorias:

  1. Significados da dor, na qual se observou o entendimento da dor como sendo um estímulo sensitivo: “todos sentem dor da mesma maneira” (R27), “Dor é sempre Dor” (R35).

  2. Causas da dor, na qual a maior parte dos entrevistados relatou associação com causas físicas: carregar peso, permanecer sentado ou em pé por períodos prolongados – R2, R11, R12; e causas emocionais: pressões no trabalho e dificuldades no relacionamento com outras pessoas – R4, R6 e R14.

  3. Processamento da dor, que observou desconhecimento da maioria dos entrevistados como ilustrado pela fala do R23: “é uma interrogação em nossa cabeça”.

  4. Crenças errôneas, na qual foi observado que, mesmo se tratando de pessoas que convivem com a dor, existe forte associação entre dor e lesão: “Com certeza, é por isso que eu digo que é um sinal de alerta para nós” (R10); “Quando a dor é provocada ela vai lhe alertar para que você pare” (R1).

Tabela 5
Síntese dos roteiros de entrevistas

A cartilha “EducaDor” (http://www7.bahiana.edu.br//jspui/handle/bahiana/540) foi confeccionada em tamanho A5 (14,8cmx21,0cm) com 18 páginas. As seções foram assim subdivididas: 1) O que é dor?; 2) Dor Aguda: a Dor Útil; 3) Dor Crônica: a Dor Persistente; 4) A convivência com a dor 5) Falsas Ideias sobre Dor Crônica: Não Acredite Nelas; 6) Estratégias para lidar com a Dor.

Uma ilustração do cérebro (Figuras 2 e 3) foi criada para esclarecer aspectos relacionados a neuromodulação e a sensibilização central da dor.

Figura 2
O cérebro, principal personagem da cartilha

Figura 3
O cérebro diante de uma ameaça de perigo

Na conclusão da cartilha adotou-se as recomendações; “seja curioso”, “observe a dor” e “olhe para além da dor” reforçando positivamente ajustes necessários para uma vida com melhor qualidade, menor incapacidade e menor sofrimento, mesmo que a convivência com a dor seja necessária.

DISCUSSÃO

O processo de desenvolvimento resultou em uma cartilha para pessoas que vivenciam a DC. O conteúdo, tanto textual como ilustrativo, visou reconceituar a dor crônica e modificar crenças errôneas sobre a dor e comportamentos mal adaptativos frente ao problema. Com sustentação teórica da literatura científica, aliada à experiência de fisioterapeutas especializados no tratamento da DC, a aproximação de pessoas que vivenciam o problema e a análise de recursos semelhantes disponíveis em outros idiomas; chegou-se ao produto final apresentado no presente estudo.

Diretrizes internacionais recomendam programas socioeducativos para o manuseio da DC1515 State of Tennessee - Department of Health. Tennessee Chronic Pain Guidelines. 2014.

16 Moseley GL. Evidence for a direct relationship between cognitive and physical change during an education intervention in people with chronic low back pain. Eur J Pain. 2004;8(1):39-45.
-1717 Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, Hildebrandt J, Klaber-Moffett J, Kovacs F, et al. Capter 4 European guidelines for the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15(Suppl 2):192-300.. A falta de compreensão dos significados de uma dor contínua tem sido apontada como responsável pela exacerbação do sintoma6060 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: A double-blind randomized controlled trial. J Pain. 2013;29(10):873-82.. O desconhecimento faz o sujeito encarar a dor como uma ameaça, manter comportamentos mal adaptativos2828 Zale EL, Lange KL, Fields SA, Ditre JW. The relation between pain-related fear and disability: A meta-analysis. J Pain. 2013;14(10):1019-30. e impede o desenvolvimento de estratégias efetivas de enfrentamento. Por esse motivo, intervenções socioeducativas têm sido testadas e demonstram resultados promissores para pessoas com DC77 Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624.,1616 Moseley GL. Evidence for a direct relationship between cognitive and physical change during an education intervention in people with chronic low back pain. Eur J Pain. 2004;8(1):39-45.,6767 The British Pain Society. Guidelines for Pain Management Programmes for adults. 2013..

Alinhada com o modelo biopsicossocial, a presente cartilha buscou esclarecer o caráter subjetivo e individual da DC, demonstrando a incapacidade de generalização do problema1010 Sarti CA. A dor, o indivíduo e a cultura. Saúde e Soc. 2001;10(1):3-13.. Além disso, foram abordados os aspectos socioculturais perpetuadores da DC, bem como a relevância de mudança de comportamento do indivíduo para resultados mais efetivos de seu controle6868 Siddall PJ, Cousins MJ. Persistent pain as a disease entity: implications for clinical management. Anesth Analg. 2004;99(2):510-20.,6969 Pimenta CA. Conceitos culturais e a experiência dolorosa. Rev Esc Enferm USP. 1998;32(2):179-86.. Quanto aos aspectos biológicos da DC, foram incluídos conteúdos sobre neurofisiologia e neuromodulação, que encontram evidências na literatura para sua recomendação6060 Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: A double-blind randomized controlled trial. J Pain. 2013;29(10):873-82..

Os conceitos foram apresentados de forma simples e objetiva, com utilização de metáforas. Semelhantes metodologias foram aplicadas em outros estudos, e demonstram impactos positivos quanto ao conhecimento e ao nível de satisfação com as informações. Entretanto, referem pouco efeito sobre crenças, medo e evitação5858 Coudeyre E, Givron P, Vanbiervliet W, Benaïm C, Hérisson C, Pelissier J, et al. [The role of an information booklet or oral information about back pain in reducing disability and fear-avoidance beliefs among patients with subacute and chronic low back pain. A randomized controlled trial in a rehabilitation unit]. Ann Readapt Med Phys. 2006;49(8):600-8. French.. Esses resultados apontam para a necessidade de testar amplamente os vários aspectos biopsicossociais como desfechos que podem ser modificados por este modelo de intervenção.

A densidade dos temas abordados foi considerada, pelo grupo de especialistas, adequada ao público alvo. Estudos que avaliaram ferramentas semelhantes7070 Reberte LM, Hoga LAK, Gomes AL. O processo de construção de material educativo para a promoção da saúde da gestante. Rev Latino-Am Enfermagm. 2012;20(1):1-8.,7171 Pereira de Castro AN, Lima Júnior EM. Desenvolvimento e validação de cartilha para pacientes vítimas de queimaduras. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(2):103-13. verificaram a importância de adequação do material ao público-alvo. Linguagem acessível, escrita em forma de conversa, ilustrações coloridas e recortes de falas dos pacientes foram alguns dos recursos utilizados para facilitar a leitura e torná-la atrativa1919 Moreira MF, Nóbrega MM, Silva MI. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm. 2003;56(2):184-8.,2121 Center for Disease Control and Prevention. Simply Put - A guide for creating easy-to-understand materials [Internet]. 3rd ed. Atlanta, Georgia; 2009. 44p. Available from: www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply
www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply...
,2626 Castro MS, Pilger D, Fuchs FD, Ferreira MB. Development and validity of a method for the evaluation of printed education material. Pharm Pract (Granada). 2007;5(2):89-94.,7171 Pereira de Castro AN, Lima Júnior EM. Desenvolvimento e validação de cartilha para pacientes vítimas de queimaduras. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(2):103-13..

A subcategoria, significado da dor, demonstrou a necessidade de ampliar o conceito de dor, reforçando seu caráter subjetivo e individual e evidenciando o papel da sociedade e da cultura na experiência dolorosa6969 Pimenta CA. Conceitos culturais e a experiência dolorosa. Rev Esc Enferm USP. 1998;32(2):179-86.. Personagens da cartilha esclarecem que dor não é sinônimo de nocicepção e ilustram a subjetividade da experiência dolorosa. Este aspecto foi respaldado pela influência dos domínios socioculturais e por sentimentos no processamento de informações pelo sistema nervoso central relacionadas à DC. O conhecimento de como a dor se processa tem sido apontado como uma estratégia para sua ressignificação7272 Nijs J, Paul Van Wilgen C, Van Oosterwijck J, Van Ittersum M, Meeus M. How to explain central sensitization to patients with "unexplained" chronic musculoskeletal pain: Practice guidelines. Man Ther. 2011;16(5):413-8..

A dor aguda foi apresentada como uma resposta do cérebro à ameaça de perigo, enquanto a DC foi relacionada a interpretação errônea das informações, tendo como consequência a amplificação dos estímulos sensoriais e o fato de que menos inputs são suficientes para sua ativação, o que pode resultar em dor7373 Loeser JD, Treede R-D. The Kyoto protocol of IASP Basic Pain Terminology. Pain. 2008;137(3):473-7..

Nijs et al.7272 Nijs J, Paul Van Wilgen C, Van Oosterwijck J, Van Ittersum M, Meeus M. How to explain central sensitization to patients with "unexplained" chronic musculoskeletal pain: Practice guidelines. Man Ther. 2011;16(5):413-8. sugerem ensinar o fenômeno da sensibilização central baseado no livro Explain Pain1818 Butler DS, Moseley. Explain Pain. Austrália: NOI Group Publishing; 2003., com conteúdo denso. Foram então selecionados tópicos essenciais que pudessem ser compreendidos pela população alvo. Um estudo realizado em 2013 pelo Ministério da Educação identificou 17,8% de analfabetos funcionais no Brasil. Essa realidade é ainda mais grave no Nordeste que apresenta maior nível de analfabetismo funcional7474 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. 2013..

Em relação às crenças errôneas, observa-se que o comportamento mal adaptativo e a sua persistência podem resultar em descondicionamento físico e dificuldade em retomar as atividades domésticas e de trabalho77 Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624.. A compreensão de atitudes necessárias para o controle da dor e da não exposição a fatores preditores tem sido amplamente recomendada44 Sá KN, Baptista AF, Matos MA, Lessa I. Chronic pain and gender in Salvador population, Brazil. Pain. 2008;139(3):498-506.,1515 State of Tennessee - Department of Health. Tennessee Chronic Pain Guidelines. 2014.,1717 Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, Hildebrandt J, Klaber-Moffett J, Kovacs F, et al. Capter 4 European guidelines for the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15(Suppl 2):192-300..

A expectativa de cura médica e atribuição de aspectos religiosos para o problema ou para sua solução são os maiores fatores para perpetuação dos sintomas1818 Butler DS, Moseley. Explain Pain. Austrália: NOI Group Publishing; 2003.. O controle e a gestão da DC exigem uma consciência mais plena da realidade e uma atitude positiva frente ao problema.

O trabalho apresenta como limitação a ausência de dados sócio-demográficos dos entrevistados, porém, por se tratar de uma população atendida em um ambulatório do SUS, a maior parte foi composta por pessoas com baixo nível educacional e socioeconômico como demonstram outros estudos desenvolvidos nesta mesma população7575 Castro MM, Daltro C, Koenen KC, Pires-Caldas C, Oliveira IR, Quarantini LC, et al. Comorbidade de sintomas ansiosos e depressivos em pacientes com dor crônica e o impacto sobre a qualidade de vida. Rev Psiquiatr Clin. 2011;38(4):126-9.. Uma revisão sistemática no futuro poderá fundamentar melhor o desenvolvimento de tecnologias leves como a proposta no presente estudo.

CONCLUSÃO

A cartilha “EducaDor” é uma tecnologia leve em saúde, que fornece subsídios para programas socioeducativos de abordagem da dor crônica. Futuros estudos devem validar e avaliar sua eficácia por meio de um ensaio clínico randomizado.

  • Fontes de fomento: não há.

REFERENCES

  • 1
    Traue HC, Jerg-Bretzke L, Hrabal V. Fatores Psicológicos na Dor Crônica. In: Kopf A, Patel NB, editors. Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos. 2010.
  • 2
    International Association for the Study of Pain TF on T. Classification of chronic pain. Merskey H, Bogduk N, editors. Austr Dent J. 1994.
  • 3
    Goldberg DS, McGee SJ. Pain as a global public health priority. BMC Public Health. 2011;11:770.
  • 4
    Sá KN, Baptista AF, Matos MA, Lessa I. Chronic pain and gender in Salvador population, Brazil. Pain. 2008;139(3):498-506.
  • 5
    de Moraes Vieira EB, Garcia JB, da Silva AA, Mualem Araújo RL, Jansen RC. Prevalence, characteristics, and factors associated with chronic pain with and without neuropathic characteristics in São Luís, Brazil. J Pain Symptom Manage. 2012;44(2):239-51.
  • 6
    Costa Cabral DM, Bracher ES, Depintor JD, Eluf-Neto J. Chronic pain prevalence and associated factors in a segment of the population of São Paulo City. J Pain. 2014;15(11):1081-91.
  • 7
    Gatchel RJ, Peng YB, Peters ML, Fuchs PN, Turk DC. The biopsychosocial approach to chronic pain: scientific advances and future directions. Psychol Bull. 2007;133(4):581-624.
  • 8
    Marquez JO. A dor e os seus aspectos multidimensionais. Cienc Cult. 2011;63(1):28-32.
  • 9
    Network SI. Management of chronic pain. 2013.
  • 10
    Sarti CA. A dor, o indivíduo e a cultura. Saúde e Soc. 2001;10(1):3-13.
  • 11
    Turk DC. Understanding pain sufferers: the role of cognitive processes. Spine J. 2004;4(1):1-7.
  • 12
    Alcântara MA, Sampaio RF, Pereira LS, Fonseca ST, Silva FC, Kirkwood RN, et al. Disability associated with pain--a clinical approximation of the mediating effect of belief and attitudes. Physiother Theory Pract. 2010;26(7):459-67.
  • 13
    Pimenta CA, Kurita GP, Silva EM, Cruz DA. Validade e confiabilidade do Inventário de atitudes frente à dor crônica (IAD-28 itens) em língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(n. esp):1071-9.
  • 14
    Lima MA, Trad L. Dor crônica: objeto insubordinado. História, Ciências, Saúde-Manguinhos. 2008;15(1):117-33.
  • 15
    State of Tennessee - Department of Health. Tennessee Chronic Pain Guidelines. 2014.
  • 16
    Moseley GL. Evidence for a direct relationship between cognitive and physical change during an education intervention in people with chronic low back pain. Eur J Pain. 2004;8(1):39-45.
  • 17
    Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, Hildebrandt J, Klaber-Moffett J, Kovacs F, et al. Capter 4 European guidelines for the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15(Suppl 2):192-300.
  • 18
    Butler DS, Moseley. Explain Pain. Austrália: NOI Group Publishing; 2003.
  • 19
    Moreira MF, Nóbrega MM, Silva MI. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm. 2003;56(2):184-8.
  • 20
    Silva DC, Alvim NA, Figueiredo PA. Tecnologias leves em saúde e sua relação com o cuidado de enfermagem hospitalar. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008;12(2):291-8.
  • 21
    Center for Disease Control and Prevention. Simply Put - A guide for creating easy-to-understand materials [Internet]. 3rd ed. Atlanta, Georgia; 2009. 44p. Available from: www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply
    » www.cdc.gov/healthmarketing/pdf/Simply
  • 22
    Menghini KG. Designing and evaluating parent educational materials. Adv Neonatal Care. 2005;5(5):273-83.
  • 23
    Echer IC. [The development of handbooks of helth care guidelines]. Rev Lat Am Enfermagem. 2005;13(5):754-7.
  • 24
    da Luz ZM, Pimenta DN, Rabello A, Schall V. Evaluation of informative materials on leishmaniasis distributed in Brazil: criteria and basis for the production and improvement of health education materials. Cad Saude Publica. 2003;19(2):561-9.
  • 25
    Escudero-Carretero M, Sánchez-Gómez S, González-Perez R, Sanz-Amores R, Prieto-Rodrigues MA, Fernández de la Mota E. Elaboración y validación de un documento informavo sobre adeno-amigdalectomía para pacientes. An Sist Sanit Navar. 2013;36(1):21-34.
  • 26
    Castro MS, Pilger D, Fuchs FD, Ferreira MB. Development and validity of a method for the evaluation of printed education material. Pharm Pract (Granada). 2007;5(2):89-94.
  • 27
    Fraser MT, Gondim SM. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paid (Ribeirão Preto). 2004;14(28):139-52.
  • 28
    Zale EL, Lange KL, Fields SA, Ditre JW. The relation between pain-related fear and disability: A meta-analysis. J Pain. 2013;14(10):1019-30.
  • 29
    IASP Interprofessional Pain Curriculum Outline. IASP. 2012.
  • 30
    Minayo MCDS. O desafio do conhecimento. 14ª ed. Hucitec editora. São Paulo; 2014.
  • 31
    Campos CJ. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev Bras Enferm. 2004;57(5):611-4.
  • 32
    Udermann BE, Spratt KF, Donelson RG, Mayer J, Graves JE, Tillotson J. Can a patient educational book change behavior and reduce pain in chronic low back pain patients? Spine J. 2004;4(4):425-35.
  • 33
    Garcia AN, Costa Lda C, da Silva TM, Gondo FL, Cyrillo FN, Costa RA, et al. Effectiveness of back school versus Mckenzie exercises in patients with chronic nonspecific low back pain: a randomized controlled trial. Phys Ther. 2013;93(6):729-47.
  • 34
    Hodselmans AP, Jaegers SM, Göeken LN. Short-term outcomes of a back school program for chronic low back pain. Arch Phys Med Rehabil. 2001;82(8):1099-105.
  • 35
    Shirado O, Ito T, Kikumoto T, Takeda N, Minami A, Strax TE. A novel back school using a multidisciplinary team approach featuring quantitative functional evaluation and therapeutic exercises for patients with chronic low back pain: the Japanese experience in the general setting. Spine (Phila Pa 1976). 2005;30(10):1219-25.
  • 36
    Tavafian SS, Jamshidi A, Mohammad K, Montazeri A. Low back pain education and short term quality of life: a randomized trial. BMC Musculoskelet Disord. 2007;8:21.
  • 37
    Gaskell L, Enright S, Tyson S. The effects of a back rehabilitation programme for patients with chronic low back pain. J Eval Clin Pract. 2007;13(5):795-800.
  • 38
    Sahin N, Albayrak I, Durmus B, Ugurlu H. Effectiveness of back school for treatment of pain and functional disability in patients with chronic low back pain: a randomized controlled trial. J Rehabil Med. 2011;43(3):224-9.
  • 39
    Sadeghi-Abdollahi B, Eshaghi A, Hosseini SN, Ghahremani M, Davatchi F. The efficacy of Back School on chronic low back pain of workers of a pharmaceutical company in a Tehran Suburb. COPCORD stage II study. Int J Rheum Dis. 2012;15(2):144-53.
  • 40
    Andrade SC, Araújo AG, Vilar MJ. Escola de coluna para pacientes com lombalgia crônica inespecífica: benefícios da associação de exercícios e educação ao paciente. Acta Reumatol Port. 2008;33(4):443-50.
  • 41
    Cecchi F, Molino-Lova R, Chiti M, Pasquini G, Paperini A, Conti AA, et al. Spinal manipulation compared with back school and with individually delivered physiotherapy for the treatment of chronic low back pain: a randomized trial with one-year follow-up. Clin Rehabil. 2010;24(1):26-36.
  • 42
    Abourazzak F, El Mansouri L, Huchet D, Lozac'hmeur R, Hajjaj-Hassouni N, Ingels A, et al. Long-term effects of therapeutic education for patients with rheumatoid arthritis. Jt Bone Spine. 2009;76(6):648-53.
  • 43
    Meng K, Seekatz B, Roband H, Worringen U, Vogel H, Faller H. Intermediate and long-term effects of a standardized back school for inpatient orthopedic rehabilitation on illness knowledge and self-management behaviors: a randomized controlled trial. Clin J Pain. 2011;27(3):248-57.
  • 44
    Thorn BE, Day MA, Burns J, Kuhajda MC, Gaskins SW, Sweeney K, et al. Randomized trial of group cognitive behavioral therapy compared with a pain education control for low-literacy rural people with chronic pain. Pain. 2011;152(12):2710-20.
  • 45
    Man AK, Chu MC, Chen PP, Ma M, Gin T. Clinical experience with a chronic pain management programme in Hong Kong Chinese patients. Hong Kong Med J. 2007;13(5):372-8.
  • 46
    Morone G, Paolucci M, Alcuri M, Vulpiani M, Matano A, Bureca I, et al. Quality of life improved by multidisciplinary back school program in patients with chronic non-specific low back pain: a single blind randomized controlled trial. Eur J Phys Rehabil Med. 2011;47(4):533-41.
  • 47
    Watson EC, Cosio D, Lin EH. Mixed-method approach to veteran satisfaction with pain education. J Rehabil Res Dev. 2014;51(3):503-14.
  • 48
    Coleman S, Briffa K, Conroy H, Prince R, Carroll G, McQuade J. Short and medium-term effects of an education self-management program for individuals with osteoarthritis of the knee, designed and delivered by health professionals: a quality assurance study. BMC Musculoskelet Disord. 2008;9:117.
  • 49
    Pieber K, Herceg M, Quittan M, Csapo R, Müller R, Wiesinger GF. Long-term effects of an outpatient rehabilitation program in patients with chronic recurrent low back pain. Eur Spine J. 2014;23(4):779-85.
  • 50
    Goeppinger J, Armstrong B, Schwartz T, Ensley D, Brady TJ. Self-management education for persons with arthritis: Managing comorbidity and eliminating health disparities. Arthritis Care Res. 2007;57(6):1081-8.
  • 51
    Salvetti Mde G, Cobelo A, Vernalha Pde M, Vianna CI, Canarezi LC, Calegare RG. [Effects of a psychoeducational program for chronic pain management]. Rev Lat Am Enfermagem. 2012;20(5):896-902. English, Portuguese, Spanish.
  • 52
    Sorensen PH, Bendix T, Manniche C, Korsholm L, Lemvigh D, Indahl A. An educational approach based on a non-injury model compared with individual symptom-based physical training in chronic LBP. A pragmatic, randomised trial with a one-year follow-up. BMC Musculoskelet Disord. 2010;11:212.
  • 53
    Wu SF, Kao MJ, Wu MP, Tsai MW, Chang WW. Effects of an osteoarthritis self-management programme. J Adv Nurs. 2011;67(7):1491-501.
  • 54
    Steihaug S, Ahlsen B, Malterud K. From exercise and education to movement and interaction. Treatment groups in primary care for women with chronic muscular pain. Scand J Prim Health Care. 2001;19(4):249-54.
  • 55
    Quintner J, Bs MB, Parkitny L, Physio B, Painmgt MS, Knight P, et al. Preclinic group education sessions reduce waiting times and costs at public pain. Pain Med. 2011;12:59-71.
  • 56
    Buchner M, Zahlten-Hinguranage A, Schiltenwolf M, Neubauer E. Therapy outcome after multidisciplinary treatment for chronic neck and chronic low back pain: a prospective clinical study in 365 patients. Scand J Rheumatol. 2006;35(5):363-7.
  • 57
    Rundell SD, Davenport TE. Patient education based on principles of cognitive behavioral therapy for a patient with persistent low back pain: a case report. J Orthop Sports Phys Ther. 2010;40(8):494-501.
  • 58
    Coudeyre E, Givron P, Vanbiervliet W, Benaïm C, Hérisson C, Pelissier J, et al. [The role of an information booklet or oral information about back pain in reducing disability and fear-avoidance beliefs among patients with subacute and chronic low back pain. A randomized controlled trial in a rehabilitation unit]. Ann Readapt Med Phys. 2006;49(8):600-8. French.
  • 59
    Moseley L. Combined physiotherapy and education is efficacious for chronic low back pain. Aust J Physiother. 2002;48(4):297-302.
  • 60
    Van Oosterwijck J, Meeus M, Paul L, De Schryver M, Pascal A, Lambrecht L, et al. Pain physiology education improves health status and endogenous pain inhibition in fibromyalgia: A double-blind randomized controlled trial. J Pain. 2013;29(10):873-82.
  • 61
    Louw A, Puentedura EL, Mintken P. Use of an abbreviated neuroscience education approach in the treatment of chronic low back pain: a case report. Physiother Theory Pract. 2012;28(1):50-62.
  • 62
    Ryan CG, Gray HG, Newton M, Granat MH. Pain biology education and exercise classes compared to pain biology education alone for individuals with chronic low back pain: a pilot randomised controlled trial. Man Ther. 2010;15(4):382-7.
  • 63
    Moseley GL, Nicholas MK, Hodges PW. A randomized controlled trial of intensive neurophysiology education in chronic low back pain. Clin J Pain. 2004;20(5):324-30.
  • 64
    Moseley GL. Widespread brain activity during an abdominal task markedly reduced after pain physiology education: fMRI evaluation of a single patient with chronic low back pain. Aust J Physiother. 2005;51(1):49-52.
  • 65
    Gallagher L, McAuley J, Moseley GL. A Randomized-controlled trial of using a book of metaphors to reconceptualize pain and decrease catastrophizing in people with chronic pain. The Clin J Pain. 2013;29(1):20-5.
  • 66
    Van Oosterwijck J, Nijs J, Meeus M, Truijen S, Craps J, Van den Keybus N, et al. Pain neurophysiology education improves cognitions, pain thresholds, and movement performance in people with chronic whiplash: a pilot study. J Rehabil Res Dev. 2011;48(1):43-58.
  • 67
    The British Pain Society. Guidelines for Pain Management Programmes for adults. 2013.
  • 68
    Siddall PJ, Cousins MJ. Persistent pain as a disease entity: implications for clinical management. Anesth Analg. 2004;99(2):510-20.
  • 69
    Pimenta CA. Conceitos culturais e a experiência dolorosa. Rev Esc Enferm USP. 1998;32(2):179-86.
  • 70
    Reberte LM, Hoga LAK, Gomes AL. O processo de construção de material educativo para a promoção da saúde da gestante. Rev Latino-Am Enfermagm. 2012;20(1):1-8.
  • 71
    Pereira de Castro AN, Lima Júnior EM. Desenvolvimento e validação de cartilha para pacientes vítimas de queimaduras. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(2):103-13.
  • 72
    Nijs J, Paul Van Wilgen C, Van Oosterwijck J, Van Ittersum M, Meeus M. How to explain central sensitization to patients with "unexplained" chronic musculoskeletal pain: Practice guidelines. Man Ther. 2011;16(5):413-8.
  • 73
    Loeser JD, Treede R-D. The Kyoto protocol of IASP Basic Pain Terminology. Pain. 2008;137(3):473-7.
  • 74
    IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD. 2013.
  • 75
    Castro MM, Daltro C, Koenen KC, Pires-Caldas C, Oliveira IR, Quarantini LC, et al. Comorbidade de sintomas ansiosos e depressivos em pacientes com dor crônica e o impacto sobre a qualidade de vida. Rev Psiquiatr Clin. 2011;38(4):126-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    14 Dez 2016
  • Aceito
    14 Ago 2017
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 cj 2, 04014-012 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 5904 3959, Fax: (55 11) 5904 2881 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br