Avaliação da competência profissional do enfermeiro em emergências: Instrumento criado e validado

Holanda, Flávia Lilalva de; Marra, Celina Castagnari; Cunha, Isabel Cristina Kowal Olm

doi:10.1590/0034-7167-2016-0595

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Revista Brasileira de Enfermagem

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Sumário

PESQUISA • Rev. Bras. Enferm. 71 (4) • Jul-Aug 2018 • https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0595 copiar

Avaliação da competência profissional do enfermeiro em emergências: Instrumento criado e validado

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

Criar Instrumento de Avaliação da Competência Profissional do Enfermeiro em Emergências.

Método:

Estudo metodológico realizado entre 2013 e 2016 em universidade brasileira. Usou-se o modelo de Pasquali e a Psicometria como referenciais, permitindo que fenômenos subjetivos sejam medidos. A pesquisa abrangeu etapas de definição do comportamento a ser medido, formulação dos itens da ferramenta, desenvolvimento de instruções para uso do Instrumento e de elementos necessários para demonstrar evidências de validade. Embora realizadas previamente de forma distinta e consecutiva revisão da literatura, definição da Matriz e do Perfil de Competências e identificação de validade com Delphi, componentes essenciais para estruturar uma tecnologia, deu-se continuidade à finalização desses Procedimentos Teóricos nesta etapa.

Resultado:

Instrumento criado para auto e/ou heteroavaliação contendo: caracterização pessoal/profissional/acadêmica, Escala de Competências, casos fictícios e ações representativas da prática.

Conclusão:

Construiu-se tecnologia leve-dura inédita alicerçada pelas evidências de validade do conteúdo consensuado por experts das cinco regiões brasileiras.

Descritores:
Avaliação de Desempenho Profissional; Competência Profissional; Enfermagem em Emergência; Psicometria; Validade dos Testes

Variáveis	Conceito
Grau de competência profissional	Valor numérico obtido pela competência na apuração da qualidade das ações do enfermeiro em emergência
Nível de competência profissional	Qualidade obtida pelo desempenho do enfermeiro na prática em emergências.
Frequência da ação	Frequência com que são realizadas as ações propostas para a prática competente do enfermeiro em emergências.
Autonomia	Relação de independência do enfermeiro e a necessidade de supervisão na prática diária das ações em emergências, diante de sua complexidade.
Complexidade da ação	Considera o conhecimento necessário associado às técnicas apropriadas para o enfermeiro executar ações da prática diária, das básicas às avançadas.
Resultado da ação	Resultado obtido pelo alcance dos objetivos preconizados para a excelência da prática em emergências.

Parte E – Itens representativos das ações do enfermeiro em emergências propostas por pesquisadores brasileiros. Considere suas ações no dia a dia para assinalar o grau de competência que melhor retrata sua realidade de trabalho.
Ações para a prática do enfermeiro em emergências		Grau
		5	4	3	2	1
1. Supera obstáculos existentes no trabalho com clareza de ideias
2. Mantém controle emocional ao implantar soluções para os problemas
3. Atualiza constantemente os conhecimentos em emergências
4. Percebe as necessidades das pessoas no ambiente em que se encontram
5. Consegue acordos no trabalho com o uso do diálogo
6. Participa de simulação realística em emergências periodicamente
7. Mantém o direito à privacidade de cada pessoa
8. Cria condições favoráveis para que as pessoas aceitem as ideias/atitudes/ações propostas por si ou por outrem
Está atento aos estímulos vindos de	9. pessoas
	10. equipamentos
	11. ambiente
12. Faz diagnóstico de enfermagem para o cliente conforme referencial teórico adotado na instituição
13. Percebe claramente as potencialidades das pessoas no trabalho
14. Age sem prejulgar as pessoas
15. Faz escolhas compatíveis com a liberdade de ação que possui
16. Transforma a realidade existente no trabalho
17. Forma vínculos com as pessoas no trabalho
18. Transmite mensagem sem distorções do seu conteúdo com o meio disponível para fazê-la
19. Faz com que as pessoas se sintam integrantes de um grupo
20. Produz algo novo na realidade do trabalho
21. Faz avaliação clínica dos clientes de forma rápida
22. Age dentro dos limites da ética exigida pelo mundo globalizado ao comunicar-se
23. Tem comportamentos transparentes, honestos e responsáveis nas relações com as pessoas
24. Oferece respostas adequadas aos problemas relatados pelas pessoas
25. Identifica agentes causadores de danos nas ações de atendimento dos clientes
26. Demonstra claramente que entende as necessidades do outro
27. Assume a corresponsabilidade pelo fazer da equipe de enfermagem no atendimento de emergências
28. Presta ajuda espontaneamente a uma ou mais pessoas no trabalho de forma articulada
29. Escuta as pessoas sem prejulgamento de suas ideias e posições
30. Tem energia, perseverança e força moral no enfrentamento das dificuldades presentes no dia a dia
31. Considera os riscos envolvidos ao escolher ações
32. Direciona esforços para antecipar ações antes que surjam problemas
33. Usa outras oportunidades para seu desenvolvimento profissional
34. Usa a liberdade de ação em respeito às leis vigentes e sem prejuízo de outrem
35. Compartilha com o outro o que um fato ou pensamento significa no contexto em que foi exposto
36. Age com desenvoltura em situações inesperadas do trabalho que podem realmente ser resolvidas por sua interferência
37. Concebe espontaneamente uma ou mais ideias úteis à realização do trabalho
38. Avalia com acerto os limites das pessoas
39. Corrige os desvios constatados no ambiente de trabalho
40. Atinge, juntamente com as pessoas, os objetivos preconizados nos planos de cuidados dos clientes.
41. Expõe posições de maneira impessoal
42. Controla as emoções frente às adversidades e mudanças no trabalho diário
43. Mantém relacionamento profissional saudável com as pessoas
44. Percebe rapidamente a realidade que o cerca
45. Confere valor agregado à realidade de trabalho
Adapta-se rapidamente às situações inesperadas no trabalho sem ultrapassar limites	46. físicos
	47. mentais
48. Evita comportamentos conflitantes com as pessoas
49. Esclarece dúvidas do outro segundo necessidades
50. Põe em prática as ideias úteis em momento apropriado
51. Desenvolve ambiente favorável ao surgimento de novas ideias no trabalho
52. Responsabiliza-se por suas ações no atendimento de emergências
53. Apresenta ideias baseadas em fatos reais
54. Separa a verdade do erro como condição essencial na análise das situações do cotidiano
55. Aceita as pessoas como elas são
56. Treina as pessoas com uso de meios mais adequados ao momento
57. Usa recursos indispensáveis na execução dos cuidados dos clientes
58. Cumpre completamente suas obrigações relativas à execução do trabalho
59. Obtém acordos com equilíbrio dos interesses legítimos das partes envolvidas
60. Usa o tempo mínimo necessário na execução do trabalho diário
61. Oferece soluções apropriadas para os problemas do dia a dia no tempo certo e na hora exata
62. Determina as ações necessárias para evitar danos no atendimento dos clientes
63. Garante a expressão da vontade de cada um
64. Estabelece prioridades no desenvolvimento das ações de trabalho
65. Busca estabelecer contato harmônico com o outro
66. Identifica o limite de liberdade da ação que possui
67. Obtém melhor rendimento possível nas ações do trabalho com os recursos disponíveis para realizá-lo
68. Orienta as pessoas de forma clara
69. Ouve as pessoas com claro interesse em atender às suas solicitações
70. Age com desenvoltura e rapidez nas atividades de atendimento necessárias para o cuidado do cliente
71. Intervém no momento correto frente aos agravos à saúde dos clientes
72. Está aberto a pedir ajuda às pessoas quando a complexidade da situação assim exigir
73. Assume riscos calculados ao direcionar ações da equipe de enfermagem para os cuidados dos clientes
74. Corrige os desvios constatados nos cuidados dos pacientes no tempo certo e na hora exata
75. Realiza todo tipo de procedimento de enfermagem com técnica segura
76. Propõe ajustes sem gerar conflitos
77. Considera as consequências de seu agir com prontidão nas emergências
78. Mantém bom relacionamento ao administrar emoções no trabalho
79. Usa a ação resolutiva como estratégia para que a equipe finalize o trabalho com a satisfação dos clientes
80. Administra emoções para o alcance de relacionamento empático e profissional
81. Usa argumentos coerentes com a situação

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[1] AUTOR CORRESPONDENTE: Flávia Lilalva de Holanda. E-mail: flholanda@uol.com.br

Instrumento de pesquisa da confiabilidade das ações do enfermeiro em emergências propostas por pesquisadores brasileiros Parte C – Parâmetros do nível de competência do enfermeiro em emergências Orientação para o uso do Instrumento de pesquisa
Para a escolha do nível de competência a ser indicado em cada ação, considere a qualidade da entrega do cuidado como referência, isto é, a associação das variáveis frequência, autonomia, complexidade e resultado da ação, de forma que corresponda ao nível de competência que julgue mais apropriado para cada ação descrita.
Os parâmetros que balizam os níveis de competência do enfermeiro em emergências, como os de extremamente competente ao nada competente, serão referenciais para você responder aos três casos exemplificados e à autoavaliação ou heteroavaliação descritos a seguir:

	Grau/Nível de competência	Qualidade da entrega do cuidado
	5 Extremamente competente	Sempre faz a ação descrita em sua prática diária com todo conhecimento necessário e uso de técnicas apropriadas, de forma independente e sem nenhuma necessidade de supervisão ao fazer as atividades gerenciais e assistenciais em todos os níveis de complexidade, alcançando os objetivos preconizados para executá-la.
	4 Muito competente	Quase sempre faz a ação descrita em sua prática diária com o conhecimento desejado e uso de técnicas apropriadas, de forma independente, porém com eventual necessidade de supervisão somente nas ações gerenciais mais complexas, de forma a alcançar os objetivos preconizados para executá-la.
	3 Competente	Frequentemente, faz a ação descrita em sua prática diária com conhecimento suficiente e uso de técnicas apropriadas, de forma independente e com necessidade de supervisão exclusivamente nas ações gerenciais mais complexas, alcançando os objetivos preconizados para executá-la.
	2 Pouco competente	Algumas vezes, faz a ação descrita em sua prática diária com certo deficit de conhecimento e, frequentemente, sem o uso de técnicas apropriadas, de forma nem sempre independente e, portanto, com necessidade de supervisão nas ações assistenciais e gerenciais de média complexidade, a fim de alcançar a maioria dos objetivos preconizados para executá-la.
	1 Nada competente	Raras vezes, faz a ação descrita em sua prática diária, tendo deficit de conhecimento e não utilizando técnicas apropriadas, com necessidade de supervisão constante nas ações de baixa complexidade, para que possa alcançar os objetivos preconizados nos planos.

Parte D – Apreciação do nível de competência apresentado pelo enfermeiro nas situações mencionadas a seguir. Assinale com um “X” o grau de competência que melhor retrata a realidade de trabalho do enfermeiro descrito em cada caso.
Caso 2 – Homem adulto, pardo e com aproximadamente 30 anos foi encontrado caído na rua vítima de ferimento por arma de fogo no tórax. Foi atendido pelo resgate e encaminhado ao Pronto-Socorro (PS). Naquele plantão de domingo, como rotina determinada pelo enfermeiro, estava presente apenas a metade da equipe de enfermagem que deveria compor a escala no PS. Quando o resgate chegou, a maior parte da equipe de enfermagem já estava atendendo um jovem, ZBN, 20 anos, vítima de queda da moto, e também uma senhora, AMS, 65 anos com história de cefaleia súbita e latejante. Imediatamente, o enfermeiro, que prestava atendimento à senhora AMS, foi receber a vítima de ferimento por arma de fogo e solicitou ao técnico de enfermagem, que cuidava da cliente FCD, 35 anos, confusa e sem acompanhante, que fosse buscar o material de drenagem torácica. Enquanto o técnico foi buscar o material, sua cliente caiu do leito, antes mesmo que o enfermeiro ou sua equipe pudessem intervir. O marido, que estava fora aguardando para visitá-la, ouviu os gritos da esposa e invadiu o PS. Ao vê-la caída no chão, começou a discutir com o enfermeiro, que procurou evitar comportamentos conflitantes ao ouvi-lo em seu desabafo.
	Ações do enfermeiro em emergências	Grau de competência
	Ações do enfermeiro em emergências	5	4	3	2	1
	Ouve as pessoas com claro interesse em atender às suas solicitações
	Usa a liberdade de ação em respeito às leis e sem prejuízo de outrem
	Considera os riscos envolvidos ao escolher ações