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Implementação do protocolo de cuidados de enfermagem no trauma em serviço aeromédico

RESUMO

Objetivo:

analisar a implementação de um protocolo de cuidados de enfermagem para pacientes com trauma, antes, durante e após o voo.

Método:

estudo quantitativo, transversal, realizado em um serviço aeromédico, mediante aplicação de um checklist com 106 cuidados: 79 antes do voo, 25 durante, e dois após o voo.

Resultados:

a maioria dos cuidados (n = 59; 55,7%) foi implementada, totalizando 4.435, 1.480 e 192 cuidados realizados antes, durante e após o voo. Destacaram-se como cuidados não realizados: proteger ouvidos com abafador de orelha (n = 55) e evitar deixar o oxímetro de pulso exposto a raios solares (n = 22). O principal motivo da inexecução foi falta de recurso (n = 94).

Conclusão:

embora a maioria dos cuidados do protocolo tenha sido implementada, os cuidados não realizados comprometem a qualidade da assistência, o que requer da gestão do serviço maior incentivo aos enfermeiros e recursos adequados para sua efetivação.

Descritores:
Protocolos; Cuidados de Suporte Avançado de Vida no Trauma; Medicina Aeroespacial; Serviços Médicos de Emergência; Enfermagem em Emergência

ABSTRACT

Objective:

To analyze the implementation of a nursing care protocol for trauma patients before, during and after the flight.

Method:

A cross-sectional quantitative study carried out in an aeromedical service, using a checklist with 106 care: 79 before flight, 25 during, and 2 after flight. 97 patients were included in the study.

Results:

Most care (n = 59; 55.7%) was implemented, totaling 4,435, 1,480 and 192 cares performed before, during and after the flight, respectively. They stood out as unrealized care: protect ears with ear muffler (n = 55) and avoid leaving the pulse oximeter exposed to the sun’s rays (n = 22). The main reason for the non-performance was lack of appeal (n = 94).

Conclusion:

Although most protocol care has been implemented, unrealized care compromises the quality of care, which requires the management of the service to provide more incentive to nurses and adequate resources for its implementation.

Descriptors:
Nursing Assessment; Advanced Trauma Life Support Care; Aerospace Medicine; Emergency Medical Services; Emergency Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Evaluar la implementación de un protocolo de atención de enfermería a pacientes traumatizados antes, durante y después del vuelo.

Método:

Estudio cuantitativo, transversal, realizado en un servicio aeromédico mediante la aplicación de un checklist con 106 cuidados: 79 antes del vuelo, 25 durante, y 2 después del vuelo. Compusieron la muestra 97 pacientes.

Resultados:

Se implementó la mayoría (n = 59; 55,7%), y totalizaron 4.435 cuidados realizados antes del vuelo; 1.480 realizados durante; y 192 cuidados realizados después del vuelo. Se destacaron como cuidados no realizados: proteger oídos con orejera (n = 55) y evitar dejar el oxímetro de pulso expuesto a rayos solares (n = 22). El principal motivo de la no ejecución fue la falta de recurso (n = 94).

Conclusión:

Aunque la mayoría de los cuidados han sido implementados, los cuidados no realizados comprometen la calidad de la asistencia, lo que requiere que la gestión del servicio incentive a los enfermeros y ofrezca recursos adecuados para efectivarla.

Descriptores:
Evaluación en Enfermería; Atención de Apoyo Vital Avanzado en Trauma; Medicina Aeroespacial; Servicios Médicos de Urgencia; Enfermería de Urgencia

INTRODUÇÃO

A construção e implantação de protocolos clínicos deve ser compreendida como uma ferramenta de apoio teórico-prático, contribuindo para o planejamento e a avaliação da assistência e, consequentemente, para a qualidade do cuidado(11 Correia PMAM, Silva NFD, Pereira MAP, Freire AMI, Linhares CS, Huygens PGJ. Liver harvesting from the donor to the transplant: a proposed protocol for nurses. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2018 Jan 23];20(1):2038-47. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/1414-8145-ean-20-01-0038.pdf
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). A adoção de protocolos respaldados e definidos a partir da melhor evidência científica contribui para resultados de saúde mais positivos, assim como para acompanhar a crescente incorporação tecnológica na assistência à saúde(22 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes metodológicas: elaboração de diretrizes clínicas [Internet]. Brasília, DF; 2016 [cited 2018 May 22]. Available from: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Diretrizes_Metodologicas_WEB.pdf
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-33 Rodrigues EM, Nascimento RG, Araújo A. Prenatal care protocol: actions and the easy and difficult aspects dealt by Family Health Strategy nurses. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011 [cited 2018 Jan 22];45(5):1041-47. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n5/en_v45n5a02.pdf
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), a exemplo do resgate aéreo no atendimento pré-hospitalar com o uso de helicópteros em lugares remotos.

O transporte aéreo requer dos profissionais de saúde entendimento da fisiologia e das alterações que podem ocorrer no paciente. Esse conhecimento deve ser a base das habilidades específicas para atuação no ambiente aeroespacial, tanto nas aeronaves de asa fixa, como aviões, como nas de asa rotativa, os helicópteros(44 Holleran RS. Air and surface transport nurses association. St. Louis: Mosby Elsevier; 2010.). No atendimento aos casos de trauma, a necessidade de procedimentos para prevenir ou corrigir irregularidades fisiológicas deve ser considerada para que as intervenções de emergência sejam realizadas por um serviço aeromédico(55 Schweitzer G, Nascimento ERP, Nascimento KC, Moreira AR, Amante LN, Malfussi LBH. Emergency interventions for air medical services trauma victims. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 May 31];70(1):48-54. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v70n1/en_0034-7167-reben-70-01-0054.pdf
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).

Devido às particularidades desse serviço, elaborou-se, em conjunto com os enfermeiros do Grupo de Resposta Aérea às Urgências (Grau) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Santa Catarina, um protocolo de cuidados de enfermagem específico para o ambiente aeroespacial, destinado a pacientes adultos acometidos por trauma. O referido protocolo, objeto de investigação deste estudo, foi validado(66 Schweitzer G. Validação de um protocolo de cuidados de enfermagem a pacientes vítimas de trauma no ambiente aeroespacial [tese]. Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina; 2015. 221 p.) para proporcionar uma leitura rápida e sistematizada dos cuidados, de maneira a estimular sua utilização pelos enfermeiros.

Desenvolvem-se cada vez mais protocolos clínicos, o que não significa que eles sejam automaticamente implementados(77 Francke AL, Smit MC, de Veer AJE, Mistiaen P. Factors influencing the implementation of clinical guidelines for health care professionals: a systematic meta-review. BMC Med Inform Decis Mak [Internet]. 2008 [cited 2018 Aug 19];8:38. Available from: https://bmcmedinformdecismak.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/1472-6947-8-38
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), pois sua aplicação na prática clínica implica estratégias de comunicação efetiva, identificar e superar dificuldades ou barreiras específicas do contexto local(22 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes metodológicas: elaboração de diretrizes clínicas [Internet]. Brasília, DF; 2016 [cited 2018 May 22]. Available from: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Diretrizes_Metodologicas_WEB.pdf
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). Dentre os fatores que influenciam a implementação de protocolos, pode-se citar como barreiras: restrições de tempo; recursos de pessoal limitados; e conhecimento sobre o protocolo. Como facilitadores se incluem: características do protocolo (formato, recursos e envolvimento do usuário final); envolvimento das partes interessadas; cultura organizacional; e sistemas de protocolos eletrônicos(88 Chan WV, Pearson TA, Bennett GC, Cushman WC, Gaziano TA, Gorman PN, et al. ACC/AHA special report: clinical practice guideline implementation strategies: a summary of systematic reviews by the NHLBI Implementation Science Work Group: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol [Internet]. 2017 [cited 2018 Aug 19];69(8):1076-92. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735109716368322?via%3Dihub
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). As características dos pacientes também parecem exercer influência, a exemplo da comorbidade, que reduz a chance de o protocolo ser seguido(77 Francke AL, Smit MC, de Veer AJE, Mistiaen P. Factors influencing the implementation of clinical guidelines for health care professionals: a systematic meta-review. BMC Med Inform Decis Mak [Internet]. 2008 [cited 2018 Aug 19];8:38. Available from: https://bmcmedinformdecismak.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/1472-6947-8-38
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). Desse modo, para uma efetiva implementação de protocolos para pacientes com trauma, suas características devem ser consideradas, além da identificação e superação dos fatores que interferem negativamente na sua aplicação.

Nesse meandro, os protocolos assistenciais preveem a definição de uma situação específica da assistência ou dos cuidados, descrevendo detalhes sobre as ações operacionais e especificações sobre o modo de execução e o profissional executor. Assim, os protocolos se justificam por serem instrumentos que reduzem a variabilidade de conduta entre profissionais envolvidos na assistência à saúde, favorecem maior segurança para o paciente e para o profissional, além de permitirem a elaboração de indicadores de processos e resultados, aprimorando a qualidade da assistência(99 Pimenta CAM, Pastana ICASS, Sichieri K, Solha RKT, Souza W. Guia para construção de protocolos assistenciais de enfermagem [Internet]. São Paulo: Coren-SP; 2017 [cited 2018 May 5]. Available from: http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/Protocolo-web.pdf
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-1010 Lemos CS, Poveda VB, Peniche ACG. Construction and validation of a nursing care protocol in anesthesia. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 4];25:e2952. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/pt_0104-1169-rlae-25-e2952.pdf
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).

Diante do exposto e considerando a necessidade de estudos do resgate aeromédico no país, que não possui um sistema de atendimento de trauma organizado(1111 Cardoso RG, Francischini CF, Ribera JM, Vanzetto R, Fraga GP. Helicopter emergency medical rescue for the traumatized: experience in the metropolitan region of Campinas, Brazil. Rev Col Bras Cir [Internet]. 2014 [cited 2018 May 31];41(4):236-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v41n4/0100-6991-rcbc-41-04-00236.pdf
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), este estudo se justifica por fornecer subsídios para a assistência do enfermeiro de voo e melhorar a qualidade do cuidado.

OBJETIVO

Analisar a implementação de um protocolo de cuidados de enfermagem para pacientes com trauma em um serviço aeromédico de Santa Catarina.

MÉTODO

Aspectos éticos

Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (CEPSH-UFSC). A coleta de dados teve início após apresentação do estudo e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes.

Desenho, local do estudo e período

Estudo quantitativo, transversal, realizado no período de outubro de 2013 a maio de 2014 com o serviço aeromédico, criado em janeiro de 2010 mediante uma parceria entre o Grau, do Samu, e o Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), em Florianópolis. O serviço possui um helicóptero modelo Esquilo AS 350B configurado com todos os materiais e equipamentos de suporte avançado de vida (SAV), que é tripulado por um piloto comandante bombeiro, um copiloto bombeiro, um tripulante operacional bombeiro, um enfermeiro e um médico de voo do Grau.

População e amostra

Para determinar o tamanho da amostra de pacientes que seriam atendidos com o emprego do protocolo, utilizou-se o número de pacientes atendidos com algum tipo de trauma, resgatados e transportados com vida pela aeronave Esquilo AS 350B no período de 1º de setembro de 2011 a 31 de agosto de 2012, o que atingiu um total de 130 pacientes. O cálculo amostral foi realizado com o auxílio de um programa computacional de ensino-aprendizagem de estatística (SEstatNet), sendo adotada uma margem de erro ± 5 e nível de confiança de 95%, obtendo-se uma amostra de 97 pacientes. A amostragem foi não probabilística e sequencial.

Critérios de inclusão e exclusão

Foram considerados critérios de inclusão: serem pacientes com idade mínima de 16 anos, de ambos os sexos, acometidos por trauma, resgatados, atendidos e transportados pela aeronave do serviço aeromédico. O fato de os hospitais de referência considerarem como adultos aquelas pessoas com idade acima de 15 anos justifica a idade mínima dos pacientes. Cabe registrar que os traumas são decorrentes de causas intencionais ou não intencionais. Os primeiros estão associados a atos de violência interpessoal ou autodirecionada, nos quais se enquadram homicídios, suicídios e violência entre cônjuges. Os traumas não intencionais têm entre suas causas: colisões de veículos, atropelamentos, afogamentos, quedas, choques elétricos, picadas de animais peçonhentos, intoxicações exógenas e queimaduras(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.). Excluíram-se os pacientes que estavam sem vida no atendimento em cena e aqueles atendidos por demandas clínicas como infarto, acidente vascular cerebral e crise convulsiva.

Protocolo do estudo

Os seis enfermeiros do serviço aeromédico participaram da implementação do protocolo de cuidados de enfermagem para pacientes com trauma. Disponibilizou-se para os enfermeiros uma pasta com o protocolo, os critérios de inclusão e exclusão dos pacientes para o estudo, assim como dois instrumentos: um relacionado ao perfil dos pacientes; e um checklist estruturado com todos os cuidados validados no protocolo, elaborado para verificar e registrar a realização ou não dos cuidados. Caso o cuidado não fosse executado, o enfermeiro deveria anotar o respectivo motivo, sendo as opções: esquecimento, não saber fazer, não concordar com o protocolo, falta de recurso, falta de tempo, ou o cuidado não se aplica à condição do paciente. O protocolo se constitui de 106 cuidados, organizados em 79 cuidados antes do voo, 25 durante e dois após o voo(66 Schweitzer G. Validação de um protocolo de cuidados de enfermagem a pacientes vítimas de trauma no ambiente aeroespacial [tese]. Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina; 2015. 221 p.).

Uma das pesquisadoras explicou o preenchimento do checklist para cada enfermeiro, acompanhou cada um deles no seu primeiro registro e ficou à disposição para eventuais dúvidas que ocorressem durante a coleta dos dados. Cabe registrar ainda que os mesmos enfermeiros participaram da construção do protocolo.

Análise dos dados e estatística

Os dados registrados no checklist foram organizados em uma planilha no software Excel® 2007 e analisados por meio de estatística descritiva.

RESULTADOS

Quanto às características dos profissionais participantes da implementação do protocolo (n = 6; 100,0%), sobressaíram-se aqueles do sexo feminino (n = 5; 83,3%), com idade entre 31 e 45 anos (n = 4; 66,7%), sendo a média de 31,8 anos (DP = 1,9) (Tabela 1). Dos 97 pacientes atendidos pelo serviço aeromédico, predominaram os do sexo masculino (n = 78; 80,4%), na faixa etária de 16 a 30 anos (n = 46; 47,4%). A média de idade dos pacientes foi de 37,6 anos (DP = 16,1).

Tabela 1
Característica dos enfermeiros (n = 6) e dos pacientes (n = 97) participantes do estudo, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2013-2014

Evidenciou-se que, dos 106 cuidados de enfermagem que integram o protocolo, 59 (55,7%) foram realizados. Considerando-se a totalidade de cuidados realizados (n = 6.107) nos 97 pacientes antes, durante e após o voo, cada paciente recebeu em média 63 cuidados.

A Tabela 2 mostra que o quantitativo de cuidados realizados antes (n = 4.435), durante (n = 1.480) e após o voo (n = 192) prevaleceu quando comparado ao número de cuidados não executados em cada um desses momentos do atendimento, cuja frequência foi de 149, 124 e dois, respectivamente. Constata-se que os cuidados que antecedem o voo foram os mais realizados; todavia estes também correspondem à maior parte do protocolo.

Tabela 2
Realização dos cuidados de enfermagem do protocolo, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2013-2014

Dos 79 cuidados de enfermagem que antecedem o voo, contemplados no protocolo, 33 não foram realizados em pelo menos um atendimento, destacando-se: evitar deixar o oxímetro de pulso exposto a raios solares (n = 22); utilizar o capnógrafo (n = 18); colocar o pressurizador ou a bomba de seringa no soro (n = 18); e, se paciente intubado, encher cuff com água (n = 13). Os principais motivos relacionados à inexecução dos cuidados antes do voo foram: esquecimento (n = 45); falta de recurso (n = 42) e de tempo (n = 41); e a não concordância com o protocolo (n = 16) (Tabela 3).

Tabela 3
Cuidados de enfermagem não realizados antes do voo segundo os motivos relacionados, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2013-2014

Dos 25 cuidados de enfermagem previstos no protocolo para serem realizados durante o voo, 13 não foram executados ao menos uma vez. Sobressaíram-se: proteger ouvidos com abafador de orelha (n = 55); monitorar o paciente com monitor multiparâmetros (n = 21); e deixar medicações de sedação à mão (n = 13). Dos dois cuidados após o voo que constituem o protocolo, um não foi executado em dois pacientes: passar o plantão para o enfermeiro informando sobre os cuidados realizados (Tabela 4).

Tabela 4
Cuidados de enfermagem não realizados durante e após o voo segundo os motivos relacionados, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 2013-2014

Predominaram como motivos relacionados à inexecução dos cuidados durante e após o voo: falta de recursos (n = 54); esquecimento (n = 35); e falta de tempo (n = 33). Não houve registro de cuidado não implementado durante o voo relacionado ao fato de o profissional não saber fazer o procedimento (Tabela 4).

DISCUSSÃO

Os dados deste estudo corroboram as estatísticas evidenciadas na literatura no que se refere às características dos pacientes, sendo os adultos jovens e do sexo masculino os mais acometidos por trauma(1111 Cardoso RG, Francischini CF, Ribera JM, Vanzetto R, Fraga GP. Helicopter emergency medical rescue for the traumatized: experience in the metropolitan region of Campinas, Brazil. Rev Col Bras Cir [Internet]. 2014 [cited 2018 May 31];41(4):236-44. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v41n4/0100-6991-rcbc-41-04-00236.pdf
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,1313 Cover DP, Nunes EAB, Carvalho KM. Mortality in traffic accidents in Piauí: characterization of cases in the biennium 2012-2013. Rev Uningá [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 21];49(1):12-9. Available from: http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/1309/928
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-1414 Geiger LSC, Chavaglia SRR, Ohl RIB, Barbosa MH, Tavares JL, Oliveira ACD. Trauma from traffic accidents after implementation of Law nº. 11.705 - "Dry Law". Rev Min Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Oct 11];22:e-1072. Available from: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1210
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).

O fato de os cuidados de enfermagem realizados antes, durante e após o voo terem se sobressaído em relação aos não executados indica uma boa adesão dos enfermeiros à sua implementação, o que pode estar relacionado à participação destes na construção do protocolo. Uma pesquisa aponta que o envolvimento dos profissionais no desenvolvimento de protocolos pode influenciar positivamente na sua adesão e implementação(1515 Ebben RHA, Vloet LCM, Schalk DMJ, Groot JAJM, van Achterberg T. An exploration of factors influencing ambulance and emergency nurses' protocol adherence in the Netherlands. J Emerg Nurs [Internet]. 2014 [cited 2018 Jun 3];40(2):124-30. Available from: https://www.jenonline.org/article/S0099-1767(12)00443-6/pdf
https://www.jenonline.org/article/S0099-...
).

A implementação dos protocolos assistenciais tem sido amplamente estudada pela enfermagem(1616 Sales CB, Bernardes A, Gabriel CS, Brito MFP, Moura AA, Zanetti ACB. Standard Operational Protocols in professional nursing practice: use, weaknesses and potentialities. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Jun 4];71(1):126-34. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n1/0034-7167-reben-71-01-0126.pdf
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), e os resultados de sua utilização demonstram que se trata de uma ferramenta moderna, sustentada por políticas públicas, que apoia a tomada de decisão do enfermeiro, permitindo que todos os profissionais prestem cuidado padronizado para a segurança do paciente, de acordo com princípios técnico-científicos, além de contribuir para diminuir as distorções adquiridas na prática, tendo também finalidade educativa(1717 Paixao DPSS, Batista J, Maziero ECS, Alpendre FT, Amaya MR, Cruz EDA. Adhesion to patient safety protocols in emergency care units. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 21];71(Suppl 1):577-84. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s1/0034-7167-reben-71-s1-0577.pdf
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18 Almeida ML, Segui MLH, Maftum MA, Labronici LM, Peres AM. Management tools used by nurses in decision-making within the hospital context. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [cited 2018 Jun 4];20(Spe):131-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20nspe/v20nspea17.pdf
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-1919 Cunningham CA, Gervais LB, Mazurak VC, Anand V, Garros D, Crick K, et al. Adherence to a nurse-driven feeding protocol in a pediatric intensive care unit. JPEN J Parenter Enteral Nutr [Internet]. 2017 [cited 2018 Aug 22];42(2):327-34. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1177/0148607117692751
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).

Um estudo de construção e validação de um protocolo assistencial de enfermagem em anestesia(1010 Lemos CS, Poveda VB, Peniche ACG. Construction and validation of a nursing care protocol in anesthesia. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 4];25:e2952. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/pt_0104-1169-rlae-25-e2952.pdf
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) evidenciou que o uso de protocolos e checklists pode auxiliar na detecção de erros e de negligência em relação ao cuidado por meio da adequada verificação de equipamentos e materiais, assim como promover a troca de informações entre os profissionais acerca das condições clínicas do paciente, o que melhora sua percepção acerca do trabalho em equipe e previne danos - aspectos que, juntos, contribuem para a segurança do paciente.

Por conseguinte, os protocolos assistenciais e de cuidados, procedimentos operacionais padrão, entre outros, são instrumentos que têm o intuito de nortear os profissionais de saúde no cuidado dos pacientes, devendo ser aplicados na realidade dos diferentes cenários de atenção à saúde a fim de promover uma assistência de qualidade(2020 Machado RC, Gironés P, Souza AR, Moreira RSL, Jakitsch CB, Branco JNR. Nursing care protocol for patients with a ventricular assist device. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 May 26];70(2):335-41. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v70n2/0034-7167-reben-70-02-0335.pdf
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-2121 Vasconcelos JMB, Caliri MHL. Nursing actions before and after a protocol for preventing pressure injury in intensive care. Esc Anna Nery [Internet]. 2017 [cited 2018 Jan 21];21(1):e20170001. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v21n1/en_1414-8145-ean-21-01-e20170001.pdf
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). No ambiente aeroespacial existe a necessidade de uma avaliação minuciosa do paciente, embasada em protocolos aceitos e nos fundamentos da fisiologia da altitude, para uma correta estabilização da pessoa socorrida(2222 Gentil RC. Transporte Aéreo: o diferencial na assistência de enfermagem. In: Malagutti W, Caetano KC. Transporte de pacientes: a segurança em situações críticas. São Caetano do Sul, SP: Editora Yendis; 2015.). Nesse sentido, a implementação deste protocolo contribui para uma abordagem organizada e sistemática do atendimento, na busca de um melhor prognóstico.

Neste estudo, o cuidado de enfermagem mais executado no período que antecede o voo, dos que constam no protocolo, foi a avaliação primária da circulação. Em pacientes acometidos por trauma, a avaliação é a base do tratamento, devido às possíveis complicações. A avaliação e intervenção bem-sucedida requer amplo conhecimento científico sobre a fisiologia do trauma e um plano de tratamento bem desenvolvido, que seja realizado de modo rápido e eficiente(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.).

A avaliação primária da circulação visa controlar hemorragias e é um cuidado fundamental, pois enquanto a hemorragia não estiver controlada e a oxigenação tecidual estiver reduzida em decorrência da perfusão inadequada, ocorrem sérios danos que diminuem a sobrevivência do paciente(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.,2323 Stancil SA. Development of a new infusion protocol for austere trauma resuscitations. Air Med J [Internet]. 2017 [cited 2018 Aug 21];36(5):239-43. Available from: https://doi.org/10.1016/j.amj.2017.02.006
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). Desse modo, para o êxito no atendimento ao paciente acometido por trauma há um tempo decisivo, denominado “período ouro”, que compreende desde a ocorrência do trauma até o tratamento definitivo da hemorragia(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.).

No período durante o voo, o cuidado mais realizado foram as orientações de segurança. Este achado é corroborado pela literatura, sendo tal cuidado entendido como uma ação indispensável para maximizar a segurança do voo para a equipe, a tripulação aeromédica e o paciente aerorremovido(2424 Reis MCF, Vasconcellos DRL, Saiki J, Gentil RC. Os efeitos da fisiologia aérea na assistência de enfermagem ao paciente aerorremovido e na tripulação aeromédica. Acta Paul Enferm. 2000;13(2):16-25.). Um estudo que relata a experiência de enfermeiros no transporte aéreo(2525 Senften J, Engstorm A. Critical care nurses' experiences of helicopter transfers. Nurs Crit Care [Internet]. 2013 [cited 2018 Jun 4];20(1):25-33. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/nicc.12063
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) apresenta as orientações de segurança como um elemento-chave no cuidado de pacientes criticamente doentes em aeronaves, uma vez que este cuidado evita a ocorrência de eventos inesperados e situações críticas durante o voo.

O cuidado de “preencher toda a ficha de atendimento” se destacou dentre os executados no período após o voo. Em contrapartida, uma pesquisa sobre a implementação de um protocolo de infecção do trato urinário em unidade de terapia intensiva evidenciou que o preenchimento e as anotações dos profissionais muitas vezes são considerados frágeis(2626 Miranda AL, Oliveira ALL, Nacer DT, Aguiar CAM. Results after implementation of a protocol on the incidence of urinary tract infection in an intensive care unit. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2018 Jun 4];24:e2804. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/0104-1169-rlae-24-02804.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/0104-1...
).

O enfermeiro, ao aplicar o protocolo de cuidados, deve se precaver para não subestimar sua capacidade de julgamento clínico, etapa essencial na tomada de decisão para um cuidado efetivo. Infere-se que os enfermeiros deste estudo praticam esse julgamento, haja vista a frequência de cuidados classificados como “não se aplica”, resposta que pode estar relacionada à inadequação do cuidado ao tipo de trauma tratado, por exemplo. Um estudo holandês corrobora que os enfermeiros devem utilizar seu julgamento profissional ao aplicar o protocolo, mas razões como a padronização e a uniformidade do atendimento justificam o foco na sua adesão(2727 Ebben RHA, Vloet LCM, Grunsven PM, Breeman W, Goosselink B, Lichtveld RA, et al. Factors influencing ambulance nurses' adherence to a national protocol ambulance care: an implementation study in the Netherlands. Eur J Emerg Med [Internet]. 2014 [cited 2018 Jun 4];22(3):199-205. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4410961/pdf/mej-22-199.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Os cuidados que não foram realizados tiveram como principais motivos o esquecimento, a falta de recurso e de tempo, e a não concordância com o protocolo. Comparativamente, no cenário das unidades de pronto atendimento, evidenciou-se o não cumprimento dos protocolos nacionais de segurança do paciente, expondo os pacientes a eventos adversos preveníeis(1717 Paixao DPSS, Batista J, Maziero ECS, Alpendre FT, Amaya MR, Cruz EDA. Adhesion to patient safety protocols in emergency care units. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 21];71(Suppl 1):577-84. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s1/0034-7167-reben-71-s1-0577.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s1/003...
). No atendimento pré-hospitalar móvel terrestre, a adesão ao protocolo foi abaixo do ideal, embora os enfermeiros tenham relatado alta adesão. Fatores relacionados ao protocolo, como sua complexidade, suporte para diagnóstico e tratamento e relação do protocolo com os resultados dos pacientes, parecem influenciar essa adesão(2828 Ebben RHA, Vloet LCM, Verhofstad MHJ, Meijer S, Groot JAJM, van Achterberg T. Adherence to guidelines and protocols in the prehospital and emergency care setting: a systematic review. Scand J Trauma Resusc Emerg Med [Internet]. 2013 [cited 2018 Jun 3];21:9. Available from: https://sjtrem.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/1757-7241-21-9
https://sjtrem.biomedcentral.com/track/p...
). Desse modo, existe uma lacuna entre os protocolos e a prática clínica, o que pode ocasionar uma assistência inadequada.

Os achados revelaram que o cuidado de “proteger os ouvidos com abafador de orelha” não foi executado por falta desse recurso no serviço. Ruídos intensos provocam desconforto e, se o paciente estiver lúcido, valores acima de 85 decibéis (dB) são considerados danosos aos ouvidos(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.). Voos longos podem levar a cefaleia, tontura, fadiga, distúrbios visuais e danos temporários ou permanentes no ouvido - já que o ruído aeronáutico varia entre 110-130 dB(1212 National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8ª ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning; 2016.,2424 Reis MCF, Vasconcellos DRL, Saiki J, Gentil RC. Os efeitos da fisiologia aérea na assistência de enfermagem ao paciente aerorremovido e na tripulação aeromédica. Acta Paul Enferm. 2000;13(2):16-25.). Desse modo, julga-se que o esquecimento desse cuidado esteja relacionado aos atendimentos com voos curtos ou, ainda, ao uso de coxim e colar cervical nos pacientes de trauma, já que esses recursos abafam os ruídos do helicóptero.

Outro cuidado não realizado foi “evitar deixar o oxímetro de pulso exposto a raios solares”, o que foi motivado por falta de recurso, de tempo e por esquecimento. Quando os atendimentos ocorrem em vias públicas, sob o sol, existe impossibilidade de cobertura desse aparelho. Ainda, por serem atendimentos pré-hospitalares, o fator tempo é priorizado, levando ao esquecimento da execução do cuidado. Contudo, um estudo explica que o oxímetro utiliza dois comprimentos de onda para medir a saturação de oxigênio (SpO2), os quais podem ser produzidos por diferentes fontes de luz ambiente, acarretando em falsas leituras de SpO2, o que não é desejável(2929 Jubran A. Pulse oximetry. Crit Care [Internet]. 2015. [cited 2018 Jun 2];19(1):272. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4504215/pdf/13054_2015_Article_984.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Sobre o cuidado de “monitorizar o paciente com monitor multiparâmetros durante o voo”, o principal fator para sua inexecução foi o tempo, que pode ser reduzido em atendimentos que requerem voos curtos, levando o enfermeiro a utilizar apenas o oxímetro portátil. Apesar disso, ressalta-se que o monitor multiparâmetros permite o acompanhamento hemodinâmico contínuo de diferentes parâmetros vitais do paciente: pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio. Quando se considera a impossibilidade de auscultar a pressão arterial devido ao ruído intenso existente no interior do helicóptero(2222 Gentil RC. Transporte Aéreo: o diferencial na assistência de enfermagem. In: Malagutti W, Caetano KC. Transporte de pacientes: a segurança em situações críticas. São Caetano do Sul, SP: Editora Yendis; 2015.,2525 Senften J, Engstorm A. Critical care nurses' experiences of helicopter transfers. Nurs Crit Care [Internet]. 2013 [cited 2018 Jun 4];20(1):25-33. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/nicc.12063
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf...
), a monitorização do paciente com o emprego do monitor multiparâmetros ganha relevância.

Limitações do estudo

As deficiências na implementação do protocolo evidenciadas neste estudo estão relacionadas a fatores individuais, organizacionais e a características do protocolo, como o esquecimento, a falta de recurso e a não concordância do profissional com o protocolo, respectivamente, o que requer reflexão e estratégias de melhoria. Conhecer o tempo de voo dos atendimentos realizados poderia confirmar ou rejeitar a justificativa de que alguns cuidados de enfermagem do protocolo não foram executados devido à duração dos voos, com reduzido tempo de atendimento pelo serviço aeromédico.

Contribuições para a área da enfermagem

Este estudo indica que a implementação do protocolo de cuidados contribuiu para sistematizar a assistência de enfermagem aos pacientes com trauma atendidos por um serviço aeromédico, direcionando a prática clínica, o que pode estimular sua aplicação em serviços similares. Também revelou barreiras na implementação do protocolo, as quais devem ser discutidas entre os enfermeiros e gestores do serviço, a fim de superá-las. Além disso, a pesquisa agrega conhecimento à enfermagem aeroespacial, especialmente em relação ao uso de protocolos para garantir uma assistência de qualidade.

CONCLUSÃO

Evidenciou-se que, embora a maioria dos cuidados do protocolo tenha sido implementada pelos enfermeiros do serviço aeromédico, os cuidados não realizados, principalmente por falta de recurso, de tempo e por esquecimento, comprometem a qualidade da assistência, o que requer que a gestão do serviço ofereça maior incentivo aos enfermeiros e recursos adequados para sua efetivação na prática clínica.

  • FOMENTO
    Este trabalho contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (Capes) - Código de Financiamento 001.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Aparecida Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Marcia Magro

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Abr 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    07 Jun 2018
  • Aceito
    11 Maio 2019
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