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Impacto do câncer de mama e qualidade de vida de mulheres sobreviventes

RESUMO

Objetivo:

Avaliar o impacto do câncer de mama e a qualidade de vida de mulheres sobreviventes e identificar associação de variáveis sociodemográficas e clínicas.

Método:

Transversal, analítico, quantitativo, com mulheres pós-tratamento ambulatorial de câncer de mama em instituição pública do município de São Paulo, São Paulo, Brasil. Instrumentos: sociodemográfico e clínico; escala Impacto do Câncer; Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast Cancer. Análise estatística descritiva e analítica.

Resultados:

100 mulheres, média de 60 anos (DP=11,3); maioria em seguimento inferior há 5 anos, baixo poder econômico e escolaridade. Impacto do Câncer negativo: Preocupação com a Saúde, Mudanças Corporais, Sentimentos e Significado do Câncer. Qualidade de Vida: 81,9 (18,3), específico: 105,6 (24,6). Subescalas do impacto do câncer que predisseram piores escores de qualidade de vida : Mudanças Corporais, Autoavaliação Negativa e Preocupação com o Câncer (ps<0,05).

Conclusão:

Apesar de apresentarem um bom escore de qualidade de vida, pacientes reportaram impacto negativo do câncer, agravado por vulnerabilidades.

Descritores:
Neoplasias da Mama; Sobrevivente; Qualidade de Vida; Perfil de Impacto da Doença; Oncologia

ABSTRACT

Objective:

To evaluate the impact of breast cancer and the quality of life of women survivors and to identify associations between sociodemographic and clinical variables.

Method:

This was a cross-sectional, analytical, quantitative study conducted with women receiving outpatient post-treatment care at a public institution of the city of São Paulo, state of São Paulo, Brazil. Instruments: sociodemographic and clinical questionnaires; Impact of Cancer scale; Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast Cancer scale. Descriptive and analytical statistical analysis were performed.

Results:

One hundred women were included in the study with a mean age of 60 years (SD = 11.3); most with less than 5 years of follow-up, low purchasing power, and low education levels. Negative Impact of Cancer: Health Worry, Body Changes, Feelings, and Meaning of Cancer. Quality of life: 81.9 (18.3), specific: 105.6 (24.6). The following subscales of the impact of cancer scale predicted lower quality of life scores: Body Changes, Negative Self-Evaluation, and Concerns about Cancer (p <0.05).

Conclusion:

Although they presented high scores for quality of life, patients reported negative impacts of cancer, enhanced by vulnerabilities.

Descriptors:
Breast Neoplasms; Survivors; Quality of Life; Sickness Impact Profile; Oncology

RESUMEN

Objetivo:

Evaluar el impacto del cáncer de mama y la calidad de vida de mujeres sobrevivientes, identificar asociación de variables sociodemográficas y clínicas.

Método:

Transversal, analítico, cuantitativo, con mujeres post-tratamiento ambulatorio de cáncer de mama en institución pública del municipio de São Paulo, São Paulo, Brasil. Instrumentos: Sociodemográfico y clínico; Escala Impacto del Cáncer; Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast Cancer. Análisis estadístico descriptivo y analítico.

Resultados:

Cien mujeres, media etaria de 60 años (SD=11,3), mayoría en seguimiento inferior a 5 años, bajos recursos y escolarización. Impacto del Cáncer negativo: Preocupación por la Salud, Cambios Corporales, Sentimientos y Significado del Cáncer. Calidad de Vida: 81,9 (18,3), específico: 105,6 (24,6). Subescalas del impacto del cáncer predictoras de peores puntajes de calidad de vida: Cambios Corporales, Autoevaluación Negativa y Preocupación por el Cáncer (ps<0,05).

Conclusión:

Aun presentando buenos puntajes de calidad de vida las pacientes informaron impacto negativo del cáncer, agravado por sus vulnerabilidades.

Descriptores:
Neoplasias de la Mama; Sobrevivientes; Calidad de Vida; Perfil de Impacto de Enfermedad; Oncología

INTRODUÇÃO

Nos Estados Unidos, há mais de 12 milhões de sobreviventes do câncer e, até o ano de 2024, esse total poderá alcançar 19 milhões(11 Miller KD, Siegel RL, Lin CC, Mariotto AB, Kramer JL, Rowland JH, et al. Cancer treatment and survivorship statistics, 2016. CA Cancer J Clin[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 20];66(4):271-89. Available from: https://doi.org/10.3322/caac.21349
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). Esse aumento se deve, principalmente, aos avanços tecnológicos obtidos para o diagnóstico precoce e histopatológico preciso, bem como à descoberta de fármacos e ao incremento de terapêuticas que possibilitam a cura e/ou o controle da doença(11 Miller KD, Siegel RL, Lin CC, Mariotto AB, Kramer JL, Rowland JH, et al. Cancer treatment and survivorship statistics, 2016. CA Cancer J Clin[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 20];66(4):271-89. Available from: https://doi.org/10.3322/caac.21349
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).

No Brasil, o câncer de mama é a doença maligna que mais atinge as mulheres desde 1979(22 Instituto Nacional do Câncer José de Alencar. CANCERES Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil[Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2015[cited 2017 Oct 21]. Available from: http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/estimativa-2016.asp
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). Em 2012, foram registrados 52.680 casos novos de câncer de mama e cerca de 12.000 mortes, denotando a precária atenção a essa doença em âmbito nacional(22 Instituto Nacional do Câncer José de Alencar. CANCERES Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil[Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2015[cited 2017 Oct 21]. Available from: http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/estimativa-2016.asp
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). Devido às dimensões continentais do país e à distribuiçao desigual de renda per capita, a maior possibilidade de ocorrência de diagnósticos precoces e instituição de terapêuticas adequadas estão nas regiões sul e sudeste do país, que concentram os melhores centros de tratamento do câncer(33 Cecilio AP, Takakura ET, Jumes JJ, Santos JW, Herrera AC, Victorino VJ, et al. Breast cancer in Brazil: epidemiology and treatment challenges. Breast Cancer[Internet]. 2015[cited 2017 Oct 21];7:43-9. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4317062/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Do ponto de vista biopsicossocial, o diagnóstico do câncer de mama impacta negativamente a vida da mulher, sendo comuns sentimentos de medo e sofrimento ao longo de todo o processo, que inclui a fase diagnóstica, terapêutica e de sobrevivência. Em geral, as pacientes pós-tratamento, sendo este cirúrgico e/ou clínico (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, terapia endócrina), permanecem em consultas subsequentes, denominadas de seguimento, por até 10 anos, com ou sem indicação de terapia endócrina(44 Ansa B, Yoo W, Whitehead M, Coughlin S, Smith S. Beliefs and behaviors about breast cancer recurrence risk reduction among African American breast cancer survivors. Int J Environ Res Public Health[Internet]. 2015[cited 2017 Oct 21];13(1):46. Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph13010046
https://doi.org/10.3390/ijerph13010046...
-55 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
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).

O conceito de sobrevivente do câncer, Cancer Survivor, nasceu nos Estados Unidos da América (USA) e foi cunhado, primeiramente, em 1996 pelo National Coalition for Cancer Survivorship. Por definição, designa-se o indivíduo com câncer, desde o momento do diagnóstico até os anos posteriores, independentemente do desfecho, ou seja, com a doença cronificada ou livre de doença(55 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
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-66 Surbone A, Tralongo P. Categorization of cancer survivors: why we need it. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 19];34(28):3372-4. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2016.68.3870
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). Posteriormente, o conceito foi ampliado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC, USA), incluindo os membros da família, amigos e cuidadores como sobreviventes secundários, bem como buscou-se categorizar o sobrevivente de acordo com a fase e o tempo(66 Surbone A, Tralongo P. Categorization of cancer survivors: why we need it. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 19];34(28):3372-4. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2016.68.3870
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).

Apesar de absolutamente desejável, sobreviver ao câncer requer a manutenção de cuidados que deveriam ser, sistematicamente, incluídos nas consultas de seguimento do paciente. Os sobreviventes estão expostos a várias situações, dentre elas, risco de recorrência do câncer e/ou segunda neoplasia maligna (devido ao tratamento do câncer, fatores genéticos ou longevidade), efeitos colaterais tardios e/ou comorbidades decorrentes dos tratamentos, desde algumas sequelas físicas, como por exemplo, problemas cardíacos, pulmonares e fadiga até transtorno depressivo e de estresse pós-traumático(55 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
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6 Surbone A, Tralongo P. Categorization of cancer survivors: why we need it. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 19];34(28):3372-4. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2016.68.3870
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7 Ellegaard MB, Grau C, Zachariae R, Bonde Jensen A. Fear of cancer recurrence and unmet needs among breast cancer survivors in the first five years: a cross-sectional study. Acta Oncol[Internet]. 2017[cited 2017 Mar 19];56(2):314-20. Available from: https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.1268714
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-88 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
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). Há, ainda, a necessidade de aquisição e/ou manutenção de comportamentos para promoção da saúde e do bem-estar psicossocial(55 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
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,77 Ellegaard MB, Grau C, Zachariae R, Bonde Jensen A. Fear of cancer recurrence and unmet needs among breast cancer survivors in the first five years: a cross-sectional study. Acta Oncol[Internet]. 2017[cited 2017 Mar 19];56(2):314-20. Available from: https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.1268714
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).

A Qualidade de Vida (QV) de mulheres sobreviventes de cancer de mama tem sido vastamente estudada no mundo todo, considerando-se diferentes etnias e vulnerabilidades(88 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
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-99 Cheng KKF, Wong WH, Koh C. Unmet needs mediate the relationship between symptoms and quality of life in breast cancer survivors. Supp Care Cancer[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 11];24(5):2025-33. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-0
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). Observou-se que, apesar de uma melhora considerável na QV geral dessas mulheres, problemas persistiram nos domínios social/familiar, emocional, espiritual e físico, especificamente no que tange à memória e/ou concentração, dor, linfedema, desempenho sexual e autoimagem. Os impactos negativos sobre os domínios são identificados no período entre 5 e 10 anos pós-diagnóstico. Para uma análise contextualizada, estudos recomendam ampliar a avaliação nos aspectos social, ambiental, cultural, econômico, carga de vida (life burden), entre outros(88 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
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9 Cheng KKF, Wong WH, Koh C. Unmet needs mediate the relationship between symptoms and quality of life in breast cancer survivors. Supp Care Cancer[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 11];24(5):2025-33. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-0
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-1010 Lopez-Class M, Gomez-Duarte J, Graves K, Ashing K. A contextual approach to understanding breast cancer survivorship among Latinas. Psychooncol[Internet]. 2012[cited 2017 Feb 11];21:115-24. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.1998
https://doi.org/10.1002/pon.1998...
).

Há poucas informações acerca dos sobreviventes de câncer de mama na população brasileira e, considerando os investimentos nacionais para melhoria do número de diagnósticos precoces e a oferta de tratamentos adequados das últimas décadas, dados precisam ser apurados. Sendo assim, esse estudo foi norteado pelas perguntas: Como mulheres sobreviventes ao câncer de mama avaliam a sua QV? Qual impacto o câncer gerou na vida dessas mulheres? Quais variáveis sociodemográficas e clínicas associam-se à QV e ao Impacto do Câncer (IC)?

OBJETIVO

Avaliar a qualidade de vida (QV) e mensurar o impacto do câncer (IC) em mulheres sobreviventes ao câncer de mama em período posterior a 12 meses, no mínimo, do término do tratamento primário, bem como identificar variáveis sociodemográficas e clínicas associadas à QV e ao IC.

MÉTODO

Aspectos éticos

O estudo atendeu às recomendações éticas e obteve aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do São Paulo – UNIFESP.

Desenho, local do estudo e período

Trata-se de um estudo transversal e analítico, conduzido no período de fevereiro de 2016 a agosto de 2017, no Ambulatório de Mastologia da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP. O serviço atende, em média, 60 novos pacientes/ano com diagnóstico de câncer de mama, sendo ofertados tratamentos cirúrgicos e clínicos, incluindo quimioterapia antineoplásica, radioterapia e terapia endócrina aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

População; critérios de inclusão e exclusão

Amostra de conveniência, constituída por pacientes consideradas elegíveis: com diagnóstico de câncer de mama de qualquer etiologia, idade igual ou superior a 18 anos, em terapia endócrina ou não, que finalizaram o tratamento primário e encontravam-se em seguimento clínico há 12 meses, no mínimo, a contar da data do último procedimento terapêutico (quimioterápico antineoplásico, radioterápico ou cirúrgico). Os critérios de exclusão foram: pacientes com doença em atividade, com alguma comorbidade psiquiátrica ou déficit cognitivo registrados em prontuário médico e que apresentassem alguma outra incapacidade para responder aos instrumentos.

Protocolo do estudo

Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), as pacientes foram entrevistadas na sala de espera do ambulatório, enquanto aguardavam consulta médica de seguimento. A leitura dos itens dos instrumentos e os registros das respostas foram feitos pelas pesquisadoras, quando a participante verbalizava dúvidas. O tempo aproximado de aplicação foi de 20 minutos. Durante a coleta de dados e no percurso do estudo, não houve desistência de qualquer participante.

Coleta de dados e instrumentos

Foram utilizados 3 instrumentos, sendo o primeito para caracterização sociodemográfica e clínica. Esse instrumento identificou idade, sexo, estado civil, escolaridade, classe econômica, ano do diagnóstico, tipo de câncer, estadiamento clínico da doença e tratamento realizado. Os dados disponíveis em prontuários eletrônicos foram utilizados para o preenchimento das informações clínicas. Na sequência, optou-se por dois instrumentos, Impacto do Câncer (IC) e Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast Cancer (FACT-B), ambos autorizados para uso:

Impacto do Câncer: versão adaptada transculturalmente, para a língua portuguesa, do instrumento “Impact of Cancer (IOC) instrument(1111 Zebrack BJ, Ganz PA, Bernaards CA, Petersen L, Abrahan L. Assessing the impact of cancer: development of a new instrument for long-term survivors. Psychooncol[Internet]. 2006[cited 2017 Feb 11];15(5):407-21. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.963
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), por Mendes et al.(1212 Mendes TL, Santos EM. Adaptação transcultural do instrumento Impacto do Câncer em sobreviventes de câncer colorretal: instrumento para avaliação da qualidade de vida[Dissertação]. São Paulo: Fundação Antônio Prudente; 2011.) A versão adaptada do instrumento Impacto do Câncer (IC) consiste em 31 itens subdivididos em sete subescalas: preocupação com a saúde, mudanças corporais, sentimentos sobre o câncer, autoavaliação negativa, visão negativa, significado do câncer, preocupação com o câncer. Para cada item, há alternativas do tipo Likert, 5 pontos (1 = discordo fortemente, 2 = discordo, 3 = neutro, 4 = concordo e 5 = concordo fortemente). Para avaliação do IC, cada subescala é computada tomando-se as médias das respostas dos itens que a compõem. Assim, valor médio acima de 3,0 indica maior impacto do câncer na vida da paciente.

Qualidade de Vida: versão traduzida e validada para o português da Functional Assessment of Cancer Therapy-Breast Cancer (FACT-B)(1313 Oliveira IS, Costa LCM, Manzoni ACT, Cabral CMN. Assessment of the measurement properties of quality of life questionnaires in Brazilian women with breast cancer. Braz J Phys Ther[Internet]. 2014[cited 2017 Feb 11];18(4):372-83. Available from: https://doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.0045
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), composta por 27 itens que avaliam o bem-estar físico (sete itens, pontuação 0-28), social/familiar (sete itens, pontuação 0-28), emocional (seis itens, pontuação 0-24), funcional (sete itens, pontuação 0-28) e as preocupações adicionais (10 itens, pontuação 0-40). Os escores de cada domínio são somados, podendo totalizar 108 pontos. Quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida(1313 Oliveira IS, Costa LCM, Manzoni ACT, Cabral CMN. Assessment of the measurement properties of quality of life questionnaires in Brazilian women with breast cancer. Braz J Phys Ther[Internet]. 2014[cited 2017 Feb 11];18(4):372-83. Available from: https://doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.0045
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).

Análise dos resultados e estatística

Para a caracterização da amostra, utilizou-se a estatística descritiva que analisou as frequências, as médias e desvios-padrão das variáveis pesquisadas. Considerando que a validação ocorreu com população de câncer colorretal(1111 Zebrack BJ, Ganz PA, Bernaards CA, Petersen L, Abrahan L. Assessing the impact of cancer: development of a new instrument for long-term survivors. Psychooncol[Internet]. 2006[cited 2017 Feb 11];15(5):407-21. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.963
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), foi aplicado o alfa de Cronbach para a estimativa da confiabilidade do instrumento IC, que apresentou uma boa consistência interna na presente amostra (α=0,83). Foi realizada Regressão Linear para identificação dos fatores potenciais associados ao impacto do câncer, incluindo as variáveis sociodemográficas, clínicas e a qualidade de vida. Todas as análises ocorreram com o auxilio do software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para MAC.

RESULTADOS

No total, 100 mulheres participaram do estudo, com idade média de 59,1 anos (35-88 anos; DP=10,6), sendo a maioria casada (50%), tendo cursado Ensino Fundamental (60%), classe econômica C (63%), desempregadas e/ou aposentadas (77%). Em relação aos hábitos, 5% declararam ser fumantes e 6%, etilistas. O tipo de câncer mais frequente foi o carcinoma ductal (49%). A maioria (76%) foi diagnosticada entre os anos de 2012 e 2015. Os tipos de tratamento de maior prevalência foram o cirúrgico, com predomínio de quadrantectomia (59%), e a maioria estava em uso de terapia endócrina (71%). Os dados da caracterização sociodemográfica e clínica estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1
Características sociodemográficas e clínicas, São Paulo, Brasil, 2016

Na análise descritiva do IC, observou-se que os problemas frequentemente listados foram: preocupação com a saúde (M=4,1; DP=0,9), sentimentos sobre o câncer (M=3,9; DP=0,8), significado do câncer (M=3,6; DP=0,9) (Tabela 2). No geral, as pacientes apresentaram um escore médio de qualidade de vida de 85,8 (DP=18,1), com maiores escores nas subescalas bem-estar funcional (M=22,3; DP=5,4), físico (M=22,2; DP=7,8) e questões adicionais à mama (M=24,4; DP=7,9) (Tabela 2).

Tabela 2
Dados descritivos dos intrumentos de medida do impacto do câncer e qualidade de vida de mulher com câncer de mama, São Paulo, Brasil, 2016

No modelo final da regressão linear, foi possível identificar uma associação significativa entre menor intervalo de tempo de sobrevida (ano referência do diagnóstico) e presença de preocupação com a saúde (B=1,27, DP=0,5, p=0,02), assim como entre término da quimioterapia antineoplásica (ano referência o último ciclo) e autoavaliação negativa (B=1,82, DP= 0,63, p=0,01). A condição econômica menos favorecida, classes C e D, associou-se a um menor grau de preocupação com a saúde (B=0,23, DP=0,09, p=0,01), menor grau de preocupação com o câncer (B=0,24, DP=0,13, p=0,05) e maior visão negativa sobre a experiência com seu processo de adoecer (B=0,24, DP=0,90, p=0,009). Contudo, possuir maior escolaridade predisse uma visão positiva acerca do câncer (B=-0,11, DP=0,52, p=0,03) (Tabela 3). No geral, maiores escores de QV (FACT-B) estiveram associados à proximidade com o ano do diagnóstico, e piores escores de QV (ps<0,05) foram identificados nas subescalas mudanças corporais, autoavaliação negativa e preocupação com o câncer (Tabela 3).

Tabela 3
Covariáveis associadas à qualidade de vida, São Paulo, Brasil, 2016

DISCUSSÃO

Na presente investigação, a discussão minuciosa das variáveis sociodemográficas e clínicas foi importante para a caracterização dessa amostra pouco estudada no Brasil e para a interpretação das percepções da QV e do IC. Assim, participaram mulheres entre 35 e 88 anos, com a média de idade de 50 anos e diagnóstico histológico de carcinoma ductal, principalmente. Esses achados são compatíveis com a literatura internacional, assim como as principais modalidades de tratamentos realizados(11 Miller KD, Siegel RL, Lin CC, Mariotto AB, Kramer JL, Rowland JH, et al. Cancer treatment and survivorship statistics, 2016. CA Cancer J Clin[Internet]. 2016[cited 2017 Mar 20];66(4):271-89. Available from: https://doi.org/10.3322/caac.21349
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).

Verificou-se que praticamente a totalidade das mulheres reportou possuir crença e espiritualidade, uma característica comum à cultura brasileira que pode estar associada aos mecanismos de enfrentamento, sendo um potencial influenciador da percepção de qualidade de vida e bem-estar(1414 Mello ML, Oliveira SS. Health, religion and culture: a dialogue based on afro Brazilian customs. Saúde Soc[Internet]. 2013[cited 2017 Feb 11];22(4):1024-35. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902013000400006
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). Ademais, o fato de a maioria das pacientes declarar “viver acompanhadas” sugere um possível apoio social, emocional e instrumental, cuja qualidade precisa ser melhor explorada em outros estudos, por se tratar de um recurso importante para essas mulheres sobreviventes do câncer de mama, cuja autoestima e a autopreservação podem estar diminuídas(1010 Lopez-Class M, Gomez-Duarte J, Graves K, Ashing K. A contextual approach to understanding breast cancer survivorship among Latinas. Psychooncol[Internet]. 2012[cited 2017 Feb 11];21:115-24. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.1998
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11 Zebrack BJ, Ganz PA, Bernaards CA, Petersen L, Abrahan L. Assessing the impact of cancer: development of a new instrument for long-term survivors. Psychooncol[Internet]. 2006[cited 2017 Feb 11];15(5):407-21. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.963
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12 Mendes TL, Santos EM. Adaptação transcultural do instrumento Impacto do Câncer em sobreviventes de câncer colorretal: instrumento para avaliação da qualidade de vida[Dissertação]. São Paulo: Fundação Antônio Prudente; 2011.

13 Oliveira IS, Costa LCM, Manzoni ACT, Cabral CMN. Assessment of the measurement properties of quality of life questionnaires in Brazilian women with breast cancer. Braz J Phys Ther[Internet]. 2014[cited 2017 Feb 11];18(4):372-83. Available from: https://doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.0045
https://doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.00...

14 Mello ML, Oliveira SS. Health, religion and culture: a dialogue based on afro Brazilian customs. Saúde Soc[Internet]. 2013[cited 2017 Feb 11];22(4):1024-35. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902013000400006
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902013...
-1515 Hasson-Ohayon I, Tuval-Mashiach R, Goldzweig G, Levi R, Pizem N, Kaufman B. The need for friendships and information: dimensions of social support and posttraumatic growth among women with breast cancer. Palliat Supp Care[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];14(4):387-92. Available from: https://doi.org/10.1017/S1478951515001042
https://doi.org/10.1017/S147895151500104...
).

Delinear o contexto das pacientes diagnosticadas com câncer com exatidão, principalmente as adultas economicamente ativas, traz importantes reflexões para o planejamento da assistência qualificada no processo de adoecimento pelo câncer, capaz de aumentar as expectativas da sobrevida livre de doença, bem como favorecer a recuperação da atividade econômica, gerando impacto positivo na própria família e na economia da sociedade(1616 Guy GP, Donatus U, Ekwueme K, Yabroff R, Dowling EC, Li C, et al. Economic burden of cancer survivorship among adults in the United States. J Clin Oncol[Internet]. 2013[cited 2017 Feb 20];31(30):3749-57. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2013.49.1241
https://doi.org/10.1200/JCO.2013.49.1241...
). Sendo assim, no presente estudo, destacou-se o baixo poder aquisitivo, com predomínio das classes econômicas C e D, a inatividade econômica, agravados pela pouca escolaridade, presença do analfabetismo e a média alta de filhos.

Trata-se de uma população de risco vulnerável, carente de políticas públicas eficientes em saúde. Tal achado ratifica a relevância da oferta de amplo apoio, com subsídios sociais necessários ao paciente com câncer durante e após o tratamento, incluindo o incentivo à recuperação da formação educacional e da atividade laboral(1515 Hasson-Ohayon I, Tuval-Mashiach R, Goldzweig G, Levi R, Pizem N, Kaufman B. The need for friendships and information: dimensions of social support and posttraumatic growth among women with breast cancer. Palliat Supp Care[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];14(4):387-92. Available from: https://doi.org/10.1017/S1478951515001042
https://doi.org/10.1017/S147895151500104...
). Ademais, constata-se a necessidade de um suporte educacional e multidisciplinar para compreender o estado de adoecimento, superar as adversidades (economicas, sociais, familiares) e capacitar-se para o atendimento de demandas de autocuidado em todas as fases, do diagnóstico ao seguimento, em condição crônica ou livre de doença(1717 Yabroff KR, Dowling EC, Guy GP, Banegas MP, Davidoff A, Han X, et al. Financial hardship associated with cancer in the United States: findings from a population-based sample of adult cancer survivors. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];34(3):259-67. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2015.62.0468
https://doi.org/10.1200/JCO.2015.62.0468...
-1818 Martin DN, Lam TK, Brignole K, Ashing KT, Blot WJ, Burhansstipanov L, et al. Recommendations for cancer epidemiologic research in understudied populations and implications for future needs. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];25(4):573-80. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-1297
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
).

Aparentemente, os primeiros dois anos de seguimento são percebidos como os mais precários de informações e cuidados, associação esta que foi obtida também na presente investigação. Programas sistematicamente elaborados, implementados e avaliados que englobem e articulem informações sobre as etapas do adoecimento pelo câncer – detecção precoce, diagnóstico, tratamento, sobrevida, progressão, fim de vida – e que gerem habilidades para a tomada de decisões (autogerenciamento), com consequente melhora da qualidade de vida e alcance do bem-estar, são fundamentais para toda e qualquer população(77 Ellegaard MB, Grau C, Zachariae R, Bonde Jensen A. Fear of cancer recurrence and unmet needs among breast cancer survivors in the first five years: a cross-sectional study. Acta Oncol[Internet]. 2017[cited 2017 Mar 19];56(2):314-20. Available from: https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.1268714
https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.12...
-88 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
https://doi.org/10.1097/NCC.000000000000...
,1919 Tan AS, Nagler RH, Hornik RC, DeMichele A. Evolving information needs among colon, breast, and prostate cancer survivors: results from a longitudinal mixed-effects analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2015[cited 2017 Feb 20];24(7):1071-8. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-0041
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
)

Corroborando a importância dos achados socioeconômicos em relação ao impacto do câncer, as mulheres de maior vulnerabilidade econômica e educacional demonstraram menor grau de preocupação com a saúde e com o câncer, somando-se a uma visão negativa sobre a experiência de adoecimento. Esses dados reforçam a importância de medidas educativas referentes a esses fatores de risco no período subsequente ao término do tratamento, fase na qual essas mulheres retomam ou adquirirem novos comportamentos de risco, como obesidade, sedentarismo e o hábito tabágico(1818 Martin DN, Lam TK, Brignole K, Ashing KT, Blot WJ, Burhansstipanov L, et al. Recommendations for cancer epidemiologic research in understudied populations and implications for future needs. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];25(4):573-80. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-1297
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
-1919 Tan AS, Nagler RH, Hornik RC, DeMichele A. Evolving information needs among colon, breast, and prostate cancer survivors: results from a longitudinal mixed-effects analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2015[cited 2017 Feb 20];24(7):1071-8. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-0041
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
).

Em estudo colaborativo norte-americano(2020 Passarelli MN, Newcomb PA, Hampton JM, Trentham-Dietz A, Titus LJ, Egan KM, et al. Cigarette smoking before and after breast cancer diagnosis: mortality from breast cancer and smoking-related diseases. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];34(12):1315-22. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2015.63.9328
https://doi.org/10.1200/JCO.2015.63.9328...
), envolvendo mais de 20.000 mulheres, que objetivou avaliar o hábito de fumar de mulheres antes e após o diagnóstico de câncer de mama, verificou-se que, aproximadamente, 10% das mulheres que eram fumantes quando do diagnóstico permaneceram fumantes. Os dados são enfáticos na recomendação de cessação do tabagismo, por este agravar o risco de morte em decorrência do câncer, como também por incorrer em maior número de óbitos por doenças cardiovasculares e respiratórias entre as sobreviventes(2020 Passarelli MN, Newcomb PA, Hampton JM, Trentham-Dietz A, Titus LJ, Egan KM, et al. Cigarette smoking before and after breast cancer diagnosis: mortality from breast cancer and smoking-related diseases. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];34(12):1315-22. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2015.63.9328
https://doi.org/10.1200/JCO.2015.63.9328...
). Assim, presume-se que as mulheres sobreviventes pertencentes ao presente estudo estão sob risco de adoecimento e mesmo morte, necessitando de avaliação acurada sobre os hábitos e posterior aconselhamento para mudança de comportamento.

Retomando os achados da presente investigação, as mulheres com menor tempo de seguimento, economicamente mais favorecidas e com maior escolaridade reportaram uma auto-avaliação negativa, maior preocupação com o câncer e a saúde e uma visão menos negativa do câncer. Os sentimentos de preocupação podem ser interpretados como positivos para a adoção de comportamentos e atitudes saudáveis, busca por informações, adesão à rotina de exames de controle do estado de saúde e de rastreamento de cânceres (secundários ao tratamento ou não) e de outras doenças que podem acometer o sobrevivente do câncer. Entretanto, cabe ressaltar a necessidade de uma devida assistência multiprofissional para auxiliar essa mulher e seus familiares/cuidadores a obterem informações e suporte adequado para superação das dúvidas, medos, incertezas quanto às alterações corporais, sinais e sintomas tardios do tratamento e da própria doença(55 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42...
,77 Ellegaard MB, Grau C, Zachariae R, Bonde Jensen A. Fear of cancer recurrence and unmet needs among breast cancer survivors in the first five years: a cross-sectional study. Acta Oncol[Internet]. 2017[cited 2017 Mar 19];56(2):314-20. Available from: https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.1268714
https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.12...
,99 Cheng KKF, Wong WH, Koh C. Unmet needs mediate the relationship between symptoms and quality of life in breast cancer survivors. Supp Care Cancer[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 11];24(5):2025-33. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-0
https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-...
).

Ademais, o impacto do câncer sobre as mudanças corporais e autoavaliaçao negativa esteve significativamente associado a uma pior QV. Os piores escores de QV foram identificados nas subescalas mudanças corporais, auto-avaliação negativa e preocupação com o câncer. Os dados são semelhantes aos descritos em outros estudos e podem ser compreendidos em razão das sequelas das terapêuticas instituídas(44 Ansa B, Yoo W, Whitehead M, Coughlin S, Smith S. Beliefs and behaviors about breast cancer recurrence risk reduction among African American breast cancer survivors. Int J Environ Res Public Health[Internet]. 2015[cited 2017 Oct 21];13(1):46. Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph13010046
https://doi.org/10.3390/ijerph13010046...
,1010 Lopez-Class M, Gomez-Duarte J, Graves K, Ashing K. A contextual approach to understanding breast cancer survivorship among Latinas. Psychooncol[Internet]. 2012[cited 2017 Feb 11];21:115-24. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.1998
https://doi.org/10.1002/pon.1998...
-1111 Zebrack BJ, Ganz PA, Bernaards CA, Petersen L, Abrahan L. Assessing the impact of cancer: development of a new instrument for long-term survivors. Psychooncol[Internet]. 2006[cited 2017 Feb 11];15(5):407-21. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.963
https://doi.org/10.1002/pon.963...
). O tipo de cirurgia realizada, por exemplo, independente da extensão, impacta na autoestima e na autoimagem dessas mulheres, bem como na maneira como elas se posicionam e se relacionam com o mundo. Há ainda, outros sinais e sintomas que podem perdurar no período pós-tratamento, como linfedema, dor, insonia, depressão, ansiedade e outros causadores de comprometimento funcional(88 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
https://doi.org/10.1097/NCC.000000000000...
,1919 Tan AS, Nagler RH, Hornik RC, DeMichele A. Evolving information needs among colon, breast, and prostate cancer survivors: results from a longitudinal mixed-effects analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2015[cited 2017 Feb 20];24(7):1071-8. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-0041
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
).

Verificou-se que a repercussão do câncer de mama nas mulheres sobreviventes estudadas é compatível com os descritos em investigações semelhantes, principalmente naquelas em que os estudos envolveram populações com vulnerabilidades econômicas, socioambientais e culturais(44 Ansa B, Yoo W, Whitehead M, Coughlin S, Smith S. Beliefs and behaviors about breast cancer recurrence risk reduction among African American breast cancer survivors. Int J Environ Res Public Health[Internet]. 2015[cited 2017 Oct 21];13(1):46. Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph13010046
https://doi.org/10.3390/ijerph13010046...

5 Ness S, Kokal J, Fee-Schoroeder K, Novotny P, Satele D, Barton D. Concerns across the survivorship trajectory: results from a survey of cancer survivors. Oncol Nurs Forum[Internet]. 2013[cited 2017 Mar 19];40(1):35-42. Available from: https://doi.org/10.1188/13.ONF.35-42
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7 Ellegaard MB, Grau C, Zachariae R, Bonde Jensen A. Fear of cancer recurrence and unmet needs among breast cancer survivors in the first five years: a cross-sectional study. Acta Oncol[Internet]. 2017[cited 2017 Mar 19];56(2):314-20. Available from: https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.1268714
https://doi.org/10.1080/0284186X.2016.12...

8 Miyashita M, Ohno S, Kataoka A, Tokunaga E, Masuda N, Shien T, et al. Unmet information needs and quality of life in young breast cancer survivors in Japan. Cancer Nurs[Internet]. 2015[cited 2017 Mar 19];38(6):E1-E11. Available from: https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000201
https://doi.org/10.1097/NCC.000000000000...

9 Cheng KKF, Wong WH, Koh C. Unmet needs mediate the relationship between symptoms and quality of life in breast cancer survivors. Supp Care Cancer[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 11];24(5):2025-33. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-0
https://doi.org/10.1007/s00520-015-2994-...

10 Lopez-Class M, Gomez-Duarte J, Graves K, Ashing K. A contextual approach to understanding breast cancer survivorship among Latinas. Psychooncol[Internet]. 2012[cited 2017 Feb 11];21:115-24. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.1998
https://doi.org/10.1002/pon.1998...

11 Zebrack BJ, Ganz PA, Bernaards CA, Petersen L, Abrahan L. Assessing the impact of cancer: development of a new instrument for long-term survivors. Psychooncol[Internet]. 2006[cited 2017 Feb 11];15(5):407-21. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.963
https://doi.org/10.1002/pon.963...

12 Mendes TL, Santos EM. Adaptação transcultural do instrumento Impacto do Câncer em sobreviventes de câncer colorretal: instrumento para avaliação da qualidade de vida[Dissertação]. São Paulo: Fundação Antônio Prudente; 2011.

13 Oliveira IS, Costa LCM, Manzoni ACT, Cabral CMN. Assessment of the measurement properties of quality of life questionnaires in Brazilian women with breast cancer. Braz J Phys Ther[Internet]. 2014[cited 2017 Feb 11];18(4):372-83. Available from: https://doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.0045
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http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902013...

15 Hasson-Ohayon I, Tuval-Mashiach R, Goldzweig G, Levi R, Pizem N, Kaufman B. The need for friendships and information: dimensions of social support and posttraumatic growth among women with breast cancer. Palliat Supp Care[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];14(4):387-92. Available from: https://doi.org/10.1017/S1478951515001042
https://doi.org/10.1017/S147895151500104...

16 Guy GP, Donatus U, Ekwueme K, Yabroff R, Dowling EC, Li C, et al. Economic burden of cancer survivorship among adults in the United States. J Clin Oncol[Internet]. 2013[cited 2017 Feb 20];31(30):3749-57. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2013.49.1241
https://doi.org/10.1200/JCO.2013.49.1241...

17 Yabroff KR, Dowling EC, Guy GP, Banegas MP, Davidoff A, Han X, et al. Financial hardship associated with cancer in the United States: findings from a population-based sample of adult cancer survivors. J Clin Oncol[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];34(3):259-67. Available from: https://doi.org/10.1200/JCO.2015.62.0468
https://doi.org/10.1200/JCO.2015.62.0468...
-1818 Martin DN, Lam TK, Brignole K, Ashing KT, Blot WJ, Burhansstipanov L, et al. Recommendations for cancer epidemiologic research in understudied populations and implications for future needs. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev[Internet]. 2016[cited 2017 Feb 20];25(4):573-80. Available from: https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15-1297
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-15...
). Os grupos populacionais vulneráveis conformam demandas peculiares de cuidados na perspectiva da sobrevivência do câncer. Estudos devem incluir a análise contextualizada desses fatores que, sabidamente, repercutem na qualidade de vida e no bem-estar de indivíduos vulneráveis, favorecendo a implementação de políticas públicas mais abrangentes e potencialmente eficientes(1010 Lopez-Class M, Gomez-Duarte J, Graves K, Ashing K. A contextual approach to understanding breast cancer survivorship among Latinas. Psychooncol[Internet]. 2012[cited 2017 Feb 11];21:115-24. Available from: https://doi.org/10.1002/pon.1998
https://doi.org/10.1002/pon.1998...
).

Em síntese, deve-se considerar que, apesar dos muitos desafios para o diagnóstico e tratamento do câncer em países em desenvolvimento, como o Brasil, o aumento do número de sobreviventes é uma realidade que não pode ser negligenciada.

Limitações do estudo

Apesar de a presente investigação ter gerado dados importantes sobre as mulheres sobreviventes do câncer de mama investigadas, há limitações para a generalização em decorrência da amostra não probabilística e de um único serviço ambulatorial, público, situado em um dos estados federativos brasileiros que dispõe de maiores recursos médico-hospitalares para o atendimento do câncer de mama. Recomendam-se novos estudos e que estes incluam variáveis não investigadas, como condições ambientais, abrangência de papéis sociais, atividade física, comorbidades, incertezas e nível de ansiedade e depressão.

Contribuições para a área da enfermagem, saúde ou política pública

O estudo revela demandas de cuidados de mulheres sobreviventes de câncer de mama que devem auxiliar no planejamento e adoção de programas que contemplem, de forma individualizada e sistemática, cuidados nas esferas educativa e assistencial, a curto, médio e longo prazos.

CONCLUSÃO

O estudo identificou que as mulheres sobreviventes ao câncer de mama apresentam boa QV, contudo reportam um considerável IC em alguns aspectos de suas vidas. Verificou-se que os estados de vulnerabilidade econômica e educacional geraram, com significância estatística, menor grau de preocupação com a saúde e com o câncer, bem como visão negativa sobre a experiência de adoecimento. A maior escolaridade predisse uma visão positiva acerca do câncer. Ademais, piores escores de QV foram associados a um impacto nas subesclas mudanças corporais, autoavaliação negativa e preocupação com o câncer, conformando potenciais demandas não atendidas nessa população durante o seguimento ambulatorial.

  • FOMENTO
    Pesquisa desenvolvida no Programa de Iniciação Científica, com bolsa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, período 2015-2016.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2018
  • Aceito
    22 Mar 2018
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