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Sofrimento na práxis da enfermagem: real ou deslocado em seu sentido?

RESUMOS DE TESE /DISSERTAÇÃO1 1 Cópia das teses/dissertações solicitar informações pelo E-mail cepen@abennacional.org.br

Sofrimento na práxis da enfermagem: real ou deslocado em seu sentido?

Autora: Rosa Maria Bracini Gonzales

Orientadora: Maria Tereza Leopardi

RESUMO

Neste estudo, defendendo a tese de que o sofrimento no trabalho da enfermagem é superdimensionado, muitas vezes potencializado pelas cargas do cotidiano social do individuo em vida de relações, o que se configura num deslocamento de sentido, ou seja numa desarticulação entre sua origem completa e aquela evidenciada pelos trabalhadores. O grupo que participou do estudo foi composto por vinte enfermeiros e vinte auxiliares de enfermagem que constituíram uma amostra desta população, na cidade de Santa Maria - RS. Nesta pesquisa qualitativa, utilizei a entrevista semi-estruturada, realizada antes e depois do turno de trabalho, como instrumento para coleta de dados. Os objetivos que guiaram o estudo foram: reconhecer situações antecedentes ao trabalho que possam gerar ou induzir ao deslocamento de sentido tanto do prazer como do sofrimento dos trabalhadores de enfermagem no seu processo de trabalho; estabelecer parâmetros para discriminação entre o sofrimento real e o deslocado em seu sentido, dentre aqueles descritos pelos trabalhadores de enfermagem; evidenciar as formas encontradas pelos trabalhadores de enfermagem na produção de deslocamento de sentido do prazer ou sofrimento no trabalho, contribuindo para o aprofundamento reflexivo da temática. A análise teve por base quatro matrizes construídas a partir dos mitos de Apolo, Prometeu, Dioniso e Narciso. O estudo evidenciou a afirmação contida na tese, embora a dificuldade encontrada pela não percepção das pessoas, que poucas vezes param para pensar em questão como esta. Mostrou, também, que o cotidiano destes trabalhadores é atribulado pelo ritmo intenso imposto pela necessidade de conciliar mais de um trabalho, pela corrida frenética na tentativa de não deixar nada para trás, para atender as exigências da educação dos filhos, da manutenção do relacionamento afetivo, para honrar os compromissos financeiros assumidos, entre tantas outras coisas, próprias da vida destes homens e mulheres que compõe o quadro de pessoal da enfermagem. Aponto para a necessidade de construção de uma práxis reflexiva, relativa ao sofrimento e ao prazer no trabalho da enfermagem que, acredito, configura-se como uma possibilidade concreta para a vivência destas sensações no trabalho e na vida, de modo geral, tirando as pessoas da inconsciência em relação aos seus próprios sentimentos e permitindo que se estabeleça uma relação mais objetiva entre o sofrimento da vida social e o sofrimento da vida social do trabalho.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jun 2014
    • Data do Fascículo
      Out 2002
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