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Percepções de representantes de um comitê contra dengue nas ações de educação em saúde, Goiás, Brasil.

Resumos

Esta pesquisa teve como objetivo analisar como ocorrem as ações educativas de prevenção e controle da dengue em Goiás segundo a percepção dos representantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue. Trata-se de um estudo descritivo-analítico, transversal, realizado em Goiânia, com 43 representantes de Instituições público-privadas integrantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue de Goiás, em 2013. A coleta de dados realizada por meio de uma questão sobre a percepção da educação em saúde para prevenção da dengue. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo com auxílio do software WebQDA. Emergiram da análise três dimensões: aspectos educacionais; aspectos de gestão e envolvimento da comunidade. Os respondentes reconheceram a importância da educação em saúde para a prevenção da dengue e do planejamento para fortalecer a atuação do Comitê.

educação em saúde; dengue; comitê de profissionais


This study aimed to analyze how the educational actions of prevention and control of dengue are performed in Goiás, from the perspective of representatives of the State Mobilization Committee against Dengue. It is a cross-sectional descriptive-analytical study, carried out in Goiânia with 43 representatives of public-private institutions, members of the State Mobilization Committee against Dengue of Goiás, in 2013. The data collection was done through questioning about the perception of health education for dengue prevention. Data were analyzed using content analysis and the WebQDA software. Three dimensions emerged from the analysis: educational aspects, management aspects, and community involvement. Respondents recognized the importance of health education for the prevention of dengue, and of the planning to strengthen the activities of the Committee.

health education; dengue; committee of professionals


Esta pesquisa tuvo como objetivo analizar como ocurren las acciones educativas de prevención y control de la dengue en Goiás según la percepción de los representantes del Comité Estadual de Movilización En Contra la Dengue. Se trata de un estudio descriptivo-analítico, transversal, realizado en Goiânia, con 43 representantes de Instituciones público-privadas integrantes del Comité Estadual de Movilización En Contra la Dengue de Goiás, en 2013. La colecta de datos realizada por medio de una cuestión sobre la percepción de educación en salud para prevención de la dengue. Los datos fueron analizados por medio de análisis de contenido con auxilio del software WebQDA. Emergieron de la análisis tres dimensiones: aspectos educacionales; aspectos de gestión y arrollo de la comunidad. Los respondientes reconocieron la importancia de la educación en salud para la prevención de la dengue y del planeamiento para fortalecer la actuación del Comité.

educación en salud; dengue; comité de profesionales


Introdução

A Dengue constitui-se em um dos principais problemas de saúde pública no mundo, estimando-se que cerca de 500 mil pessoas com a forma grave necessitem de hospitalização a cada ano, sendo uma grande proporção composta por crianças(11. World Health Organization. Global Strategy for Dengue Prevention and Control: 2012-2020 [Internet]. 2013 [citado 2013 Out 22]. Disponível em: http://www.who.int/denguecontrol/9789241504034/en.
http://www.who.int/denguecontrol...
).

No Brasil, a elevada morbimortalidade da dengue evidencia a necessidade de estratégias mais complexas para o combate do vetor Aedes aegypti. Os métodos de controle preconizados no país contemplam o uso de inseticidas de baixo volume; o controle biológico por meio do Bacillus thuringiensis, Bacillus sphaericus e de peixes larvívoros adicionados aos depósitos domésticos de água e campanhas informativas em veículos de comunicação(22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância epidemiológica. Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemia de Dengue. 1ª ed. Brasília; 2009.).

Há que se considerar a necessidade de se transcender as ações de combate ao vetor da dengue por meio do fortalecimento da prevenção e do controle. Sendo assim, investir na educação em saúde é primordial, pois desencadeia reflexão crítica e contribui para a conscientização individual e coletiva das pessoas(33. Al-Muhandis N, Hunter PR. The Value of Educational Messages Embedded in a Community-Based Approach to Combat Dengue Fever: A Systematic Review and Meta Regression Analysis. PLoS Negl Trop Dis. 2011;5(8). DOI:10.1371/journal.pntd.0001278.
https://doi.org/10.1371/journal.pntd.000...
).

A Educação em Saúde compreende um campo de conhecimento que tem a finalidade de promover saúde por meio de uma relação de ensino-aprendizagem dialógica, pautada no respeito e na valorização das experiências e costumes da comunidade(44. Cervera DPP, Parreira BDM, Goulart BF. Educação em saúde: percepção dos enfermeiros da atenção básica em Uberaba (MG). Ciên Saúde Colet [Internet]. 2011 [citado 2014 set. 13];16(Suppl 1):1547-1554. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232011000700090&lng=en.http://dx.doi.org/10.1590/S141381232011000700090.
http://www.scielo.br/scielo.php?...
).

Em 2014, o país registrou até a semana epidemiológica (SE) 32 aproximadamente 511 mil casos prováveis de dengue, com destaque para as regiões Sudeste que apresentou o maior número de notificações (294.916 casos) e Centro-Oeste que ficou em segundo lugar, totalizando cerca de 100 mil casos da doença(55. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico semana epidemiológica (SE) 32 (03/08 a 09/08). 2014;45 (19).).

Considerando a região Centro-Oeste, o Estado de Goiás vem registrando sucessivas epidemias, com destaque em 2013, quando se constatou um aumento de 438,38% em relação ao número de casos apresentados em 2012(66. Goiás (Estado). Secretaria Estadual de Saúde. Superintendência de Vigilância em Saúde. Gerência de Vigilância Epidemiológica e Doenças Transmissíveis, Boletim Semanal de Dengue-Goiás, Semana 01 a 46 (30/12/2012 a 16/11/2013). Goiás; 2013.), apesar da criação do Comitê Estadual de Mobilização contra a Dengue de Goiás, com base no Decreto N° 7223, de 21 de fevereiro de 2011. Esse é composto por representantes do poder público e da sociedade civil de Goiás, e uma de suas finalidades é a integração de ações de promoção, prevenção e controle da dengue, desenvolvidas por todos os segmentos da sociedade goiana(77. Goiás (Estado). Secretaria Estadual de Saúde. Decreto N° 7.223 de 21 de fevereiro de 2011. Institui, no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde, o Comitê Estadual contra a Dengue e dá outras providências [Internet]. Goiás; 2011 [citado 2014 jan. 17] Disponível em: http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_decretos.php?id=8246.
http://www.gabinetecivil.go.gov....
).

Embora o Comitê apresente-se como espaço favorável para a discussão e o planejamento de ações educativas para o controle da dengue, nem sempre consegue realizar na prática, o que é preconizado. Diante disso, investigar a percepção sobre educação em saúde, bem como a forma de atuação de seus membros poderá contribuir para a reformulação de estratégias adotadas pelo Comitê, para o redirecionamento de ações e o fortalecimento da educação em saúde como medida prioritária para a prevenção da dengue na região centro-oeste.

Esse artigo teve como objetivo analisar como ocorrem as ações educativas de prevenção e controle da dengue em Goiás segundo a percepção dos representantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue

Método

Estudo descritivo-analítico, transversal, realizado, em 2013, no município de Goiânia, do qual participaram representantes de Instituições público-privadas integrantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue de Goiás.

Os sujeitos da pesquisa foram 43 representantes, de ambos os sexos, que estavam presentes na reunião do Comitê e que concordaram em participar do estudo.

Os dados foram coletados por meio da seguinte questão norteadora: “O que você pensa da educação em saúde para prevenção e controle da dengue?”

A análise dos dados foi realizada por meio da análise de conteúdo(88. Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.) do tipo categorial-temática com auxílio do software WebQDA(99. Souza FN, Costa AP, Moreira A. Análise de dados qualitativos suportada pelo software webQDA. Atas da VII Conferência Internacional de TIC na Educação: Perspetivas de Inovação (CHALLANGES2011) [Internet]. 2011 [citado 2014 set. 14]. Braga, 12 e 13 de Maio, (CD-ROM, ISBN: 978-972-98456-9-7). Disponível em: http://www.webqda.com/wpcontent/uploads/2012/06/artigoChallanges2011.pdf.
http://www.webqda.com/wpcontent/...
). A categorização buscou identificar as percepções relacionadas à educação em saúde para prevenção da dengue.

A análise de conteúdo foi realizada em três etapas, as quais compreenderam: pré-análise (enumeração das respostas para assegurar o anonimato do respondente e leitura prévia); exploração (segunda leitura e confluência das primeiras ideias identificadas) e tratamento (reagrupamento das ideias e confluência em seis categorias e duas dimensões). As categorias e as dimensões emergiram a partir do objetivo da pesquisa(88. Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.).

Considerando os aspectos éticos, buscou-se assegurar que os direitos dos sujeitos fossem protegidos. A população do estudo foi informada sobre todos os aspectos relevantes da pesquisa, incluindo seus riscos e benefícios, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual foi disponibilizado em duas vias para ser assinado e datado. A proposta do estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa/Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (COEP/PRPPG) da Universidade Federal de Goiás (UFG) sob o parecer N° 629.396(1010. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo Seres Humanos [Internet]. Brasília; 2012 [citado 2013 abr. 15]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.
http://conselho.saude.gov.br/res...
).

Resultados

Emergiram dos discursos dos sujeitos (n=43) três dimensões relacionadas à temática do estudo, a saber: aspectos educacionais, aspectos de gestão e envolvimento da comunidade. Definiram-se os aspectos que seriam abordados em cada dimensão a fim de padronizar a análise e o agrupamento das categorias Quadro 1.

Quadro 1
Aspectos abordados nas dimensões utilizadas na pesquisa

As principais ideias relacionadas à percepção dos sujeitos foram agrupadas em nove categorias que confluíram nas dimensões da educação, gestão e comunidade, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2
Codificação das respostas dos representantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue de Goiás

Dimensão 1 - Aspectos Educacionais

Todas as falas dos representantes do Comitê reconheceram a importância das ações de educação em saúde para a prevenção e o controle da dengue, no entanto, um deles afirmou não saber, na prática, o que fazer.

R.2- “A Educação em Saúde é um trabalho muito importante em várias áreas do município...”

R.7- “Tenho certeza que é com implantação de trabalhos educativos que vamos melhorar esse quadro...”

R.14- “Temos muitos profissionais com boa vontade, mas desnorteados.”

Um respondente afirmou, ainda, que um grande entrave para a atuação da gestão seria a ausência de grupos de educação em saúde nos municípios do estado de Goiás, prejudicando o planejamento e o continuísmo das ações.

R.25- “[...] O grande entrave encontra-se na ausência das equipes de educação em saúde nos 246 municípios do estado, tornando mais lenta e difícil as ações da equipe estadual.”

Dimensão 2 - Aspectos de Gestão

A educação em saúde foi reconhecida como estratégia fundamental para reduzir os gastos dos serviços públicos de saúde com medicamentos, internações e mão-de-obra especializada; além de reduzir os casos graves de dengue e, sobretudo, o número de óbitos.

R.41- “Informar e convencer a todos sobre os benefícios da prevenção da doença além de mais vantajosa financeiramente, com menos internações, menos atestados médicos, ainda minimiza os riscos de complicações que cada pessoa possa sofrer”.

A maioria dos representantes considerou ser necessária reforçar a integração entre os membros do Comitê e aumentar a participação nas reuniões.

R.11- “De forma participativa e integrada, sinto que podemos melhorar nossas ações preventivas.”

Os dados revelaram alguns entraves que impossibilitariam a resolutividade das ações, como a baixa ou nenhuma interação do Comitê com a gestão e com os agentes de combate de endemias.

R.10- “Contato difícil com o agente de endemia da região [...]”.

A falta de intersetorialidade também foi mencionada pelos respondentes, pois o combate a dengue não é responsabilidade somente do setor saúde, mas, também, de outros segmentos da sociedade (saneamento, meio ambiente, segurança pública, etc.); e esta luta deve estar inserida nos mais diversos equipamentos sociais, sobretudo, na escola.

R.17-“Faltam ações concretas que envolvam desde os profissionais que realizam o atendimento nas unidades de saúde até os gestores que planejam as ações.”

R.19- “A educação deve ser prioridade para o combate da dengue, só assim tudo vai melhorar. Foco na educação dos pais e filhos, principalmente.”

R.39- “[...] a dengue é uma doença de ordem social, educativa.”

R.29- “Considero como fundamental a ação de educação em saúde e reitero que elas devem acontecer nos mais diversos espaços tais como: escolas, igrejas, centros comunitários e outros. A dengue só será resolvida com ações intersetoriais [...]”.

Foi explicitado, também, que a falta de articulação entre os diferentes segmentos sociais resulta em ações que não surtem o efeito preventivo esperado, deixando o profissional com sensação de impotência.

R.4- “Realmente a sensação de impotência é grande diante das ações inócuas ou mesmo pela falta delas.”

Dimensão 3 – Envolvimento da Comunidade

Os representantes do Comitê têm consciência de que a comunidade precisa estar mais próxima da Instituição, uma vez o cidadão também é corresponsável no combate a dengue no que tange a limpeza do meio ambiente e a mudança nos hábitos de vida. Todavia, ressaltaram a falta de consciência do cidadão e o descompromisso em manter o meio ambiente livre do lixo.

R.5- “[...] mudar a prática e costumes da comunidade pra não deixar reservatórios para o mosquito se desenvolver.”

R.42- “[...] não se vê muito empenho por parte da população, de uma maneira geral.”

Discussão

Neste estudo observou-se o reconhecimento por parte dos participantes sobre a importância da educação em saúde para prevenção da dengue, pois possibilita uma maior qualidade e eficácia das ações. Essa percepção é complementada por um estudo no qual se descreveu a influência do processo educativo na formação do acadêmico, contribuindo na formação de competências(1111. Girão RV, et al. Educação em saúde sobre a dengue: contribuições para o desenvolvimento de competências. Rev. Pesqui. Cuid. Fundam. (Online) [Internet]. 2014 [citado 2014 set 16]; 6(1):38-46. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2659/pdf_1043.
http://www.seer.unirio.br/index....
).

A ausência de equipes de educação em saúde na maioria dos municípios do Estado de Goiás relatado nos discursos dificulta a continuidade das ações e o aperfeiçoamento do profissional-educador. Estudos sobre as demandas de trabalhadores para a saúde e expectativas sobre capacitação no trabalho mostrou que a educação permanente proporciona a reflexão acerca da realidade do trabalho, além de possibilitar a mobilização dos trabalhadores e a percepção dos problemas na perspectiva de quem está envolvido(1212. Santos DS, Almeida LMWS, Reis RK. Programa de educação pelo trabalho para saúde: experiência de transformação do ensino e prática de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(6). In press.,1313. Jesus MCP, et al. Educação permanente em enfermagem em um hospital universitário. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(5). In press.).

A educação em saúde para os representantes do Comitê amplia o campo de atuação da gestão dos serviços públicos de saúde e, ao mesmo tempo, aproxima a gestão da população, o que permite responsabilizar a comunidade no que se refere à manutenção do meio ambiente limpo e livre dos criadouros do mosquito transmissor da dengue. Estudo demonstrou a importância da aproximação entre gestão e comunidade no controle da dengue, por meio do incentivo do empoderamento, pois indivíduos empoderados de conhecimento apresentam maiores condições de trabalharem juntos e se tornam protagonistas de suas próprias vidas(1414. Cáceres-Manrique FM, Vesga-Gómez C, Angulo-Silva ML. Empoderamiento para la prevención y control del Dengue. Rev Salud Publica (Bogotá)[Internet]. 2010[citado 2014 Sep 16];12(5):798-806. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S012400642010000500010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0124-00642010000500010.
http://www.scielosp.org/scielo.p...
).

Evidenciou-se, também, que cidadãos que reconhecem a sua importância na prevenção de doenças conseguem desenvolver suas competências e se tornam capazes de enfrentar situações difíceis. Esta percepção de prevenção foi observada em todos os discursos apresentados neste estudo e deve ser inserida nas ações de educação permanente das instituições e serviços pesquisados. Estudo observou que a principal sugestão dos Coordenadores do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Estado de Goiás (54,5%) e dos profissionais da Assistência (43,8%) para o alcance de melhorias no sistema de vigilância da dengue no Brasil foi a capacitação voltada para a educação permanente dos profissionais envolvidos nessa vigilância. Esses profissionais pesquisados sugeriram, ademais, a adequação de recursos humanos e de infra-estrutura (40,9%), e a Assistência sugeriu ações preventivas (25%)(1515. Santos KC, et al. Avaliação dos atributos de aceitabilidade e estabilidade do sistema de vigilância da dengue no estado de Goiás. Epidemiol. Serv. Saúde. 2014;23(2). DOI: 10.5123/S1679-49742014000200006.
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201400...
).

De fato, como foi ressaltado pelos participantes, investir na prevenção da dengue, que é uma doença evitável, resulta na racionalização dos gastos com a saúde pública e permite um redirecionamento do investimento para outras doenças e agravos. A preocupação com os gastos com a dengue vai de encontro com alguns estudos no quais se avaliou os custos do programa de controle da dengue(1616. Taliberti H, Zucchi P. Custos diretos do programa de prevenção e controle da dengue no Município de São Paulo em 2005. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2010 [citado 2014 set 13]; 27(3):175–80. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v27n3/a04v27n3.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp...
,1717. Pereira CAR, et al. Avaliação econômica dos casos de Dengue atribuídos ao desastre de 2011 em Nova Friburgo (RJ). Ciên Saúde Colet [Internet]. 2014 [citado 2014 set. 12]; 19(9):3693-3704. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v19n9/1413-8123-csc-19-09-3693.pdf. DOI: 10.1590/1413-81232014199.01682014.
http://www.scielosp.org/pdf/csc/...
).

O trabalho em grupo foi citado como forma de romper a relação tradicional vertical que existe entre o profissional de saúde e o sujeito da ação, sendo uma estratégia facilitadora da expressão individual e coletiva das necessidades que influenciam a saúde. Além disso, constitui-se numa ferramenta para a conscientização crítica dos indivíduos. Pesquisa mostrou que o processo educativo resulta em mudança de comportamento quando é considerado o diálogo recíproco do grupo e a experiência de vida das comunidades(1818. Silva LB, Soares SM, Fernandes MTO, Aquino AL. Comunicação sazonal sobre a dengue em grupos socioeducativos na atenção primária à saúde. Rev Saúde Pública. 2011;45(6). In press.).

A intersetorialidade foi citada como uma nova lógica norteadora das políticas públicas, sobretudo as de combate a dengue, uma vez que possibilita a articulação entre os saberes e experiências. Além do mais, cria espaços onde as relações de poder são compartilhadas e os interesses individuais são coletivizados.

Estudos evidenciaram a importância da articulação entre espaços sociais externos ao setor saúde, com destaque para a escola que é um ambiente favorável para o aluno aprender a conquistar sua cidadania e a formar atitudes e valores que o levam a se comportar de maneira inteligente(1919. Montes GAA, et al. Un programa escolar para el control del dengue en Honduras: del conocimiento a la práctica. Rev Panam Salud Publica. 2012;31(6).

20. Lima EC, Vilasbôas ALQ. Implantação das ações intersetoriais de mobilização social para o controle da dengue na Bahia, Brasil. Cad Saude Publica. 2011;27(8).
-2121. Silva RD, et al. Mais que educar... ações promotoras de saúde e ambientes saudáveis na percepção do professor da escola pública. RBPS. 2011;24(1).).

Por fim, nessa perspectiva de educação em Saúde para prevenção e controle da dengue é necessário o planejamento para diminuir o risco de novas epidemias, principalmente pelo potencial de uma epidemia durante eventos que envolvam muitos turistas(2222. Lowe R, et al. Dengue outlook for the World Cup in Brazil: an early warning model framework driven by real-time seasonal climate forecasts. Lancet Infect Dis [Internet]. 2014 [citado 2014 Set 13];14(7):619–626. Available from: http://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099%2814%2970781-9/fulltext#article_upsell. DOI: 10.1016/S1473-3099(14)70781-9.
http://www.thelancet.com/journal...
). A vigilância aliada a ações educativas de prevenção em todas as 553 microrregiões do Brasil apontam para a necessidade de metodologias que devem ser feitas rotineiramente para eventos em massa como a Copa do Mundo, realizada em 2014, prevendo a organização intersetorial para os próximos eventos, como as Olimpíadas que será realizada em 2016 no Brasil(2323. van Panhuis WG, et al. Risk of Dengue for Tourists and Teams during the World Cup 2014 in Brazil. PLoS Negl Trop Dis [Internet]. 2014 [cited 2014 Set 14]; 8(7). Available from: http://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0003063.
http://journals.plos.org/plosntd...
).

Conclusão

Os representantes do Comitê Estadual de Mobilização Contra Dengue de Goiás reconheceram a vital importância da educação em saúde para prevenção da dengue, o que representa um grande avanço nas discussões acerca do fortalecimento de ações preventivas para o controle dessa endemia.

As dimensões identificadas nessa discussão (educação, gestão e comunidade) se mostraram interligadas ao tema proposto, pois há a necessidade de sistematizar um processo contínuo e permanente de educação em saúde que envolva tanto o Comitê quanto a comunidade para o controle e a prevenção da doença.

Ademais, o planejamento de ações estratégicas contínuas fortalece a atuação do Comitê de Mobilização Contra Dengue e atende, particularmente, as áreas de demanda prioritária e com problemas de maior relevância diretamente vinculados as ações de combate à dengue no Estado de Goiás.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2014

Histórico

  • Recebido
    30 Abr 2014
  • Aceito
    16 Jul 2014
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