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Aspectos reprodutivos e conhecimento sobre planejamento familiar de mulheres com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Resumo

OBJETIVO

Analisar aspectos reprodutivos e conhecimento sobre planejamento familiar de mulheres com síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids).

MÉTODO

Estudo transversal, descritivo, realizado de janeiro a dezembro de 2015, no ambulatório de infectologia de um hospital em Fortaleza, Ceará. Os dados foram coletados por meio de formulário, aplicado por entrevista em ambiente privativo.

RESULTADOS

Participaram do estudo 102 mulheres. A maioria delas teve conhecimento da sorologia positiva para vírus da imunodeficiência humana (HIV) durante o pré-natal (96,1%), e estas não pretendiam mais ter filhos (63,7%). Mulheres com idade menor que 39 anos, maior escolaridade e menor tempo de terapia antirretroviral tiveram maiores chances de ter filhos (p0,05). Mulheres com idade menor que 39 anos e maior escolaridade tiveram maiores chances de ter informações corretas sobre ter filhos na vigência do HIV (p0,05). Ter parceiro fixo aumentou a chance de desejar ter filhos, enquanto a laqueadura tubária foi maior em mulheres que não receberam orientações sobre planejamento familiar.

CONCLUSÃO

A maioria das mulheres com Aids não pretendem mais ter filhos. O conhecimento sobre o planejamento familiar foi limitado por falta de orientações pelos profissionais de saúde.

Descritores
HIV; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Reprodução; Anticoncepção; Planejamento Familiar.

ABSTRACT

OBJECTIVE

To analyze the reproductive aspects and knowledge of family planning among women with Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS).

METHOD

Cross-sectional and descriptive study carried out from January to December, 2015, in the outpatient care of infectious disease unit in a hospital located in Fortaleza, Ceará. Data were collected through a form applied by interview in a private setting.

RESULTS

102 women participated in the study. Most were aware that they were serologically positive with human immunodeficiency virus (HIV) during prenatal care (96.1%) and did not intend to have more children (63.7%). Women who were less than 39 years of age, had a higher educational level, and a shorter time of antiretroviral therapy had better chances of having children (p≤0.05). Having a steady partner increased the chance of desiring to have children, while tubal ligation was higher among women that did not receive counseling on family planning. Knowledge of family planning was limited because of lack of assistance provided by health professionals.

Descriptors
HIV; Acquired Immunodeficiency Syndrome; Reproduction; Contraception; Family Planning

Resumen

OBJETIVO

Analizar aspectos reproductivos y el conocimiento acerca de planificación familiar de las mujeres con síndrome de inmunodeficiencia adquirida (SIDA).

MÉTODO

Estudio transversal, descriptivo realizado de enero a diciembre de 2015, en la sala de enfermedades infecciosas de un hospital de Fortaleza, Ceará. Los datos fueron recolectados a través de una entrevista semiestructurada de forma de cuestionario en un ámbito privado.

RESULTADOS

El estudio incluyó a 102 mujeres. La mayoría de ellos tenían conocimiento de ser seropositivas para el virus de la inmunodeficiencia humana (VIH) durante la atención prenatal (96,1%), y que no tenía intención de tener más hijos (63,7%). Mujeres menores de 39 años, con educación superior y terapia antirretroviral más corta eran más propensas a tener hijos (p=0,05). Mujeres con edades de menos de 39 años y más educación tenían más probabilidades de tener la información correcta acerca de tener hijos en presencia del VIH (p=0,05). Tener pareja estable aumentó la posibilidad de desear tener hijos, mientras que la ligadura de trompas fue mayor en las mujeres que no han recibido orientación sobre la planificación familiar.

CONCLUSIÓN

La mayoría de las mujeres con SIDA no tienen intención de tener hijos. El conocimiento acerca de la planificación familiar se vio limitada por la falta de orientación por los profesionales de la salud.

Descriptores
VIH; Síndrome de Inmunodeficiencia Adquirida; Reproducción; Anticoncepción; Planificación Familiar

Introdução

Existem 36,7 milhões de pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) no mundo, e o número de mulheres infectadas representa mais da metade dessa população11 World Health Organization. Global Health Observatory (GHO) data. Number of women living with HIV [Internet]. Geneva: WHO; 2015 [cited 2015 Sept 10]. Available from: Available from: http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_status/cases_adults_women_children/en/
http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_stat...
. Houve uma ampliação do acesso à terapia antirretroviral (TARV), proporcionando a melhoria da qualidade de vida e aumento da sobrevida das pessoas com HIV e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), suscitando desafios para garantir a saúde integral desses indivíduos11 World Health Organization. Global Health Observatory (GHO) data. Number of women living with HIV [Internet]. Geneva: WHO; 2015 [cited 2015 Sept 10]. Available from: Available from: http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_status/cases_adults_women_children/en/
http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_stat...
-22 Berhan Y, Berhan A. Meta-analyses of fertility desires of people living with HIV. BMC Public Health.2013;13:409.. Nesse sentido, pode-se observar uma diminuição da morbimortalidade e aumento do número de mulheres com HIV/Aids em idade reprodutiva, o que levou a ampliar a discussão sobre o planejamento familiar22 Berhan Y, Berhan A. Meta-analyses of fertility desires of people living with HIV. BMC Public Health.2013;13:409.-33 Phillips S, Steyn P, Temmerman M. Contraceptive options for women living with HIV. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2014;28(6):881-90., com o objetivo de manter a saúde da mulher, garantir os direitos reprodutivos, evitar a gravidez indesejada e a morte materna, bem como prevenir a propagação do vírus e a transmissão vertical44 Yotebieng M, Norris A, Chalachala JL, MatumonaY, Ramadhani HO, Behets F. Fertility desires, unmet need for family planning, and unwanted pregnancies among HIV-infected women in care in Kinshasa, DR Congo. Pan Afr Med J. 2015; 20:235..

O Brasil é reconhecido por ter um programa nacional de HIV/aids que garante a oferta gratuita e sustentável de fármacos antirretrovirais a todas as pessoas com HIV/aids, incluindo as gestantes, além do oferecimento de testagens rápidas e sorologias para detecção do HIV às mulheres grávidas55 Jerome JS, Galvão MTG, Lindau ST. Brazilian mothers with HIV: experiences with diagnosis and treatment in a human rights based health care system. AIDS Care. 2012; 24(4):491-5.. Apesar desses avanços, existem desigualdades sociais entre as regiões do país em relação à taxa de detecção do vírus nesta população. Na região Nordeste, as taxas de detecção do HIV são menores e as gestantes possuem mais baixa escolaridade, de forma que são as mais afetadas no país66 Boletim Epidemiológico HIV/Aids. Brasília: Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. 2015;4(1).. Diante disso, existe uma lacuna de informações sobre os fatores que afetam o desejo de ter filho entre essas mulheres, bem como o uso de métodos contraceptivos nessa região do Brasil.

Evidências sugerem que apesar da possibilidade de as mulheres com HIV/Aids terem uma vida sexual e reprodutiva saudável e satisfatória, existem desafios relacionados ao acesso aos serviços e direitos de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o oferecimento de métodos contraceptivos77 Loutf M., Khosla R, Narasimhan M. Advancing the sexual and reproductive health and human rights of women living with HIV. J Int AIDS Soc. 2015;18(Suppl 5):20760.. Ademais, barreiras como falta de poder de decisão feminina, carência de recursos materiais e humanos, além da baixa qualidade dos serviços de planejamento familiar, aumentam a vulnerabilidade da mulher no que se refere aos aspectos reprodutivos.

A maioria dos estudos sobre aspectos reprodutivos de mulheres com HIV/Aids foi desenvolvido em países da África88 Onono M, Blat C, Miles S, Steinfeld R, Wekesa P, Bukusi EA, et al. Impact of family planning health talks by lay health workers on contraceptive knowledge and attitudes among HIV-infected patients in rural Kenya. Patient Educ Couns. 2014;94(3):438-41.

9 Mmbaga EJ, Leyna GH, Ezekiel MJ, Kakoko DC. Fertility desire and intention of people living with HIV/AIDS in Tanzania: a call for restructuring care and treatment services. BMC Public Health. 2013;13:86.
-1010 Ngugi EW, Kim AA, Nyoka R, Ng'ang'a L, Mukui I, Ng'eno B, et al. Contraceptive practices and fertility desires amonghiv-infected and uninfected women in Kenya: results from a nationally representative study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2014;66 Suppl 1:S75-81., onde se concentram maiores incidências de casos. É importante salientar que o Brasil não é diferente, uma vez que concentra o maior número de casos de HIV/Aids da América Latina1111 Joint United Nations (UNAIDS). Programme on HIV/AIDS. The Gap Report [Internet]. Geneva; 2014 [cited 2016 Feb 16]. Available from: Available from: http://www.unaids.org/en/resources/campaigns/2014/2014gapreport/gapreport
http://www.unaids.org/en/resources/campa...
, o que mostra a necessidade de avaliar os aspectos reprodutivos dessas mulheres. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi analisar os aspectos reprodutivos e o conhecimento sobre planejamento familiar de mulheres com Aids.

Método

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo, desenvolvido no ambulatório de infectologia de um hospital universitário de Fortaleza, Ceará, de janeiro a dezembro de 2015. O referido ambulatório atende a pacientes adultos com HIV/Aids, fornece TARV, exames laboratoriais e de imagem, além de preservativos. Considerando-se a população de mulheres com aids acompanhadas no serviço de saúde no período do estudo, foi

utilizada a fórmula para cálculo amostral da população finita:

Nesta fórmula, o z é igual ao valor da estatística z (1,96) para o grau de confiança adotado (95%) e p, N e ε correspondem à prevalência presumida (0,50), à população de mulheres acompanhadas no serviço (135) e ao erro tolerável (0,05), respectivamente. Assim, foi calculada uma amostra de 102 pacientes.

Os critérios de inclusão foram: mulheres com Aids, idade igual ou maior a 18 anos, independentemente de ter ou não parceiro sexual (fixo ou eventual). Foram excluídas as grávidas e com condições que interferissem na compreensão das informações investigadas. A técnica de amostragem por conveniência foi utilizada para seleção das participantes, e as mulheres eram convidadas a participar do estudo à medida que compareciam ao serviço para consultas. Para coleta de dados realizou-se entrevista em ambiente privativo, com duração de 50 minutos, utilizando-se de um formulário com as variáveis: dados sociodemográficos e clínicos, métodos contraceptivos em uso, história reprodutiva e conhecimento de planejamento familiar.

Foram calculadas frequência absoluta e relativa, média e desvio padrão (DP) para as variáveis quantitativas. Para associações estatísticas foram consideradas como variáveis dependentes: desejo de ter filhos, se tem filhos, orientações sobre planejamento familiar na vigência do HIV, além das respostas às perguntas: Quem tem HIV pode ter filhos? Casal soroconcordante pode ter filhos? As demais variáveis foram elencadas como independentes. A associação entre variáveis categóricas foi realizada pelo teste qui-quadrado para variáveis independentes, valor do odds ratio (OR) e intervalo de confiança (IC) de 95%. Foi considerado estatisticamente significante o valor de p<0,05. Dados foram tabulados no programa Excel e analisados por meio do software R, versão 3.2.2.

O estudo atendeu aos aspectos éticos e legais da Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional e Saúde, sobre pesquisas que envolvem seres humanos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Walter Cantídio, em 9 de março de 2015, sob o parecer nº 992.484.

Resultados

Das 102 mulheres estudadas, mais da metade tinha menos de 39 anos (56,9%), (média ± DP: 37,3 ± 6,4), escolaridade igual ou superior a 10 anos de estudo (59,8%) (média ± DP: 9,7 ± 3,6). A maioria era católica (66,7%), casada (67,6%), empregada (52,0%), renda familiar igual ou inferior a dois salários mínimos (80,4%), tempo de diagnóstico igual ou superior a 37 meses (82,4%) e tempo de TARV igual ou inferior a cinco anos (57,1%) (Tabela 1).

Tabela 1
Caracterização sociodemográfica e clínica das 102 mulheres vivendo com Aids - Fortaleza, CE, Brasil, jan./dez. 2015

A maioria foi diagnóstica com HIV no pré-natal (96,1%), e após nascimento do filho exposto ao HIV, mais da metade (63,7%) não pretendia mais ter filhos. Maior parte possuía filhos no momento da entrevista (84,3%), com predominância de um a dois filhos (51,9%) e apenas uma revelou que a sorologia anti-HIV do filho era positiva. Muitas tinham parceiro fixo (75,0%) que conhecia sua situação sorológica (73,5%). Destacou-se o uso do preservativo masculino (58,8%) e pouco uso de anticoncepcionais orais (23,5%) (Tabela 2).

Tabela 2
História reprodutiva e uso de métodos contraceptivos das 102 mulheres vivendo com Aids - Fortaleza, CE, Brasil, jan./dez. 2015

Apesar de a maioria acreditar que mulheres com aids possam ter filhos (78,4%), apenas um terço (33,3%) revelou ter recebido orientações sobre planejamento familiar, enquanto mais da metade desconhecia formas de prevenção da transmissão vertical (55,9%). Em relação à influência da sorologia do parceiro na concepção, maior parcela acreditava que soroconcordantes podiam ter filhos (53,9%), mas sorodiscordantes, não (52,0%) (Tabela 3).

Tabela 3
Conhecimento sobre planejamento familiar das 102 mulheres vivendo com Aids - Fortaleza, CE, Brasil, jan./dez. 2015

Mulheres com parceiro fixo tiveram maior chance de desejar filhos (p=0,04; OR=1,34; IC95% =0,4-4,9), mas aquelas com um ou mais filhos (p=0,01; OR=1,50; IC95%=0,4-5,2) ou que fizeram laqueadura tubária (p=0,01; OR=0,16; IC95%=0,0-0,6) não desejavam mais filhos. A laqueadura tubária foi maior em mulheres que não receberam orientações sobre planejamento familiar na vigência do HIV (p=0,03; OR=5,35; IC95% =1,4-38,4) (Tabela 4).

Tabela 4
‒ História reprodutiva e métodos contraceptivos associados ao desejo de ter filhos das 102 mulheres com Aids - Fortaleza, CE, Brasil, jan./dez. 2015.

Mulheres com idade ≤ 39 anos e maior escolaridade tiveram mais chances de ter informações corretas sobre a possibilidade de ter filhos na vigência do HIV (p=0,01; OR=0,22; IC95%=0,1-0,6). Essas mesmas mulheres responderam que casais soroconcordantes podiam ter filhos (p=0,00; OR=0,27; IC95%=0,1-0,6). A variável “tem filhos” demonstrou associação estatisticamente significante com idade (p=0,05; OR=3,44; IC95%=1,1-12,0), escolaridade (p=0,04; OR=5,61; IC95%=1,4-41,0) e tempo de TARV (p=0,01; OR=0,11; IC95%=0,0-0,6), ou seja, mulheres com idade ≤ 39 anos, maior escolaridade e tempo de uso da TARV menor ou igual a cinco anos tiveram maiores chances de ter filhos (Tabela 5).

Tabela 5
Aspectos sociodemográficos e clínicos associados com história reprodutiva, uso de contraceptivos e conhecimento sobre planejamento familiar das 102 mulheres com Aids - Fortaleza, CE, Brasil, jan./dez. 2015

Discussão

A predominância da idade inferior a 39 anos, da união estável e da baixa renda familiar entre as participantes do estudo demonstra a exposição de mulheres socioeconomicamente vulneráveis e em idade reprodutiva ao vírus a partir da transmissão sexual, concordando com outros estudos44 Yotebieng M, Norris A, Chalachala JL, MatumonaY, Ramadhani HO, Behets F. Fertility desires, unmet need for family planning, and unwanted pregnancies among HIV-infected women in care in Kinshasa, DR Congo. Pan Afr Med J. 2015; 20:235.,1212 Patel R, Baum S, Grossman D, Steinfeld R, Onono M, Cohen C, et al. HIV-positive men's experiences with integrated family planning and HIV services in western Kenya: integration fosters male involvement. AIDS Patient Care STDS. 2014;28(8):418-24. -1313 Newmann SJ, Grossman D, Blat C, Onono M, Steinfeld R, Bukusi EA, et al. Does integrating family planning into HIV care and treatment impact intention to use contraception? Patient perspectives from HIV-infected individuals in Nyanza Province, Kenya. Int J Gynaecol Obstet. 2013;123(Suppl 1):e16-23.. Conforme indicado na presente pesquisa, após o diagnóstico, as mulheres com HIV/Aids mantém-se laboralmente ativas para garantir o sustento dos filhos e companheiros1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682..

Nesse estudo, a maioria das mulheres declarou ter mais de 10 anos de estudo, o que pode justificar o fato de algumas entrevistadas estarem cientes quanto às informações gerais sobre planejamento familiar na vigência do HIV, indicando maior possibilidade de compreensão e adesão às recomendações para anticoncepção. Este elevado grau de escolaridade diverge de estudos realizados na África88 Onono M, Blat C, Miles S, Steinfeld R, Wekesa P, Bukusi EA, et al. Impact of family planning health talks by lay health workers on contraceptive knowledge and attitudes among HIV-infected patients in rural Kenya. Patient Educ Couns. 2014;94(3):438-41.-99 Mmbaga EJ, Leyna GH, Ezekiel MJ, Kakoko DC. Fertility desire and intention of people living with HIV/AIDS in Tanzania: a call for restructuring care and treatment services. BMC Public Health. 2013;13:86., onde o acesso à educação é limitado.

A maioria das mulheres investigadas neste estudo vivia com o HIV há mais de três anos e estava em uso de terapia antirretroviral desde o diagnóstico. Além disso, havia descoberto a sorologia durante o acompanhamento pré-natal. Isso confirma a garantia do acesso ao diagnóstico e tratamento com fármacos antirretrovirais entre gestantes e mulheres em idade reprodutiva no âmbito nacional55 Jerome JS, Galvão MTG, Lindau ST. Brazilian mothers with HIV: experiences with diagnosis and treatment in a human rights based health care system. AIDS Care. 2012; 24(4):491-5., um importante indicador para prevenção da transmissão vertical do vírus. Ressalta-se que essas mesmas características clínicas também foram encontradas entre mulheres africanas1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682.-1515 Matthews LT, Crankshaw T, Giddy J, Kaida A, Smit JA, Ware NC, et al. Reproductive decision-making and periconception practices among HIV-positive men and women attending HIV services in Durban, South Africa. AIDS Behav. 2013;17(2):461-70..

Como a descoberta da infecção entre as participantes do presente estudo ocorreu durante o pré-natal, mais da metade das mulheres com HIV/Aids já possuía um ou dois filhos no momento da entrevista, número semelhante ao encontrado em outras pesquisas1010 Ngugi EW, Kim AA, Nyoka R, Ng'ang'a L, Mukui I, Ng'eno B, et al. Contraceptive practices and fertility desires amonghiv-infected and uninfected women in Kenya: results from a nationally representative study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2014;66 Suppl 1:S75-81.,1313 Newmann SJ, Grossman D, Blat C, Onono M, Steinfeld R, Bukusi EA, et al. Does integrating family planning into HIV care and treatment impact intention to use contraception? Patient perspectives from HIV-infected individuals in Nyanza Province, Kenya. Int J Gynaecol Obstet. 2013;123(Suppl 1):e16-23.-1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682.. Evidências apontam que a maternidade é uma motivação importante para as mulheres com HIV/Aids darem continuidade aos planos de vida e aderirem ao tratamento1515 Matthews LT, Crankshaw T, Giddy J, Kaida A, Smit JA, Ware NC, et al. Reproductive decision-making and periconception practices among HIV-positive men and women attending HIV services in Durban, South Africa. AIDS Behav. 2013;17(2):461-70..

Apesar de a maioria das mulheres com Aids estar em idade reprodutiva e ter vida sexual ativa, muitas não desejavam ter filhos no futuro, achado semelhante ao de outros estudos99 Mmbaga EJ, Leyna GH, Ezekiel MJ, Kakoko DC. Fertility desire and intention of people living with HIV/AIDS in Tanzania: a call for restructuring care and treatment services. BMC Public Health. 2013;13:86.-1010 Ngugi EW, Kim AA, Nyoka R, Ng'ang'a L, Mukui I, Ng'eno B, et al. Contraceptive practices and fertility desires amonghiv-infected and uninfected women in Kenya: results from a nationally representative study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2014;66 Suppl 1:S75-81.,1212 Patel R, Baum S, Grossman D, Steinfeld R, Onono M, Cohen C, et al. HIV-positive men's experiences with integrated family planning and HIV services in western Kenya: integration fosters male involvement. AIDS Patient Care STDS. 2014;28(8):418-24. . Na presente pesquisa, esse aspecto pode estar associado ao fato das mulheres terem uma renda familiar reduzida, já possuírem filhos ou à falta de oportunidade para discutir aspectos relacionados à reprodução junto aos profissionais de saúde. Em corroboração, evidências demonstram que a escolha de não ter filhos pode relacionar-se a dificuldades financeiras, por já possuir um número de filhos que considera adequado, à estigmatização por parte de familiares e profissionais de saúde, além das preocupações sobre orfandade, transmissão vertical e sorodiscondância do parceiro1515 Matthews LT, Crankshaw T, Giddy J, Kaida A, Smit JA, Ware NC, et al. Reproductive decision-making and periconception practices among HIV-positive men and women attending HIV services in Durban, South Africa. AIDS Behav. 2013;17(2):461-70.-1616 Schaan MM, Taylor M, Marlink R. Reproductive behaviour among women on antiretroviral therapy in Botswana: mismatched pregnancy plans and contraceptive use. Afr J Res AIDS. 2014;13(3):305-11..

Quanto ao planejamento familiar, a maioria das entrevistadas não estava utilizando métodos contraceptivos da forma preconizada para pessoas com HIV/Aids, que é o uso do preservativo em todas as relações, aumentando assim o risco de gravidez indesejada, bem como da reinfecção pelo HIV. Destacou-se a utilização isolada do preservativo masculino, porém, esse percentual foi considerado baixo, tendo em vista que se espera a adesão de 100% entre esses indivíduos. Essa baixa adesão ao preservativo concorda com resultados de outras pesquisas77 Loutf M., Khosla R, Narasimhan M. Advancing the sexual and reproductive health and human rights of women living with HIV. J Int AIDS Soc. 2015;18(Suppl 5):20760.,1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682.,1616 Schaan MM, Taylor M, Marlink R. Reproductive behaviour among women on antiretroviral therapy in Botswana: mismatched pregnancy plans and contraceptive use. Afr J Res AIDS. 2014;13(3):305-11.-1717 Yotebieng M, Norris A, Chalachala JL, Matumona Y, Ramadhani HO, Behets F. Fertility desires, unmet need for family planning, and unwanted pregnancies among HIV-infected women in care in Kinshasa, DR Congo. Pan Afr Med J. 2015;20:235.. Enfatiza-se a necessidade dos profissionais de saúde de investigarem as barreiras para o uso adequado e consistente do preservativo, como medida de autocuidado para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST)1818 Alene KA. Consistent condom use among sexually active HIV positive women in Amhara region, Ethiopia. Open Access J Contracept. 2014;5:85-90..

Algumas entrevistadas utilizavam anticoncepcionais orais, o que pode indicar o baixo acesso deste método por mulheres atendidas ambulatorialmente1717 Yotebieng M, Norris A, Chalachala JL, Matumona Y, Ramadhani HO, Behets F. Fertility desires, unmet need for family planning, and unwanted pregnancies among HIV-infected women in care in Kinshasa, DR Congo. Pan Afr Med J. 2015;20:235. ou por preocupações quanto à possibilidade de interação medicamentosa com a TARV1919 Phillips S, Steyn P, Temmerman M. Contraceptive options for women living with HIV. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2014;28(6):881-90.. Ademais, o anticoncepcional oral é mais um comprimido a ser ingerido diariamente, com possibilidade de desencadear eventos adversos, como náuseas e sangramento vaginal irregular, contribuindo para a descontinuidade de seu uso2020 Nanda K, Morrison CS, Kwok C, Byamugisha J, Jones L, Sriplienchan S, et al. Discontinuation of oral contraceptives and depot medroxyprogesterone acetate among women with and without HIV in Uganda, Zimbabwe and Thailand. Contraception. 2011;83(6):542-8.. Como a contracepção hormonal em mulheres com HIV é uma medida segura e sem restrição, profissionais de saúde devem recomendar a combinação com o preservativo, para prevenir a gravidez não planejada e IST2121 World Health Organization. Hormonal contraception and HIV: technical statement [Internet]. Geneva: WHO ; 2012 [cited 2016 Apr 08]. Available from: Available from: http://www.natap.org/2012/HIV/WHOHormonalcontraceptionHIV.pdf
http://www.natap.org/2012/HIV/WHOHormona...
. Acerca da laqueadura tubária, o seu baixo percentual de utilização converge com a literatura1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682.. No entanto, é necessário incentivar a adesão das mulheres brasileiras com HIV/Aids aos métodos não definitivos. Além disso, a possibilidade de redução na adesão ao preservativo após a laqueadura tubária indica a importância da orientação sobre a continuidade do seu uso, para evitar reinfecção pelo HIV e a aquisição de outras infecções2222 Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes [Internet]. Brasília; 2010 [citado 2016 abr. 08]. Disponível em: Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/consenso_gestantes_2010_vf.pdf
http://www.aids.gov.br/sites/default/fil...
.

Embora no Brasil exista uma política de prevenção da transmissão vertical do HIV2222 Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes [Internet]. Brasília; 2010 [citado 2016 abr. 08]. Disponível em: Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/consenso_gestantes_2010_vf.pdf
http://www.aids.gov.br/sites/default/fil...
, há uma lacuna em relação ao recebimento de orientações sobre as formas de prevenção da transmissão e reprodução na vigência do HIV, situação semelhante à encontrada em estudos realizados em países da África1616 Schaan MM, Taylor M, Marlink R. Reproductive behaviour among women on antiretroviral therapy in Botswana: mismatched pregnancy plans and contraceptive use. Afr J Res AIDS. 2014;13(3):305-11.,2323 Birhane T, Tessema GA, Alene KA, Dadi AF. Knowledge of pregnant women on mother-to-child transmission of HIV in Meket District, Northeast Ethiopia. J Pregnancy. 2015;2015:960830. DOI: 10.1155/2015/960830.
https://doi.org/10.1155/2015/960830...
. Evidencia-se uma relutância das mulheres com HIV/Aids em falar sobre sexualidade e seu desejo reprodutivo, por temer reação desfavorável à gestação por parte dos profissionais de saúde, que, muitas vezes, consideram o desejo de ter filhos como uma irresponsabilidade e desinformação quanto aos riscos da transmissão vertical do HIV2424 Caldas MAG, Porangaba SCF, Melo ES, Gir E, Reis RK. Perception of the nursing team on pregnancy concerning infection caused by HIV. Rev RENE. 2015;16(1):28-37.. Isso é preocupante, pois o conhecimento limitado pode se sobrepor à vontade e ao direito das mulheres com HIV/Aids de ter filhos, aumentando o risco de gravidez não planejada e a exposição dos recém-nascidos ao vírus99 Mmbaga EJ, Leyna GH, Ezekiel MJ, Kakoko DC. Fertility desire and intention of people living with HIV/AIDS in Tanzania: a call for restructuring care and treatment services. BMC Public Health. 2013;13:86..

Este estudo revelou que mulheres que não receberam informações sobre planejamento familiar são mais propensas a realizar laqueadura tubária, o que pode se associar ao limitado conhecimento e a mitos sobre outros métodos contraceptivos, demonstrando a necessidade dos profissionais de saúde de oferecer aconselhamento às mulheres com Aids sobre opções, benefícios e riscos de cada método, para promover a sua autonomia na tomada de decisão22 Berhan Y, Berhan A. Meta-analyses of fertility desires of people living with HIV. BMC Public Health.2013;13:409.,1515 Matthews LT, Crankshaw T, Giddy J, Kaida A, Smit JA, Ware NC, et al. Reproductive decision-making and periconception practices among HIV-positive men and women attending HIV services in Durban, South Africa. AIDS Behav. 2013;17(2):461-70..

A parceria fixa foi evidenciada como um fator determinante para o desejo de ter filhos, semelhante a outros estudos99 Mmbaga EJ, Leyna GH, Ezekiel MJ, Kakoko DC. Fertility desire and intention of people living with HIV/AIDS in Tanzania: a call for restructuring care and treatment services. BMC Public Health. 2013;13:86.,2525. Fatimetu Mohammed F, Assefa N. Determinants of desire for children among HIV-positive women in the Afar Region, Ethiopia: case control study. PLoS One. 2016; 11(3):e0150566.. Em geral, mulheres com HIV/Aids que possuem parceiro fixo, frequentemente, dividem as decisões reprodutivas com o companheiro, configurando-se como uma forma importante de apoio social22 Berhan Y, Berhan A. Meta-analyses of fertility desires of people living with HIV. BMC Public Health.2013;13:409.. A relação de confiança entre as pacientes investigadas e seus parceiros foi confirmada pelo elevado percentual de mulheres que revelaram seu status sorológico ao parceiro, em consonância com outros estudos1414 Melaku YA, Zeleke EG. Contraceptive utilization and associated factors among HIV positive women on chronic follow up care in Tigray Region, Northern Ethiopia: a cross sectional study. PLoS One. 2014;9(4):e94682.-1515 Matthews LT, Crankshaw T, Giddy J, Kaida A, Smit JA, Ware NC, et al. Reproductive decision-making and periconception practices among HIV-positive men and women attending HIV services in Durban, South Africa. AIDS Behav. 2013;17(2):461-70.,1717 Yotebieng M, Norris A, Chalachala JL, Matumona Y, Ramadhani HO, Behets F. Fertility desires, unmet need for family planning, and unwanted pregnancies among HIV-infected women in care in Kinshasa, DR Congo. Pan Afr Med J. 2015;20:235.. Houve associação entre o fato de já ter filhos, idade e escolaridade, convergindo com revisão sistemática sobre fertilidade em pessoas com HIV22 Berhan Y, Berhan A. Meta-analyses of fertility desires of people living with HIV. BMC Public Health.2013;13:409., que indicou que mulheres jovens são biologicamente mais propensas a ter filhos, e que aquelas com maior escolaridade têm mais acesso às informações sobre os direitos reprodutivos e prevenção da transmissão vertical2323 Birhane T, Tessema GA, Alene KA, Dadi AF. Knowledge of pregnant women on mother-to-child transmission of HIV in Meket District, Northeast Ethiopia. J Pregnancy. 2015;2015:960830. DOI: 10.1155/2015/960830.
https://doi.org/10.1155/2015/960830...
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A sorodiscordância entre o casal foi apontada como um fator impeditivo para ter filhos, concordando com evidências que demonstram o dilema vivenciado pelas mulheres diante do risco de contaminação do concepto e do companheiro2626 Hailemariam TG, Kassie GM, Sisay MM. Sexual life and fertility desire in long-term HIV serodiscordant couples in Addis Ababa, Ethiopia: a grounded theory study. BMC Public Health. 2012;12:900.. Assim, recomenda-se o aconselhamento reprodutivo do casal, visando à escolha do momento adequado para concepção, além da discussão sobre outras opções específicas para a prevenção da transmissão do HIV, como a lavagem de esperma e a reprodução assistida.

O tempo de utilização da TARV também foi um preditor para as mulheres terem filhos nascidos na vigência do HIV, possivelmente, porque os antirretrovirais promovem a melhoria do estado de saúde e da sobrevida, fatores que podem favorecer a maternidade e diminuir o risco de transmissão vertical2525. Fatimetu Mohammed F, Assefa N. Determinants of desire for children among HIV-positive women in the Afar Region, Ethiopia: case control study. PLoS One. 2016; 11(3):e0150566.. No entanto, constatou-se que não houve relação entre o desejo de ter filhos e o tempo de uso da TARV, em contraposição às especulações que indicam o aumento do desejo de ter filhos à medida que a TARV progride2525. Fatimetu Mohammed F, Assefa N. Determinants of desire for children among HIV-positive women in the Afar Region, Ethiopia: case control study. PLoS One. 2016; 11(3):e0150566..

Conclusão

Predominou o conhecimento da sorologia anti-HIV positiva durante o pré-natal e a negação do desejo de ter mais filhos. A idade inferior a 39 anos, a maior escolaridade e o menor tempo de TARV aumentaram as chances de as mulheres com Aids já possuírem filhos. Além disso, mulheres com idade menor que 39 anos e maior escolaridade tiveram maiores chances de ter informações corretas sobre ter filhos na vigência do HIV. Ter parceiro fixo aumentou a chance de desejar ter filhos, enquanto a laqueadura tubária foi maior em mulheres que não receberam orientações acerca do planejamento familiar.

Apesar de no Brasil existir uma política de prevenção da transmissão vertical do HIV, esforços para oportunizar o diálogo sobre o planejamento familiar no atendimento ambulatorial das mulheres brasileiras com Aids são imperativos para minimizar mitos e proporcionar decisões conscientes e seguras sobre as escolhas reprodutivas. Também é necessário garantir o acesso aos métodos contraceptivos a todas que desejam utilizá-los. Iniciativas neste sentido repercutem na melhoria do conhecimento, das atitudes e dos comportamentos sobre a contracepção neste público-alvo.

A limitação deste estudo foi representada pela coleta de dados em um único momento, não sendo possível identificar possíveis mudanças de comportamento ao longo do acompanhamento, além da falta de detalhes sobre as razões para o não uso dos métodos contraceptivos. Apesar dessa limitação, ressaltamos a importância desta pesquisa, visto que, muitas vezes, os aspectos reprodutivos e anticoncepcionais das mulheres com HIV/Aids não são prioridade no acompanhamento ambulatorial, devido ao estigma decorrente da doença. Diante disso, destaca-se a importância de novos estudos que tenham como perspectiva o acompanhamento das mulheres com aids e intervenções direcionadas a esse contexto.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    04 Out 2016
  • Aceito
    26 Jan 2017
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