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Visibilidade e internacionalização da Revista Gaúcha de Enfermagem: perspectivas e desafios

EDITORIAL

Visibilidade e internacionalização da Revista Gaúcha de Enfermagem: perspectivas e desafios

Maria da Graça Oliveira CrossettiI; Aline Cammarano RibeiroII; Marta Georgina Oliveira de GoesIII

IDoutora em Filosofia da Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora livre-docente em Enfermagem Fundamental pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professora Permanente do programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFRGS. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRGS. Professora Titular da Escola de Enfermagem UFRGS. Coordenadora do NECE/UFRGS. Coordenadora da Comissão Editoração da Revista Gaúcha de Enfermagem. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: mgcrossetti@gmail.com

IIEnfermeira. Mestre em Enfermagem na UFSM. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS. Bolsista CAPES. Membro do CEVIDA/UFRGS. Rio Grande do Sul, Brasil. Email: alinecammarano@gmail.com

IIIEnfermeira da Unidade Hemodinâmica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Mestre em Enfermagem pela UFRGS. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS. Membro do NECE/UFRGS. Rio Grande do Sul, Brasil. Email: mgogoes@gmail.com

É notório nos últimos anos o movimento dos periódicos científicos brasileiros em busca de visibilidade e internacionalização. Tema que de modo contínuo tem centrado as discussões dos fóruns de editores científicos congregando diferentes disciplinas do conhecimento(1). Estas têm sido focadas, dentre outros aspectos, em como promover o impacto internacional da produção científica brasileira considerando a abrangência e relevância nacional e internacional das pesquisas e consequente consumo e ou aplicação dos achados na prática.

Os debates se acentuam na importância do desenvolvimento tecnológico apontar para inovações ao se produzir ciência no Brasil, de modo a atender as necessidades reais e potenciais da população, mas também produzir tecnologias que impactem positivamente nas condições sociais e econômicas do país(2). Contudo, com o alerta aos pesquisadores para considerarem os problemas externos à realidade nacional, aspectos que poderão dar visibilidade as tecnologias inovadoras aqui produzidas e consequente exportação.

O fator de impacto das revistas, a qualidade dos editores e pareceristas ou consultores, o processo de avaliação dos manuscritos (peer review), a dificuldade de se publicar em periódicos de alto impacto, os critérios de avaliação pelos órgãos de fomento para a classificação dos periódicos, a profissionalização e o financiamento das revistas constituem temas em contínuas discussões(3,4).

Liderados pela Associação Brasileira de Enfermagem – ABEN os periódicos científicos da enfermagem brasileira coparticipes deste movimento, na ordem do dia de suas agendas, têm chamado à discussão seus editores de modo a pensar e a implantar estratégias que possam sanar estas e outras dificuldades, que constituem grandes desafios para a área.

Imersa neste grande projeto desafiador, se revela a Revista Gaúcha de Enfermagem- RGE que desde 1976 tem divulgado a produção dos enfermeiros pesquisadores no cenário brasileiro e latino americano ininterruptamente. Ao longo de sua história vem adequando seus processos de editoração, de modo a atender as exigências do mercado de publicações científicas da enfermagem e da saúde em geral, no que se refere ao gerenciamento com qualidade do seu principal produto, qual seja o manuscrito a ela submetido e seu autor pela confiança depositada na RGE.

Recentemente a RGE, Qualis B1 CAPES, por solicitação da SciELO Brasil, para fins de avaliação de sua permanência nesta base de dados, elaborou o Relatório de Desempenho Anual referente ao ano de 2012. Este estruturado em informações quantitativas e qualitativas inerentes a natureza da RGE considerando as diferentes dimensões dos processos editoriais evidenciou os seus avanços.

O fluxograma dos manuscritos desde sua submissão até seu aceite e publicação tornou-se mais ágil e qualificado na medida em que foram criadas as figuras e definidas atribuições dos editores de submissão (01), de áreas (06) e comissão editorial (04). Também se profissionalizou a equipe técnica com a contratação de um bibliotecário específico para a RGE e se buscou na comunidade parcerias visando à profissionalização dos processos de editoração, diagramação, tradução e de impressão. Foram revisadas as normas de publicação com enfoque no processo de avaliação do manuscrito por peer review.

Esta constatação soma-se aos índices bibliométricos que identificam a RGE no universo dos periódicos de enfermagem brasileiro como um dos eleitos pelos pesquisadores para divulgação de suas produções. Ao longo de 2012 foram submetidos 1262 manuscritos, destes 466 foram aceitos para publicação, 592 foram recusados e 200 não retornaram dos autores após solicitações de reformulações e ou de outras informações, sendo então arquivados. O intervalo médio entre submissão e avaliação do manuscrito foi de 9,9 meses e o intervalo médio entre o aceite e sua publicação foi de 8,5 meses, estas métricas estão em consonância com os órgãos avaliadores que preconizam um período de um ano para os trâmites do manuscrito ao longo do seu processo de avaliação até a sua publicação. O volume 33 da RGE em seus quatro fascículos publicou 81 artigos originais, duas revisões sistemáticas e 17 outros tipos de produções entre artigos de revisão teórica e relato de experiência. Os 100 manuscritos publicados tiveram a autoria de 341 autores. A RGE conta com a colaboração de 259 revisores ad hoc especialistas distribuídos geograficamente no território nacional.

A publicação online da primeira versão em idioma inglês, além da em idioma português, do volume 33 fascículo 4, na base de dados SciELO Brasil é sem dúvida um avanço qualitativo expressivo da RGE, fato que registra o continuo compromisso com a divulgação e visibilidade da produção científica da enfermagem brasileira.

Com estes dados a RGE poderia dar por cumprida sua missão. Contudo os índices de recusa 62,75% dos manuscritos é um grande desafio a ser enfrentado a exemplo de outros periódicos de enfermagem.

No processo de avaliação se constatam fragilidades dos manuscritos no que se refere a: inadequação do desenho metodológico, carência de fundamentação teórica, temática de investigação irrelevantes para a prática profissional, evidências de resultados e conclusões que não contribuem para o estado da arte e conseqüente desenvolvimento do conhecimento específico da enfermagem, a inadequação às normas de redação científica e às normas de publicação da RGE. Estes são aspectos que merecem ser discutidos e encaminhados nos fóruns de editores em conjunto com docentes dos programas de pó-graduação em enfermagem, que é por excelência o ambiente acadêmico em que a produção de pesquisas clínicas assume carácter essencial para a enfermagem e como tal têm a responsabilidade no preparo de jovens pesquisadores no ato de consumir, produzir e divulgar o conhecimento produzido.

Neste cenário se visualiza as perspectivas da RGE em direção á consolidação de sua visibilidade e internacionalização para além da América Latina e o desafio de contribuir e continuar a buscar soluções inerentes a sua natureza o que certamente exigirá muita dedicação e compromisso de todos os que a fazem acontecer.

  • 1
    8. Workshop de Editoração Científica: internacionalização dos periódicos científicos, 1. Seminário do COPE - Comitee on publication ethics, 3. Encontro Nacional de Bibliotecários, 6. Seminário Satélite para Editores Plenos; 2012 Nov 11-14; Florianópolis, Brasil. Florianópolis: ABEC Brasil; 2012
  • 2 Zanetti ML. Porque é difícil publicar em periódicos de alto impacto. Rev Latinoam Enferm.2012; 20(4):633-634.
  • 3 Erdmann AL, Marziale MHP, Pedreira MLG, Lana FCF, Pagliuca LMF, Padilha MI, et al. A avaliação de periódicos científicos Qualis e a produção brasileira de artigos da área de enfermagem. Rev Latinoam Enferm. 2009;17(3):120-127.
  • 4 Scochi CGS, Munari DB, Pedreira MLG, Padilha ML, Marziale MH. A importância da qualificação dos periódicos para o avanço da produção e visibilidade da pesquisa em enfermagem. Texto & Contexto Enferm. 2012;21(2):251-3.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 2013
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