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Efeitos da miotomia circular na cicatrização das anastomoses esofágicas: estudo experimental

A anastomose término-terminal entre os segmentos esofágicos, embora constitua a melhor solução para a atresia do esôfago do recém-nascido, pode resultar em fístulas, deiscências ou estenoses devidas à tensão na linha de sutura, principalmente nos casos de grande distância entre os cotos. A miotomia circular do segmento proximal (manobra de Livaditis) é a técnica de alongamento esofágico mais utilizada. No presente trabalho experimental, realizado em cães, procurou-se verificar se esta técnica diminui o índice de deiscência de anastomose entre cotos sob grande tensão e estudar se ela promove alterações morfológicas na cicatriz da anastomose. O projeto piloto demonstrou que seria necessário ressecar 40% do esôfago para se obterem índices elevados de deiscência. No projeto experimental, realizou-se tal ressecção, e os cães foram divididos em dois grupos (grupo controle, apenas anastomose, e grupo experimental, anastomose com miotomia circular). Os animais foram mortos no 14º dia de pós-operatório e a seguir submetidos a necropsia, avaliando-se a presença de deiscência e estenose da anastomose. A avaliação microscópica constou de análise histológica qualitativa e histomorfometria da cicatriz da anastomose. Os índices de deiscência foram iguais nos dois grupos. Nos animais do grupo controle a espessura da fibrose e o número de vasos neoformados foram maiores que no grupo experimental. A avaliação morfométrica revelou que a miotomia promoveu diminuição na espessura da fibrose cicatricial. Concluiu-se que a miotomia circular não diminui a possibilidade de deiscência, além de promover alterações deletérias na cicatrização da anastomose.

Esôfago; Miotomia circular; Atresia de esôfago


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