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Doença de Chagas na Amazônia brasileira: II. Inquérito sorológico

Foi realizado um inquérito sorológico através da reação de imunofluorescência indireta em uma amostra de soro sanguíneo da população residente em uma em cada cinco casas habitadas na sede do município de Barcelos, localizado no norte do Estado do Amazonas, na margem direita do Rio Negro, a 490 km de Manaus por via fluvial e na população das localidades rurais de Piloto e Marará, localizadas também na margem direita do Rio Negro, a 30 minutos por via fluvial da sede do município de Barcelos. No total foram utilizadas no inquérito 710 amostras de soro, 628 de pessoas residentes na sede do município, 35 residentes em Piloto e 47 em Marará. Foi utilizada anti-gamaglobulina humana do tipo IgG (Bio-lab) e como antígeno cultura formolizada da cepa Y do T.cruzi. Os soros foram diluidos em PBS pH 7.2 a partir de 1:40 até 1:320. Das 710 amostras de soro examinadas 89 (12,5%) foram positivas para anticorpos anti-T. cruzi; 2 (2,2%) com títulos de 1:320, 12 (13,4%) com títulos de 1:60, 38 (42,6%) com títulos de 1:80 e os demais com títulos de 1:40, portanto com a mediana dos títulos sorológicos de 1:80. São discutidos a alta prevalência sorológica para infecção chagásica obtida no inquérito, as possibilidades de reações cruzadas e de testes confirmatórios das reações positivas e os dados epidemiológicos preliminares que indicam uma forte associação entre a infecção chagásica e o contacto da população com triatomíneos, conhecidos na área como "piolho de piaçava". Salienta-se o isolamento por xenodiagnóstico de uma cepa de T.cruzi de um dos pacientes do inquérito, com sorologia positiva, com título de 1:320 para infecção chagástica.


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