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Diagnóstico da hepatite por vírus C em doadores de sangue brasileiros, usando a reação de transcrição reversa e a reação em cadeia da polimerase "nested": comparação com os ensaios imunoenzimáticos e imunoblot recombinante

Na prevenção da transmissão de Hepatite por Vírus C (HCV) em transfusões de hemocomponentes, utiliza-se rotineiramente, como testes de triagem de doadores de sangue, ensaios que detectam anticorpos anti-HCV e dosagens da enzima alanina-aminotransferase (ALT). O presente estudo tem como objetivo principal avaliar a eficiência do ensaio imunoenzimático de segunda geração (EIA-2) como teste de triagem, na identificação de doadores de sangue potencialmente infectados, e portanto, capazes de transmitir hepatite C pelos hemocomponentes. Nós utilizamos o ensaio de transcrição reversa (RT) e a reação em cadeia da polimerase "nested" («nested PCR») para investigar a presença do RNA do vírus da hepatite C (HCV) em doadores de sangue. A prevalência do RNA-HCV em indivíduos positivos foi comparada com os resultados do ensaio complementar imunoblot recombinante de segunda geração (RIBA-2) com o intuito de avaliar a utilidade de ambos como testes confirmatórios. Estes dois testes também foram comparados com a razão DO/C (valores de densidade óptica das amostras dividida pelo valor de corte da reação) no EIA-2. Os resultados das dosagens da ALT foram expressos como uma razão unitária denominada qALT, que representa o cálculo do valor do ALT da amostra dividido pelo valor máximo considerado normal para o teste (53UI/L). Os doadores de sangue foram divididos em cinco grupos de acordo com os resultados do EIA-2 e o qALT: grupo A (EIA > ou = 3, ALT<1), grupo B (EIA > ou = 3, ALT>1), grupo C (1<=EIA<3, ALT<1), grupo D (1<=EIA<3, ALT>1) e grupo E (EIA<=0,7). As seqüências do HCV foram detectadas por RT-nested PCR, utilizando-se os "primers" da região mais conservada do genoma viral. O teste RIBA-2 foi aplicado nas mesmas amostras. No grupo A (n=6) todas as amostras foram positivas para o RT-nested PCR e RIBA-2. Entre as 124 amostras do grupo B, 120 (96,8%) eram RIBA-2 positivas e 4 (3,2%) eram RIBA-2 indeterminadas mas positivas para o antígeno c22.3. No grupo B, as 109 amostras (87,9%) RIBA-2 positivas também apresentaram RT-nested PCR positivas, bem como todas as amostras com RIBA-2 indeterminadas. No grupo C, todas as amostras (n=9) foram RT-nested PCR negativas: 4 (44,4%) apresentaram também RIBA-2 negativa enquanto que 4 (44,4%) foram RIBA-2 positivas e 1(11,1%) foi RIBA-2 indeterminada. O RNA-VHC foi detectado por RT-nested PCR em 3 (37,5%) das 8 amostras do grupo D. Todas as amostras do grupo E (controle) foram RT-nested PCR e RIBA-2 negativas. Nosso estudo sugere uma forte relação entre a razão anti-HCV EIA-2 > ou = 3 e a positividade do RNA-HCV por RT-nested PCR. Nós também pudemos observar que os doadores de sangue com RIBA-2 indeterminados apresentaram um alto grau de positividade no RT-nested PCR (75%), especialmente quando está presente a banda correspondente ao antígeno c22.3.


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