Reações são ocorrências comuns no curso da hanseníase e são responsáveis pelo agravamento das lesões neurais. Uma coorte de 162 pacientes recém-diagnosticados, baciloscopicamente positivos, em acompanhamento no Ambulatório de Hanseníase da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) foi selecionada para estudo. Observou-se que 46% dos pacientes multibacilares submetidos a 24 doses fixas de poliquimioterapia (PQT) apresentaram reações durante o tratamento; todos multibacilares eram suscetíveis e cuidados e atenção constantes eram necessários. Quatorze por cento foram classificados como BB, 52% como BL e 33% como LL. Nenhuma das variáveis em estudo, tais como: sexo, idade, forma clínica, tempo de doença, extensão das lesões dermatológicas, índice baciloscópico (IB), ou grau de incapacidade associaram-se a reação entre os pacientes estudados. Reação Reversa (RR) ocorreu em 45% e Eritema Nodoso Hansênico (ENH) em 55% dos casos. Entre os pacientes BB que desenvolveram reação (15 pacientes), 93% apresentaram RR, enquanto entre os pacientes LL que tiveram reação (34 pacientes), 91% apresentaram ENH. Por outro lado, ENH foi mais frequente entre aqueles com lesões difusas, enquanto RR foi mais frequente em pacientes com lesões localizadas. O RR ocorreu principalmente nos primeiros meses de tratamento. A taxa de recorrência do ENL foi significativamente maior que a do RR. Nenhum grau de incapacidade nem IB esteve associado com RR e ENL. Entretanto a taxa de RR foi significativamente maior entre pacientes mostrando IB < 3, enquanto que o ENH predominou entre os pacientes com IB > 3.
