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Hepatocellular carcinoma in Brazil: report of a national survey (Florianópolis, SC, 1995)

Carcinoma hepatocelular no Brasil: relato de um inquérito nacional (Florianópolis, SC, 1995) Para conhecer as principais características epidemiológicas do carcinoma hepatocelular no Brasil foi feito um levantamento de casos diagnosticados no período compreendido entre Janeiro de 1992 e Dezembro de 1994, em diferentes centros médicos de diferentes Estados. Foi solicitado o preenchimento de um questionário simples que perguntava sobre: idade, sexo, método de diagnóstico, alcoolismo crônico, infecção com vírus B (HBsAg) e vírus C (anti-VHC), cirrose hepática associada e níveis séricos de alfa-fetoproteína. Foram analisados 287 casos, com idade acima de 16 anos, provenientes de 19 serviços médicos dos estados do Pará, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e Rio Grande do Sul. Os resultados mostraram: (a) média de idade de 56,3 ± 14,4 e 54,7 ± 16,8 para homens e mulheres respectivamente, com relação masculino feminino de 3,4:1. (b) 69,6% eram caucasianos, 21,8% mulatos, 4,8% orientais e 3,7% negros. (c) HBsAg(+) em 77/236 casos (41,6%). (d) Anti-VHC(+) em 52/193 casos (26,9%), sem diferença significante entre homens e mulheres. (e) 7/180 (3,8%) casos eram HBsAg(+) e anti-VHC(+). (f) Alcoolismo crônico presente em 88/235 casos (37%). (g) Cirrose hepática associada em 71,2% de 202 casos nos quais a presença ou ausência de cirrose foi confirmada. (g) Alfa-fetoproteína acima de 20 ng/ml em 124/172 casos (72%) e acima de 500 ng/ml em 40 casos (23,2%). Estes resultados mostram que o CHC no Brasil tem características epidemiológicas intermediárias entre as observadas nas áreas de baixa e de alta incidência do tumor. Apesar de ser grande a freqüência de infecção associada com os vírus B e C da hepatite, 42% de 180 casos eram negativos para o HBsAg e anti-VHC, indicando a possibilidade da participação de outros fatores na etiologia do tumor. A comparação dos dados dos diferentes estados mostra algumas diferenças regionais: maior freqüência de casos HBsAg(+) no Pará, Bahia, Minas Gerais e E. Santo, maior freqüência de casos anti-VHC(+) no Rio de Janeiro, São Paulo e estados do Sul e menor freqüência de cirrose associada na Bahia e Rio de Janeiro (55,5 e 50% respectivamente). Investigações futuras serão necessárias para se estudar a presença de outros possíveis fatores etiológicos, como as aflatoxinas, tendo em vista as condições climáticas favoráveis à contaminação alimentar com fungos na maioria das regiões do Brasil


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