Avaliação da atividade terapêutica do albendazol sobre infecções experimental e humana pela Hymenolepis nana

Amato Neto, Vicente; Moreira, Antonio Augusto Baillot; Ferreira, Graça Maria Pinto; Nascimento, Sérgio Antonio Barbosa do; Matsubara, Luís; Campos, Rubens; Pinto, Pedro Luiz Silva

doi:10.1590/S0036-46651990000300007

Resumos

Com o intuito de demarcar convenientemente o espectro de atividade do albendazol, no que diz respeito às helmintíases intestinais, foram efetuadas observações referentes à himenolepíase causada por Hymenolepis nana. Nesse contexto, duas ordens de investigações tiveram lugar: a) tratamento de camundongos, renovado depois de transcorridos dez dias, por meio de doses únicas de 25 mg/kg ou 50 mg/kg, sendo que 25 mg/kg de praziquantel e animais que não receberam os antiparasitários, serviram como controles; b) tratamento de crianças e adultos mediante uso de 400 mg cotidianamente, em três oportunidades consecutivas, com repetição após intervalo com duração de dez dias. O estudo concernente aos animais revelou ineficácia do albendazol, pois sistematicamente houve verificação da persistência de vermes vivos no intestino. Por seu turno, só 10% dos indivíduos medicados puderam ser considerados curados. Portanto, pelo menos de acordo com a maneira como procedemos, o albendazol não se afigurou capaz de debelar satisfatoriamente a himenolepíase.

Hymenolepis nana; Infecções experimental e humana; Tratamento; Albendazol

With the objective of knowing adequately the spectrum of activity of albendazole against intestinal helminthiases, we made observations regarding hymenolepiasis caused by Hymenolepis nana. Two series of investigations were carried out: a) treatment of mice with single doses of either 25 or 50 mg/kg, repeated after ten days, using as controls animals treated with 25 mg/kg of praziquantel or not treated with any antiparasitic drugs; b) treatment of adults and children with 400 mg daily for three consecutive days, repeated after ten days. The observations in animals have shown a lack of efficacy of albendazole, since persistence of live worms in the intestine was verified systematically. On the other hand, only 10% of the treated patients could be considered cured. Therefore, according to the procedures here described, this antiparasitic agent could not satisfactorily treat hymenolepiasis.

ENSAIOS TERAPÊUTICOS

Avaliação da atividade terapêutica do albendazol sobre infecções experimental e humana pela Hymenolepis nana

Evaluation of therapeutic activity of albendazole against experimental and human infection by Hymenolepis nana

Vicente Amato Neto^I; Antonio Augusto Baillot Moreira^II; Graça Maria Pinto Ferreira^II; Sérgio Antonio Barbosa do Nascimento^II; Luís Matsubara^II; Rubens Campos^II; Pedro Luiz Silva Pinto^II

^IChefe do Laboratório

^IIMembro do Laboratório

^{Endereço para correspondência} Endereço para correspondência: Prof. Vicente Amato Neto Laboratório de Investigação Médica-Parasitologia Av. Dr. Arnaldo, 455 CEP 01246 São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

Com o intuito de demarcar convenientemente o espectro de atividade do albendazol, no que diz respeito às helmintíases intestinais, foram efetuadas observações referentes à himenolepíase causada por Hymenolepis nana. Nesse contexto, duas ordens de investigações tiveram lugar: a) tratamento de camundongos, renovado depois de transcorridos dez dias, por meio de doses únicas de 25 mg/kg ou 50 mg/kg, sendo que 25 mg/kg de praziquantel e animais que não receberam os antiparasitários, serviram como controles; b) tratamento de crianças e adultos mediante uso de 400 mg cotidianamente, em três oportunidades consecutivas, com repetição após intervalo com duração de dez dias.

O estudo concernente aos animais revelou ineficácia do albendazol, pois sistematicamente houve verificação da persistência de vermes vivos no intestino. Por seu turno, só 10% dos indivíduos medicados puderam ser considerados curados. Portanto, pelo menos de acordo com a maneira como procedemos, o albendazol não se afigurou capaz de debelar satisfatoriamente a himenolepíase.

Unitermos: Hymenolepis nana; Infecções experimental e humana; Tratamento; Albendazol.

SUMMARY

With the objective of knowing adequately the spectrum of activity of albendazole against intestinal helminthiases, we made observations regarding hymenolepiasis caused by Hymenolepis nana. Two series of investigations were carried out: a) treatment of mice with single doses of either 25 or 50 mg/kg, repeated after ten days, using as controls animals treated with 25 mg/kg of praziquantel or not treated with any antiparasitic drugs; b) treatment of adults and children with 400 mg daily for three consecutive days, repeated after ten days.

The observations in animals have shown a lack of efficacy of albendazole, since persistence of live worms in the intestine was verified systematically. On the other hand, only 10% of the treated patients could be considered cured. Therefore, according to the procedures here described, this antiparasitic agent could not satisfactorily treat hymenolepiasis.

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Recebido para publicação em 14/9/1989.

Trabalho do Laboratório de Investigação Médica-Parasitologia, do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

1. AMATO NETO, V.; CASTILHO, V.L.P.; MOREIRA, A.A.B.; SANT'ANA, E.J.; PINTO, P.L.S.; CAMPOS, R. & PADILHA, L.A.A. Eficácia do albendazol no tratamento da enterobíase. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 27: 143-144, 1985.
2. AMATO NETO, V. & CORRĘA, L.L. Exame parasitológico das fezes. Săo Paulo, Sarvier, 1980.
3. AMATO NETO, V.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; LAZZARO, E.S.M.; CHIARAMELLI, M.C.G.; CASTILHO, V.L.R.; GOMES, A.E.C. & PINTO, P.L.S. Tratamento da ancilostomíase por meio do albendazol. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 25: 42- 46, 1983.
4. AMATO NETO, V.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; LAZZARO, E.S.M.; CHIAMARELLI, M.C.G.; PINTO, P.L.S.; SLVA, G.R.; NISHIOKA, S.A. & LEITE, R.M. Tratamento da ancilostomíase, ascaridíase e tricocefalíase por meio de albendazol ou do mebendazol. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 25: 294-299, 1983.
5. AMATO NETO, V.; PINTO, P.L.S.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; SANT'ANA, E.J.; LEVAI, E.V.; PADILHA, L.A.A. & TAKIGUTI, C.K. Avaliaçăo da atividade terapęutica do albendazol em ratos experimentalmente infectados com Strongyloides venezuelensis. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 28: 181-184, 1986.
6. BARANSKI, M.C.; SILVA, A.F. & GUIMARĂES, L.M. Tratamiento de las helmintiasis intestinales con albendazol, un nuevo antihelmíntico del grupo de los benzimidazoles. Estudio doble ciego. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 82-89, 1981.
7. CAMILO-COURA, L.; SOLI, A.S.V. & WILLCOX, H.P.F. Ensayo con albendazol en el tratamiento de las helmintiasis intestinales de los nińos. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 75-81, 1981.
8. CAMPOS, R.; BRESSAN, M.C.V. & EVANGELISTA, M.G.B.F. Estudos sobre a açăo do praziquantel em camundongos experimentalmente infectados com Hymenolepis nana In: CONGRESSO DA FEDERACIÓN LATINOAMERICANA DE PARASITÓLOGOS, 6., CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PARASITOLOGIA, 8. & JORNADA PAULISTA DE PARASITOLOGIA, 5., Săo Paulo, 1983. Resumos. p. 95.
9. CAMPOS, R.; MOREIRA, A.A.B.; CASTILHO, V.L.P.; AMATO NETO, V.; GUIZELINI, E. & PINTO, P.L.S. Tratamento da ascaridíase e da tricocefalíase por meio do albendazol. Arq. bras. Med., 57: 185-186, 1983.
10. CAMPOS, R.; MOREIRA, A.A.B.; PINTO, P.L.S.; AMATO NETO, V.; LEITE, R.M. & SANT'ANA, E.J. Tentativa de controle da himenolepíase devida ŕ Hymenolepis nana por meio do praziquantel, em coletividade semifechada. Rev. Saúde públ. (S.Paulo), 18: 491-494, 1984.
11. CARVALHO, S.A.; CAMPOS, R.; AMATO NETO, V. & CASTILHO, V.L.P. Tratamento, por meio do praziquantel, da infecçăo humana devida ŕ Hymenolepis nana. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 23: 79-81, 1981.
12. CRUZ, H.L.; TELLO, R.; MAYOLO, A.A.; CAMPOS, M.; GUERRA, H. & SOTO, J. Ensayo terapéutico controlado de albendazol en helmintiasis intestinal. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 104-109, 1981.
13. ROSSIGNOL, J.F. Albendazol: estudios clínicos realizados en Francia e Africa Occidental. Informe sobre 1,034 casos. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 117-125, 1981.
14. SCHETTINO, P.M.S. & ARTEAGA, I.H. Ensayo clínico doble ciego con albendazol en México. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 90-95, 1981.
15. SCHETTINO, P.M.S. & ARTEAGA, I.H. Tratamiento abierto de himenolepiasis con albendazol. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 96-98, 1981.

Endereço para correspondência:

Prof. Vicente Amato Neto

Laboratório de Investigação Médica-Parasitologia

Av. Dr. Arnaldo, 455

CEP 01246 São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
13 Set 2006
Data do Fascículo
Jun 1990

Histórico

Recebido
14 Set 1989

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[1] 1. AMATO NETO, V.; CASTILHO, V.L.P.; MOREIRA, A.A.B.; SANT'ANA, E.J.; PINTO, P.L.S.; CAMPOS, R. & PADILHA, L.A.A. Eficácia do albendazol no tratamento da enterobíase. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 27: 143-144, 1985.

[2] 2. AMATO NETO, V. & CORRĘA, L.L. Exame parasitológico das fezes. Săo Paulo, Sarvier, 1980.

[3] 3. AMATO NETO, V.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; LAZZARO, E.S.M.; CHIARAMELLI, M.C.G.; CASTILHO, V.L.R.; GOMES, A.E.C. & PINTO, P.L.S. Tratamento da ancilostomíase por meio do albendazol. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 25: 42- 46, 1983.

[4] 4. AMATO NETO, V.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; LAZZARO, E.S.M.; CHIAMARELLI, M.C.G.; PINTO, P.L.S.; SLVA, G.R.; NISHIOKA, S.A. & LEITE, R.M. Tratamento da ancilostomíase, ascaridíase e tricocefalíase por meio de albendazol ou do mebendazol. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 25: 294-299, 1983.

[5] 5. AMATO NETO, V.; PINTO, P.L.S.; MOREIRA, A.A.B.; CAMPOS, R.; SANT'ANA, E.J.; LEVAI, E.V.; PADILHA, L.A.A. & TAKIGUTI, C.K. Avaliaçăo da atividade terapęutica do albendazol em ratos experimentalmente infectados com Strongyloides venezuelensis. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 28: 181-184, 1986.

[6] 6. BARANSKI, M.C.; SILVA, A.F. & GUIMARĂES, L.M. Tratamiento de las helmintiasis intestinales con albendazol, un nuevo antihelmíntico del grupo de los benzimidazoles. Estudio doble ciego. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 82-89, 1981.

[7] 7. CAMILO-COURA, L.; SOLI, A.S.V. & WILLCOX, H.P.F. Ensayo con albendazol en el tratamiento de las helmintiasis intestinales de los nińos. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 75-81, 1981.

[8] 8. CAMPOS, R.; BRESSAN, M.C.V. & EVANGELISTA, M.G.B.F. Estudos sobre a açăo do praziquantel em camundongos experimentalmente infectados com Hymenolepis nana In: CONGRESSO DA FEDERACIÓN LATINOAMERICANA DE PARASITÓLOGOS, 6., CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PARASITOLOGIA, 8. & JORNADA PAULISTA DE PARASITOLOGIA, 5., Săo Paulo, 1983. Resumos. p. 95.

[9] 9. CAMPOS, R.; MOREIRA, A.A.B.; CASTILHO, V.L.P.; AMATO NETO, V.; GUIZELINI, E. & PINTO, P.L.S. Tratamento da ascaridíase e da tricocefalíase por meio do albendazol. Arq. bras. Med., 57: 185-186, 1983.

[10] 10. CAMPOS, R.; MOREIRA, A.A.B.; PINTO, P.L.S.; AMATO NETO, V.; LEITE, R.M. & SANT'ANA, E.J. Tentativa de controle da himenolepíase devida ŕ Hymenolepis nana por meio do praziquantel, em coletividade semifechada. Rev. Saúde públ. (S.Paulo), 18: 491-494, 1984.

[11] 11. CARVALHO, S.A.; CAMPOS, R.; AMATO NETO, V. & CASTILHO, V.L.P. Tratamento, por meio do praziquantel, da infecçăo humana devida ŕ Hymenolepis nana. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 23: 79-81, 1981.

[12] 12. CRUZ, H.L.; TELLO, R.; MAYOLO, A.A.; CAMPOS, M.; GUERRA, H. & SOTO, J. Ensayo terapéutico controlado de albendazol en helmintiasis intestinal. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 104-109, 1981.

[13] 13. ROSSIGNOL, J.F. Albendazol: estudios clínicos realizados en Francia e Africa Occidental. Informe sobre 1,034 casos. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 117-125, 1981.

[14] 14. SCHETTINO, P.M.S. & ARTEAGA, I.H. Ensayo clínico doble ciego con albendazol en México. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 90-95, 1981.

[15] 15. SCHETTINO, P.M.S. & ARTEAGA, I.H. Tratamiento abierto de himenolepiasis con albendazol. Comp. Invest. Clín. latinoamer., 1 (Supl. 1): 96-98, 1981.

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