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Anopheles (Kerteszia) cruzii (Diptera: Culicidae) em área peridomiciliar durante transmissão de malária assintomática na Mata Atlântica: identificação molecular das fontes de repasto sanguíneo indica humanos como hospedeiros intermediários primários

Anopheles (Kerteszia) cruzii é o vetor primário das malárias humana e simiana fora da Amazônia Brasileira e especificamente nas regiões de Mata Atlântica. A presença de casos humanos assintomáticos, macacos silvestres positivos para Plasmodium e a similaridade entre os parasitas que os infectam suportam a discussão se essas infecções podem ser consideradas como zoonoses. Embora muitos aspectos da biologia de An. cruzii já tenham sido abordados, estudos conduzidos durante surtos de transmissão de malária, visando a análise de repasto sanguíneo e infectividade, são ausentes na Mata Atlântica. Este estudo foi conduzido na localidade de Palestina, Juquitiba, Mata Atlântica do Estado de São Paulo, onde anualmente a maioria dos casos humanos autóctones é notificada. Locais em peridomicílio foram selecionados para coleta de mosquitos em um perímetro de até 100 m em torno das residências de casos humanos de malária e da floresta circundante. Os mosquitos foram analisados com o objetivo de identificação molecular das fontes de repasto sanguíneo e para examinar a prevalência de Plasmodium. Um total de 13.441 fêmeas de An. (Ker.) cruzii foi coletado. A taxa de infecção mínima foi calculada a 0,03% e 0,01%, respectivamente, para P. vivax e P. malariae e somente sangue humano foi detectado nos mosquitos analisados que se alimentaram com sangue. Nossos dados reforçam a hipótese de que os portadores humanos assintomáticos são a principal fonte de infecção para os anofelinos na área do peridomicílio, tornando a transmissão zoonótica improvável.


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