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Abuso verbal e assédio moral em serviços de atendimento pré-hospitalar no Chile

RESUMO

Objetivo:

determinar a percepção de abuso verbal, assédio moral e fatores associados por técnicos paramédicos (auxiliares de enfermagem) e profissionais (enfermeiros, parteiras, cinesiologistas) das áreas de atendimento pré-hospitalar de três regiões no sul do Chile.

Métodos:

estudo descritivo e correlacional foi realizado com a comunidade profissional, em dois estágios, com a população de paramédicos de três regiões. O questionário “Violência no Ambiente de Trabalho no Setor de Saúde” (Workplace Violence in the Health Sector) foi aplicado após a assinatura de um termo de consentimento informado.

Resultados:

51,4% dos profissionais e 46,6% dos técnicos paramédicos consideram que sofreram abuso verbal no último ano. Um total de 17,6% dos técnicos paramédicos e 13,5% dos profissionais perceberam assédio moral. Uma baixa porcentagem desses eventos é reportada. Somente em um caso de assédio moral, o agressor foi penalizado legalmente. Não foram encontradas diferenças significativas entre as categorias de trabalho e as regiões estudadas.

Conclusões:

Uma alta porcentagem de participantes em cada grupo percebeu abuso verbal e uma porcentagem não menor percebeu assédio moral, mas a maioria desses eventos não são reportados.

Descritores:
Violência; Violência no Trabalho; Riscos Ocupacionais; Instalações de Saúde; Enfermagem; Assistência Pré-Hospitalar

ABSTRACT

Objective:

to determine the perception of verbal abuse and mobbing and the associated factors of paramedic technicians (nursing assistants) and professionals (nurses, midwives, kinesiologists) in the pre-hospital care areas of three regions in the south of Chile.

Methods:

descriptive and correlational study was performed within the professional community and a two-stage sample of the paramedic technician population in three regions. The questionnaire “workplace violence in the health sector” (spanish version) was applied after signing the informed consent.

Results:

51.4% of professionals and 46.6% of paramedic technicians consider they have been verbally abused during last year. 17.6% of paramedic technicians and 13.5% of professionals perceived mobbing. A low percentage of these events are reported. In only one case of mobbing, the aggressor was legally penalized. No significant differences were found between the job categories and the studied regions.

Conclusions:

A high percentage of participants in each group perceived verbal abuse and non-minor percentage perceived mobbing, but most of these events are not reported.

Descriptors:
Violence; Workplace Violence; Occupational Risks; Health Institutions; Nursing; Pre-Hospital Care

RESUMEN

Objetivo:

determinar la percepción del abuso verbal y el acoso laboral y los factores asociados de los técnicos paramédicos (auxiliares de enfermería) y profesionales (enfermeras, parteras, kinesiólogos) en las áreas de atención prehospitalaria de tres regiones del sur de Chile.

Métodos:

estudio descriptivo y correlacional dentro de la comunidad profesional en dos etapas con la población de paramédicos de tres regiones. El cuestionario “workplace violence in the health sector” (version español) se aplicó después de firmar el consentimiento informado.

Resultados:

El 51,4% de los profesionales y el 46,6% de los técnicos paramédicos consideran haber sido abusados verbalmente durante el año pasado. El 17,6% de los técnicos paramédicos y el 13,5% de los profesionales percibieron el acoso laboral. Un bajo porcentaje de estos eventos son reportados. En solo un caso de acoso laboral, el agresor fue penalizado legalmente. No se encontraron diferencias significativas entre las categorías de empleo y las regiones estudiadas.

Conclusiones:

Un alto porcentaje de participantes en cada grupo percibió abuso verbal y un porcentaje no menor percibió el acoso laboral, pero la mayoría de estos eventos no se reportan.

Descriptores:
Violencia; Violencia Laboral; Riesgos Laborales; Instituciones de Salud; Enfermería; Atención Prehospitalaria

Introdução

Violência é “o uso deliberado de força física ou poder, seja como ameaça ou ação contra si próprio, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade, que cause ou tenha muita probabilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos de desenvolvimento eprivação11. Rodríguez Campo, Varinia Alejandra; Paravic Klijn, Tatiana María; González Rubilar, Urcesino Del Tránsito. Percepción de violencia física y factores asociados en profesionales y técnicos paramédicos en la atención prehospitalaria. Index Enferm. 2015;24(1-2):10-4. [cited Nov 23, 2016] Available from: <http://www.index-f.com/index-enfermeria /v24n1-2/9491.php>
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”. É um problema de saúde pública que ultrapassatodos oslimites, independentemente de raça, idade, condição socioeconômica, educação, credo, religião, orientação sexual ou ambiente de trabalho, e é uma das dez maiores causas de morte e a quarta principal causa de morte no Chile11. Rodríguez Campo, Varinia Alejandra; Paravic Klijn, Tatiana María; González Rubilar, Urcesino Del Tránsito. Percepción de violencia física y factores asociados en profesionales y técnicos paramédicos en la atención prehospitalaria. Index Enferm. 2015;24(1-2):10-4. [cited Nov 23, 2016] Available from: <http://www.index-f.com/index-enfermeria /v24n1-2/9491.php>
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. É um problema complexo, com raízes biológicas, psíquicas, sociais e ambientais22. Chappell D, Di Martino V. Violence at work. 3a ed. Geneva, Switzerland: 2006. [cited Oct 12, 2016]. Available from: http://www.ilo.org/global/publications/ilo-bookstore/order-online/books/WCMS_PUBL_9221108406_EN/lang--en/index.htm
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que alcançou níveis epidêmicos, expandindo-se em direção a várias áreas da saúde11. Rodríguez Campo, Varinia Alejandra; Paravic Klijn, Tatiana María; González Rubilar, Urcesino Del Tránsito. Percepción de violencia física y factores asociados en profesionales y técnicos paramédicos en la atención prehospitalaria. Index Enferm. 2015;24(1-2):10-4. [cited Nov 23, 2016] Available from: <http://www.index-f.com/index-enfermeria /v24n1-2/9491.php>
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e é um fenômeno complexo e disseminado que afeta o desenvolvimento das comunidades, a qualidade de vida e destrói a camada social33. Hogan N, Costello S, Boyle M, Williams B. Measuring workplace trauma response in Australian paramedics: an investigation into the psychometric properties of the Impact of Event Scale. Psychol Res Behav Manage. 2015;15(8):287-94. doi: https://doi.org/10.2147/PRBM.S96647
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. A ampla gama de códigos morais em diferentes países torna a violência uma das questões mais delicadas e de mais difícil abordagem44. Cannavò M, Fusaro N, Colaiuda F, Rescigno M, Fioravanti M. Studio preliminare sulla presenza e la rilevanza della violenza nei confronti del personale sanitario dell’emergenza. Clin Ter. 2017;168(2):e99-112. doi: http://dx.doi.org/10.7417/CT.2017.1990
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. A violência no ambiente de trabalho é “qualquer ação, incidente ou comportamento injustificado em que uma pessoa é atacada, ameaçada, humilhada ou machucada por outra pessoa ao desempenhar suas atividades profissionais ou como consequência de tais atos55. Deniz T, Saygun M, Eroglu O, Ülger H, Azapoglu B. Effect of exposure to violence on the development of burnout syndrome in ambulance staff. Turk J Med Sci. 2016;46(2):296-302. doi: http://dx.doi.org/10.3906/sag-1406-53
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”.A violência no trabalho inclui a ocorrência desses eventos quando a pessoa está indo embora do trabalho e vice-versa, colocando em risco a segurança, o bem-estar ou a saúde do trabalhador66. Wolf L, Delao A, Perhats C. Nothing Changes, Nobody Cares: Understanding the Experience of Emergency Nurses Physically or Verbally Assaulted While Providing Care. J Emergency Nurs. 2014;40(4):305-10. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jen.2013.11.006
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.

Por muitos anos, as áreas da saúde, da educação e do serviço social estiveram livres de eventos de violência11. Rodríguez Campo, Varinia Alejandra; Paravic Klijn, Tatiana María; González Rubilar, Urcesino Del Tránsito. Percepción de violencia física y factores asociados en profesionales y técnicos paramédicos en la atención prehospitalaria. Index Enferm. 2015;24(1-2):10-4. [cited Nov 23, 2016] Available from: <http://www.index-f.com/index-enfermeria /v24n1-2/9491.php>
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. No entanto, esse fenômeno tem aumentado na área da saúde77. Zhang L, Wang A, Xie X, Zhou Y, Li J, Yang L, et al. Workplace violence against nurses: A cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2017;7(72):8-14. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.ijnurstu.2017.04.002.
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. Todos os dias, membros de equipes de saúde sofrem eventos de violência, e esse fenômeno tornou-se um grande problema para aqueles que trabalham nessa área77. Zhang L, Wang A, Xie X, Zhou Y, Li J, Yang L, et al. Workplace violence against nurses: A cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2017;7(72):8-14. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.ijnurstu.2017.04.002.
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8. Angland S, Dowling M, Casey D. Nurses’ perceptions of the factors which cause violence and aggression in the emergency department: A qualitative study. J Emergency Nurs. 2014;22(3):134-9. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
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-99. Blando J, Ridenour M, Hartley D, Casteel C. Barriers to Effective Implementation of Programs for the Prevention of Workplace Violence in Hospitals. Online J Issues Nurs. 2015;20(1):5. Available from: PMCID: PMC4719768 or NIHMSID: NIHMS718284.

Um exemplo de violência no ambiente de trabalho é a violência psicológica, que é “o uso intencional de poder, incluindo ameaças de força física contra uma pessoa ou grupo, que podem resultar em danos físicos, mentais, espirituais, morais ou sociais”11. Rodríguez Campo, Varinia Alejandra; Paravic Klijn, Tatiana María; González Rubilar, Urcesino Del Tránsito. Percepción de violencia física y factores asociados en profesionales y técnicos paramédicos en la atención prehospitalaria. Index Enferm. 2015;24(1-2):10-4. [cited Nov 23, 2016] Available from: <http://www.index-f.com/index-enfermeria /v24n1-2/9491.php>
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,33. Hogan N, Costello S, Boyle M, Williams B. Measuring workplace trauma response in Australian paramedics: an investigation into the psychometric properties of the Impact of Event Scale. Psychol Res Behav Manage. 2015;15(8):287-94. doi: https://doi.org/10.2147/PRBM.S96647
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,1010. Karim S, Duchcherer M. Intimidation and harassment in residency: a review of the literature and results of the 2012 Canadian Association of Interns and Residents National Survey. Can Med Educ. 2014;5(15):50-7. Available in: PMCID: PMC4563615. Ela também inclui o abuso verbal, como uma ação que humilha, desrespeita e menospreza a dignidade e o valor de uma pessoa, e o assédio moral, que é um “tipo repetitivo de violência no ambiente de trabalho que é sistematicamente utilizado pelas pessoas, independentemente de gênero, contra outras pessoas e por um longo período de tempo com a intenção de causar danos; as consequências podem ser devastadoras para as vítimas, que podem sofrer vários transtornos psicológicos”1111. Castronovo M, Pullizzi A, Evans S. Nurse Bullying: A Review And A Proposed Solution. Nurs Outlook 2016;64:208-14. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.outlook.2015.11.008
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-1212. da Silva João A, Saldanha Portelada A. Mobbing and Its Impact on Interpersonal Relationships at the Workplace. J Interpers Violence. 2016;1-16. doi: http://dx.doi.org/ 10.1177/0886260516662850
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. Por muitos anos, a violência psicológica foi subestimada; no entanto, muitas vezes ela ocorre através de atitudes repetitivas que podem não ser relativamente importantes, mas em longo prazo, podem se tornar uma grave forma de violência55. Deniz T, Saygun M, Eroglu O, Ülger H, Azapoglu B. Effect of exposure to violence on the development of burnout syndrome in ambulance staff. Turk J Med Sci. 2016;46(2):296-302. doi: http://dx.doi.org/10.3906/sag-1406-53
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,1010. Karim S, Duchcherer M. Intimidation and harassment in residency: a review of the literature and results of the 2012 Canadian Association of Interns and Residents National Survey. Can Med Educ. 2014;5(15):50-7. Available in: PMCID: PMC4563615,1313. Bernaldo de Quirós M, Piccini A, Gómez M. Psychological consequences of aggression in pre-hospital emergency care: Cross sectional survey. Int J Nurs Stud. 2015;52(1):260-70. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.ijnurstu.2014.05.011
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. Esta pesquisa é baseada no Modelo Interativo de Violência proposto por Chappell e Di Martino em 1998, que é baseado no Modelo de Poyner e Warne. Esse modelo tenta explicar a violência no trabalho de um ponto de vista multifatorial, em que há uma interação entre vários fatores de risco do agressor, da vítima e do ambiente onde essas ações ocorrem22. Chappell D, Di Martino V. Violence at work. 3a ed. Geneva, Switzerland: 2006. [cited Oct 12, 2016]. Available from: http://www.ilo.org/global/publications/ilo-bookstore/order-online/books/WCMS_PUBL_9221108406_EN/lang--en/index.htm
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,1414. Rodríguez V, Paravic T. Un modelo para investigar violencia laboral en el sector salud. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(1):196-200. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472013000100025&lng=en. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472013000100025.
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. Veja a Figura 1.

Figura 1
Modelo Interativo de Violência no Trabalho. Chappell Di Martino, 2006, com base em Poyner e Warne, 1988 p.7.

No Chile, o fenômeno da violência tem sido estudado a partir da perspectiva de usuários e profissionais de saúde dentro do hospital, onde a violência psicológica sempre é mais comum do que a violência física no ambiente de trabalho, o que é semelhante às informações fornecidas por outras pesquisasfeitas na América Latina e no resto do mundo1515. Zafar W, Siddiqui E, Ejaz K, Umer M, Rahim U, Jamali S, et al. Health care personnel and workplace violence in the emergency departament of a volatile metropolis: results from Karachi, Pakistan. J Emerg Med. 2013;45(5):761-72. doi: http://dx.doi.org/10.1016 / j.jemermed.2015.02.049
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-1616. Alkorashy HA, Al Moalad FB. Workplace violence against nursing staff in a Saudi university hospital. Int Nurs Rev. 2016;63(2):226-32. doi: http://dx.doi.org/10.1111/inr.12242
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. Por outro lado, o assédio moral dentro do hospital tem sido reportado por profissionais de saúde como um fenômeno crescente1212. da Silva João A, Saldanha Portelada A. Mobbing and Its Impact on Interpersonal Relationships at the Workplace. J Interpers Violence. 2016;1-16. doi: http://dx.doi.org/ 10.1177/0886260516662850
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,1717. Teymourzadeh E, Rashidian A, Arab M, Akbari-Sari A, Hakimzadeh SM. Nurses exposure to workplace violence in a large teaching hospital in Iran. Int J Health Policy Manage. 2014;3(6):301-5. doi: http://dx.doi.org/10.15171/ijhpm.2014.98
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-1818. Topa G, Moriano J. Stress and nurses horizontal mobbing: moderating effects of groups identity and group support. Nurs Outlook. 2013;61:25-31. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.outlook.2013.03.002
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.

Muitas pesquisas internacionais provaram que a maioria dos eventos de violência ocorrem nos serviços de emergência, em hospitais psiquiátricos e em lares paraidosos1919. ALBashtawy M, Al-Azzam M, Rawashda A, Batiha AM, ashaireh I, Sulaiman M. Workplace violence toward emergency department staff in Jordanian hospitals: a cross-sectional study. J Nurs Res. 2015;23(1):75-81. doi: http://dx.doi.org/10.1097/jnr.0000000000000075.
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. No Chile, as áreas de atendimento pré-hospitalar (SAMU, Serviço de Atendimento Médico de Urgência) tornaram-se um prestador fundamental de serviços de emergência no país. A equipe das ambulâncias SAMU consiste de profissionais (enfermeiros, parteiras, cinesiologistas), técnicos paramédicos (auxiliares de enfermagem) e diretores, e os serviços de saúde são fornecidos do momento em que um evento potencialmente prejudicial à saúde é reportado, onde quer que seja reportado, até que o(s) paciente(s) seja(m) admitido(s) na emergência. No entanto, pouco se sabe sobre eventos de violência que a equipe de profissionais de saúde sofrem durante o fornecimento de serviços de saúde fora do hospital; portanto, pretendemos destacar a violência no ambiente de trabalho que afeta técnicos paramédicos e profissionais para prevenir a ausência de pessoal altamente qualificado, que não éfácilde substituir, durante situações de emergência que ocorrem fora das instalações do hospital.

Este estudo tem os seguintes objetivos: determinar a percepção de abuso verbal e assédio moral e os fatores associados em técnicos paramédicos e profissionais do SAMU em três regiões do sul do Chile. As hipóteses da pesquisa são as seguintes: H1: há diferenças significativas entre as regiões em relação à percepção do abuso verbal e do assédio moral por parte dos profissionais e técnicos paramédicos do SAMU durante o atendimento pré-hospitalar. H2: há uma diferença significativa na percepção do abuso verbal e do assédio moral entre profissionais e técnicos paramédicos do SAMU durante o atendimento pré-hospitalar.

Métodos

Delineamento do estudo: estudo quantitativo, descritivo e correlacional.

Unidade de análise: profissional (enfermeiro, parteira, cinesiologista) e técnico paramédico (auxiliar de enfermagem) que trabalha no atendimento pré-hospitalar do serviço público de saúde chileno.

O estudo foi realizado com toda a população de profissionais (n=74)e técnicos paramédicos (n = 360) de três regiões do Chile.

Amostra: para a população de técnicos paramédicos, foi utilizado um método de amostragem aleatória estratificada em dois estágios. Primeiro, a estratificação foi feita por região; em seguida, as comunas onde as bases do SAMU estavam localizadas foram escolhidas aleatoriamente e foi aplicada uma afixação proporcionalconsiderando um erro de 5% e um nível de confiança de 95%, obtendo um tamanho amostral de n = 148, que representa as três regiões.

Critérios de inclusão: técnicos paramédicos ou profissionais que estivessem dispostos a participar da pesquisa, tenham assinado um termo de consentimento informado e estivessem trabalhando em uma unidade do SAMU por mais de um ano.

A amostra estudada foi então composta de 72 profissionais e 148 técnicos paramédicos.

Instrumento: foi aplicado o questionário “workplace violence in the health sector” proposto pela OMS, OIT, CIE e PSI, que foi validado nesta investigação. Para isso, a versão original do questionário em inglês foi traduzida para o espanhol por um primeiro tradutor. A versão traduzida em espanhol foi submetida a uma tradução posterior por um segundo tradutor diferente do primeiro. Finalmente, um terceiro tradutor especialista sobre o assunto foi responsável por combinar e rever o questionário original com a última versão traduzida para o inglês. A versão em espanhol foi submetida à validação por especialistas para sua compreensão e posterior aplicação em um teste piloto. Para a validade de construção, foi realizada uma análise de componente principal, que produz três fatores que explicam 86% da variância. A aplicação do questionário durante o teste piloto para enfermeiros e técnicos paramédicos (n = 52) permitiu melhorar o estilo das questões aplicadas ao atendimento pré-hospitalar e a obtenção da confiabilidade do questionário que foi realizada através da análise de consistência interna por cálculo do alfa de Cronbach que deu um valor de 0,91.

Coleta de dados: o pesquisador visitou pessoalmente os profissionais e técnicos paramédicos do SAMU de três regiões do Chile durante o horário de trabalho deles de outubro de 2012 a maio de 2013. O questionário autoadministrado levou de 30 a 45 minutos para ser completado.

Análise dos dados: a análise dos dados foi feita no programa estatístico SPSS versão 15.0. Para a análise univariada foi aplicada estatística descritiva e o teste do qui-quadrado foi utilizado para a estatística inferencial.

Controle de viés: em relação à teoria e à aplicação do questionário, o estudo foi planejado cuidadosamente. O pesquisador aplicou a pesquisa nas três regiões.

Considerações éticas: para este estudo, utilizamos os princípios éticos propostos por Ezequiel Emmanuel, que são baseados nas regulações do Conselho para as Organizações Internacionais de Ciências Médicas (Council for International Organizationsof Medical Sciences - CIOMS): valor social, validade científica, relação risco/benefício favorável, seleção equitativa de indivíduos, avaliação independente, consentimento informado e respeito pelos indivíduos que participam da pesquisa. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética correspondente das instituições de saúde de cada região envolvida no estudo, assim como pelo Comitê de Ética da Universidade de Concepción.

Resultados

As características biossociodemográficas e ocupacionaise o histórico de violência dos profissionais e técnicos paramédicos estão sumarizados na Tabela 1 e 2. A percepção do abuso verbal e do assédio moral estão sumarizadas na Figura 2.

Tabela 1
Características biossociodemográficas e ocupacionais dos profissionais e técnicos paramédicos do SAMU*. Chile, 2013.
Tabela 2
Descrição das variáveis associadas ao incidente violento dos profissionais e técnicos paramédicos do SAMU*. Chile, 2013.

Figura 2
Percepção de abuso verbal e assédio moral por profissionais e técnicos paramédicos do SAMU*. Chile, 2013.

Em relação à frequência do abuso verbal no ambiente de trabalho, profissionais (65,8%) e técnicos paramédicos (69,9%) que sofreram violência verbal afirmam que esse fenômeno só ocorre às vezes, o que é semelhante para os casos de assédio moral. Os principais abusadores verbais identificados são os pacientes, seus familiares e o público em geral (80%), enquanto a maioria dos autores de assédio moral são membros da equipe (30,8%) e colegas externos (unidades de emergência que recebem pacientes que são transferidos por profissionais e técnicos do SAMU) (34,6%). Por outro lado, os profissionais afirmaram que os principais abusadores verbais são o superior imediato, membros da equipe e colegas externos, em porcentagens similares (30%). Menos de 3% dos episódios de abuso verbal (n = 3) e 14% dos episódios de assédio moral são investigados. Em apenas um caso de assédio moral, o agressor foi acusado legalmente. A maioria das pessoas afetadas de ambas as categorias de trabalho afirma que as razões para reportar os episódios de abuso verbal e assédio moral incluem as seguintes: porque não foi importante (32,2%) e porque eles pensaram que seria inútil (46%).

As variáveis significativas em relação às outras variáveis em estudo estão sumarizadas na Tabela 3. Não foram encontradas diferenças significativas entre as categorias de trabalho e as regiões estudadas.

Tabela 3
Fatores associados à percepção de abuso verbal e assédio moral no atendimento pré-hospitalar (SAMU*).

Discussão

Os serviços de pré-atendimento hospitalar no Chile surgiram durante os anos 90 com o objetivo de promover serviços de saúde fora das instalações do hospital. Vários estudos internacionais e locais afirmam que a maioria dos eventos de violência no ambiente de trabalho ocorre na emergência. Os casos de abuso verbal mencionados por ambas as categorias ocupacionais são muito similares aos casos reportados em outros estudos1616. Alkorashy HA, Al Moalad FB. Workplace violence against nursing staff in a Saudi university hospital. Int Nurs Rev. 2016;63(2):226-32. doi: http://dx.doi.org/10.1111/inr.12242
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,1919. ALBashtawy M, Al-Azzam M, Rawashda A, Batiha AM, ashaireh I, Sulaiman M. Workplace violence toward emergency department staff in Jordanian hospitals: a cross-sectional study. J Nurs Res. 2015;23(1):75-81. doi: http://dx.doi.org/10.1097/jnr.0000000000000075.
http://dx.doi.org/10.1097/jnr.0000000000...
. Aparentemente, insultos, provocações e ameaças físicas são comuns no Chile, na América do Sul e no mundo todo. Esse tipo de violência tem sentenças legais mais brandas, ao contrário dos casos de violência física; por isso, as pessoas tendem a aceitar insultos sem que o agressor seja penalizado legalmente. Portanto, sabendo que não vai sofrer nenhuma punição, o agressor sente-se livre para abusar verbalmente da vítima1515. Zafar W, Siddiqui E, Ejaz K, Umer M, Rahim U, Jamali S, et al. Health care personnel and workplace violence in the emergency departament of a volatile metropolis: results from Karachi, Pakistan. J Emerg Med. 2013;45(5):761-72. doi: http://dx.doi.org/10.1016 / j.jemermed.2015.02.049
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.

Os principais autores do abuso verbal, em ordem decrescente, foram: familiares dos pacientes, pacientes, o público, um membro da equipe, um chefe ou supervisor e colegas externos. Essaclassificação corresponde a ambas categorias de trabalho, como mencionado em outros estudos realizados na Argentina, Itália, Irã, Gâmbia, Jordânia e Chile1919. ALBashtawy M, Al-Azzam M, Rawashda A, Batiha AM, ashaireh I, Sulaiman M. Workplace violence toward emergency department staff in Jordanian hospitals: a cross-sectional study. J Nurs Res. 2015;23(1):75-81. doi: http://dx.doi.org/10.1097/jnr.0000000000000075.
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-2020. Sisawo E, Yacine S, Ouédraogo A, Huang S. Workplace violence against nurses in the Gambia: mixed methods design. BMC Health Services Res. 2017;17(1):311. http://dx.doi.org/10.1186 / s12913-017-2258-4
http://dx.doi.org/10.1186 / s12913-017-2...
.

A agressividade pública é uma das principais variáveis identificadas nas categorias de trabalho do atendimento pré-hospitalar. É importante lembrar que esse serviço de saúde atende vários locais, alguns deles com altos níveis de agressividade na população. Associado à falta de conhecimento sobre como o sistema de saúde funciona, às filas de espera por tratamentos médicos e à gravidade dos problemas de saúde, esse fato aumenta a frustração entre as pessoas que recebem a assistência médica. No entanto, qualquer que seja o motivo, indivíduos de ambas as categorias de trabalho afirmaram que tornou-se importante ensinar às pessoas sobre o funcionamento do atendimento pré-hospitalar e sobre como fazer um uso correto desse serviço, assim como diminuir os tempos de espera para os pacientes de modo a evitar a exposiçãodos profissionais e técnicos do atendimento pré-hospitalar a insultos por pacientes, seus familiares e pelo público geral2121. Morphet J, Griffiths D, Plummer V, Innes K, fairhall R, Beattie J. At the crossroads of violence and aggression in the emergency department: perspectives of Australian emergency nurses. Australian Health Rev. 2014;38(2):194-201. doi: http://dx.doi.org/10.1071/AH13189
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É surpreendente saber que em ambas as categorias de trabalho há uma baixa porcentagem de trabalhadores que reportam eventos de violência verbal para seus superiores.Os motivos para não reportar podem ser resumidos em “é inútil” e “não foi importante”. Esses resultados são semelhantes àqueles encontrados em outros países2222. Iennaco JD, Dixon J, Whittemore R, Bowers L. Measurement and monitoring of health care worker aggression exposure. Online J Issues Nurs. 2013;18(1):3. PMID: 23452199.

Nos últimos anos, um novo tipo de violência foi descoberto, que aumenta sistematicamente com o tempo e tem consequências que podem ser devastadoras. Ele é chamado de “assédio moral”1212. da Silva João A, Saldanha Portelada A. Mobbing and Its Impact on Interpersonal Relationships at the Workplace. J Interpers Violence. 2016;1-16. doi: http://dx.doi.org/ 10.1177/0886260516662850
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,2323. Çevik Akyil R, Tan M, Saritas¸ S, Altuntas¸ S. Levels of mobbing perception among nurses in Eastern Turkeyinr_974 402. Int Nurs Rev. 2012;59(3):402-8.doi: http://dx.doi.org/10.1111/j.1466-7657.2012.00974.x
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. Embora suas porcentagens sejam baixas em ambas as categorias de trabalho, é importante notar que esse modo de assédio ocorre na área do atendimento pré-hospitalar e afeta colegas de trabalho e seus respectivos superiores. Ambas as categorias de trabalho afirmam que esse fenômeno ocorre com baixa frequência no ambiente de trabalho, mas causa estresse aos trabalhadores, como exposto na literatura e por indivíduos de ambas as categorias de trabalho neste estudo.

É importante observar que a variável gênero foi mais importante para a percepção do assédio moral. Trabalhadores do gênero feminino são mais vulneráveis a certos tipos de violência no ambiente de trabalhodo que trabalhadores do gênero masculino55. Deniz T, Saygun M, Eroglu O, Ülger H, Azapoglu B. Effect of exposure to violence on the development of burnout syndrome in ambulance staff. Turk J Med Sci. 2016;46(2):296-302. doi: http://dx.doi.org/10.3906/sag-1406-53
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. O gênero da pessoa em um mundo masculino, que caracteriza esse tipo de trabalho, e a competitividade que precisa enfrentar todos os dias por um espaço no ambiente de trabalho fazem com que tenha maior probabilidade de sofrer esse tipo de violência.

Por outro lado, o abuso infantil sofrido por técnicos paramédicos também estava relacionado à percepção de assédio moral. Como mencionado acima, o abuso infantil é uma variável que influencia a maneira com que uma pessoa reage quando enfrenta certos tipos de violência, como nesse caso22. Chappell D, Di Martino V. Violence at work. 3a ed. Geneva, Switzerland: 2006. [cited Oct 12, 2016]. Available from: http://www.ilo.org/global/publications/ilo-bookstore/order-online/books/WCMS_PUBL_9221108406_EN/lang--en/index.htm
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,1414. Rodríguez V, Paravic T. Un modelo para investigar violencia laboral en el sector salud. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(1):196-200. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472013000100025&lng=en. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472013000100025.
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O fato de que uma baixa porcentagem de vítimas de assédio moral e abuso verbal decide reportar esses incidentes é surpreendente. Geralmente, profissionais e técnicos paramédicos não reportam esses eventos de violência porque acreditam que “é inútil reportar” e que “o evento não foi importante”.É importante observar que o assédio moral é considerado um evento sem importância pelos trabalhadores,apesar de ser uma forma contínua de assédio e de causar problemas que podem destruir as relações no ambiente de trabalho2222. Iennaco JD, Dixon J, Whittemore R, Bowers L. Measurement and monitoring of health care worker aggression exposure. Online J Issues Nurs. 2013;18(1):3. PMID: 23452199-2323. Çevik Akyil R, Tan M, Saritas¸ S, Altuntas¸ S. Levels of mobbing perception among nurses in Eastern Turkeyinr_974 402. Int Nurs Rev. 2012;59(3):402-8.doi: http://dx.doi.org/10.1111/j.1466-7657.2012.00974.x
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O assédio sofrido por profissionais de saúde pode ser fatal para os usuários, porque pode afetar o desempenho desses trabalhadores, que se tornam emocionalmente vulneráveis e cansados após os constantes ataques contra eles, resultando em serviços de saúde de má qualidade para os usuários22. Chappell D, Di Martino V. Violence at work. 3a ed. Geneva, Switzerland: 2006. [cited Oct 12, 2016]. Available from: http://www.ilo.org/global/publications/ilo-bookstore/order-online/books/WCMS_PUBL_9221108406_EN/lang--en/index.htm
http://www.ilo.org/global/publications/i...
,55. Deniz T, Saygun M, Eroglu O, Ülger H, Azapoglu B. Effect of exposure to violence on the development of burnout syndrome in ambulance staff. Turk J Med Sci. 2016;46(2):296-302. doi: http://dx.doi.org/10.3906/sag-1406-53
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,1313. Bernaldo de Quirós M, Piccini A, Gómez M. Psychological consequences of aggression in pre-hospital emergency care: Cross sectional survey. Int J Nurs Stud. 2015;52(1):260-70. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016/j.ijnurstu.2014.05.011
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,2424. Zafar W, Khan UR, Siddiqui SA, Jamali S, Razzak JA. Workplace Violence and Self-reported Psychological Health: Coping with Post-traumatic Stress, Mental Distress, and Burnout among Physicians Working in the Emergency Departments Compared to Other Specialties in Pakistan. J Emerg Med. 2016;50(1):167-77. doi: http://dx.doi.org/ 10.1016 / j.jemermed.2015.02.049
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Quando os trabalhadores de ambas as categorias de trabalho tiveram a oportunidade de pedir ajuda em relação a episódios de assédio moral, eles afirmaram que só foi oferecida uma oportunidade de falar sobre o incidente e que não receberam ajuda profissional. Isso fez com que os profissionais e técnicos paramédicos se sentissem insatisfeitos com o resultado dos eventos, e levou outros membros da equipe de atendimento pré-hospitalar a evitar reportar novos episódios de assédio moral em seu ambiente de trabalho, já que sabiam que seus problemas não seriam resolvidos, levando a um círculo vicioso. Em estudos feitos em outros países, uma das ações que foram tomadas para suprimir esses incidentes de assédio moral e que parece ser digna de consideração por entidades de saúde é a prevenção do assédio moral encorajando ostrabalhadores a se relacionarem bem e a interagirem para minimizar esses eventos de violência, assim como a reportarem esses incidentes violentos no trabalho.

Conclusão

As áreas de atendimento pré-hospitalar não estão livres de sofrer incidentes violentos ao fornecer serviços de saúde. O abuso verbal é o mais prevalente, seguido por episódios de assédio moral que têm surgido entre profissionais das áreas de saúde. É absolutamente necessário encorajar os trabalhadores a reportar eventos de violência que ocorram ao fornecer serviços de saúde e no ambiente de trabalho para proteger profissionais e técnicos paramédicos qualificados que atendem chamadas de emergência de média ou alta complexidade, porque o ambiente desses serviços de saúde deve ser livre de qualquer tipo de violência.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2017
  • Aceito
    30 Ago 2017
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