Objetivo: verificar a associação entre exposição a notícias e informações sobre COVID-19, por redes sociais, televisão e rádio, e o rastreio para ansiedade e depressão geriátrica comparando Peru, Brasil e México.
Método: delineamento transversal, por web-based survey, em amostra não probabilística, com escalas validadas para rastreio de ansiedade e depressão geriátrica, e análise dos dados por regressão logística binária hierárquica.
Resultados: dos 7.976 participantes, prevaleceu o sexo feminino (n = 4.937, 61,9%), cor/raça não branca (n = 4.724, 59,2%) e na faixa etária de 60 a 64 anos (n = 2.584, 32,4%). O acesso às notícias e informações sobre COVID-19 ocorreu pela televisão (n = 6.187, 77,6%), em poucas ou algumas vezes na semana (n = 4.322, 54,2%) por três horas ou mais (n = 2.596, 32,5%). Nos modelos finais, para ansiedade ou depressão, as diferenças significativas (p-valor < 0,001) para os aspectos uso, frequência e horas de exposição alteraram a depender da mídia. A prevalência para os desfechos, em comparação aos três países, foi pequena.
Conclusão: a exposição frequente às mídias foi associada a uma maior prevalência de ansiedade e depressão geriátrica, embora a diferença entre os países estudados tenha sido pequena.
Descritores:
Infodemia; Saúde Mental; Idoso; América Latina; Covid-19; Estudos Transversais
Destaques:
(1) As variáveis associadas aos desfechos indicam o consumo de notícias e informações. (2) A frequência e o tempo de exposição às mídias importam para o rastreio. (3) A prevalência para o desfecho em comparação aos três países foi pequena. (4) O rastreio para ansiedade foi de 42,6% e para depressão 59,4%. (5) O consumo midiático foi de 77,6% televisão, 46,6% redes sociais e 42,7% rádio.
Objective: to verify the association between exposure to COVID-19 news and information through social networks, television and radio, as well as to screen for geriatric anxiety and depression comparing Peru, Brazil and Mexico.
Method: a cross-sectional design, web-based survey with non-probability sampling and validated scales to screen for geriatric anxiety and depression, as well as data analysis by hierarchical binary logistic regression.
Results: there was prevalence of female gender (n=4,937; 61.9%), non-white race/skin color (n=4,724; 59.2%) and age group of 60 to 64 years old (n=2,584; 32.4%) among the 7,976 participants. COVID-19 news and information were accessed through television (n=6,187;77.6%), a few or some times a week (n=4,322, 54.2%) and for at least three hours (n=2,596; 32.5%). In the final models and both for anxiety and for depression, the significant differences (p-value<0.001) for the “use”, “exposure frequency” and “exposure hours” aspects changed depending on the media. The prevalence of the outcomes in the three countries was low.
Conclusion: frequent exposure to media was associated with higher prevalence of geriatric anxiety and depression, although the difference across the countries under study was small.
Descriptors:
Infodemic; Mental Health; Aged; Latin America; Covid-19; Cross-Sectional Studies
Highlights:
(1) The variables associated with the outcomes indicate consumption of news and information. (2) Media exposure frequency and time matter for screening. (3) The prevalence of the outcomes when comparing all three countries was small. (4) Screening was 42.6% for anxiety and 59.4% for depression. (5) Media consumption was 77.6% television, 46.6% social media and 42.7% radio.
Objetivo: verificar la asociación entre la exposición a noticias e información sobre COVID-19, a través de redes sociales, televisión y radio, y la detección de ansiedad y depresión geriátrica comparando Perú, Brasil y México.
Método: diseño transversal, mediante web-based survey, en una muestra no probabilística, con escalas validadas para la detección de ansiedad y depresión geriátrica, y análisis de datos mediante regresión logística binaria jerárquica.
Resultados: de los 7.976 participantes, la mayoría era del sexo femenino (n=4.937, 61,9%), de color/raza no blanca (n=4.724, 59,2%) y pertenecía a la franja etaria de 60 a 64 años (n=2.584, 32,4%). El acceso a noticias e información sobre COVID-19 se produjo mediante la televisión (n=6.187, 77,6%), pocas o algunas veces por semana (n=4.322, 54,2%) durante tres horas o más (n=2.596, 32,5%). En los modelos finales, para ansiedad o depresión, las diferencias significativas (valor p<0,001) de los aspectos uso, frecuencia y horas de exposición variaron dependiendo del medio. La prevalencia de los resultados, al comparar los tres países, fue pequeña.
Conclusión: la exposición frecuente a los medios de comunicación se asoció con una mayor prevalencia de ansiedad y depresión geriátrica, aunque la diferencia entre los países estudiados fue pequeña.
Descriptores:
Infodemia; Salud Mental; Anciano; América Latina; Covid-19; Estudios Transversales
Destacados:
(1) Las variables asociadas a los resultados indican el consumo de noticias e información. (2) La frecuencia y el tiempo de exposición a los medios son importantes para la detección. (3) La prevalencia del resultado fue pequeña al comparar los tres países. (4) La detección de ansiedad fue del 42,6% y la de depresión del 59,4%. (5) El consumo de los medios fue 77,6% televisión, 46,6% redes sociales y 42,7% radio.
Introdução
Em 30 de janeiro de 2020 e posteriormente em 11 de março do mesmo ano, o risco à saúde pública e a capacidade de disseminação do coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela doença COVID-19, foram reconhecidos. Cerca de quatro anos após, mais de 772 milhões de casos e aproximadamente 7 milhões de mortes foram notificados mundialmente, com destaque para as regiões da Europa e das Américas na prevalência de casos e mortes notificadas, respectivamente(1).
A saúde da população da América Latina e do Caribe foi a mais impactada do mundo na pandemia por COVID-19. Mesmo com os diferentes arranjos dos sistemas de saúde e diversidade social e política, grupos historicamente vulnerabilizados, a citar alguns como as mulheres, não brancos, pessoas em situação de pobreza e/ou de rua, estudantes e pessoas idosas, vivenciaram diferentemente a pandemia e sofreram com o agravamento das desigualdades históricas da região(2-3).
A complexidade da experiência pandêmica foi acrescida pelo excesso e velocidade de informações produzidas e disseminadas nos meios tradicionais de comunicação em massa, sendo amplificada, ainda, pelas redes sociais. Nesse contexto, é moroso reconhecer a origem, intenção e qualidade das informações, e a esse fenômeno, denomina-se infodemia(4). Podendo resultar em alterações na percepção de risco, sentimentos e sensações de confusão e desorientação, hesitação, paralisação, negação, desconfiança, dentre outros, que se relacionam às experiências prévias dos indivíduos e com pessoas de confiança, o sistema de saúde e o governo da região(5-6).
Em menos de um ano da reconhecida pandemia, a incipiência na estrutura e coordenação dos governos latino-americanos com a gestão da infodemia foi relatada(7), com base na análise dos sites dos ministérios da saúde de 10 países. Em paralelo(8), em estudo ecológico descritivo, destacam que em seis países latino-americanos investigados, os locais com maior dificuldade em reconhecer notícias falsas e a centralidade das redes sociais como meio de informação, coincidiram com as mais altas taxas de mortalidade por COVID-19 naquele período.
Além disso, na mídia jornalística do Brasil e do Chile em 2020/2021, discursos de “já viveram suas vidas”, culpabilização pela gravidade da pandemia e homogeneidade das mortes puderam ser encontrados ao referenciar as pessoas idosas. Ainda que também se reconheça o concebível agravamento na saúde mental pós-pandemia, decorrente da ridicularização, abandono, dependência e controle a que essa população foi submetida(9).
O agravamento da vulnerabilização de pessoas idosas perpassa a histórica condição socioeconômica-demográfica de iniquidades, associado ao sabido aumento do envelhecimento populacional, que no período pandêmico por COVID-19, é escancarado na taxa de mortalidade proporcional ao aumento da idade(1-2). A necessidade de investigação, cuidado e fortalecimento de políticas públicas integra o movimento pela Década do Envelhecimento Saudável 2021─2030, que nas Américas é coordenada pela Organização Panamericana da Saúde (OPS)(10).
Em meio à incipiência de estudos com a população exclusivamente de pessoas idosas e/ou das implicações na saúde mental decorrente da infodemia em países latino-americanos, como no Peru, Brasil e México, justifica-se o presente estudo. Embora se considere que sintomas complexos como ansiedade, depressão e insônia, durante a pandemia, estejam relatados em revisões sistemáticas com a população adulta em diferentes regiões do mundo, ao associar com as mídias, tem-se o foco majoritariamente para mídias sociais(11-13).
Assim, objetiva-se verificar a associação entre exposição a notícias e informações sobre COVID-19 por redes sociais, televisão e rádio, e o rastreio para ansiedade e depressão geriátrica, comparando pessoas idosas do Peru, Brasil e México.
Método
Delineamento do estudo
Estudo transversal, realizado com pessoas idosas maiores de 60 anos, no período de julho de 2020 a junho de 2022, no Peru, Brasil e México. Derivado da parte 1 da pesquisa “Infodemia de COVID-19 e suas repercussões sobre a saúde mental de idosos durante e pós-pandemia: estudo multicêntrico Brasil, Peru, Colômbia, México e Portugal”, que objetiva “analisar a relação entre a infodemia sobre a COVID-19 e as repercussões na saúde mental de pessoas idosas”.
Aspectos éticos
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos no Brasil (CAAE: 31932620.1.1001.5147, sob o parecer n.º 4.134.050), Peru e México (Universidade Autônoma de San Luis Potosí, sob registro CONBIOÉTICA-24-CEI-002-20230925).
Critérios de seleção
Foram incluídas pessoas idosas maiores de 60 anos, com cognitivo preservado, acesso a e-mail e/ou redes sociais e/ou telefone. Foram excluídas pessoas idosas que não possuíam condições de responder aos questionamentos com autonomia, conforme autorrelato da pessoa contatada.
Cenários
Os participantes residem em uma das seguintes cidades: Brasil - Brasília, Divinópolis, Juiz de Fora, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, São Paulo e Viçosa; México ― Cuidad Valles, Matehuala, Rioverde, Salinas de Hidalgo, San Luis Potosí, Soledas de Graciano Sánchez e Tamazunchale; Peru ― Arequipa, Cerro de Pasco, Chiclayo, Huánuco, Iquitos, Lima, Puno-Juliaca, Tacna, Tarapoto, Tumbes e Trujillo.
Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu por web-based survey, em amostra não probabilística, divulgada por e-mail, redes sociais (WhatsApp, Facebook e Instagram) e difundidas por sociedades científicas de geriatria e gerontologia, instituições de assistência à saúde, associações de aposentados e centros de pesquisa. Foram realizadas 15 entrevistas-piloto em cada país para adequação do idioma às questões.
O link para acesso ao questionário direcionou para o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Somente os participantes que sinalizaram a concordância, tiveram acesso às questões, todas sinalizadas como obrigatórias. Todos receberam uma cópia do TCLE assinado pelo pesquisador por e-mail ou redes sociais. As pessoas idosas também foram contatadas por telefone, como convite a participarem da pesquisa, no momento da ligação ou em remarcação, com leitura do TCLE e sinalização de concordância da gravação da ligação. Posteriormente, também foi enviado o TCLE assinado pelo pesquisador por e-mail ou redes sociais.
Instrumentos
O questionário foi composto pelos segmentos de identificação, perfil sociodemográfico, exposição a notícias e informações relacionadas à COVID-19(14-15), impacto de sinais e sintomas sobre alterações psicopatológicas ao contato com as informações sobre COVID-19 (pesquisa em desenvolvimento), Escala de Estresse Percebido, Inventário de Ansiedade Geriátrica (GAI)(16) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15)(17). O presente estudo analisa os segmentos perfil sociodemográfico, exposição a notícias e informações relacionadas à COVID-19, GAI e GDS-15(16-17).
Para os dados coletados no Brasil, a GAI(18), validada com pessoas idosas do país, é composta por 20 itens autorrespondidos em questões binárias (concordo/discordo) e ponto de corte < 13 não caso e ≥ 13 caso. A GDS-15(19), igualmente validada, contém 15 perguntas das quais 10 pontuam se respondidas positivamente e as demais respondidas negativamente, com ponto de corte < 6 para não caso e ≥ 6 para caso.
Os dados coletados no México seguem a GAI(20), versão validada em espanhol com pessoas idosas de Madri, na ausência de obtenção de estudo de validação no país. O inventário é composto por 20 itens dicotômicos (concordo/discordo), com indicação de ponto de corte para ≥ 11 para caso e < 11 para não caso. A GDS-15, validada com pessoas idosas mexicanas(21), é composta por 15 questões, com opções de sim ou não, em que 10 questões pontuam se respondidas positivamente e as demais respondidas negativamente. Os autores não indicam ponto de corte, comparou-se com escores altos (10 ou mais sintomas) e escores baixos (menos de cinco sintomas) para depressão. Entendendo, caso ≥ 5 e não caso < 5.
Aos dados do Peru, seguiu-se a GAI(20), versão validada em espanhol com pessoas idosas de Madri, na ausência de obtenção de estudo de validação no país. O inventário é composto por 20 itens dicotômicos (concordo/discordo), com indicação de ponto de corte para ≥ 11 para caso e < 11 para não caso. Na avaliação da sintomatologia para depressão, utilizou-se o referencial com validação para pessoas idosas colombianas, composto por 15 itens dicotômicos em sim ou não, em que 10 questões pontuam se respondidas positivamente e as demais respondidas negativamente. O ponto de corte proposto foi de ≥ 5 para sugestão de depressão(22).
As variáveis independentes relativas aos desfechos foram organizadas nos seguintes blocos hierarquizados do modelo de análise:
Bloco 1- Variável de origem dos participantes: Peru, Brasil e México.
Bloco 2 - Variáveis socioeconômicas e demográficas: sexo; faixa etária; estado civil; raça/cor; mora com; situação da residência; área de residência; educação máxima; alteração da renda devido à pandemia de COVID-19.
Bloco 3 - Variáveis de exposição a notícias e informações sobre COVID-19: tipo de mídia; frequência de exposição na última semana; horas de exposição.
Tratamento e análise dos dados
Na análise dos dados coletados, os participantes receberam um código numérico para manutenção do sigilo, a tabulação foi desenvolvida no Planilhas Google e enviada para o software IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23.0 para Windows. Todas as variáveis foram submetidas a análise descritiva, calculadas distribuição de frequências absoluta (n) e relativa (%). Para análise das associações, o teste do qui-quadrado (X2) de independência de Pearson foi utilizado na análise bivariada de cada bloco para as variáveis independentes categóricas nominais, e o teste U de Mann-Whitney para as variáveis independentes ordinais.
Seguido da análise de regressão logística binária hierárquica, na qual, inicialmente, todas as variáveis nos respectivos blocos compuseram análises separadamente. Para comparação, conforme o bloco de origem, as variáveis foram introduzidas no modelo multivariado final. Para todos os testes, considerou-se nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%.
Resultados
Dos 7.976 participantes, 4.377 (54,9%) procederam do Peru, 3.307 (41,5%) do Brasil e 292 (3,7%) do México. Desta amostra, 4.937 (61,9%) declararam ser do sexo feminino e 4.724 (59,2%) referiram ser de cor/raça não branca, incluindo pretos, pardos, amarelos e ascendência indígena. A faixa etária mais frequente se concentrou entre 60 e 64 anos, com 2.584 (32,4%) pessoas idosas. Quanto ao estado civil, 4.642 (58,2%) pessoas idosas declararam ser casadas ou estar morando com o(a) parceiro(a).
Em relação à moradia, 6.514 (81,7%) informaram possuir residência própria, 6.830 (85,6%) residem em área urbana e 3.744 (46,9%) residem com três pessoas ou mais. Sobre a educação máxima indicada, o ensino superior completo com 2.120 (26,6%) pessoas idosas foi o mais frequente. Quanto à influência da pandemia da COVID-19 na renda, 4.112 (51,6%) dos participantes consideraram que não houve alteração na renda.
Sobre informações da COVID-19 em redes sociais, 4.259 (53,4%) participantes referiram não utilizar as redes sociais, sendo que 3.261 (40,9%) não declararam nenhuma exposição na semana anterior à pesquisa.
Para 6.187 (77,6%) participantes, a televisão (TV) foi utilizada para acessar notícias e informações sobre a COVID-19, contudo, 4.322 (54,2%) referiram assistir poucas vezes ou algumas vezes à TV na semana anterior à participação na pesquisa. Para 2.596 (32,5%) idosos, a utilização da TV ficou na faixa de três horas ou mais por semana.
Quanto à utilização do rádio, 4.568 (57,3%) referiram não ter acessado notícias ou informação sobre a COVID-19 nenhuma vez por esse meio na semana anterior à participação na pesquisa. Os dados tabulados pelos países podem ser observados na Tabela 1 a seguir:
Das 7.976 pessoas idosas participantes, 3.395 (42,6%) alcançaram o rastreio para ansiedade geriátrica, enquanto 4.581 (57,4%) não alcançaram. Na análise bivariada das variáveis socioeconômicas e demográficas (bloco 2), os seguintes itens obtiveram diferenças significativas, sendo p-valor < 0,001: sexo biológico, faixa etária, país de origem, estado civil, raça/cor, quantidade de moradores no domicílio, área de residência e alteração da renda durante a pandemia por COVID-19. Ademais, o item educação máxima apresentou p-valor = 0,032 (Tabela 2 e Tabela 3).
Na associação da variável de rastreio/não rastreio para ansiedade com as variáveis de exposição a notícias e informações (bloco 3), observaram-se diferenças significativas nos itens: uso, frequência e horas de exposição pelas redes sociais para acesso a notícias e informações sobre COVID-19 com p-valor < 0,001. Para o uso, frequência e horas de exposição pelo rádio para acesso a notícias e informações sobre COVID-19 com p-valor < 0,001. Sobre a TV, somente as variáveis frequência e horas de exposição foram significativas, com p-valor < 0,001 e p-valor = 0,012, respectivamente.
Sobre o rastreio para depressão geriátrica, 4.734 (59,4%) indicaram o rastreio, à medida que 3.242 (40,6%) não obtiveram. As seguintes variáveis socioeconômicas e demográficas (bloco 1 e bloco 3) foram significativas na análise bivariada: faixa etária, país de origem, estado civil, raça/cor, quantidade de moradores no domicílio, área de residência, educação máxima e alteração da renda durante a pandemia por COVID-19, com p-valor < 0,001 cada item. Somente o item residência própria, dentre as diferenças significativas, atingiu p-valor = 0,008.
Da análise de associação bivariada entre o rastreio/não rastreio para depressão geriátrica e as variáveis de exposição a notícias e informações (bloco 3), os seguintes itens foram estatisticamente significativos: uso, frequência e horas de exposição pelas redes sociais para acesso a notícias e informações sobre COVID-19 com p-valor < 0,001 cada item. Para o uso, frequência e horas de exposição pelo rádio para acesso a notícias e informações sobre COVID-19, com p-valor < 0,001, respectivamente. Em relação à TV, somente o item frequência foi significativo, com p-valor < 0,001.
Na análise multivariada, as seguintes variáveis apresentaram p-valor < 0,05 na regressão independente dos blocos, para rastreio de ansiedade: bloco 1, país de origem; bloco 2, sexo, faixa etária, estado civil, raça/cor (não branco) , quantidade de moradores no domicílio, área de residência, escolaridade (do ensino médio para mais) e alteração da renda durante a pandemia por COVID-19 (diminuição da renda); bloco 3, frequência (algumas vezes) e horas (duas horas ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 em redes sociais, uso e horas (uma hora) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pela televisão, e uso, frequência (frequentemente) e nenhuma hora de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pelo rádio.
Contudo, no modelo final (Tabela 4), com R² de Nagelkerke = 0,312 e Teste de Hosmer e Lemeshow p-valor <0,001, permaneceram significativas as seguintes variáveis: país de origem, sexo (masculino), estado civil, raça (não branco), alteração da renda durante a pandemia por COVID-19, frequência (frequentemente) e horas (duas horas ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 em redes sociais, uso da televisão e horas (uma hora) para acessar notícias e informações sobre COVID-19, e frequência (algumas vezes) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pelo rádio.
Para o rastreio de depressão, na regressão independente dos blocos, as variáveis que apresentaram diferenças estatisticamente significativas foram: bloco 1, país de origem; bloco 2, sexo (masculino), faixa etária, estado civil (separado/desquitado), raça/cor (não branco), quantidade de moradores no domicílio, área de residência, escolaridade (outras) e alteração da renda durante a pandemia por COVID-19 (diminuição da renda); bloco 3, uso, frequência (algumas vezes e frequentemente) e horas (uma hora ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 em redes sociais, uso e horas (uma hora ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pela televisão, e uso e horas (uma hora ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pelo rádio.
No modelo final (Tabela 5), com R² de Nagelkerke = 0,169 e Teste de Hosmer e Lemeshow p-valor <0,001, as seguintes variáveis apresentaram p-valor < 0,05: país de origem, sexo (masculino), faixa etária (80 anos ou mais), raça (não branco), escolaridade (do ensino básico ou fundamental para mais), alteração da renda durante a pandemia por COVID-19 (diminuição da renda), uso e horas (uma hora ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pela televisão, e horas (uma hora ou mais) de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pelo rádio.
Discussão
Este estudo verificou a associação entre exposição a notícias e informações sobre COVID-19 e o impacto na saúde mental de pessoas idosas do Peru, Brasil e México. A prevalência para o rastreio de ansiedade geriátrica dentre os participantes foi de 42,6%. Distingue-se que, somente na amostra de pessoas idosas do Peru, a prevalência foi majoritária para o desfecho, com 63,5%. Para sintomas depressivos, 59,4% da amostra indicou o rastreio, sendo que nas amostras dos participantes peruanos a frequência foi de 74,1% e na amostra mexicana, 58,6%.
Os achados estão acima da frequência observada em revisão sistemática(13) focalizada na América Latina, que estima 35% (IC 95%: 31–38%) da prevalência para ansiedade e 35% (IC 95%: 31–39%) para sintomas depressivos. Quando observado outras regiões do mundo(11), para sintomas ansiosos, a prevalência varia de 7,4% a 47,82% e para depressão, de 14,14% a 48,3%. Contudo, limita-se que as revisões não possuem a amostra exclusivamente de pessoas idosas e os instrumentos utilizados para rastreio dos sintomas distinguem-se dos aplicados no estudo. No mais, o início do período da coleta de dados coincidiu com o primeiro maior pico de mortes por COVID-19 registrado nas Américas, em destaque para o dia 18 de janeiro de 2021, podendo também ter contribuído para os achados distintos da literatura(1).
Para o uso das mídias no acesso a notícias e informações sobre COVID-19, os participantes indicaram 77,6% o consumo pela televisão, 46,6% o uso das redes sociais e 42,7% a referência ao rádio para essa finalidade. Somente para a amostra de pessoas idosas brasileiras, houve prevalência do uso das redes sociais, com 58,8%. Apenas a amostra de peruanos refere o consumo pelo rádio em 57,4%. Distinguem-se os participantes mexicanos pelo não uso da televisão, em frequência 54,8%, além de não apresentarem frequência majoritariamente positiva para nenhuma das três mídias.
Percebe-se que em nenhum dos itens houve concordância dos três países. Em análise do jornalismo mundial no começo de 2023, o acesso à internet no Peru, Brasil e México é apontado, respectivamente, em 87%, 83% e 67%, e o acesso online (incluindo redes sociais) é a principal fonte de acesso a notícias, ainda que seja percebida uma diminuição geral nesse consumo. Essa redução também é identificada nas mídias tradicionais, como a televisão e os jornais impressos(23).
No Brasil, o consumo de notícias online (incluindo redes sociais) diminuiu de 90% para 79% nos últimos 10 anos, com destaque para o uso do WhatsApp. A televisão é indicada por 51% dos participantes. Em semelhança, o Peru e o México apresentam o consumo de notícias online (incluindo redes sociais) em 80%, principalmente pelo Facebook. Diferenciam-se em relação à televisão, sendo o consumo em 51% no Peru e 42% no México(23).
A distinção dos achados entre os países inspira a acentuar o contexto desses territórios e a compreender o comportamento informacional da população amostral exclusivamente de pessoas idosas. Observa-se que os participantes se envolveram com notícias e informações sobre COVID-19, inclusive pelas mídias digitais (redes sociais). Todavia, a qualidade das informações, o nível de confiança e a literacia das pessoas idosas não foram mensurados.
Em estudo pré-pandemia sobre o acesso a meios digitais de pessoas idosas em alguns dos países latino-americanos, dentre eles, Peru e México, as pessoas idosas compuseram menos de 10% da população usuária, com destaque ao uso para informação, seguido pela comunicação(24). Já na pandemia(8), apontam que no Peru, a incapacidade de reconhecer notícias falsas alcançou 79% da população. Acima do México, com 66%, e do Brasil, em 62%.
Combina-se à baixa literacia digital de pessoas idosas(25) e a níveis declinantes de confiança da população nas notícias, oriundos, principalmente, da situação política e do comportamento de seus presidentes, a saber, o Brasil com 43% de confiança, seguido do México com 36% e o Peru, 33%(23).
Na nossa amostra, a associação bivariada do uso das mídias para o desfecho rastreamento de ansiedade apresentou diferenças estatisticamente significativas para o uso das redes sociais (X² = 43,6 e p-valor <0,001) e o rádio (X² = 135,0 e p-valor <0,001). Contudo, somente para o rádio houve frequência de 50% para a ocorrência ou não do desfecho. Relativo ao rastreio de depressão, para as redes sociais (X² = 29,0 e p-valor < 0,001), televisão (X² = 3,83 e p-valor < 0,050) e rádio (X² = 138,0 e p-valor < 0,001), a frequência para o desfecho foi maior independente do uso.
O impacto das mídias sociais digitais na percepção de solidão e no isolamento social de pessoas idosas foi analisado em revisão integrativa, que sinalizou o uso dessas mídias com potencial para reduzir sentimentos de solidão e isolamento social, promovendo maior interação e senso de pertencimento entre os idosos(26).
Esses achados convergiram parcialmente com os resultados do presente estudo, uma vez que também se identificou associação significativa entre exposição às mídias sociais e alterações na saúde mental dos participantes durante a pandemia. No entanto, diferentemente dos resultados encontrados na revisão integrativa, nosso estudo indicou que a exposição frequente às mídias sociais esteve associada a maior prevalência de sintomas ansiosos e depressivos, sugerindo que o contexto pandêmico pode ter influenciado negativamente essa relação(26).
Dessa maneira, os achados sinalizam para pessoas idosas conectadas às informações sobre COVID-19 e passíveis de rastreio para transtornos mentais, com destaque para a depressão, mas que, no limite do método e das análises, não é possível inferir a direção das reações considerando o contexto conhecido dos participantes.
No modelo final para rastreio de ansiedade geriátrica, com explicação da variação em 31,18% pelo R² de Nagelkerke e p-valor de Hosmer e Lemeshow <0,001, controlado por fatores socioeconômicos, estima-se que pessoas idosas participantes do Brasil tiveram 0,10 (IC 95% 0,09 a 0,12 e p-valor < 0,001) vezes a chance de rastreio para ansiedade. Em relação às pessoas idosas do México, 0,05 (IC 95% 0,03 a 0,08 e p-valor < 0,001) vezes a chance, em relação à categoria de referência — as pessoas idosas do Peru.
Sobre a exposição a notícias e informações sobre COVID-19, as três mídias apresentaram diferentes significâncias. O uso das redes sociais para essa finalidade apontou 1,59 (IC 95% 1,25 a 2,03 e p-valor <0,001) vezes a chance para o rastreio de ansiedade geriátrica em relação a quem não utilizou dessa maneira. Em semelhante, de 2 a 5 horas de consumo pelas redes sociais, apresentou 0,73 (IC 95% 0,59 a 0,90 e p-valor de 0,003) vezes a chance para o rastreio em relação a quem não se expôs hora nenhuma.
Em relação à televisão, o uso para informação sobre COVID-19 significou 1,20 (IC 95% 1,02 a 1,41 e p-valor de 0,031) vezes a chance para o desfecho em relação a quem não utiliza. Sendo uma hora, 0,70 (IC 95% 0,56 a 0,88 e p-valor de 0,002) vezes a chance para rastreio em relação a quem não tem nenhuma hora de exposição com essa intenção. O rádio, somente a frequência, uma ou duas vezes na semana, indica 0,77 (IC 95% 0,65 a 0,91 e p-valor de 0,003) vezes a chance para o desfecho, sobre quem não se expôs para informação sobre COVID-19.
O segundo modelo, com desfecho para depressão, com explicação da variação em 16,89% pelo R² de Nagelkerke e p-valor de Hosmer e Lemeshow <0,001, controlado por fatores socioeconômicos, os brasileiros apresentaram 0,23 (IC 95% 0,19 a 0,26 e p-valor < 0,001) vezes a chance de rastreio e os mexicanos 0,45 (IC 95% 0,34 a 0,60 e p-valor < 0,001) vezes a chance de rastreio, em relação às pessoas idosas peruanas.
Somente para televisão e rádio verificaram-se significâncias para o desfecho. Sendo, três horas ou mais de exposição a notícias e informações sobre COVID-19 pela televisão 1,66 (IC 95% 1,32 a 2,09 e p-valor < 0,001) vezes sobre quem não se expôs nenhuma hora para esse fim. O tempo de exposição também foi relevante em relação ao rádio, uma hora ou mais apontou 1,21 (IC 95% 1,03 a 1,43 e p-valor 0,020) vezes em relação a quem não consumiu por essa mídia.
Estes resultados reafirmam a associação do consumo midiático (digital ou não) de informação sobre a COVID-19 com a possibilidade de rastreio para os transtornos mentais analisados de pessoas idosas participantes. Em nenhuma das variáveis associadas, a ausência ou o baixo consumo de uma das mídias indicou maior possibilidade dos desfechos.
Em revisão sistemática(27), o uso das mídias sociais insere-se nas causas da infodemia e dentre os impactos, apontam-se as questões psicológicas. O ambiente oportuno de circulação das desinformações (nas variadas possibilidades) foram as redes sociais e, inevitavelmente, extravasou. Em um “círculo vicioso da infodemia”(27), o impacto na saúde mental amplifica a máquina infodêmica que retorna no agravamento dos transtornos.
No movimento de gestão da infodemia, discute-se a desigualdade de acesso a informações de qualidade, atualizadas e coerentes com as necessidades dos indivíduos e das comunidades. No potencial danoso à saúde, os estados emocionais, decorrentes da sobrecarga de informação, podem não iniciar com as informações, mas envolver estados previamente existentes, com capacidade de influenciar o comportamento dos indivíduos(6).
Delimitado pelo objetivo do artigo, não é possível permear todas as nuances da complexidade da informação com a saúde, mas coaduna-se com a discussão(28) que a sobrecarga de informação não é um processo agudo, mas estrutural, que integra a determinação social da saúde. A desigualdade informativa, a infodemia, o etarismo, os monopólios midiáticos e o modelo manicomial de saúde operam no mesmo universo de comercialização da vida. O rompimento dessas estruturas prevê não somente o antagonismo, mas a construção de projeto de sociedade que inclua também a garantia de direito à informação de qualidade, gratuita, segura e acessível.
Este estudo apresenta, como limitação, o esforço de utilizar os mesmos instrumentos de rastreio para ansiedade e depressão geriátrica nos três países, o que pode ter influenciado nas prevalências. Além disso, como próprio de estudos observacionais transversais, não é possível aferir se a relação cronológica da coleta de dados e da pandemia por COVID-19 modificaria os achados. No mais, sabe-se da possibilidade de vieses de seleção e informação, na coleta de dados por web-based survey, em amostra não probabilística, restringindo a generalização dos achados.
Esta pesquisa contribui significativamente para o avanço científico ao demonstrar diferenças transnacionais na prevalência de ansiedade e depressão geriátrica associadas ao consumo midiático durante a pandemia entre pessoas idosas no Peru, Brasil e México. Os achados são relevantes para a prática da enfermagem gerontológica nesses países, por orientarem estratégias específicas de promoção da saúde mental e literacia em saúde adaptadas às realidades locais.
Conclusão
Verificou-se associação entre a exposição frequente às mídias com a maior prevalência de ansiedade e depressão geriátrica nas pessoas idosas estudadas. A diferença significativa da prevalência para o desfecho, em comparação aos três países, foi pequena. Esses resultados reforçam a necessidade de estratégias específicas na gestão da infodemia para proteção da saúde mental das pessoas idosas na América Latina.
Visto as limitações existentes no estudo, as pessoas idosas dos países latino-americanos analisados estão em concordância com a literatura que indica que essa população está presente e adotando as mídias digitais (nesse estudo, com foco nas redes sociais). Além disso, a saúde mental das pessoas idosas, que se estende às relações com a informação, corrobora os achados da demanda e necessidade de cuidado e políticas públicas direcionadas. Diante disso, reforça-se que não se tem a pretensão de delimitar e reforçar estereótipos biomédicos da vivência e relação dos indivíduos com transtornos mentais, uma possível sintomatologia isoladamente não determina comportamentos e escolhas dos indivíduos.
A pesquisa oportuniza agregar ao conhecimento produzido e centrado na América-Latina, com articulação atual, vinculado à pandemia por COVID-19 e implicações futuras, com articulação ao envelhecimento populacional e à gestão da infodemia enquanto também política pública de saúde. Espera-se contribuir para a realização de pesquisas que se agregam ao direito à informação e ao envelhecimento saudável. É preciso investir em prevenção e promoção da saúde por meio da educação ― literacia em saúde ― e da participação ― com escuta às demandas e as necessidades em saúde ― para a construção e/ou fortalecimento de políticas públicas intersetoriais e conscientes da potência dos povos latino-americanos.
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Como citar este artigo
Ribeiro DK, Carbogim FC, Braz PR, Lavado-Huarcaya SSL, Diaz-Oviedo A, Bulgarelli AF, et al. Cross-national prevalence of mental disorders in older adults exposed to COVID-19 information. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [cited]. Available from: .https://doi.org/10.1590/1518-8345.7580.4632
Editado por
-
Editora Associada:
Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Ago 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
17 Jun 2024 -
Aceito
03 Abr 2025
