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Questionário de adaptação ao diabetes mellitus tipo I em pediatria: relação com a psicopatologia* * Apoio financeiro da Asociación Española de Psicología Clínica y Psicopatología, Federación Española de Asociaciones de Terapia Familiar, Instituto de Investigación La Fe, Hospital Universitario y Politécnico La Fe e Universitat de València (VLC-BIOMED), bolsa de iniciação à pesquisa da Universitat de València e contrato de pesquisa pré-doutorado da Generalitat Valenciana (ACIF17) e Fondo Social Europeo.

RESUMO

Objetivo:

estudar as propriedades psicométricas do Questionário de Resposta Adaptativa à Doença em pacientes pediátricos com diabetes mellitus tipo I no contexto espanhol, analisar essa resposta na amostra em questão e observar a relação entre a resposta adaptativa e os níveis de ansiedade-depressão.

Método:

participaram do estudo um total de 100 pacientes com diabetes mellitus tipo I, com idades entre 9 e 16 anos (M = 12,28, DP = 1,78), dos quais 59% eram crianças. Os dados foram coletados em hospitais públicos por meio de entrevista, utilizando-se o Questionário de Resposta Adaptativa à Doença e a Anxiety and Depression Scale (Escala de Ansiedade e Depressão). Para análise dos dados, calculou-se confiabilidade, correlações de Pearson, regressões lineares e testes t em função do sexo e da idade.

Resultado:

o instrumento possui propriedades psicométricas adequadas. A resposta adaptativa é geralmente elevada. Essa resposta está negativamente relacionada ao sofrimento emocional, sendo um melhor preditor de depressão do que de ansiedade. Não há diferenças na adaptação à doença em função de sexo e idade.

Conclusão:

a promoção de uma melhor resposta adaptativa parece reduzir o sofrimento emocional, especialmente no caso de depressão, independentemente da idade ou sexo dos pacientes.

Descritores:
Resposta Adaptativa; Diabetes Mellitus Tipo 1; Pediatria; Ansiedade; Depressão; Psicometria

ABSTRACT

Objective:

to study the psychometric properties of an adaptive disease response questionnaire for use with Spanish children with type 1 diabetes; to analyse this response in this sample and to observe the relationship between adaptive response and levels of anxiety-depression.

Method:

a total of 100 patients with type 1 diabetes aged between nine and 16 years (M=12.28, SD=1.78) participated in the study, of which 59% were children. Data was collected in public hospitals via interviews using the Adaptive Disease Response Questionnaire and Anxiety and Depression Scale. The data was analysed using Pearson correlations, multiple hierarchical linear regressions, Student’s t Test for independent samples, and Cohen’s d effect size to determine reliability and validity.

Result:

the instrument was shown to have adequate psychometric properties. Adaptive response was generally high. Adaptive response is negatively related to emotional distress, being a better predictor of depression than of anxiety. There was no association betwee adaptation and sex and age.

Conclusion:

promoting a better adaptive response appears to reduce emotional distress, especially in the case of depression, regardless of the age or gender of the patients.

Descriptors:
Adaptive Response; Diabetes Mellitus Type I; Pediatrics; Anxiety; Depression; Psychometric

RESUMEN

Objetivo:

estudiar las propiedades psicométricas del Cuestionario de Respuesta Adaptativa de la Enfermedad en pacientes pediátricos con diabetes-mellitus tipo I en el contexto español, analizar en esta muestra esta respuesta y observar la relación entre la respuesta adaptativa y los niveles de ansiedad-depresión.

Método:

un total de 100 pacientes con diabetes-mellitus tipo I participaron, con edades entre los 9 y los 16 (M=12,28, DT=1,78), de los cuales el 59% eran niños. Los datos fueron obtenidos en hospitales públicos mediante una entrevista aplicando el Cuestionario de Respuesta Adaptativa de la Enfermedad y el Anxiety and Depression Scale. Para el análisis de datos, se calculó la fiabilidad, correlaciones de Pearson, regresiones lineales y pruebas t en función de sexo y edad.

Resultado:

el instrumento presenta adecuadas propiedades psicométricas. La respuesta adaptativa es elevada en general. Esta respuesta se relaciona manera negativa con el malestar emocional, siendo mejor predictor de la depresión que de la ansiedad. No se observan diferencias en la adaptación a la enfermedad en función del sexo y edad.

Conclusión:

promover una mejor respuesta adaptativa parece reducir el malestar emocional, especialmente en el caso de la depresión, con independencia de la edad o sexo de los pacientes.

Descriptores:
Respuesta Adaptativa; Diabetes Mellitus Tipo 1; Pediatría; Ansiedad; Depresión; Psicometría

Introdução

O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é a doença endócrina pediátrica mais comum na infância e adolescência11 Conde Barreiro S, Rodríguez Rigual M, Bueno Lozano G, López Siguero JP, González Pelegrín B, Rodrigo Val MP, et al. Epidemiología de la diabetes mellitus tipo 1 en menores de 15 años en España. An Pediatr. 2014 Sep; 81(3): 139-202. doi: 10.1016/j.anpedi.2013.12.010
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2 Pérez-Marín M, Gómez-Rico I, Montoya-Castilla I. Type 1 Diabetes Mellitus: Psychosocial factors and adjustment of pediatric patient and his/her family. Arch Argent Pediatr. 2015 Apr; 113(2):158-62. doi: 10.5546/aap.2015.158
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-33 Lacomba-Trejo L, Casaña-Granell S, Pérez-Marín M, Montoya-Castilla I. Estrés, Ansiedad y Depresión en cuidadores principales de pacientes pediátricos con Diabetes Mellitus Tipo 1. CdVS. Calidad de Vida y Salud. [Internet]. 2017 [cited Mar 29, 2018]; 10(1):10-22. Available from: http://revistacdvs.uflo.edu.ar/index.php/CdVUFLO/article/view/144/158
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. Caracteriza-se por um déficit na produção de insulina e requer injeções diárias de insulina para controlar os níveis de glicose44 Valanzuela C, López L, Hernando C. Incógnitas de la Diabetes Mellitus en Educación Física. Quaderns Digital. [Internet]. 2016 [cited Mar 29, 2018]; 82:184-195. Available from http://www.quadernsdigitals.net/index.php?accionMenu=hemeroteca.VisualizaArticuloIU.visualiza&articulo_id=11442
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. Por essa razão, a literatura sobre DM1 geralmente se concentra na avaliação dos aspectos médicos do controle da doença11 Conde Barreiro S, Rodríguez Rigual M, Bueno Lozano G, López Siguero JP, González Pelegrín B, Rodrigo Val MP, et al. Epidemiología de la diabetes mellitus tipo 1 en menores de 15 años en España. An Pediatr. 2014 Sep; 81(3): 139-202. doi: 10.1016/j.anpedi.2013.12.010
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, como os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), que é um marcador biológico de controle glicêmico dos últimos 3 meses55 Johnson B, Eiser C, Young V, Brierley S, Heller S. Prevalence of depression among young people with Type 1 diabetes: a systematic review. Diabet Med. 2013 Feb; 30 (2):199-208. doi: 10.1111/j.1464-5491.2012.03721. x.
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, ou o acompanhamento habitual dos níveis glicêmicos66 Castro-Espinoza JM, Gallegos-Cabriales EC, Frederickson K. Análisis evolutivo del concepto de adaptación a la diabetes tipo 2. Aquichán. 2015 Mar; 15(1):52-9. doi: 10.5294/aqui.2015.15.1.6
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, desconsiderando outros aspectos relacionados à doença que influenciam decisivamente o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes e familiares - os aspectos psicológicos da doença. Dentre esses aspectos, destaca-se a chamada resposta adaptativa à doença77 Quesada AB, Justicia MD, Romero M, García MT. La enfermedad crónica infantil: repercusiones emocionales en el paciente y en la familia. Int J Dev Educ Psychol Rev. 2014;4(1):569-76. doi: 10.17060/ijodaep.2014.n1.v4.832
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.

A resposta adaptativa ao diabetes crônico é definida como o “grau de ajuste psicossocial do comportamento, estado emocional e avaliação do paciente em relação à sua doença ”(88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
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. Enfrentar uma doença crônica em pediatria é um processo complexo e multidimensional que começa quando a pessoa é diagnosticada e tem que enfrentar as mudanças e/ou complicações que ocorrem em todas as dimensões de sua vida e ajustar suas condições para ter uma melhor qualidade de vida66 Castro-Espinoza JM, Gallegos-Cabriales EC, Frederickson K. Análisis evolutivo del concepto de adaptación a la diabetes tipo 2. Aquichán. 2015 Mar; 15(1):52-9. doi: 10.5294/aqui.2015.15.1.6
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.

O ajuste ao DM1 envolve não apenas o domínio das tarefas relacionadas à adaptação à doença, como o controle glicêmico, a alimentação, a administração de insulina ou o exercício regular66 Castro-Espinoza JM, Gallegos-Cabriales EC, Frederickson K. Análisis evolutivo del concepto de adaptación a la diabetes tipo 2. Aquichán. 2015 Mar; 15(1):52-9. doi: 10.5294/aqui.2015.15.1.6
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, mas também a manutenção de um estado funcional e emocional adequado, a ausência de distúrbios psicológicos como ansiedade ou depressão, o baixo impacto negativo e uma alta percepção de qualidade de vida99 Flores-Carvajal D, Alfonso Urzúa M. Propuesta de evaluación de estrategias de afrontamiento ante la enfermedad crónica en adolescentes. Rev Chil Pediatr. 2016 May-June;87(3):169-74. doi: 10.1016/j.rchipe.2015.08.007
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.

Nesse sentido, os fatores psicológicos mostraram-se muito relevantes na adaptação do paciente pediátrico com diabetes mellitus tipo 11010 Bilbao-Cercós A, Beniel-Navarro D, Pérez-Marín M, Montoya-Castilla I, Alcón-Sáez JJ, Prado-Gascó VJ. El autoconcepto y la adaptación a la enfermedad en pacientes diabéticos pediátricos. Clín Salud. 2014; 25(1):57-65. doi: 10.5093/cl2014a5
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. Nessa linha, é comum encontrar nesses pacientes a presença de afetação emocional, geralmente transtornos ansiosos e depressivos1111 Jacob AA, Deodhar D. Assessment of phsychological well-being and prevalence of depressive symptoms amoung young adults with type-1 diabetes mellitus. J Res Med Sci. 2018;6(1):177-83. doi: 10.18203/2320-6012.ijrms20175716
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-1212 Kristensen LJ, Birkebaek NH, Mose AH, Hohwü L, Thastum M. Symptoms of emotional, behavioral, and social difficulties in the danish population of children and adolescents with type 1 diabetes--results of a national survey. PLoS One. 2014 May;9(5). doi: 0.1371/journal.pone.0097543, sendo esse tipo de transtorno mais prevalente em adolescentes com DM11313 Riaz M, Imran N, Fawwad A, Basit A. Frequency of depression among patients with Type-I diabetes in a developing country, Pakistan. Pakistan J Med Sci. 2017;33(6):1318-24. doi: 0.12669/pjms.336.13911
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.

O ajuste psicológico nessa doença está intimamente relacionado à adesão ao tratamento, ao prognóstico da doença e à saúde física e mental dos pacientes e de seus familiares1414 Markowitz JT, Garvey KC, Laffel LMB. Developmental changes in the roles of patients and families in type 1 diabetes management. Curr Diabetes Rev. 2015 Apr;11(4):231-8. doi: PMC4826732
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. Nesse sentido, um pior ajuste emocional no paciente está associado a um pior controle metabólico55 Johnson B, Eiser C, Young V, Brierley S, Heller S. Prevalence of depression among young people with Type 1 diabetes: a systematic review. Diabet Med. 2013 Feb; 30 (2):199-208. doi: 10.1111/j.1464-5491.2012.03721. x.
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,1414 Markowitz JT, Garvey KC, Laffel LMB. Developmental changes in the roles of patients and families in type 1 diabetes management. Curr Diabetes Rev. 2015 Apr;11(4):231-8. doi: PMC4826732
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15 Korczak DJ, Madigan S, Manassis K, Daneman D. The association of cortisol stress responde with early adversity and diabetes control in adolescents with diabetes. J Depress Anxiety. 2016 Jan 5: 217.doi: 10.4200/2167-1044.1000
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-1616 American Academy of Pediatrics Committee on Children with Disabilities and Committee on Psychosocial. Aspects of Child and Family Health: psychosocial risks of chronic health conditions in childhood and adolescence. Pediatrics. [Internet]. 1993 Dec [cited Mar 29,2018]; 92: 876-878. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/92/6/876.full.pdf
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, ocasionando um aumento das complicações médicas e dos obstáculos ao cumprimento do tratamento, o que acaba provocando uma deterioração da qualidade de vida dos pacientes1717 Giménez-Espert MC, Prado-Gascó VJ. The moderator effect of sex on attitude toward communication, emotional intelligence, and empathy in the nursing field. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2017;25: e2969. Available from: doi: doi: 10.1590/1518-8345.2018.2969
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. Assim, a American Academy of Paediatrics (Academia Americana de Pediatria - AAP) sustenta que é necessário abordar tanto as demandas médicas quanto as necessidades psicológicas do paciente pediátrico, melhorando assim sua adaptação à doença crônica1818 Quesada-Conde AB, Romero-López M, Benavides Nieto A, Pichardo Martínez M del C. Desajuste clínico y escolar y síntomas emocionales en niños y adolescentes diabéticos y no diabéticos. Int J Dev Educ Psychol. 2016 Feb;2(1):251-9. doi: 10.17060/ijodaep.2016.n1.v2.215
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-1919 García A, Pérez M, Montoya-Castilla I, Prado-Gascó V. Ansiedad en cuidadoras principales de niños con diabetes mellitus Tipo 1. CvS. Calidad de Vida y Salud. [Internet]. 2014 cited Mar 29,2018]; 7(2):42-53. Available from: http://revistacdvs.uflo.edu.ar/index.php/CdVUFLO/article/view/95/127
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.

O ajuste psicológico é um processo dinâmico e contínuo no qual o estado psicológico do paciente pode mudar conforme mudam as exigências do tratamento, a ameaça à vida, a incapacidade e o prognóstico da doença99 Flores-Carvajal D, Alfonso Urzúa M. Propuesta de evaluación de estrategias de afrontamiento ante la enfermedad crónica en adolescentes. Rev Chil Pediatr. 2016 May-June;87(3):169-74. doi: 10.1016/j.rchipe.2015.08.007
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.

Da mesma forma, segundo a literatura, variáveis ​​sociodemográficas como idade ou sexo parecem influenciar esse ajuste1111 Jacob AA, Deodhar D. Assessment of phsychological well-being and prevalence of depressive symptoms amoung young adults with type-1 diabetes mellitus. J Res Med Sci. 2018;6(1):177-83. doi: 10.18203/2320-6012.ijrms20175716
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,2020 Santos FRM, Bernardo V, Gabbay MA, Dib S, Sigulem, D. The impact of knowledge about diabetes, resilience and depression on glycemic control: a cross-sectional study among adolescents and young adults with type 1 diabetes. Diabetol Metab Syndr. 2013 Sep; 5 (1): 55-60. doi: 10.1186/1758-5996-5-55
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. Nesse sentido, parece observar-se um efeito emocional maior no caso das meninas2020 Santos FRM, Bernardo V, Gabbay MA, Dib S, Sigulem, D. The impact of knowledge about diabetes, resilience and depression on glycemic control: a cross-sectional study among adolescents and young adults with type 1 diabetes. Diabetol Metab Syndr. 2013 Sep; 5 (1): 55-60. doi: 10.1186/1758-5996-5-55
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-2121 Ortuño-Sierra J, Fonseca-Pedrero E, Paíno M., Artio-Solana R. Prevalence of emotional and behavioral symptomatology in Spanish adolescents. Rev Psiquiatr Salud Ment. 2014 Jul-Sep; 7: 121-30. doi: 10.1016/j.rpsmen.2014.06.002
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, no entanto, o efeito da idade sobre esse efeito emocional durante a infância e adolescência parece ser menos claro2222 Cardila F, Martos Á, Barragán AB, Pérez-Fuentes M del C, Molero M del M, Gázquez JJ. Prevalencia de la depresión en España: Análisis de los últimos 15 años. Eur J Investig Heal Psychol Educ. 2015;5(2):267-79. doi: doi: 10.1989/ejihpe.v5i2.118
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-2323 Carballal Mariño M, et al. Prevalencia de trastornos del neurodesarrollo, comportamiento y aprendizaje en Atención Primaria. An Pediatr. 2017 Nov. doi: 10.1016/j.anpedi.2017.10.007
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. Assim, algumas pesquisas2222 Cardila F, Martos Á, Barragán AB, Pérez-Fuentes M del C, Molero M del M, Gázquez JJ. Prevalencia de la depresión en España: Análisis de los últimos 15 años. Eur J Investig Heal Psychol Educ. 2015;5(2):267-79. doi: doi: 10.1989/ejihpe.v5i2.118
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indicam um maior risco nas idades entre 10 e 13 anos, e outros estudos1111 Jacob AA, Deodhar D. Assessment of phsychological well-being and prevalence of depressive symptoms amoung young adults with type-1 diabetes mellitus. J Res Med Sci. 2018;6(1):177-83. doi: 10.18203/2320-6012.ijrms20175716
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,2323 Carballal Mariño M, et al. Prevalencia de trastornos del neurodesarrollo, comportamiento y aprendizaje en Atención Primaria. An Pediatr. 2017 Nov. doi: 10.1016/j.anpedi.2017.10.007
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destacam um aumento do risco com a idade.

Apesar da alta prevalência de DM1 na população pediátrica22 Pérez-Marín M, Gómez-Rico I, Montoya-Castilla I. Type 1 Diabetes Mellitus: Psychosocial factors and adjustment of pediatric patient and his/her family. Arch Argent Pediatr. 2015 Apr; 113(2):158-62. doi: 10.5546/aap.2015.158
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e das suas graves repercussões1919 García A, Pérez M, Montoya-Castilla I, Prado-Gascó V. Ansiedad en cuidadoras principales de niños con diabetes mellitus Tipo 1. CvS. Calidad de Vida y Salud. [Internet]. 2014 cited Mar 29,2018]; 7(2):42-53. Available from: http://revistacdvs.uflo.edu.ar/index.php/CdVUFLO/article/view/95/127
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, os esforços para avaliar a resposta adaptativa de pacientes com diabetes na Espanha concentraram-se em amostras de adultos ou idosos com Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2)66 Castro-Espinoza JM, Gallegos-Cabriales EC, Frederickson K. Análisis evolutivo del concepto de adaptación a la diabetes tipo 2. Aquichán. 2015 Mar; 15(1):52-9. doi: 10.5294/aqui.2015.15.1.6
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, deixando de lado a população pediátrica.

Um outro problema na pesquisa do DM1 na população pediátrica refere-se ao pequeno número de instrumentos disponíveis para medir a resposta adaptativa88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
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. Os instrumentos existentes focaram mais os aspectos relacionados à qualidade de vida ou sintomas emocionais2424 Rasbach L, Jenkins C, Laffel L. An Integrative Review of Self-efficacy. Measurement Instruments in Youth with Type 1 Diabetes. Diabetes Educ. 2015 Feb;41(1):43-58. doi: 10.1177/0145721714550254.
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, ou utilizou-se instrumentos genéricos para todos os tipos de doenças crônicas99 Flores-Carvajal D, Alfonso Urzúa M. Propuesta de evaluación de estrategias de afrontamiento ante la enfermedad crónica en adolescentes. Rev Chil Pediatr. 2016 May-June;87(3):169-74. doi: 10.1016/j.rchipe.2015.08.007
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. Essa situação é ainda mais difícil no contexto espanhol, onde costumam ser utilizados instrumentos concebidos no contexto anglo-saxão2424 Rasbach L, Jenkins C, Laffel L. An Integrative Review of Self-efficacy. Measurement Instruments in Youth with Type 1 Diabetes. Diabetes Educ. 2015 Feb;41(1):43-58. doi: 10.1177/0145721714550254.
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-2525 Silverstein J, Cheng P, Ruedy KJ, Kollman C, Beck RW, Klingensmith GJ, et al. Depressive symptoms in youth with type 1 or type 2 diabetes: Results of the pediatric diabetes consortium screening assessment of depression in diabetes study. Diabetes Care. 2015 Dec;38(12):2341-3. doi:10.2337/dc15-0982
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, os quais, em geral, não deram a devida importância aos aspectos psicológicos da resposta adaptativa ao DM1.

Um dos poucos instrumentos disponíveis específico para o DM1 e traduzido para o espanhol é o Adaptive Response to Disease Questionnaire for Diabetic Patients (Questionário de Resposta Adaptativa à Doença para Pacientes Diabéticos - ARD)88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
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. Esse instrumento permite avaliar a percepção do paciente sobre a gravidade da sua doença, os aspectos que dificultam o cumprimento do tratamento, a extensão em que seu comportamento favorece o cumprimento do tratamento, o desconforto associado à doença e suas repercussões psicológicas88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
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. No entanto, embora esse instrumento pareça ser o mais utilizado nesse contexto, não foi possível observar nenhum estudo que relate suas propriedades psicométricas, ou que analise seu efeito sobre duas das mais comuns afetações emocionais, a ansiedade e a depressão em pacientes. Também não foram observados estudos que analisem o efeito do sexo ou da idade nessas afetações emocionais. Por todas essas razões, este estudo é especialmente relevante devido à escassa literatura sobre resposta adaptativa em pacientes pediátricos com DM1, mas acima de tudo pela necessidade de ferramentas para avaliar o DM1 no contexto espanhol, que possam ser usadas por diferentes profissionais de saúde.

Os objetivos do presente estudo foram estudar as propriedades psicométricas do questionário ARD em pacientes pediátricos com diabetes mellitus tipo I no contexto espanhol, analisar essa resposta na amostra em questão e observar a relação entre a resposta adaptativa e os níveis de ansiedade-depressão. Os resultados obtidos podem ajudar no contexto da saúde a desenvolver e melhorar programas de intervenção que ofereçam cuidados de enfermagem de qualidade e melhorem a saúde dos pacientes e suas famílias.

Método

Os participantes foram 113 pacientes pediátricos com diagnóstico de DM1 alocados nas unidades de endocrinologia pediátrica de três hospitais de referência na Comunidade Valenciana na Espanha. Ao revisar as histórias clínicas dos pacientes entrevistados ou ao se perguntar diretamente à equipe de saúde, 13 pacientes foram excluídos dos 113 iniciais por não atenderem aos seguintes critérios de inclusão: pacientes pediátricos diagnosticados pelo menos 6 meses antes, sem outra doença física ou psicológica prévia que pudesse interferir na sua adaptação ao diabetes.

Esta pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética da Universidade de Valência (H143497959393931) e pelo comitê de bioética dos diferentes hospitais participantes. Todos os participantes e seus tutores deram seu consentimento para participar e foram previamente informados detalhadamente sobre os objetivos e procedimentos do estudo, bem como sobre a confidencialidade das informações fornecidas.

As informações foram coletadas por meio de entrevista utilizando um instrumento composto por um registro ad hoc e dois instrumentos padronizados pelo mesmo profissional em todos os casos. As variáveis analisadas e os instrumentos utilizados foram:

Registros ad hoc: Foram coletadas informações sobre a idade e o sexo do paciente, se havia diagnóstico secundário adjacente, tempo de diagnóstico e tempo de tratamento, bem como o número de internações relacionadas à doença.

Resposta adaptativa à doença em pacientes diabéticos: Foi avaliada utilizando o questionário ARD em Pacientes Diabéticos88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/...
. Esse instrumento, composto por 32 itens, foi desenvolvido e aplicado à população adulta cubana para atender à necessidade de avaliar os fatores que influenciam a resposta psicológica e social à doença em pacientes diabéticos, levando em consideração aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais. Esse questionário é fácil e rápido de usar e fornece uma avaliação ajustada da resposta adaptativa do paciente diabético. Essa facilidade permite que os profissionais de saúde que estejam mais em contato com o paciente e seus familiares, como o serviço de enfermagem, o utilizem. No entanto, até a presente data, ele não foi adaptado ou validado no contexto espanhol, nem no contexto pediátrico. Ele consiste das seguintes subescalas:

  • Avaliação da gravidade da doença (itens 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 9), que se refere ao grau conferido pelo paciente à doença em termos de prejudicabilidade à sua qualidade e duração de vida e como potencialmente perigosa em termos de suas consequências.

  • Obstáculos ao cumprimento do tratamento da doença (itens 6, 10, 12, 13 e 31), ou aspectos do tratamento que o paciente considera negativos ou de difícil cumprimento.

  • Comportamento de saúde (itens 8, 11, 24, 25 e 26), que avalia o grau em que o comportamento do sujeito é favorável ao cumprimento do tratamento.

  • Desconforto associado à doença (itens 16, 27 e 28), ou frequência de surgimento e intensidade dos sintomas físicos do DM1.

  • Repercussões psicológicas (itens 14, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 29 e 30), grau em que a autoestima do paciente é afetada por sentimentos de inutilidade e vergonha relacionados à doença.

O instrumento original é composto por 32 itens distribuídos em cinco dimensões. No entanto, com base no julgamento de especialistas, determinou-se que um deles, o item 25, não se adequava à realidade do contexto espanhol. Esse item foi removido do instrumento, obtendo-se assim, a versão de 31 itens usada neste estudo. As alternativas de resposta são diferentes para cada item e os valores atribuídos variam de 0 a 6, dependendo do item. O escore final do questionário é calculado a partir da soma dos escores obtidos em cada um dos itens e varia de 0 a 76 na escala original e de 0 a 75 nesta versão. Escores mais baixos referem-se a uma maior gravidade da doença, pior comportamento de saúde, vários problemas associados à doença e maior impacto psicológico em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. Segundo os autores, um escore acima de 64,6 pontos é considerado uma boa resposta adaptativa na versão original. Devido à eliminação de um dos itens, o ponto de corte neste estudo é 63,5. Os autores originais não relataram as propriedades psicométricas do instrumento.

Sintomatologia emocional em pacientes com diagnóstico médico: Foi avaliada por meio da escala Hospital Anxiety and Depression Scale (daqui em diante, HADS)2626 Zigmond AS, Snaith RP. The Hospital Anxiety and Depression Scale. Acta Psychiat Scand. 1983 Jun; 67:361-370. doi: 10.1111/j.1600-0447. 1983.tb09716.x
https://doi.org/10.1111/j.1600-0447...
. Essa escala é uma triagem de 14 itens, com formato de resposta do tipo Likert de 0 a 3, sendo 0, o escore mínimo e 3, o máximo. Ela serve para detectar os sintomas de ansiedade (itens ímpares) e de depressão (até itens numerados) da semana anterior. A soma das duas escalas pode gerar o escore geral de sofrimento emocional. Em geral, escores mais altos indicam maior envolvimento emocional, maiores níveis de ansiedade e de depressão. Esse instrumento mostrou propriedades psicométricas adequadas no contexto espanhol em estudos anteriores2727 Ibáñez E, Caro I. La escala Hospitalaria de ansiedad y depresión. Su utilidad práctica en Psicología de la Salud. Boletín de Psicología. 1992; 36:43- 69., com valores de confiabilidade entre 0,68 e 0,93 (Mα = 0,83) para a dimensão ansiedade e entre 0,67 e 0,90 (Mα = 0,82) para depressão. Também foram encontradas boas propriedades em crianças e adolescentes, embora um pouco mais baixas na dimensão depressão2828 Chan YF, Leung DYP, Fong DYT, Shing LK. Psychometric evaluation of the Hospital Anxiety and Depression Scale in a large community sample of adolescents in Hong Kong. Qual Life Res. 2010 Aug;19 (6): 865-873. doi: 10.1007/s11136-010-9645-1
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-2929 Mihalca AM, Pilecka W. The factorial structure and validity of the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) in Polish adolescents. Psychiatr Pol. 2015; 49(5): 1071-88. doi: 10.12740/PP/38139.
https://doi.org/10.12740/PP/38139...
. No presente estudo, os valores de alfa da escala variaram de 0,58 a 0,77.

Para a análise dos dados do questionário ARD, foram elaboradas escalas para o instrumento de adaptação à doença, calculando os percentis para a população total e segundo sexo e idade. As relações entre adaptação à doença e sofrimento emocional foram, então, analisadas usando correlações de Pearson e regressões lineares múltiplas hierárquicas. Por fim, para analisar o efeito das variáveis ​​sociodemográficas, foram calculadas as diferenças médias utilizando-se o teste estatístico t de Student para amostras independentes e o tamanho do efeito d de Cohen , correlações de Pearson e regressões lineares múltiplas hierárquicas em função do sexo e de dois grupos etários (pré-adolescentes: 9-12 anos; adolescentes: 12-16 anos). Tudo isso foi analisado utilizando-se o programa SPSS versão 24.0.

Resultados

Com base nas características dos participantes do estudo, 59% eram crianças de 9 a 16 anos (M = 12,28, DP = 1,78), sendo 53% pré-adolescentes (9-12 anos) e 47% adolescentes (12-16 anos). Todos os participantes foram diagnosticados com DM1 pelo menos 6 meses antes do estudo, sendo que o tempo a partir do diagnóstico variou de 6 a 95 meses (M = 71,38; DP = 104,66). Da mesma forma, 15,9% apresentavam outro diagnóstico médico, dentre os quais: alergia, doença celíaca, hipotireoidismo, enxaqueca ou cefaleia, artrite idiopática juvenil, retinose pigmentar e nefropatia esquerda de refluxo. Por outro lado, o tempo de tratamento variou de 0 a 959 meses (Faixa 0-959), sendo o tempo médio de 70,70 meses (DP = 104,97), 5 anos. Em relação ao número de internações hospitalares relacionadas ao diabetes, os participantes do estudo realizaram entre 0 e 40 internações (faixa 0-40), com média de 2,18 (DP = 5,10).

Por outro lado, em relação ao sofrimento emocional (ansiedade e depressão), as médias obtidas em desconforto emocional foram baixas (M = 6,79, DP = 4,84), assim como em suas subescalas, ansiedade (M = 5,22, DP = 3,46) e depressão (M = 1,57, DP = 1,91). No entanto, com base nos critérios interpretativos da HADS, parece que 23% dos pacientes pediátricos apresentaram sintomatologia de ansiedade, com 8% deles apresentando um problema clínico de ansiedade. Cerca de 1% dos pacientes apresentou problema clínico de depressão e 2% apresentaram problema de estresse emocional.

Em seguida, antes do estudo da resposta adaptativa dos participantes à doença, foi necessário analisar as propriedades psicométricas do questionário ARD. Após várias análises fatoriais exploratórias (AFE) utilizando o método de componentes principais, a melhor solução correspondeu a um único fator, responsável por 24,26% da variância. Quanto às análises de confiabilidade, seguindo as cinco dimensões originais propostas pelos autores, os resultados mostraram baixa confiabilidade (α<0,70) e, portanto, seguindo os resultados obtidos nas AFE, a confiabilidade foi analisada em uma única dimensão global, à qual denominamos adaptação geral ao DM1, obtendo um coeficiente aceitável (α = 0,77). Analisados os elementos, as análises sugeriram que nenhum item precisava ser removido para que a escala melhorasse seu índice de confiabilidade.

Uma vez analisadas as propriedades psicométricas do questionário ARD, analisou-se a adaptação dos pacientes pediátricos à doença. Levando em consideração o ponto de corte proposto, a resposta adaptativa dada pelos pacientes foi codificada, sendo que escores acima de 64,6 indicavam uma resposta adaptativa. Nesse sentido, observou-se que 24,5% dos pacientes apresentaram má adaptação à doença segundo o ponto de corte estabelecido. A Tabela 1 mostra os escores médios obtidos em cada uma das subescalas do questionário ARD.

Tabela 1
Estatística descritiva dos fatores do questionário ARD* em pacientes pediátricos com DM1 Valência, Espanha, 2016-2017

Posteriormente, a fim de facilitar a interpretação dos dados pelos profissionais de saúde, foram desenvolvidas escalas para adaptação à doença, segundo sexo e idade, conforme indicado na Tabela 2.

Tabela 2
Escalas da resposta adaptativa à doença segundo idade e sexo em pacientes pediátricos com DM1*. Valência, Espanha, 2016-2017

Após analisar a resposta dos pacientes pediátricos à doença, e conforme indicado nos objetivos do estudo, foram estudadas as relações entre a adaptação do paciente à doença e o sofrimento emocional (ansiedade e depressão), medidas pela escala HADS. Para isso, foram realizadas pela primeira vez, análises de correlação de Pearson (Tabela 3) e três regressões hierárquicas múltiplas.

Tabela 3
Correlações do ARD* com HADS em pacientes pediátricos com DM1, Valência, Espanha, 2016-2017.

Em termos das correlações de Pearson, parece que a adaptação à doença foi associada à ansiedade, depressão e sofrimento emocional de forma negativa, significativa (p≤0,01) e moderada ou alta.

Em seguida, foram realizadas três análises de regressão múltipla hierárquica usando a idade e a adaptação geral do ARD como variáveis ​​preditoras, e os domínios de ansiedade, depressão e sofrimento emocional (HADS) como variáveis ​​de critério. Em todos os casos, no primeiro passo incluiu-se a idade e, no segundo, o escore total do ARD. Os principais resultados dos modelos finais foram:

  • a) Para predição de ansiedade, a inclusão da idade não melhorou o modelo (ΔR2=0,00, p=0,92). Com a inclusão do escore total do ARD, o modelo melhorou significativamente em 20% (ΔR2=0,20, p≤0,001). Especificamente, após a etapa final, apenas o escore total do ARD (β= -0,45, p ≤ 0,001) em uma direção negativa foi capaz de prever a ansiedade.

  • b) Em relação à depressão, a inclusão da idade não aumentou significativamente a variância da depressão em 1% (ΔR2=0,01, p=0,34). Com a adição do escore total do ARD, o modelo melhorou significativamente em 40% (ΔR2=0,40, p≤0,001). Especificamente, após a etapa final, apenas o escore total do ARD (β=-0,63, p≤0,001), em uma direção negativa foi capaz de prever a depressão.

  • c) Em termos de sofrimento emocional, a inclusão da idade não melhorou significativamente a sua previsibilidade (ΔR2=0,01, p=0,65). Com a inclusão do escore total do ARD, o modelo melhorou significativamente em 33% (ΔR2=0,33, p≤0,001). Apenas o escore total do ARD em uma direção negativa ARD (β=-0,57, p≤ 0,001) foi capaz de prever sofrimento emocional.

Após analisar o impacto da adaptação à doença no sofrimento emocional, analisou-se o impacto da idade e do sexo nessas relações. Para isso, foram analisadas primeiramente as diferenças nos níveis de adaptação à doença segundo sexo e faixa etária. Em seguida, foram analisadas as correlações de Pearson por idade e sexo, e por último, foram realizadas regressões múltiplas hierárquicas considerando idade, sexo e a pontuação geral do SAR:

Com base nos resultados obtidos, parece que não houve diferenças na adaptação à doença em relação ao sexo (t96= 1,38; p=0,17, MMeninos=58,35, DPMeninos=8,43, MMeninas=55,83, DPMeninas=9,56, d=0,30), ou à idade (t96=0,83; p=0,41, Mpré-adolescência=58,02, DPpré-adolescência =9,75, Madolescência=56,51, DPadolescência==8,04, d=0,17). Da mesma maneira, em meninos e meninas há uma correlação estatisticamente significativa (p <0,01) e negativa entre as dimensões ansiedade, depressão e sofrimento emocional e a adaptação à doença, com maiores coeficientes de correlação no caso dos meninos, exceto para ansiedade. Para o grupo de meninos as maiores correlações foram observadas na dimensão depressão (r=-0,78, p≤0,001), seguidas por sofrimento emocional (r=-0,68, p≤0,001) e ansiedade (r=-0,44, p=0,01). Correlações semelhantes entre as três dimensões da HADS e a adaptação geral do paciente foram observadas para as meninas: sofrimento emocional (r=-0,66, p<0,001), ansiedade (r=-0,63, p<0,001) e depressão (r=-0,62) , p<0,001) (Tabela 3). Finalmente, no que diz respeito aos modelos de regressão linear múltipla hierárquica, na primeira etapa, o sexo foi incluído, na segunda etapa, a variável idade, e na terceira etapa, o escore total do ARD. Na primeira etapa, a variável sexo predisse não significativamente 2% da variância da ansiedade (F=1,07, p=0,30), 2% de depressão (F=1,74, p=0,19) e 2% de sofrimento emocional (F=1,62, p=0,27). A inclusão no segundo passo da idade como variável preditora não melhorou significativamente a explicação do modelo, pois o aumento em R2adj variou de 0,02 a 0,03 (p≥0,05) em todas as dimensões da HADS. No entanto, nessa etapa, observou-se que, na dimensão da depressão (β=-0,19; p≤ ,05) e em sofrimento emocional (β=-0,18; p≤0,05), a idade apresentou coeficiente beta estatisticamente significativo negativo. Finalmente, na terceira etapa, a inclusão da adaptação à doença como variável preditora melhorou significativamente a explicação do modelo em 29% (F=10,65, β=-0,55, p≤0,001) para ansiedade; 47% (F=24,97, β=-0,70, p<0,001) para depressão; e 44% (F=21,19, β=-0,67, p<0,001) para sofrimento emocional. Portanto, em todas as dimensões da HADS, o único preditor de sofrimento emocional é o escore total do ARD, que se refere ao nível de adaptação geral do paciente diabético, e que prediz esse sofrimento em um sentido negativo (Figura 1).

Figura 1
Modelo de relacionamento, Valência, Espanha, 2016-2017

Discussão

Levando em consideração os objetivos deste trabalho, de estudar as propriedades psicométricas do Questionário de Resposta Adaptativa à Doença em Pacientes com DM1 (ARD) no contexto espanhol, analisar a resposta adaptativa de pacientes pediátricos com diabetes mellitus tipo 1 e observar a relação entre essa resposta adaptativa e os níveis de ansiedade e depressão e, finalmente, analisar o papel do sexo na relação entre a resposta adaptativa e o sofrimento emocional no DM1: em resposta ao objetivo de analisar a resposta adaptativa ao diabetes, ao analisar a confiabilidade do instrumento, o instrumento apresentou índices de consistência interna adequados. No que diz respeito às propriedades psicométricas do instrumento, com base nos resultados obtidos, o instrumento composto por 31 itens agrupados em uma única dimensão parece confiável e válido, mas é importante apontar que o instrumento proposto pelos autores originais88 Portilla L, Seuc AS. Construcción y validación de un cuestionario para evaluar la respuesta adaptativa a la enfermedad en pacientes diabéticos. Rev Cubana Psicol. [Internet]. 1995[cited Mar 29, 2018]; 12(3):193-201. Available from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rcp/v12n3/08.pdf
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não foi validado no contexto espanhol até agora, o que torna o estudo muito interessante.

Por outro lado, no que se refere ao envolvimento emocional de pacientes com DM1, observa-se que 24,5% apresentaram dificuldades de adaptação à doença, o que pode causar baixa adesão ao tratamento e problemas emocionais relacionados ao ajuste à doença1010 Bilbao-Cercós A, Beniel-Navarro D, Pérez-Marín M, Montoya-Castilla I, Alcón-Sáez JJ, Prado-Gascó VJ. El autoconcepto y la adaptación a la enfermedad en pacientes diabéticos pediátricos. Clín Salud. 2014; 25(1):57-65. doi: 10.5093/cl2014a5
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-1111 Jacob AA, Deodhar D. Assessment of phsychological well-being and prevalence of depressive symptoms amoung young adults with type-1 diabetes mellitus. J Res Med Sci. 2018;6(1):177-83. doi: 10.18203/2320-6012.ijrms20175716
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). Esses resultados estão em consonância com estudos que indicam que piores índices de ajuste causam aumento das complicações médicas e barreiras à adesão ao tratamento55 Johnson B, Eiser C, Young V, Brierley S, Heller S. Prevalence of depression among young people with Type 1 diabetes: a systematic review. Diabet Med. 2013 Feb; 30 (2):199-208. doi: 10.1111/j.1464-5491.2012.03721. x.
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,1414 Markowitz JT, Garvey KC, Laffel LMB. Developmental changes in the roles of patients and families in type 1 diabetes management. Curr Diabetes Rev. 2015 Apr;11(4):231-8. doi: PMC4826732
https://doi.org/PMC4826732...

15 Korczak DJ, Madigan S, Manassis K, Daneman D. The association of cortisol stress responde with early adversity and diabetes control in adolescents with diabetes. J Depress Anxiety. 2016 Jan 5: 217.doi: 10.4200/2167-1044.1000
https://doi.org/10.4200/2167-1044.1000...
-1616 American Academy of Pediatrics Committee on Children with Disabilities and Committee on Psychosocial. Aspects of Child and Family Health: psychosocial risks of chronic health conditions in childhood and adolescence. Pediatrics. [Internet]. 1993 Dec [cited Mar 29,2018]; 92: 876-878. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/92/6/876.full.pdf
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, o que acaba levando a um declínio na qualidade dos pacientes1717 Giménez-Espert MC, Prado-Gascó VJ. The moderator effect of sex on attitude toward communication, emotional intelligence, and empathy in the nursing field. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2017;25: e2969. Available from: doi: doi: 10.1590/1518-8345.2018.2969
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.

Dado o dinamismo e a complexidade da resposta adaptativa do paciente com DM1 ao longo do processo de evolução da doença99 Flores-Carvajal D, Alfonso Urzúa M. Propuesta de evaluación de estrategias de afrontamiento ante la enfermedad crónica en adolescentes. Rev Chil Pediatr. 2016 May-June;87(3):169-74. doi: 10.1016/j.rchipe.2015.08.007
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, para facilitar e melhorar o trabalho dos profissionais de saúde, foram elaboradas escalas em função do sexo e de dois grupos etários (pré-adolescência e adolescência), o que ajudará a interpretar os escores obtidos melhorando a adesão ao tratamento e a saúde dos pacientes e suas famílias.

O próximo passo foi analisar a relação entre a resposta adaptativa à doença e o sofrimento emocional. Conforme esperado, e de acordo com a literatura existente1111 Jacob AA, Deodhar D. Assessment of phsychological well-being and prevalence of depressive symptoms amoung young adults with type-1 diabetes mellitus. J Res Med Sci. 2018;6(1):177-83. doi: 10.18203/2320-6012.ijrms20175716
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12 Kristensen LJ, Birkebaek NH, Mose AH, Hohwü L, Thastum M. Symptoms of emotional, behavioral, and social difficulties in the danish population of children and adolescents with type 1 diabetes--results of a national survey. PLoS One. 2014 May;9(5). doi: 0.1371/journal.pone.0097543
-1313 Riaz M, Imran N, Fawwad A, Basit A. Frequency of depression among patients with Type-I diabetes in a developing country, Pakistan. Pakistan J Med Sci. 2017;33(6):1318-24. doi: 0.12669/pjms.336.13911
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, parece que a adaptação à doença está negativamente e significativamente relacionada ao sofrimento emocional do paciente, ou seja, a adaptação ao diabetes tem influência inversa na sintomatologia de ansiedade e depressão do paciente, especialmente no caso de depressão, no qual a adaptação à doença tem maior poder preditivo. Nesse sentido, uma melhor adaptação ao diabetes teria menos sintomas emocionais, o que é positivo, uma vez que a presença de ansiedade ou depressão nessas idades é um fator de risco para o adequado controle metabólico da doença1616 American Academy of Pediatrics Committee on Children with Disabilities and Committee on Psychosocial. Aspects of Child and Family Health: psychosocial risks of chronic health conditions in childhood and adolescence. Pediatrics. [Internet]. 1993 Dec [cited Mar 29,2018]; 92: 876-878. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/92/6/876.full.pdf
http://pediatrics.aappublications.org/co...
, aumentando a probabilidade de complicações médicas e a necessidade de maior cuidado pelos profissionais de saúde55 Johnson B, Eiser C, Young V, Brierley S, Heller S. Prevalence of depression among young people with Type 1 diabetes: a systematic review. Diabet Med. 2013 Feb; 30 (2):199-208. doi: 10.1111/j.1464-5491.2012.03721. x.
https://doi.org/10.1111/j.1464-5491.2012...
,1414 Markowitz JT, Garvey KC, Laffel LMB. Developmental changes in the roles of patients and families in type 1 diabetes management. Curr Diabetes Rev. 2015 Apr;11(4):231-8. doi: PMC4826732
https://doi.org/PMC4826732...
-1515 Korczak DJ, Madigan S, Manassis K, Daneman D. The association of cortisol stress responde with early adversity and diabetes control in adolescents with diabetes. J Depress Anxiety. 2016 Jan 5: 217.doi: 10.4200/2167-1044.1000
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. Isso, por sua vez, terá um impacto negativo na saúde física e mental e na qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.

Finalmente, no que diz respeito à influência do sexo e da idade em resposta ao conjunto de objetivos, parece não haver diferenças na adaptação à doença ou no sofrimento emocional em função do sexo ou da idade, algo que parece estar parcialmente alinhado com estudos anteriores2020 Santos FRM, Bernardo V, Gabbay MA, Dib S, Sigulem, D. The impact of knowledge about diabetes, resilience and depression on glycemic control: a cross-sectional study among adolescents and young adults with type 1 diabetes. Diabetol Metab Syndr. 2013 Sep; 5 (1): 55-60. doi: 10.1186/1758-5996-5-55
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-2121 Ortuño-Sierra J, Fonseca-Pedrero E, Paíno M., Artio-Solana R. Prevalence of emotional and behavioral symptomatology in Spanish adolescents. Rev Psiquiatr Salud Ment. 2014 Jul-Sep; 7: 121-30. doi: 10.1016/j.rpsmen.2014.06.002
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. As meninas deste estudo não são as que apresentam o pior ajuste psicológico, entretanto, não há diferenças no ajuste em função da idade, como indicado em pesquisas anteriores2222 Cardila F, Martos Á, Barragán AB, Pérez-Fuentes M del C, Molero M del M, Gázquez JJ. Prevalencia de la depresión en España: Análisis de los últimos 15 años. Eur J Investig Heal Psychol Educ. 2015;5(2):267-79. doi: doi: 10.1989/ejihpe.v5i2.118
https://doi.org/doi:...
-2323 Carballal Mariño M, et al. Prevalencia de trastornos del neurodesarrollo, comportamiento y aprendizaje en Atención Primaria. An Pediatr. 2017 Nov. doi: 10.1016/j.anpedi.2017.10.007
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. Tanto meninos quanto meninas apresentaram correlações altas e positivas entre as variáveis ​​observadas, sendo mais elevadas no caso dos meninos. Finalmente, nem o sexo nem a idade foram preditores adequados de sofrimento emocional, algo que parece congruente com estudos prévios2121 Ortuño-Sierra J, Fonseca-Pedrero E, Paíno M., Artio-Solana R. Prevalence of emotional and behavioral symptomatology in Spanish adolescents. Rev Psiquiatr Salud Ment. 2014 Jul-Sep; 7: 121-30. doi: 10.1016/j.rpsmen.2014.06.002
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22 Cardila F, Martos Á, Barragán AB, Pérez-Fuentes M del C, Molero M del M, Gázquez JJ. Prevalencia de la depresión en España: Análisis de los últimos 15 años. Eur J Investig Heal Psychol Educ. 2015;5(2):267-79. doi: doi: 10.1989/ejihpe.v5i2.118
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-2323 Carballal Mariño M, et al. Prevalencia de trastornos del neurodesarrollo, comportamiento y aprendizaje en Atención Primaria. An Pediatr. 2017 Nov. doi: 10.1016/j.anpedi.2017.10.007
https://doi.org/10.1016/j.anpedi.2017.10...
.

Os resultados obtidos servirão para preencher uma lacuna na literatura sobre a falta de instrumentos validados em pediatria no contexto espanhol. Sendo assim, este instrumento permitirá uma avaliação rápida e fácil da resposta adaptativa do paciente com DM1.

Pontos fortes e limitações

O ponto mais forte deste estudo reside no fato de que um instrumento confiável e válido para o DM1 foi obtido no contexto espanhol, e também foi relacionado ao ajuste psicológico (presença psicopatológica), levando em conta variáveis ​​como sexo e idade. No entanto, o estudo não é isento de limitações, dentre elas o tamanho da amostra e o procedimento para obtenção da amostra, que não são probabilísticos, dificultando a geração dos dados. No entanto, esse tamanho é semelhante ou até maior do que aqueles encontrados em outros estudos com esse tipo de população, provavelmente devido ao difícil acesso a esse tipo de população. Pesquisas futuras devem se aprofundar, expandindo a amostra e observando outros contextos. Outras limitações residem no uso de dados apenas de questionários. Em pesquisas futuras, seria interessante estudar indicadores médicos objetivos (Hba1c, níveis de cortisol, etc.) e sua relação com a adaptação do paciente. Apesar de tudo isso, o estudo aqui apresentado é particularmente útil dada a falta de instrumentos adaptados e validados no contexto espanhol para avaliar a adaptação ao DM1 em pediatria, demonstrando a relação entre a adaptação ao DM1 e o sofrimento emocional em pacientes pediátricos e oferecendo algumas escalas que facilitam a interpretação dos resultados obtidos.

Conclusões

Os resultados desta pesquisa permitem um melhor entendimento do estado atual da pesquisa do DM1 em pacientes pediátricos.

Uma resposta adaptativa adequada ao diabetes mellitus tipo 1 em pediatria está negativamente relacionada à presença de psicopatologia (ansiedade e depressão), sendo que variáveis sociodemográficas não influenciam na resposta apresentada pelos pacientes pediátricos. Graças a este estudo, profissionais de enfermagem e outras áreas afins têm um instrumento confiável e válido para analisar a resposta adaptativa ao DM1 em pediatria.

A atenção a esses aspectos é importante porque permitirá que os diferentes profissionais de saúde, especialmente o serviço de enfermagem, avaliem a adaptação emocional ao diabetes e avaliem a adaptação à doença em pediatria, com o objetivo final de melhorar a qualidade de vida dos envolvidos.

Tais informações são importantes para o desenvolvimento futuro da pesquisa em enfermagem, tanto para leitores quanto para profissionais, sugerindo lacunas na literatura que poderiam, por sua vez, orientar as tendências atuais e as direções futuras da pesquisa.

As organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde e a Associação Americana de Psiquiatria sugerem a necessidade de focar o ajuste à doença crônica em pediatria não apenas do ponto de vista médico, mas também de forma multidimensional, o que reflete a necessidade de construir instrumentos válidos para esse tipo de população. Portanto, este estudo é relevante porque foi capaz de validar um questionário de adaptação à doença, validação esta que não havia sido realizada até o momento no contexto espanhol. Dessa forma, obteve-se uma ferramenta útil de diagnóstico, de fácil interpretação a partir de escalas, mostrando que uma pequena resposta adaptativa estaria relacionada a uma maior presença de sintomatologia emocional, sendo que a resposta adaptativa é semelhante em pacientes com DM1 independentemente do sexo ou idade do paciente. Portanto, no futuro, será necessário estabelecer áreas de pesquisa ou melhoria, planos de intervenção e programas de treinamento que melhorem a adaptação dos pacientes ao DM1 e forneçam cuidados de enfermagem de alta qualidade.

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    Apoio financeiro da Asociación Española de Psicología Clínica y Psicopatología, Federación Española de Asociaciones de Terapia Familiar, Instituto de Investigación La Fe, Hospital Universitario y Politécnico La Fe e Universitat de València (VLC-BIOMED), bolsa de iniciação à pesquisa da Universitat de València e contrato de pesquisa pré-doutorado da Generalitat Valenciana (ACIF17) e Fondo Social Europeo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2018

Histórico

  • Recebido
    16 Abr 2018
  • Aceito
    05 Set 2018
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