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Complicações de cateter venoso central em pacientes transplantados com células-tronco hematopoiéticas em um serviço especializado

Resumo

Objetivo:

identificar o modelo, tempo médio de permanência e complicações de cateter venoso central em pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas e verificar a relação de correspondência entre as variáveis: idade, sexo, diagnóstico médico, tipo de transplante, cateter implantado e local de inserção.

Método:

retrospectivo, quantitativo, com amostra de prontuários de 188 pacientes transplantados, entre 2007 e 2011.

Resultados:

a maioria dos pacientes utilizou o cateter de Hickman com permanência média de 47,6 dias. A complicação febre/bacteremia foi significante em jovens do sexo masculino, com linfoma não Hodgkin, submetidos ao transplante autólogo, que permaneceram com o dispositivo por longo período, em veia subclávia.

Conclusão:

os enfermeiros devem planejar com a equipe o aguardo do tempo mínimo preconizado entre o implante do cateter e início do regime de condicionamento, assim como não estender o período de permanência e realizar educação permanente, enfocando a prevenção das complicações.

Descritores:
Cateteres Venosos Centrais/Efeitos Adversos; Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas; Transplante de Medula Óssea

Abstract

Objective:

to identify the model, average length of stay on site and complications of central venous catheter in patients undergoing transplant of hematopoietic stem cells and verify the corresponding relationship between the variables: age, gender, medical diagnosis, type of transplant, implanted catheter and insertion site.

Method:

a retrospective and quantitative study with a sample of 188 patients transplanted records between 2007 and 2011.

Results:

the majority of patients used Hickman catheter with an average length of stay on site of 47.6 days. The complication fever/bacteremia was significant in young males with non-Hodgkin's lymphoma undergoing autologous transplant, which remained with the device for a long period in the subclavian vein.

Conclusion:

nurses should plan with their team the minimum waiting time, recommended between the catheter insertion and start of the conditioning regimen, as well as not to extend the length of time that catheter should be on site and undertake their continuing education, focusing on the prevention of complications.

Descriptors:
Central Venous Catheters/Adverse Effects; Hematopoietic Stem Cell Transplantation; Bone Marrow Transplantation

Resumen

Objetivo:

identificar el modelo, el tiempo medio de permanencia y las complicaciones del catéter venoso central en pacientes sometidos a trasplante de células madre hematopoyéticas y estimar la relación de correspondencia entre las variables: edad, sexo, diagnóstico médico, tipo de trasplante, catéter implantado y sitio de inserción.

Método:

estudio retrospectivo y cuantitativo con una muestra de registros de 188 pacientes trasplantados entre 2007 y 2011.

Resultados:

la mayoría de los pacientes utilizó el catéter Hickman con una permanencia media de 47,6 días. La complicación fiebre/bacteriemia fue significativa en los varones jóvenes con linfoma no Hodgkin sometidos a trasplante autólogo, que permanecieron con el dispositivo durante un largo período en la vena subclavia.

Conclusión:

los enfermeros deben planificar con el equipo, el tiempo de espera mínimo recomendado entre la inserción del catéter y el inicio del tratamiento de condicionamiento, así como no extender el período de permanencia del catéter y realizar su formación continua, centrándose en la prevención de complicaciones.

Descriptores:
Catéteres Venosos Centrales/Efectos Adversos; Trasplante de Células Tronco Hematopoyéticas; Trasplante de Medula Ósea

Introdução

O Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) é uma terapia utilizada no tratamento de duas condições, uma constituída por doenças não malignas, que resultam na falha da função da medula ou células derivadas de medula óssea, quando o emprego do transplante é para substituir um tecido deficiente, e na outra condição, mais prevalente, utilizado em doenças neoplásicas, particularmente as malignas11. Wingard JR, Hsu J, Hiemenz JW. Hematopoietic Stem cell transplantation: an overview of infection risks and epidemiology. Infect Dis North Am. 2010;24(2):257-72.-22. Devine H, Demeyer E. Hematopoietic cell transplantation in treatment of leucemia. Simin Oncol Nurs. 2003;19(2):118-32.. O termo TCTH é empregado em substituição ao Transplante de Medula Óssea (TMO), pois descreve a forma atual do procedimento, que envolve Células-Tronco Hematopoiéticas (CTH) diretamente aspiradas da medula, células-tronco periféricas, mobilizadas do compartimento medular para o sangue periférico, ou, ainda, do sangue de cordão umbilical33. Dykewickz CA. Hospital infection control in hematopoietic stem cell transplant recipients. Emerg Infect Dis. 2001;7(2):263-7.-44. Saria MG, Gosselin-Acomb TK. Hematopoietic stem cell transplantation: implications for critical care nurses. Clin J Oncol Nurs. 2007;11(1):53-63..

Existem dois tipos principais de transplante: autólogo, quando o paciente é seu próprio doador e alogênico, quando alguém é compatível como doador, podendo ser um membro da família, um voluntário, ou células do sangue do cordão umbilical armazenado. Raramente, os indivíduos podem ter um gêmeo idêntico, permitindo o transplante singênico. Para todos os tipos de TCTH, um Cateter Venoso Central (CVC) tunelizado geralmente é colocado para a administração de quimioterapia, infusão de células-tronco, medicamentos intravenosos, suplementos de eletrólitos, suporte nutricional e produtos sanguíneos11. Wingard JR, Hsu J, Hiemenz JW. Hematopoietic Stem cell transplantation: an overview of infection risks and epidemiology. Infect Dis North Am. 2010;24(2):257-72..

Alguns procedimentos são essenciais após a inserção do CVC, pois, caso ocorra perda da permeabilidade das vias e não seja rapidamente tratada, resultará na perda permanente do acesso e no aumento da morbidade por novas cateterizações, elevando, assim, o risco de infecção por formação de rede de fibrina e aderência de bactérias e fungos, agravados pelo número de manipulações do cateter, quantidade de lúmens, tipo de roupa e a idade do paciente55. Bochi KCG, Kalinke LP, Camargo JFC. Assistência de enfermagem em transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico: cuidados baseados em evidências. Prat Hosp. 2007;9(49):31-7..

A granulocitopenia secundária à quimioterapia de condicionamento determina o risco das infecções relacionadas ao cateter, que pode servir de entrada na circulação sanguínea, levando às bacteremias, fungemias e, consequentemente, ao choque séptico e morte. Os riscos de infecção e o espectro de síndromes infecciosas diferem por modalidade de transplante, regime de condicionamento, tipo de enxerto de células-tronco e terapias utilizadas após o procedimento11. Wingard JR, Hsu J, Hiemenz JW. Hematopoietic Stem cell transplantation: an overview of infection risks and epidemiology. Infect Dis North Am. 2010;24(2):257-72.,66. Silveira RCCP, Galvão CM. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman: a busca de evidências. Acta Paul Enferm. 2005;18(3):276-84..

Em unidades de TCTH existem situações que culminam na retirada precoce do cateter, implicando no reprocesso que, além de aumentar a chance de complicações, reflete diretamente sobre o custo e curso do tratamento e ainda são causadores de grande aflição ao paciente e seus familiares e/ou cuidadores, portanto, é importante pesquisar as causas da retirada do acesso venoso central em paciente durante o processo de TCTH e quais fatores interferem nessas causas, para que a equipe desenvolva assistência mais segura.

Diante do exposto, neste estudo os objetivos foram identificar o modelo, tempo médio de permanência e complicações do CVC em pacientes submetidos ao TCTH de um serviço especializado, e verificar a relação de correspondência entre as variáveis: idade, sexo, diagnóstico médico, transplante realizado, cateter implantado e local de inserção.

Método

Estudo exploratório, retrospectivo, com abordagem quantitativa, realizado na Unidade de Transplante de Medula Óssea de um hospital geral, de ensino, do interior paulista, com uma amostra de 188 pacientes, de uma população de 221 transplantados, por meio do prontuário e 249 fichas de controle de CVC, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011.

Os critérios de inclusão foram: prontuários de pacientes que realizaram TCTH e fichas de controle de cateter que estivessem integralmente preenchidas, utilizadas pelo serviço de enfermagem e que continham a identificação do paciente, diagnóstico médico, tipo de transplante, modelo de cateter, data da implantação, histórico de manipulações, assim como a data, motivo e o profissional responsável pela retirada do mesmo. Para caracterização dos sujeitos foram utilizadas variáveis: sexo, idade, diagnóstico médico, tipo de transplante, modelo, local de inserção e tempo de permanência com o cateter.

O teste estatístico utilizado foi a análise de correspondência, uma técnica multivariada em que as categorias semelhantes estão mais próximas umas das outras e apresentam relações que não seriam detectadas em comparações entre variáveis nominais77. Hair JF, Rolph EA, Ronald LT. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman; 2007..

Resultados

Dos 188 pacientes 58% (110) eram do sexo masculino. As complicações identificadas foram a febre/bacteremia 13,65% (34), remoção acidental do CVC 7,63% (19), tunelite/hiperemia peri-inserção 6,42% (16), extravasamento subcutâneo 6,02% (15), infecção 5,22% (13), cuff de fixação exteriorizado 5,22% (13), obstrução 4,81% (12), arritmia 0,40% (1). Não apresentaram complicações durante o período de permanência 42,55% (106) e 8,03% (20) morreram no decorrer do tratamento sem relação com o cateter implantado.

A permanência com o cateter até a alta hospitalar apresentou-se maior no sexo feminino e teve relação de correspondência com a tunelite/hiperemia, seguida da perda do acesso por remoção acidental. Quanto ao sexo masculino, febre/bacteremia, obstrução, exteriorização do cuff de fixação do cateter (Hickman) e extravasamento subcutâneo foram mais significativos, apresentando-se maior em relação ao número de óbitos. A infecção não apresentou relevância estatística quando associada ao sexo.

O cateter mais utilizado foi Hickman, com 70% (175), seguidos do Duplo Lúmen (DL) 7x20cm com 16% (40), de hemodiálise (SHILLEYR) com 11% (27) e outros de menor incidência de implantação, 3% (7). O Hickman, além da exteriorização do cuff de fixação, que é sua particularidade, apresentou maior relação com obstrução, infecção, tunelite/hiperemia. O DL associou-se ao extravasamento e também foi o mais comum em pacientes que morreram após o transplante, o de hemodiálise relacionou-se com febre/bacteremia e o PermicathR 0,01% (3) não apresentou complicação.

Em TCTH alogênicos, 21,80% (41), houve maior relação com extravasamento subcutâneo e tunelite/hiperemia, enquanto no autólogo, 78,19% (147), febre/bacteremia, remoção acidental do cateter, infecção, exteriorização do cuff de fixação e arritmia. O tipo de transplante não foi estatisticamente significante em relação à obstrução do cateter.

No que se refere aos diagnósticos médicos, Leucemia Mieloide Aguda (LMA) e Linfoma não Hodgkin (LNH), associaram-se principalmente à infecção e ao óbito. Pacientes com Anemia Aplástica (AA) apresentaram complicação relacionada ao sítio de inserção, como tunelite/hiperemia. O diagnóstico de mieloma múltiplo apresentou predisposição às complicações relacionadas à obstrução e ao extravasamento subcutâneo. Por outro lado, os pacientes que receberam alta hospitalar, sem complicações em relação ao CVC, tinham como doença de base Linfoma de Hodgkin (LH) e Tumor de Células Germinativas (TU CEL GERM), conforme mostrado na Figura 1.

Figura 1
Correspondência entre as complicações do CVC e diagnósticos médicos LH, LNH, TU CEL GERM, Leucemia Linfoide Aguda (LLA), Leucemia Mieloide Crônica (LMC), LMA, AA e Síndrome Mielodisplásica (SMD). São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2007-2011

Em relação à idade, crianças (menores de 10 anos) apresentaram maior relação com febre/bacteremia e infecção. De 11 a 20 anos tiveram predisposição à remoção acidental do dispositivo. A tunelite/hiperemia ocorreu principalmente na idade entre 31 e 40 anos e foi o grupo de pacientes que obteve maior sucesso no transplante

Pessoas com idade entre 41 e 50 anos apresentaram maior incidência de extravasamento e exteriorização do cuff de fixação, sendo maior número de óbitos naqueles acima de 50 anos, conforme a Figura 2.

Figura 2
Correspondência entre as complicações do CVC e idade dos pacientes. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2007-2011

Quanto às complicações relacionadas ao tempo de permanência com o cateter, tunelite/hiperemia, exteriorização do cuff de fixação e remoção acidental, foi mais evidente naqueles que permaneceram com o cateter por tempo inferior a 15 dias. De 16 a 30 dias, obstrução e entre 31 e 100 dias, febre/bacteremia, e os pacientes que receberam alta hospitalar estavam com o cateter há mais de 31 dias, conforme aprentatados na Figura 3.

Figura 3
Correspondência entre as complicações do CVC e tempo de permanência com o dispositivo. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2007-2011

A alta hospitalar ocorreu, para a maioria dos pacientes, com cateter em Veia Subclávia (SCV), independente de apresentarem obstrução, remoção acidental, tunelite/hiperemia, infecção, febre/bacteremia. A inserção em Veia Jugular (JGL) associou-se ao extravasamento e à Femoral (FEM), com ausência de complicações.

Discussão

O cateter de maior utilização foi o Hickman, que tem representado avanço na gestão de pacientes com câncer, em especial aos que necessitam de TCTH. O implante de um CVC de longa permanência desse modelo é fundamental para o sucesso do procedimento, pois possibilita a administração de quimioterápicos de forma segura, infusão da CPH sem comprometer o enxerto, administração de medicamentos, nutrição parenteral, hemocomponentes, coleta de amostras de sangue para exames de forma segura e confortável, reduzindo custos e taxas de complicação66. Silveira RCCP, Galvão CM. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman: a busca de evidências. Acta Paul Enferm. 2005;18(3):276-84.,88. Lazarus HM, Trehan S, Miller R, Fox RM, Creger RJ, Raa JH. Multi-purpose silastic dual-lumen central venous catheters for both collection and transplantation of hematopoietic progenitor cells. Bone Marrow Transplant. 2000;25(7):779-85.

9. Pires AM. Cirurgia dos cateteres de longa permanência (CLP) nos centros de transplante de medula óssea. Medicina (Ribeirão Preto). 2005;38(2):125-42.
-1010. Morano SG, Coppola L, Latagliata R, Berneschi1 P, Chistolini A, Micozzi A, et al. Early and late complications related to central venous catheters in hematological malignancies: a retrospective analysis of 1102 patients. Mediterr J Hematol Infect Dis. 2014;6(1):1-11..

As complicações com CVC surgem de forma imediata, ou tardia, inerentes à introdução, permanência e à sua utilização. A infecção, obstrução trombótica, exteriorização do cuff, remoção acidental, tunelite/hiperemia peri-inserção, extravasamento e arritmia foram identificadas em 47% dos pacientes com cateteres implantados, o que corrobora estudos recentes que apontam u variação entre 8 e 69% de complicações relacionadas ao cateter1111. Abdelkefi A, Achour W, Othman TB, Ladeb S, Torjman L, Lakhal A, et al. Use of heparin-coated central venous lines to prevent catheter-related bloodstream infection. J Support Oncol. 2007;5(6):273-8.

12. Arone KMB, Oliveira CZ, Garbin LM, Reis PED, Galvão CM, Silveira RCCP. Thrombotic obstruction of the central venous catheter in patients undergoing hematopoietic stem cell transplantation. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012 July-Aug;20(4):804-12.
-1313. Pereira JZA, Braga FTMM, Garbin LM, Castanho LC, Silveira RCCP. Permanência do cateter de Hickman em pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico: estudo retrospectivo. Rev Bras Cancerol. 2013;59(4):539-46..

A infecção e a obstrução são as ocorrências mais comuns e podem ser ocasionadas por múltiplos fatores, como o tipo de câncer, o protocolo quimioterápico, calibre do cateter, local de inserção, técnica cirúrgica utilizada, irradiação prévia do mediastino e manuseio inadequado pela equipe. Também a idade do paciente possui maior relação com essa complicação, pois, quanto mais jovem maior a incidência de infecções66. Silveira RCCP, Galvão CM. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman: a busca de evidências. Acta Paul Enferm. 2005;18(3):276-84.,1414. Moreira RCR, Batista JC, Abrão E. Complicações dos cateteres venosos centrais de longa permanência: análise de 500 implantes consecutivos. Rev Col Bras Cir. 1998;26(6):403-8.

15. Mendes LMR. O doente com cateter venoso central. Nursing. (Edição portuguesa) [Internet]. 2007 [acesso 8 fev 2011];223 Disponível em: http://www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/revistas/nursing/item/3012-o-doente-com-cateter-venoso-central#.VAeFoKLa9BE.
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-1616. Napalkov P, Felici DM, Chu LK, Jacobs JR, Begelman SM. Incidence of catheter-related complications in patients with central venous or hemodialysis catheters: a heath care clains database analyses. BMC Cardiovasc Disord. [Internet]. 2013 [acesso 8 ago 2011];13(1). Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2261/13/86.
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Algumas infecções por bactérias pós-transplante autólogo estão associadas à presença do CVC, embora tenha indicação de ser removido o mais cedo possível, nesse grupo de pacientes há a necessidade de permanecer por mais tempo para administração de sangue, medicamentos complementares, nutrição, fluidos intravenosos ou eletrólitos e suplementos. Após o transplante alogênico, existe risco semelhante para infecções associadas ao uso de cateter, mas por bacteremias de organismos entéricos, decorrentes da Doença do Enxerto contra o Hospedeiro (DECH) do trato intestinal e por Cândida, devido à administração intravenosa de suplementação nutricional11. Wingard JR, Hsu J, Hiemenz JW. Hematopoietic Stem cell transplantation: an overview of infection risks and epidemiology. Infect Dis North Am. 2010;24(2):257-72..

Crianças (menores de 10 anos) tiveram maior relação com febre/bacteremia e infecção, relatada em 5,22% dos cateteres implantados e representou 10% das complicações identificadas. Para definir infecção relacionada ao cateter, considerou-se a variação desse dado, já que 13% delas foram tratadas como febre/bacteremia de causas indeterminadas.

A incidência de infecções relacionadas ao cateter varia de 9 a 80%, dependendo do modelo e dos fatores de risco do paciente, assim como a sua definição. Há os que consideram, para um diagnóstico definitivo, a necessidade de crescimento do mesmo microrganismo em pelo menos uma amostra de sangue periférico e na cultura de ponta do cateter, enquanto outros também avaliam a sintomatologia clínica1313. Pereira JZA, Braga FTMM, Garbin LM, Castanho LC, Silveira RCCP. Permanência do cateter de Hickman em pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico: estudo retrospectivo. Rev Bras Cancerol. 2013;59(4):539-46.,1414. Moreira RCR, Batista JC, Abrão E. Complicações dos cateteres venosos centrais de longa permanência: análise de 500 implantes consecutivos. Rev Col Bras Cir. 1998;26(6):403-8.

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16. Napalkov P, Felici DM, Chu LK, Jacobs JR, Begelman SM. Incidence of catheter-related complications in patients with central venous or hemodialysis catheters: a heath care clains database analyses. BMC Cardiovasc Disord. [Internet]. 2013 [acesso 8 ago 2011];13(1). Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2261/13/86.
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17. Mermel LA, Allon M, Bouza E, Craven DE, Flynn P, O'Grady NP, et al. Clinical practice guidelines for the diagnosis and management of intravascular catheter-related infection: 2009 update by the infectious diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2009;49(1):1-45.
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O CVC de longa duração também está mais propenso ao mau posicionamento da ponta distal, acotovelamento e trombose, com incidência de 8-20% em pacientes submetidos ao transplante de células-tronco autólogas e menor no alogênico e singênico1919. Kansu E. Thrombosis in stem cell transplantation. Hematology. 2012;17(suppl 1):159-62.. Pacientes com câncer têm risco aumentado de tromboembolismo, com frequência desenvolvem coágulos no cateter que, além de ocasionar a obstrução, favorecem a incidência de infecções e representam de 3 a 38,3% das complicações em pacientes adultos66. Silveira RCCP, Galvão CM. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman: a busca de evidências. Acta Paul Enferm. 2005;18(3):276-84.,1414. Moreira RCR, Batista JC, Abrão E. Complicações dos cateteres venosos centrais de longa permanência: análise de 500 implantes consecutivos. Rev Col Bras Cir. 1998;26(6):403-8.,1818. Tomlinson D, Mermel LA, Ethier MA, Matlow A, Gillmeister B, Sung L. Defining bloodstream infections related to central venous catheters in patients with cancer: a systematic review. Clin Infect Dis. 2011;53(7):697-710..

Quanto ao sítio de inserção, não houve diferenças significativas que associassem as complicações com o local de implantação. Muitos centros utilizam CVC na veia jugular interna, subclávia e femoral, sendo que todos estão sujeitos à embolia e hemorragia, entretanto, a jugular e subclávia possuem vantagens quanto à contaminação bacteriana, porém, a desvantagem está nos riscos de pneumotórax ou hemotórax e embolia aérea pela manipulação inadequada do cateter. A veia femoral é muitas vezes desencorajada por apresentar maior incidência de infecção bacteriana e trombose, além da necessidade do paciente de permanecer no leito durante o tempo que o uso do cateter for necessário2020. Hölig K, Blechschmidt M, Kramer M, Zimmer K, Kroschinsky F, Poppe-Thiede, et al. Peripheral blood stem cell collection in allogeneic donors: impact of venous access. Transfusion. 2012;52(12):2600-5.-2121. Lorente L, Henry C, Martin MM, Jimenez A, Mora ML. Central venous catheter-related infection in a prospective and observational study of 2595 catheters. Crit Care. [Internet]. 2005 [acesso 8 fev 2011];9. Disponível em: http://ccforum.com/content/9/6/R631.
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Em estudo realizado com 100 crianças pós-TCTH, constatou-se que 80 tiveram seus cateteres implantados com sucesso em jugulares externas direita, ou esquerda, com dissecção, o que tornava a técnica simples e segura. Nesse caso, o sítio preferencial para implante do CVC foi veia subclávia (76%) que, associada ao Hickman, proporciona maior conforto aos pacientes que permanecem por longos períodos com cateteres, alternando entre as internações para quimioterapias e recuperação em domicílio2222. Godoy JL, Otta EK, Miyazaki RA, Bitencourt MA, Pasquini R. Central venous access through the external jugular vein in children submitted to bone marrow transplantation. Braz Arch Biol Tecnol. 2005;48(1):41-4..

Quanto ao tempo de permanência com o cateter, 34%, continuaram com o dispositivo por um período entre 31 e 100 dias, com média de 47,6 dias e o maior tempo de permanência foi de 279 dias, com um cateter Hickman, o que corrobora estudo comparativo entre implantes do mesmo modelo, que apresentou média de permanência de 41,4 dias, com variação de 0 a 118 dias de permanência. O risco de infecção é maior nos primeiros 90 dias de implantação11. Wingard JR, Hsu J, Hiemenz JW. Hematopoietic Stem cell transplantation: an overview of infection risks and epidemiology. Infect Dis North Am. 2010;24(2):257-72.,1616. Napalkov P, Felici DM, Chu LK, Jacobs JR, Begelman SM. Incidence of catheter-related complications in patients with central venous or hemodialysis catheters: a heath care clains database analyses. BMC Cardiovasc Disord. [Internet]. 2013 [acesso 8 ago 2011];13(1). Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2261/13/86.
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,2222. Godoy JL, Otta EK, Miyazaki RA, Bitencourt MA, Pasquini R. Central venous access through the external jugular vein in children submitted to bone marrow transplantation. Braz Arch Biol Tecnol. 2005;48(1):41-4..

A suspeita ou confirmação de infecções representam o principal motivo de retirada do CVC. Esse é um fator de risco significante para a infecção bacteriana no período de recuperação. No entanto, a remoção precoce pode resultar em interrupção ou atraso do tratamento, aumento do desconforto do paciente, ansiedade, custos elevados e aumento do tempo de hospitalização1616. Napalkov P, Felici DM, Chu LK, Jacobs JR, Begelman SM. Incidence of catheter-related complications in patients with central venous or hemodialysis catheters: a heath care clains database analyses. BMC Cardiovasc Disord. [Internet]. 2013 [acesso 8 ago 2011];13(1). Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2261/13/86.
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,2323. Schiffer CA, Mangu PB, Wade JC, Camp-Sorrell D, Cope DG, El-Rayes BF, et al. Central venous catheter care for the patient with cancer: American Society of Clinical Oncology clinical practice guideline. J Clin Oncol. 2013;31(10):1357-70.-2424. Kim SH, Kee SY, Lee DG, Choi SM, Park SH, Know JC, et al. Infectious complications following allogeneic stem cell transplantation: reduced-intensity vs. myeloablative conditioning regimens. Transpl Infect Dis. 2013:15(1):49-59.

Em relação ao tipo de TCTH, as complicações tiveram maior associação ao tipo autólogo, embora o condicionamento utilizado não provoque imunoablação como nos transplantes alogênicos que, em conjunto, produzem pancitopenia hematopoética e imunocitopenia, favorecendo a ocorrência de infecções oportunistas como as relacionadas ao CVC2525. Voltarelli JC, Stracieli ABPL. Aspectos imunológicos do transplante de células-tronco hematopoiéticas. Medicina (Ribeirão Preto). 2000;33(4):443-62..

A ocorrência de complicações do CVC, em relação ao tipo de transplante, apresentou relação com diagnóstico médico, pois quimioterápicos, utilizados na maioria dos regimes de condicionamento alogênico, causam dermatite, eritema e fragilidade cutânea por serem dermatologicamente tóxico, podendo comprometer a cicatrização do sítio de inserção e favorecer a infecção. O tipo da doença, o regime de condicionamento e a irradiação prévia do mediastino são considerados fatores predisponentes para complicações do CVC, em especial a infecção, o que foi possível observar em pacientes com LMA e LNH1313. Pereira JZA, Braga FTMM, Garbin LM, Castanho LC, Silveira RCCP. Permanência do cateter de Hickman em pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico: estudo retrospectivo. Rev Bras Cancerol. 2013;59(4):539-46.,1515. Mendes LMR. O doente com cateter venoso central. Nursing. (Edição portuguesa) [Internet]. 2007 [acesso 8 fev 2011];223 Disponível em: http://www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/revistas/nursing/item/3012-o-doente-com-cateter-venoso-central#.VAeFoKLa9BE.
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,2525. Voltarelli JC, Stracieli ABPL. Aspectos imunológicos do transplante de células-tronco hematopoiéticas. Medicina (Ribeirão Preto). 2000;33(4):443-62..

Ao selecionar o CVC, alguns fatores devem ser considerados, como a finalidade, a duração prevista do tratamento, o tipo de condicionamento, capacitação da equipe que irá manusear o dispositivo, a idade do paciente, a educação do cuidador, pois, em grande parte, as infecções relacionadas ao CVC podem ser minimizadas e/ou evitadas2323. Schiffer CA, Mangu PB, Wade JC, Camp-Sorrell D, Cope DG, El-Rayes BF, et al. Central venous catheter care for the patient with cancer: American Society of Clinical Oncology clinical practice guideline. J Clin Oncol. 2013;31(10):1357-70.-2424. Kim SH, Kee SY, Lee DG, Choi SM, Park SH, Know JC, et al. Infectious complications following allogeneic stem cell transplantation: reduced-intensity vs. myeloablative conditioning regimens. Transpl Infect Dis. 2013:15(1):49-59.

Conclusão

A maioria dos pacientes utilizou cateter de Hickman, com média de 47,6 dias de implantação e as complicações foram febre/bacteremia, remoção acidental do CVC, tunelite/hiperemia ao redor da inserção e extravasamento subcutâneo. Em relação à correspondência entre as variáveis, febre/bacteremia foi estatisticamente significante em jovens, do sexo masculino, com linfoma não Hodgkin, submetido ao transplante autólogo, que permaneceram com o cateter em veia subclávia por longo período.

A equipe de enfermagem tem papel fundamental na manutenção do CVC, portanto, deve intervir na prevenção ou agravo das complicações. A fim de evitar febre/bacteremia e infecção, o enfermeiro deve atualizar a equipe multiprofissional e participar de decisões sobre o momento oportuno para o implante, início do regime de condicionamento e considerar a importância de não se prolongar o período de permanência com o cateter.

Agradecimentos

À equipe do Transplante de Células Tronco Hematopoéticas do Hospital de Base de São José do Rio Preto.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2016

Histórico

  • Recebido
    22 Jan 2015
  • Aceito
    07 Ago 2015
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