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Classificação e avaliação do ambiente de prática profissional de enfermeiros em hospital de ensino* * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Ambiente de prática profissional dos enfermeiros que atuam em hospital de ensino”, apresentada à Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Enfermagem, São Paulo, SP, Brasil.

Resumos

Objetivo:

classificar e avaliar o ambiente da prática profissional de enfermeiros em hospital de ensino.

Método:

estudo transversal com 188 enfermeiros de um hospital de ensino do estado de São Paulo, SP, Brasil. Utilizou-se um questionário com dados sociodemográficos e profissionais e a Practice Environment Scale - versão brasileira para classificar e avaliar o ambiente de prática profissional dos enfermeiros. Os dados foram analisados com os testes t de Student, análise de variância, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis com nível de significância de 5% (p<0,05). A consistência interna do instrumento foi avaliada pelo alfa de Cronbach.

Resultados:

a média do escore para a Practice Environment Scale - versão brasileira foi de 2,54 e os participantes consideraram duas das cinco subescalas desfavoráveis para a prática: subescala 1 “Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares” (2,37) e a subescala 4 “Adequação da equipe e de recursos” (2,23).

Conclusão:

o ambiente de prática profissional dos enfermeiros foi classificado como misto avaliando-o com condições favoráveis ao exercício da enfermagem, porém a participação e envolvimento dos enfermeiros nos assuntos hospitalares e a adequação de recursos para prestar assistência com qualidade necessitam de melhorias.

Descritores:
Ambiente de Trabalho; Ambiente de Instituições de Saúde, Cuidados de Enfermagem; Prática Profissional; Condições de Trabalho; Hospital de Ensino


Objective:

to classify and evaluate the environment of the professional nursing practice in a teaching hospital.

Method:

a cross-sectional study conducted with 188 nurses from a teaching hospital in the state of São Paulo, SP, Brazil. A questionnaire with sociodemographic and professional data and the Brazilian version of the Practice Environment Scale were used to classify and evaluate the environment of the professional nursing practice. Data was analyzed using Student’s t-test, analysis of variance, Mann-Whitney, and Kruskal-Wallis tests with a significance level of 5% (p<0.05). The internal consistency of the instrument was evaluated using Cronbach’s alpha.

Results:

the score’s mean for the Brazilian version of the Practice Environment Scale was 2.54, and the participants considered two of the five subscales as unfavorable for the practice, namely: subscale 1, “Nurse Participation in Hospital Affairs” (2.37), and subscale 4, “Staffing and Resource Adequacy” (2.23).

Conclusion:

the environment of the professional nursing practice has been classified as mixed, being evaluated with favorable conditions for the nursing practice, but the participation and involvement of nurses in hospital matters and the adequacy of resources to provide quality care need improvements.

Descriptors:
Working Environment; Health Facility Environment; Nursing Care; Professional Practice; Working Conditions; Hospitals, Teaching


Objetivo:

clasificar y evaluar el entorno de la práctica profesional de los enfermeros en un hospital universitario.

Método:

estudio transversal con 188 enfermeros de un hospital universitario en el estado de São Paulo, SP, Brasil. Se utilizó un cuestionario con datos sociodemográficos y profesionales y la versión brasileña de la Practice Environment Scale para clasificar y evaluar el entorno de práctica profesional de los enfermeros. Los datos se analizaron mediante pruebas t de Suden, análisis de varianza, Mann-White y Kruskal-Wallis con un nivel de significación del 5% (p <0,05). La consistencia interna del instrumento fue evaluada por el alfa de Cronbach.

Resultados:

el puntaje promedio para la - versión brasileña fue 2,54 y los participantes consideraron que dos de las cinco subescalas eran desfavorables para la práctica: subescala 1 “Participación de enfermeros en la discusión de los asuntos del hospital” (2,37) y subescala 4 “Dotación de personal y los recursos” (2,23).

Conclusión:

el entorno de la práctica profesional de los enfermeros se clasificó como mixto, habiéndose considerado favorables las condiciones para el ejercicio de la enfermería, sin embargo, la participación y el involucramiento de los enfermeros en los asuntos hospitalarios y la dotación de recursos para brindar atención de calidad requieren mejoras.

Descriptores:
Ambiente de Trabajo, Ambiente de Instituciones de Salud; Atención de Enfermería; Práctica Profesional; Condiciones de Trabajo; Hospitales de Enseñanza


Introdução

O trabalho exercido pelos profissionais da saúde é contínuo e permanente para garantir a prestação de cuidados aos pacientes. Constitui-se por uma equipe multiprofissional e, dentro dela, encontramos a equipe de enfermagem, cujo foco principal é a atenção direta com os pacientes(11 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: 10.1590/1518-8345.2550.3022
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).

O trabalho que a equipe de enfermagem desenvolve na prestação de assistência nos serviços de saúde é considerado importante devido a sua grande proporção em relação aos demais profissionais de saúde, porém é fundamental que estejam satisfeitos com o trabalho que realizam e tenham um ambiente laboral adequado(22 Wisniewski D, Silva E, Martinez YD, Misue. The professional satisfaction of the nursing team vs. work conditions and relations: a relational study. Texto Contexto Enferm. 2015 Jul-Set;24(3):850-8. doi: 0.1590/0104-070720150000110014
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).

A avaliação da qualidade do ambiente de trabalho é um indicador importante para subsidiar o trabalho do enfermeiro, que, como líder de equipe, precisa ter conhecimento dos pilares que organizam sua prática, a fim de garantir a qualidade da assistência prestada(33 Balsanelli AP, Cunha IC. The work environment in public and private intensive care units. Acta Paul Enferm. 2013;6(26):561-8. doi10.1590/S0103-21002013000600009
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).

Para a enfermagem, o ambiente de trabalho é conhecido como as características organizacionais que facilitam ou limitam a prática profissional e quando características facilitadoras estão presentes, podem beneficiar as pessoas e a qualidade do cuidado(44 Ogata Y, Sasaki M, Yumoto Y, Yonekura Y,Nagano M, Kanda K. Reliability and validity of the practice environment scale of the nursing work index for Japanese hospital nurses. Nursing Open. 2018;1-8. doi: 10.1002/nop2.148
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-55 Lake ET. Development of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25:176-88. doi: 10.1002/nur.10032
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).

Um instrumento amplamente conhecido para mensurar essas características é o Nursing Work Index (NWI) desenvolvido na década de 1980, para avaliar a satisfação no trabalho e a qualidade do cuidado entre diferentes hospitais(55 Lake ET. Development of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25:176-88. doi: 10.1002/nur.10032
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). No ano 2000, o NWI foi aprimorado resultando no Nursing Work Index Revised (NWI-R) com o objetivo de sintetizar e mensurar a presença de determinadas características do ambiente de trabalho(33 Balsanelli AP, Cunha IC. The work environment in public and private intensive care units. Acta Paul Enferm. 2013;6(26):561-8. doi10.1590/S0103-21002013000600009
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,66 Chul W, Sang Y, Jeong H, Bo H, Sang C, Hyeung K. Application of Revised Nursing Work Index to Hospital Nurses of South Korea. Asian Nurs Res. 2013;7(3):128-3. doi: 10.1016/j.anr.2013.07.003
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). Assim, o instrumento foi validado e adaptado para várias culturas no mundo, inclusive no Brasil, com o intuito de avaliar as características do ambiente de trabalho nos hospitais(77 Gasparino RC, Guirardello E. Translation and cross-cultural adaptation of the "Nursing Work Index - Revised" into Brazilian Portuguese. Acta Paul Enferm. 2009 June;22(3):281-7. doi: 10.1590/S0103-21002009000300007
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). A última revisão do instrumento culminou com o desenvolvimento da Practice Environment Scale Nursing Work Index (PES-NWI que tem por objetivo verificar a presença de características que favorecem a prática profissional da enfermagem(55 Lake ET. Development of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25:176-88. doi: 10.1002/nur.10032
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).

A PES-NWI foi considerada uma ferramenta útil para medir o ambiente de trabalho dos enfermeiros, portanto recomendado por organizações dos Estados Unidos da América (EUA). Por exemplo, a National Quality Forum (NQF) endossou-o como uma medida preferencial do ambiente da prática de enfermagem e a The Joint Commission (JC) incluiu a PES-NWI como indicador de efetividade do cuidado de enfermagem(44 Ogata Y, Sasaki M, Yumoto Y, Yonekura Y,Nagano M, Kanda K. Reliability and validity of the practice environment scale of the nursing work index for Japanese hospital nurses. Nursing Open. 2018;1-8. doi: 10.1002/nop2.148
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,88 Azevedo Filho FM de, Rodrigues MCS, Cimiotti JP. Nursing practice environment in intensive care units Nursing practice environment in intensive care units. Acta Paul Enferm. 2018;31(2):217-23. doi: 10.1590/1982-0194201800031
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-99 Zangaro A, Jones K. Practice Environment Scale of the Nursing Work Index: A reliability generalization meta-analysis. West J Nurs Res. 2019;41(11):1658-84. doi: 10.1177/0193945918823779
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). Assim a PES-NWI foi amplamente adaptada e validada em diversos contextos internacionais(1010 Warshawsky NE, Havens DS. Global Use of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Nurs Res. 2011;60(1):17-31. doi: 10.1097/NNR.0b013e3181ffa79c
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). Em virtude de ser um instrumento mais breve, ter rigor metodológico e resultar em medidas apropriadas, no ano 2017 a escala foi validada para a cultura brasileira(1111 Gasparino RC, Guirardello E. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25:375-83. doi: 10.1111/jonm.12475
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).

Portanto, avaliar o ambiente da prática profissional dos enfermeiros é importante não somente para oferecer cuidado de qualidade ao paciente, mas também para promover um clima favorável para a equipe de saúde. Sendo assim, evidencia-se que são poucos os estudos brasileiros que usaram a PES para avaliar o ambiente da prática profissional dos enfermeiros. Além disso, investigaram somente setores específicos do hospital(88 Azevedo Filho FM de, Rodrigues MCS, Cimiotti JP. Nursing practice environment in intensive care units Nursing practice environment in intensive care units. Acta Paul Enferm. 2018;31(2):217-23. doi: 10.1590/1982-0194201800031
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).

Aliás, sabe-se que os hospitais de ensino também devem atentar para esta questão, pois é neste ambiente que deve ser dada toda a assistência ao paciente, além do exercício da formação de novos profissionais(1212 Jeong DJY, Kurcgant P. Factors of work dissatisfaction according to the perception of nurses of a university hospital. Rev Gaucha Enferm. [Internet]. 2010 [cited Apr 10, 2018];31(4):655-61. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472010000400007
http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472010...
). Desta forma, justifica-se classificar e avaliar o ambiente da prática profissional em enfermagem em hospital de ensino, considerando todas as unidades que o compõem para diagnosticar o que necessita ser aprimorado com vistas a proporcionar melhores condições de trabalho aos enfermeiros e, por consequência, elevar a qualidade da assistência aos pacientes. E, além disto, contribuir com esta temática investigativa considerando o cenário brasileiro(88 Azevedo Filho FM de, Rodrigues MCS, Cimiotti JP. Nursing practice environment in intensive care units Nursing practice environment in intensive care units. Acta Paul Enferm. 2018;31(2):217-23. doi: 10.1590/1982-0194201800031
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).

Em vista disso, a pesquisa pretendeu responder à questão: quais são as características do ambiente da prática profissional dos enfermeiros que atuam em um hospital de ensino? O objetivo do estudo foi classificar e avaliar o ambiente da prática profissional dos enfermeiros que atuam em um hospital de ensino.

Método

Estudo quantitativo descritivo e transversal, realizado em um hospital de ensino do município de São Paulo, SP, Brasil. Este serviço é um local de extrema importância por se tratar de um hospital universitário. Atualmente, conta com 800 leitos e atende às mais diversas especialidades. Abriga programas de residência médica, uni e multiprofissional. A coleta de dados foi realizada entre setembro e outubro de 2018. Foi considerado como critério de inclusão o tempo no cargo como enfermeiro igual ou superior a seis meses e como critérios de exclusão o fato de os enfermeiros estarem de férias e/ou licenças diversas no período da coleta de dados. Para o cálculo amostral, foi realizado um teste piloto com 17 participantes, selecionados aleatoriamente de uma população de 479 enfermeiros que responderam ao questionário da pesquisa. Utilizou-se o programa Dimensionamento Amostral - DIMAM® 1.0 com grau de confiança de 95% e erro amostral de 0,10 resultando em uma amostra mínima de 178 participantes. Foram distribuídos 225 questionários de forma aleatória, mas em cumprimento aos critérios de inclusão e exclusão utilizaram-se 188 questionários respondidos pelos enfermeiros. Foram excluídos os participantes do teste piloto. Os enfermeiros que compuseram a amostra trabalhavam nas seguintes unidades do hospital: internação, pronto socorro, terapia intensiva, centro cirúrgico, ambulatórios de especialidades e outros locais como serviço de controle de infecção hospitalar e medicina diagnóstica.

Para a coleta de dados, os enfermeiros receberam o questionário composto de duas partes, a primeira com questões sociodemográficas e profissionais e a segunda com a PES - versão brasileira(1111 Gasparino RC, Guirardello E. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25:375-83. doi: 10.1111/jonm.12475
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).

As variáveis sociodemográficas e profissionais foram: idade, sexo, número de filhos, estado civil, tempo de formado, tempo de experiência como enfermeiro na instituição, unidade de trabalho, tempo de experiência na unidade, cargo atual como enfermeiro, turno de trabalho, jornada de trabalho e tipo de contrato laboral.

A segunda parte a PES - versão brasileira, composta de 24 itens e 5 subescalas. A subescala 1 Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares (cinco itens) mostra o papel e valor do enfermeiro no amplo contexto hospitalar; a subescala 2 Fundamentos de enfermagem voltados para a qualidade do cuidado (sete itens) enfatiza uma filosofia de enfermagem voltada para altos padrões de qualidade do cuidado; a subescala 3: Habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros/equipe de enfermagem (cinco itens) foca o papel do gerente de enfermagem na instituição, englobando habilidades chaves que um enfermeiro precisa ter neste cargo; a subescala 4 Adequação da equipe e de recursos (quatro itens) descreve a necessidade de uma equipe adequada e suporte de recursos para se prover um cuidado com qualidade e a subescala 5 Relações colegiais entre enfermeiros e médicos (três itens) caracteriza as relações laborais positivas entre enfermeiros e médicos(55 Lake ET. Development of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25:176-88. doi: 10.1002/nur.10032
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,1111 Gasparino RC, Guirardello E. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25:375-83. doi: 10.1111/jonm.12475
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).

As opções de resposta variam de um a quatro pontos, por meio de uma escala tipo Likert, sendo: Discordo totalmente (um ponto); Discordo (dois pontos); Concordo (três pontos) e Concordo totalmente (quatro pontos)(1111 Gasparino RC, Guirardello E. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25:375-83. doi: 10.1111/jonm.12475
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), ou seja, quanto maior a pontuação, maior a presença de características favoráveis ao desenvolvimento das atividades de enfermagem.

Para avaliação das subescalas, deve-se calcular a média da soma das respostas dos participantes. Com valores acima de 2,5, considera-se o ambiente favorável à prática profissional(1111 Gasparino RC, Guirardello E. Validation of the Practice Environment Scale to the Brazilian culture. J Nurs Manag. 2017;25:375-83. doi: 10.1111/jonm.12475
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). Assim, a média acima de 2,5 em uma subescala considera-se ambiente de trabalho desfavorável; pontuações acima de 2,5 em duas ou três subescalas, ambiente de prática misto e escores médios acima de 2,5, obtidos em quatro ou cinco subescalas, caracterizam o ambiente favorável para a prática profissional de Enfermagem(55 Lake ET. Development of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Res Nurs Health. 2002;25:176-88. doi: 10.1002/nur.10032
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,1010 Warshawsky NE, Havens DS. Global Use of the Practice Environment Scale of the Nursing Work Index. Nurs Res. 2011;60(1):17-31. doi: 10.1097/NNR.0b013e3181ffa79c
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).

Os questionários foram distribuídos nos diferentes turnos de trabalho de todas as unidades hospitalares. Os dados coletados foram analisados pelo software R versão 3.6.0.

Utilizou-se estatística descritiva com a obtenção da média aritmética e desvio-padrão das variáveis contínuas e frequências absolutas e relativas das variáveis categóricas. Para testar a normalidade das variáveis utilizou-se o Teste de Shapiro-Wilk e para a verificação da existência de relações entre as variáveis de estudo, utilizou-se os testes paramétricos e não paramétricos. Foi utilizado o teste de Student para dados com distribuição normal de dois grupos; Análise de Variância (ANOVA) para dados com distribuição normal de mais de dois grupos; Mann-Whitney para dados não normais de dois grupos e Kruskal-Wallis para dados com distribuição não normal com mais de dois grupos, seguido pelo pós-teste de Dunn, quando diferenças foram encontradas. Considerou-se o nível de significância estatística de 5% (p-value<0,05) entre as diferentes subescalas e variáveis de estudo.

A consistência interna do instrumento foi avaliada pelo alfa de Cronbach. A interpretação da confiabilidade do instrumento varia de 0 a 1, onde valores acima de 0,75 consideram-se confiáveis(1313 Souza AC, Alexandre NMC, Guirardello EB. Psychometric properties in instruments evaluation of reliability and validity. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(3):649-59. doi: 10.5123/S1679-49742017000300022
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).

O projeto de pesquisa foi aprovado pela instituição de saúde participante e teve a autorização do Comitê de Ética, sendo considerados os padrões éticos conforme a Resolução 466/2012 (parecer n° 2.877.378). Após a aprovação, os participantes receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

A média de idade dos participantes foi de 40,1 anos, (dp=9,3); 171 (91%) eram do sexo feminino; 78 (41,5%) sem filhos e 90 (47,9%) casados. Em relação às variáveis profissionais, o tempo médio de experiência na profissão foi de 12,8 anos (dp=9,4); experiência na instituição 13,8 anos (dp=8,6); 82 (43,6%) atuavam nas unidades de internação com média de tempo de experiência 6,5 anos (dp=6,3); 180 (95,7%) trabalhavam na área assistencial; 72 (38,3%) no turno laboral de manhã; 75 (39,9%) tinham jornada laboral 36 horas semanais e 136 (72,3 %) foram contratados pelo regime celetista.

Quanto à confiabilidade do instrumento, as respostas dos participantes em relação à PES-versão brasileira e as subescalas estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1
Confiabilidade, média aritmética, mediana e desvio-padrão da PES* * PES = Practice Environment Scale - versão brasileira; - versão brasileira: geral e subescalas. São Paulo, SP, Brasil, 2018

As diferenças estatisticamente significantes relacionadas às variáveis profissionais com o escore geral e as subescalas da PES-versão brasileira estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2
Relação entre as variáveis profissionais e os escores das subescalas da PES* * PES = Practice Environment Scale - versão brasileira; -versão brasileira dos enfermeiros que atuam em um hospital de ensino. São Paulo, SP, Brasil, 2018

Dessa forma, pelo pós-teste de Dunn obteve-se diferenças das pontuações da subescala 3 entre a variável tempo de experiência na unidade de 5 a 10 anos com as categorias <5 anos e 11 a 15 anos e da subescala 4 com a variável tempo de experiência como enfermeiro na instituição de 11 a 15 anos com os grupos de <5 anos e de 5 a 10 anos. Também houve diferenças da mesma subescala com as unidades de trabalho pronto socorro e ambulatório, e com a jornada de trabalho semanal, sendo que as pontuações de todos os grupos foram diferentes. Pelo mesmo pós-teste encontrou-se diferenças entre as pontuações da subescala 5 e a variável jornada de trabalho semanal, sendo que a categoria outras apresentaram pontuações medias maiores quanto comparada com os outros grupos.

Discussão

A pontuação média do instrumento mostrou-se inferior à de estudos que avaliaram o ambiente da prática em países como Estados Unidos, China e Turquia(1414 Nelson-Brantley HV, Park SH, Bergquist S. Characteristics of the nursing practice environment associated with lower unit-level RN turnover. J Nurs Adm. 2018;48 (1):31-7. doi: 10.1097/NNA.0000000000000567
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...

15 Li B, Li Z, Wan Q. Effects of work practice environment, work engagement and work pressure on turnover intention among community health nurses: mediated moderation model. J Adv Nurs. 2019;75:3485-94. doi: 10.1111/jan.14130
https://doi.org/10.1111/jan.14130...
-1616 Ozer O, Santas F, Santas G, Sahin DSS. Impact of nurses' perceptions of work environment and communication satisfaction on their intention to quit. Int J Nurs Pract. 2017;23:e12596. doi: 10.1111/ijn.12596
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). Ao considerar que alguns componentes que favorecem o desenvolvimento das atividades da enfermagem necessitam de investimento financeiro para o seu aprimoramento, a desigualdade econômica existente entre os países pode ser uma possível explicação para o presente resultado (1717 Dedecca CS. The developed countries and economic inequality. Econ Soc. [Internet]. 2012 [cited May 21, 2020];21(3):449-84. Available from: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642274
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/in...
), além disso, no Brasil, os hospitais públicos sofrem com o sub financiamento do sistema(1818 Reis AA, Soter AP, Furtado LA, Pereira SS. Everything to fear: funding, public-private relations, and the future of SUS. Saude Debate. [Internet]. 2016 [cited May 21, 2020];40(Sp. Iss.):122-35. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042016000500122
https://www.scielo.br/scielo.php?script=...
).

Ainda sobre os Estados Unidos, frequentemente constata-se ambientes favoráveis à prática da enfermagem e isso se dá pelo fato de diversos hospitais norte-americanos já terem o reconhecimento Magnet®, certificação iniciada pela American Academy of Nursing (AAN) na década de 80 que reconhece instituições que exercem uma prática de enfermagem de excelência por meio da liderança transformacional; empoderamento da estrutura e da imagem da enfermagem; exercício de uma prática exemplar; implementação de melhorias e aprimoramento de resultados(1919 Parisi TCH, Melleiro MM. Magnet recognition program: an integrative literature review. Rev Baiana Enferm. 2016;30(4):1-13. doi: 10.18471/rbe.v30i4.16705
https://doi.org/10.18471/rbe.v30i4.16705...
).

Por outro lado, pesquisa nacional realizada em hospitais semelhantes ao do presente estudo, ou seja, públicos e de ensino, revelou resultados similares aos aqui apresentados(2020 Gasparino RC, Ferreira TD, Carvalho KM, Rodrigues ES, Tondo JC, Silva VA. Evaluation of the professional practice environment of nursing in health institutions. Acta Paul Enferm. 2019;32(4):449-55. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900061
https://doi.org/10.1590/1982-01942019000...
). Destaca-se com pesar que, no cenário brasileiro, apesar de dispormos de apenas uma pesquisa publicada considerando o hospital como um todo, as características do ambiente dos hospitais financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mostraram-se mais precárias quando comparadas às dos hospitais privados(2020 Gasparino RC, Ferreira TD, Carvalho KM, Rodrigues ES, Tondo JC, Silva VA. Evaluation of the professional practice environment of nursing in health institutions. Acta Paul Enferm. 2019;32(4):449-55. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900061
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) e, também, à literatura internacional(1414 Nelson-Brantley HV, Park SH, Bergquist S. Characteristics of the nursing practice environment associated with lower unit-level RN turnover. J Nurs Adm. 2018;48 (1):31-7. doi: 10.1097/NNA.0000000000000567
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
-1515 Li B, Li Z, Wan Q. Effects of work practice environment, work engagement and work pressure on turnover intention among community health nurses: mediated moderation model. J Adv Nurs. 2019;75:3485-94. doi: 10.1111/jan.14130
https://doi.org/10.1111/jan.14130...
,2121 Gaalan K, Kunaviktikul W, Akkadechanunt T, Wichaikhum OA, Turale S. Factors predicting quality of nursing care among nurses in tertiary care hospitals in Mongolia. International Nurs Rev. 2019;66,176-82. doi: 10.1111/inr.12502
https://doi.org/10.1111/inr.12502...
).

O sub financiamento dos hospitais públicos(1818 Reis AA, Soter AP, Furtado LA, Pereira SS. Everything to fear: funding, public-private relations, and the future of SUS. Saude Debate. [Internet]. 2016 [cited May 21, 2020];40(Sp. Iss.):122-35. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042016000500122
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) pode contribuir para que características como serviços de apoio, programas de educação permanente, dimensionamento de pessoal e desenvolvimento na carreira, não estejam adequadamente presentes nas instituições que são totalmente financiadas pelo SUS.

Vale ressaltar que mesmo frente à realidade vivenciada pelas diferentes instituições de saúde no Brasil e no mundo, é importante que os gestores se empenhem em manter um ambiente de trabalho favorável à pratica profissional da enfermagem, pois melhorias no ambiente colaboram para resultados positivos tanto para os pacientes (melhoria na segurança), como para os profissionais (diminuição do burnout e intenção de deixar o emprego)(1414 Nelson-Brantley HV, Park SH, Bergquist S. Characteristics of the nursing practice environment associated with lower unit-level RN turnover. J Nurs Adm. 2018;48 (1):31-7. doi: 10.1097/NNA.0000000000000567
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15 Li B, Li Z, Wan Q. Effects of work practice environment, work engagement and work pressure on turnover intention among community health nurses: mediated moderation model. J Adv Nurs. 2019;75:3485-94. doi: 10.1111/jan.14130
https://doi.org/10.1111/jan.14130...
-1616 Ozer O, Santas F, Santas G, Sahin DSS. Impact of nurses' perceptions of work environment and communication satisfaction on their intention to quit. Int J Nurs Pract. 2017;23:e12596. doi: 10.1111/ijn.12596
https://doi.org/10.1111/ijn.12596...
,2222 Lake ET, Sanders J, Duan R, Riman KA, Schoenauer KM, Chen Y. A meta-analysis of the associations between the nurse work environment in hospitals and 4 sets of outcomes. Medical Care. 2019;57(5):353-61. doi: 10.1097/MLR.0000000000001109
https://doi.org/10.1097/MLR.000000000000...
).

Na classificação do ambiente, a instituição em estudo apresentou um ambiente laboral misto, pois a subescala 1 “Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares” e a subescala 4 “Adequação da equipe e de recursos” apresentaram escores desfavoráveis à prática profissional de enfermagem. Outros hospitais no contexto nacional(2020 Gasparino RC, Ferreira TD, Carvalho KM, Rodrigues ES, Tondo JC, Silva VA. Evaluation of the professional practice environment of nursing in health institutions. Acta Paul Enferm. 2019;32(4):449-55. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900061
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) e internacional(2323 Sabei SDA, Labrague LJ, Ross AM, Karkada S, Albashayreh A, Masroori F, et al. Nursing work environment, turnover intention, job burnout, and quality of care: the moderating role of job satisfaction. J Nurs Scholarship. 2020;52(1):95-104. doi: doi:10.1111/jnu.12528
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) também tiveram seus ambientes classificados como mistos. Cabe destacar que, mesmo em ambientes favoráveis, a subescala “Adequação da equipe e de recursos” sempre recebeu a menor pontuação(1414 Nelson-Brantley HV, Park SH, Bergquist S. Characteristics of the nursing practice environment associated with lower unit-level RN turnover. J Nurs Adm. 2018;48 (1):31-7. doi: 10.1097/NNA.0000000000000567
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
-1515 Li B, Li Z, Wan Q. Effects of work practice environment, work engagement and work pressure on turnover intention among community health nurses: mediated moderation model. J Adv Nurs. 2019;75:3485-94. doi: 10.1111/jan.14130
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,2121 Gaalan K, Kunaviktikul W, Akkadechanunt T, Wichaikhum OA, Turale S. Factors predicting quality of nursing care among nurses in tertiary care hospitals in Mongolia. International Nurs Rev. 2019;66,176-82. doi: 10.1111/inr.12502
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).

Essa inadequação dos serviços de apoio e do número de profissionais de enfermagem para prestar assistência de excelência, pode estar relacionada às dificuldades financeiras enfrentadas pelas instituições, mas também à desvalorização do trabalho desses profissionais. Órgãos internacionais apontam para a necessidade da valorização do papel da enfermagem, pois esses profissionais, que passam 24 horas ao lado dos pacientes, são mal remunerados e vítimas de desigualdades de gênero e de condições de trabalho(2424 Cassiani SHB, Lira Neto JCG. Nursing Perspectives and the "Nursing Now" Campaign. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2351-2. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018710501
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018...
).

A Tabela 2 mostrou as diferenças estatisticamente significantes entre as variáveis tempo de experiência como enfermeiro na instituição, unidade de trabalho e jornada laboral com a subescala 4 “Adequação da equipe e de recursos”. Sendo assim, os enfermeiros mais jovens, que atuavam no pronto socorro e exerciam carga horária de 40 horas semanais, tiveram percepções mais desfavoráveis nesta subescala que aborda, principalmente, a questão do dimensionamento de pessoal. A sobrecarga relacionada à superlotação dos serviços de emergência e longas jornadas de trabalho pode ter contribuído para essa percepção(2525 Portero S, Cebrino J, Herruzo J, Vaquero M. Factors related to the probability of suffering mental health problems in emergency care professionals. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019;27:e3144. doi: 10.1590/1518-8345.3079-3144
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3079-3...
).

Diferença estatística também foi encontrada entre tempo de experiência na unidade e a subescala 3 “Habilidade, liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos enfermeiros/equipe de enfermagem”; sendo que os enfermeiros que atuavam entre cinco a dez anos apresentaram opinião desfavorável. Assim, estudos mostram associação entre o maior tempo de atuação na instituição ao menor envolvimento laboral(11 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: 10.1590/1518-8345.2550.3022
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).

Por último, houve diferença estatística entre a jornada de trabalho semanal com a subescala 5 “Relações colegiais entre enfermeiros e médicos”. Apesar da categoria “outros” na variável jornada de trabalho ter alcançado média maior que as demais, todos mostraram resultados favoráveis nesta subescala. Estudos internacionais(1414 Nelson-Brantley HV, Park SH, Bergquist S. Characteristics of the nursing practice environment associated with lower unit-level RN turnover. J Nurs Adm. 2018;48 (1):31-7. doi: 10.1097/NNA.0000000000000567
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
-1515 Li B, Li Z, Wan Q. Effects of work practice environment, work engagement and work pressure on turnover intention among community health nurses: mediated moderation model. J Adv Nurs. 2019;75:3485-94. doi: 10.1111/jan.14130
https://doi.org/10.1111/jan.14130...
,2121 Gaalan K, Kunaviktikul W, Akkadechanunt T, Wichaikhum OA, Turale S. Factors predicting quality of nursing care among nurses in tertiary care hospitals in Mongolia. International Nurs Rev. 2019;66,176-82. doi: 10.1111/inr.12502
https://doi.org/10.1111/inr.12502...
,2323 Sabei SDA, Labrague LJ, Ross AM, Karkada S, Albashayreh A, Masroori F, et al. Nursing work environment, turnover intention, job burnout, and quality of care: the moderating role of job satisfaction. J Nurs Scholarship. 2020;52(1):95-104. doi: doi:10.1111/jnu.12528
https://doi.org/doi:10.1111/jnu.12528...
) e nacional(2020 Gasparino RC, Ferreira TD, Carvalho KM, Rodrigues ES, Tondo JC, Silva VA. Evaluation of the professional practice environment of nursing in health institutions. Acta Paul Enferm. 2019;32(4):449-55. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900061
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) também evidenciaram que a dimensão relativa às relações entre esses profissionais é uma das dimensões mais bem avaliadas quando se avaliam as características do ambiente. Esse resultado é bastante satisfatório, na medida em que relações conflituosas favorecem falhas na comunicação, o que contribui para a ocorrência de eventos(2626 Forte ECN, Pires DEP, Martins MMFPS, Padilha MICS, Schneider DG, Trindade LL. Work process: a basis for understanding nursing errors. Rev Esc Enferm USP. 2019;53:e03489. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2018001803489
http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2018...
).

Desta forma, ao considerar a escassez na literatura brasileira sobre a avaliação das características que favorecem a prática profissional da enfermagem, esse estudo contribuiu para que o mapeamento dos ambientes, nos quais a enfermagem desenvolve suas atividades, possa ser cada vez mais ampliado. Além disso, os gestores da instituição em questão poderão implementar melhorias nas subescalas nas quais os escores encontrados foram desfavoráveis, especialmente naquelas em que não se faz necessário o investimento financeiro.

Como limitação destaca-se que o estudo foi realizado somente com enfermeiros. Ao considerar que a maioria da equipe de enfermagem foi constituída por técnicos e auxiliares de enfermagem, novas pesquisas envolvendo essa população e em diferentes cenários devem ser desenvolvidas para que se tenha um retrato da realidade dos ambientes de prática da enfermagem brasileira.

Conclusão

O ambiente de prática profissional dos enfermeiros foi classificado como misto sendo avaliado com condições favoráveis ao exercício da enfermagem, porém, a participação e envolvimento dos enfermeiros nos assuntos hospitalares e à adequação de recursos para prestar assistência com qualidade necessitam de melhorias.

Os resultados da pesquisa sugerem atenção da liderança para a equipe de enfermagem uma vez que um ambiente laboral misto pode resultar em condições melhores ou piores de trabalho. Portanto, há necessidade de se olhar para ações que melhorem as condições laborais em relação ao tempo e oportunidade que os gestores dão para os enfermeiros participarem na discussão de assuntos e decisões hospitalares. Torna-se necessário dar autonomia aos enfermeiros acreditando no seu potencial para transformar as práticas em saúde. Além disso, se recomenda melhoria relacionada com a adequação de recursos para prestar assistência de cuidado com qualidade.

  • *
    Artigo extraído da dissertação de mestrado “Ambiente de prática profissional dos enfermeiros que atuam em hospital de ensino”, apresentada à Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Enfermagem, São Paulo, SP, Brasil.

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Editado por

Editora Associada: Maria Lúcia Zanetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2020
  • Aceito
    21 Jun 2020
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