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Infecção do sítio cirúrgico em pacientes submetidos a transplante cardíaco

Resumo

Objetivos:

analisar a ocorrência e os fatores predisponentes para infecção de sítio cirúrgico em pacientes submetidos a transplante cardíaco e verificar a relação entre os casos de infecção e as variáveis referentes ao paciente e ao procedimento cirúrgico.

Método:

estudo de coorte retrospectivo, com exame dos prontuários médicos de pacientes maiores de 18 anos, submetidos a transplante cardíaco. A correlação entre variáveis foi realizada por meio dos testes exato de Fischer e de Mann-Whitney-Wilcoxon.

Resultados:

a amostra foi constituída por 86 pacientes, predominantemente homens, com doença sistêmica grave, submetidos a internações pré-operatórias extensas. Apresentaram sinais de infecção do sítio cirúrgico 9,3% dos transplantados, sendo cinco (62,5%) incisionais superficiais, duas (25%) profundas e um (12,5%) caso de infecção de órgão/espaço. Não houve associação estatisticamente significante entre as variáveis relacionadas ao paciente e ao procedimento cirúrgico.

Conclusão:

não houve associação entre as variáveis estudadas e os casos de infecção do sítio cirúrgico, possivelmente relacionado ao pequeno número de casos de infecção presentes na amostra investigada.

Descritores:
Enfermagem Perioperatória; Infecção da Ferida Operatória; Transplante de Coração; Cirurgia Torácica

Abstract

Objectives:

to analyze the occurrence and predisposing factors for surgical site infection in patients submitted to heart transplantation, evaluating the relationship between cases of infections and the variables related to the patient and the surgical procedure.

Method:

retrospective cohort study, with review of the medical records of patients older than 18 years submitted to heart transplantation. The correlation between variables was evaluated by using Fisher's exact test and Mann-Whitney-Wilcoxon test.

Results:

the sample consisted of 86 patients, predominantly men, with severe systemic disease, submitted to extensive preoperative hospitalizations. Signs of surgical site infection were observed in 9.3% of transplanted patients, with five (62.5%) superficial incisional, two (25%) deep and one (12.5%) case of organ/space infection. There was no statistically significant association between the variables related to the patient and the surgery.

Conclusion:

there was no association between the studied variables and the cases of surgical site infection, possibly due to the small number of cases of infection observed in the sample investigated.

Descriptors:
Perioperative Nursing; Surgical Wound Infection; Heart Transplantation; Thoracic Surgery

Resumen

Objetivos:

analizar la incidencia y los factores predisponentes para la infección del sitio quirúrgico en pacientes sometidos a trasplante cardíaco, evaluando la relación entre los casos de infección y las variables relacionadas al paciente y al procedimiento quirúrgico.

Método:

estudio retrospectivo de cohortes, con una revisión de las historias clínicas de los pacientes mayores de 18 años, sometidos a trasplante cardíaco. La correlación entre las variables se evaluó mediante la prueba exacta de Fisher y la prueba de Mann-Whitney-Wilcoxon.

Resultados:

la muestra quedó conformada por 86 pacientes, predominantemente hombres, con enfermedad sistémica grave, sometidos a extensas hospitalizaciones preoperatorias. Se observó la infección del sitio quirúrgico en el 9,3% de los pacientes trasplantados, con cinco (62,5%) infecciones incisionales superficiales, dos (25%) profundas y un (12,5%) caso de infección órgano/espacio. No hubo asociación estadísticamente significativa entre las variables relacionadas al paciente y a la cirugía.

Conclusión:

no hubo asociación entre las variables estudiadas y los casos de infección del sitio quirúrgico, posiblemente debido al pequeño número de casos de infección observados en la muestra investigada.

Descriptores:
Enfermería Perioperatoria; Infección de Herida Operatoria; Trasplante de Corazón; Cirugía Torácica.

Introdução

Apesar dos avanços com o tratamento clínico da Insuficiência Cardíaca (IC), em alguns casos o transplante cardíaco persiste como a terapêutica de escolha11. Lindenfeld J, Albert NM, Boehmer JP, Collins SP, Ezekowitz JA, Givertz MM, et al. Executive summary: HFSA 2010 comprehensive heart failure practice guideline. J Card Fail. 2010;16:475e539.. Dentre as miocardiopatias causadoras de IC, a chagásica está presente em 50% dos pacientes que demandam transplante, seguida pela dilatada idiopática (20,5%), isquêmica (15,9%) e outras etiologias, como hipertensiva, restritiva, valvar e periparto (13,6%)22. Silva EA, Carvalho DV. Transplante cardíaco: complicações apresentadas por pacientes durante a internação. Esc Anna Nery. 2012;16(4):674-81. doi: 10.1590/S1414-81452012000400005.
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.

O transplante cardíaco envolve, entre suas etapas, a Circulação Extracorpórea (CEC), que possibilita a manipulação direta do coração, imóvel, durante a cirurgia33. Dienstmann C, Caregnato RCA. Circulação extracorpórea em cirurgia cardíaca: um campo de trabalho para o enfermeiro. Rev SOBECC. 2013;18(1):35-43. doi: 10.1590/S0102-76382010000400002.
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. A CEC produz resposta inflamatória sistêmica ao liberar catecolaminas e alterar o fluido sanguíneo e estado eletrolítico, permitindo desordens como edema, aglutinação leucocitária, síndrome de baixo débito, infecções e descompensação glicêmica. Quanto maior o tempo de CEC maior o desequilíbrio fisiológico do paciente44. Torrati FG, Dantas RAS. Circulação extracorpórea e complicações no período pós-operatório imediato de cirurgias cardíacas. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):340-5. doi: 10.1590/S0103-21002012000300004.
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Além disso, o paciente submetido ao transplante está susceptível a diversas infecções, destacando-se as Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC), que são a segunda mais prevalente, dentre os quase dois milhões de casos de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), reportados anualmente nos Estados Unidos. Cabe sublinhar que esse número possivelmente está abaixo do valor real, por causa da frequente subnotificação de infecções cirúrgicas55. Magill SS, Edwards JR, Bamberg W, Beldavs ZG, Dumyati G, Kainer MA, et al. Multistate point-prevalence survey of health care-associated infections. N Engl J Med. 2014;370(13):1198-208..

A ISC pode ser classificada como infecção incisional superficial, profunda e de órgão/espaço e tem como fatores predisponentes o diabetes, tabagismo, uso de esteroide sistêmico, obesidade, desnutrição e o recebimento de hemocomponentes/hemoderivados66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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-77. Mangram AJ, Horan TC, Pearson ML, Silver LC, Jarvis WR, the Hospital infection control practices advisory committee. Guideline for the prevention of surgical site infection, 1999. Infect Control Hosp Epidemiol. 1999;20(4):247-80..

Dentre as ISC, as infecções de órgão/espaço, como a mediastinite e a osteomielite de esterno, incidem em 0,4 a 5% dos casos, comprometem tecidos, órgãos ou cavidades manipuladas e podem ser diagnosticadas de 30 a 90 dias após o procedimento cirúrgico. São complicações consideradas graves; com elevada morbimortalidade, entre 14 e 47%, e altos custos ao sistema de saúde66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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,88. Deniz H, Gokaslan G, Arslanoglu Y, Ozcaliskan O, Guzel G, Yasim A, et al. Treatment outcomes of postoperative mediastinitis in cardiac surgery; negative pressure wound therapy versus conventional treatment. J Cardiothor Surg. 2012;7:67. doi:10.1186/1749-8090-7-67
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-99. Tiveron MG, Fiorelli AI, Mota EM, Mejia OAV, Brandão CMA, Dallan LAO, et al. Fatores de risco pré-operatórios para mediastinite após cirurgia cardíaca: análise de 2768 pacientes. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2012;27(2):203-10. doi: 10.5935/1678-9741.20120035
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A literatura científica atual sobre ISC, associada a transplantes cardíacos é restrita, sendo a produção voltada ao aparecimento de ISC em populações de transplantados, ou seja, que englobam diversos tipos de transplantes ou, ainda, estudos sobre a incidência de infecções em transplantados cardíacos, computando em uma única investigação sítios distintos1010. Dorschner P, McElroy LM, Ison MG. Nosocomial infections within the first month of solid organ transplantation. Transpl Infect Dis. 2014 Apr;16(2):171-87. doi: 10.1111/tid.12203.
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. No Brasil, apenas um artigo, publicado em 2000, tratou especificamente de ISC entre transplantados cardíacos, mas direcionado apenas para mediastinite1111. Stolf NAG, Fiorelli AI, Bacal F, Camargo LF, Bocchi EA, Freitas A, et al. Mediastinitis after Cardiac Transplantation. Arq Bras Cardiol. 2000;74(5):425-30..

Considerando a carência de dados sobre ISC no Brasil, entre pacientes submetidos a transplantes cardíacos, a relevância de um processo infeccioso no paciente imunodeprimido e os benefícios advindos do conhecimento dos fatores que podem prevenir o surgimento dessa infecção, surgiu a inquietação para se conhecer a atual taxa dessa infecção nessa população.

O objetivo, neste estudo, foi analisar a ocorrência e os fatores predisponentes para ISC entre pacientes submetidos a transplante cardíaco e verificar a relação entre os casos de infecção e as variáveis relacionadas ao paciente e ao procedimento cirúrgico.

Método

Trata-se de estudo de coorte retrospectivo, realizado em um hospital público universitário de alta complexidade, especializado em cirurgias cardíaca e torácica, dentro do município de São Paulo. A instituição atende a demanda de, aproximadamente, 13 mil internações por ano, tendo realizado 31 transplantes cardíacos em adultos, no ano 2013.

Todas as salas cirúrgicas possuem circulante e anestesista exclusivos, ar condicionado, torneiras e solução para degermação da equipe, ativados por sensor. As portas são mantidas fechadas. Há controle de temperatura e da quantidade de pessoas em sala, no máximo 11.

A presente investigação foi submetida à apreciação e aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos (CEP), sob número CAAE 30908814.7.3002.0068.

A amostra foi selecionada por conveniência. Foram incluídos pacientes submetidos a transplante cardíaco, de janeiro de 2010 a janeiro de 2014, totalizando 176 sujeitos, dos quais 90 foram excluídos por possuírem idade inferior a 18 anos na data da cirurgia. Assim, foram analisados 86 prontuários entre os meses de junho e dezembro de 2014.

Utilizou-se, para a coleta de dados, um instrumento, previamente validado, que continha variáveis relacionadas, mostradas a seguir.

- Ao paciente: idade, sexo, ocupação, naturalidade, procedência, data de internação hospitalar, data da cirurgia, tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cirúrgica, tempo de internação na enfermaria e alta, banho pré-operatório, diagnóstico médico, peso, altura, IMC, etilismo, tabagismo, uso de esteroides, doenças crônicas, risco ASA, infecções pré-existentes e micro-organismo causador da infecção.

O IMC foi calculado dividindo peso corporal, por altura ao quadrado (kg/m²)1212. Graham R, Mancher M, Wolman DM, Greenfield S, Steinberg E, editors. Clinical Practice Guidelines We Can Trust. Washington, DC: National Academies Press; 2011..

Para avaliação do estado clínico dos pacientes, utilizou-se a classificação ASA, que varia de I, para pacientes considerados saudáveis, II, pacientes com doença sistêmica leve, III, com doença sistêmica grave, IV, doença sistêmica grave, que é uma ameaça constante à vida, V, paciente moribundo, que possivelmente não sobreviverá sem a operação, e VI, para aqueles com morte cerebral declarada, cujos órgãos estão sendo removidos para fins de doação1313. American Society of Anesthesiologists (ASA). ASA Physical Status Classification System. 2015. [Acesso 3 dez 2014]. Disponível em: https://www.asahq.org/resources/clinical-information/asa-physical-status-classification-system
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- Ao procedimento anestésico-cirúrgico: tempo de hospitalização pré-operatória, dispositivo de assistência circulatória, porte cirúrgico, tricotomia, técnica cirúrgica, horário de início e término da cirurgia e anestesia, tipo de anestesia, antibioticoprofilaxia, preparo da pele, hemocomponentes/hemoderivados, tempo de CEC.

Segundo rotina da instituição, onde foram coletados os dados, considera-se porte I, cirurgias com duração de até duas horas; porte II, cirurgias que duram, em média, de duas a quatro horas; porte III, cirurgias com duração de quatro a seis horas, e porte IV, cirurgias com duração acima de seis horas.

- Ao pós-operatório e à reinternação: sinais e sintomas de infecção, cultura microbiana, micro-organismo isolado, diagnóstico médico de ISC, tipo de ISC, antibioticoterapia, tempo para realização do diagnóstico, tempo pós-operatório da reinternação.

Quanto aos critérios diagnósticos, empregou-se a mais recente definição internacional, que define ISC como relacionada a procedimentos cirúrgicos e a classifica conforme o plano orgânico acometido: incisional superficial, incisional profunda e órgão/cavidade66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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.

A ISC incisional superficial ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia, envolvendo pele e subcutâneo, com drenagem purulenta da incisão ou cultura positiva de secreção ou de tecido da incisão superficial, obtido assepticamente ou se a incisão é aberta pelo cirurgião, com, ao menos, um dos sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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.

Já a ISC incisional profunda ocorre até 90 dias após a cirurgia e envolve tecidos moles profundos. São critérios diagnósticos: drenagem purulenta da incisão profunda; deiscência ou abertura da ferida pelo cirurgião e temperatura axilar ≥38ºC, dor ou aumento da sensibilidade local, abscesso ou outra evidência de envolvimento de planos profundos, identificada em reoperação, exame clínico, histocitopatológico ou de imagem66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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E, por fim, a ISC de órgão/cavidade que envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia. Critérios específicos para essa infecção são drenagem purulenta, micro-organismo isolado em cultura ou abcesso ou outra evidência comprovada por exame de imagem ou histopatológico66. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surgical Site Infection (SSI) Event. 2015. [Acesso 20 Fev 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/9pscSSIcurrent.pdf?agree=yes&next=Accept
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Foi realizado teste-piloto que contribuiu para adequações no instrumento de coleta de dados, utilizando 10 prontuários de pacientes transplantados cardíacos, cuja cirurgia ocorreu em data posterior à estabelecida para a coleta e, portanto, não foram incluídos na amostra.

Os dados foram analisados por software estatístico SPSS, versão 20.0, e os resultados apresentados de forma descritiva e matemático-estatística, utilizando-se frequência absoluta e porcentagem. A correlação entre variáveis se deu por aplicação dos testes exato de Fischer para sexo, doenças crônicas, ASA, tabagismo, infecção prévia, uso de assistência circulatória e recebimento de hemocomponente/hemoderivado, e de Mann-Whitney-Wilcoxon para as variáveis idade, IMC, tempo de internação pré-operatória, tempo de cirurgia e tempo de CEC.

O nível de significância estabelecido foi de α=5%.

Resultados

A amostra foi composta por 86 pacientes com idade variando entre 19 e 69 anos, média de 42,8 anos, maioria aposentada (25,6%), natural do Estado de São Paulo (36%), procedente da capital (48,8%), com fração de ejeção entre oito e 78%, não etilistas (79,8%) e não usuários de esteroides (100%).

Dentre os pacientes que apresentaram infecção prévia ao transplante (Tabela 1) destacaram-se a Infecção de Corrente Sanguínea (ICS) (70,8%) e Infecção do Trato Urinário (ITU) (25%). Um paciente (4,2%), portador de ventrículo artificial interno, apresentava infecção do drive line do circuito. Os micro-organismos mais encontrados nesses tipos de infecção foram os Staphylococcus coagulase negativo, que representaram 36,4% da amostra, salientando-se que metade desses agentes era de Staphylococcus epidermidis.

Tabela 1
Distribuição das variáveis relacionadas ao paciente e sua associação com sinais de ISC. São Paulo, SP, Brasil, 2014

O IMC médio apresentado foi de 21,9kg/m², com desvio-padrão de 3,44kg/m².

Quanto ao diagnóstico de base, a miocardiopatia mais prevalente foi a chagásica (38,4%), seguida pela dilatada idiopática (22,1%) e a isquêmica (17,4%). Em relação às doenças crônicas, 58,1% dos pacientes tinham doenças de base, destacando-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (19,8%), seguida pela Insuficiência Renal Crônica (IRC) (18,6%).

Todos os pacientes foram submetidos ao banho pré-operatório, utilizando-se clorexidina degermante 2%, tricotomizados com aparelho elétrico, tiveram a pele preparada com clorexidina degermante 2% e alcóolica 0,5%; receberam anestesia geral balanceada e antibioticoprofilaxia, sendo a cefuroxima, isolada, o medicamento mais utilizado (58,8%). Receberam hemocomponente ou hemoderivado durante o transplante 82,4% (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição das variáveis relacionadas ao procedimento anestésico cirúrgico e sua associação com sinais de ISC. São Paulo, SP, Brasil, 2014

Houve variação no porte cirúrgico entre III (43,1%) e IV (56,9%). A principal técnica utilizada foi ortotópico bicaval (95,3%).

No momento do transplante, 39 (45,3%) pacientes faziam uso de dispositivo de assistência circulatória, sendo o balão intra-aórtico o mais prevalente (94,9%). A classificação ASA dos pacientes variou entre três (2,3%), quatro (81,4%) e cinco (16,3%).

Entre os transplantados, 31 (36%) foram a óbito. Desses, oito (25,8%) morreram em até 24h da cirurgia, cinco (16,1%) em até sete dias, 11 (35,5%) em até 30 dias e sete (22,6%) após 30 dias da cirurgia. A principal causa de óbito durante a internação foi rejeição do enxerto, entre nove (29%) pacientes.

Oito transplantados (9,3%) apresentaram sinais de ISC no pós-operatório, sendo o mais comum a drenagem de exsudato, isolado, da ferida (37,5%). No entanto, apenas quatro (4,7% da amostra total) receberam o diagnóstico médico de ISC, durante a internação, em média 25,2 (Desvio-Padrão-dp=15,6) dias após a cirurgia, mínimo de 13 dias e máximo de 47 dias.

Dentre aqueles com diagnóstico médico de ISC, 50% foram classificados como incisional superficial, 25% de órgão/espaço e 25% como infecção secundária ao procedimento, que preenchia todos os critérios para ser classificada como incisional profunda. Os quatro casos restantes apresentavam características compatíveis com quadros de infecção incisional superficial (75%) e infecção incisional profunda (25%).

Portanto, totalizando os casos de ISC encontrados na amostra investigada, seria possível afirmar a ocorrência de cinco (62,5%) infecções incisionais superficiais, duas (25%) incisionais profundas e um (12,5%) caso de infecção de órgão/espaço.

Resultados de cultura estavam disponíveis apenas entre os pacientes com diagnóstico médico de ISC em prontuário, e que apresentaram exsudato na ferida. Observou-se presença de micro-organismos em três casos (37,5%): Staphylococcus aureus + Klebsiela oxytoca, Candida albicans e Enterococcus faecium + Staphylococcus coagulase negativo.

O diagnóstico ocorreu, em média, no vigésimo dia pós-operatório, com o paciente ainda hospitalizado. Seis (7%) dos pacientes que apresentaram sinal de infecção receberam antibioticoterapia, com medicamentos diversos (meropenem, imipenem/teicoplanina, tazocin/vancomicina, teicoplanina/vancomicina, meropenem/vancomicina ou linezolida).

Sofreram reinternação 53 (61,6%) pacientes da amostra. O tempo médio para reinternação pós-alta foi de 90 dias, sendo as principais causas a biópsia de rotina em 10 (18,9%) dos pacientes e rejeição do enxerto, em cinco (17%) casos.

Três transplantados (4,9% dos que foram reinternados) apresentaram sinais de ISC (dor ventilatório dependente + febre, eritema e edema + exsudato da incisão).

Destaca-se que, na reinternação, apenas um paciente realizou cultura do exsudato da ferida, que foi positiva para Aspergillus. O outro paciente, que apresentou febre na reinternação, já havia apresentado dor e cultura positiva para Candida albicans durante o pós-operatório, ainda hospitalizado, tendo sido tratado na ocasião com antibióticos e antifúngicos, porém, o diagnóstico médico de ISC só ocorreu na reinternação. O tempo para diagnóstico de ISC nesses pacientes variou entre o mínimo de 127 e máximo de 342 dias de pós-operatório.

Foi utilizado o teste exato de Fischer para análise das variáveis independentes, demonstrando que não houve relação de significância entre sexo, classificação ASA, diabetes, tabagismo, assistência circulatória (p=1,00), doenças crônicas (p=0,27), infecção prévia (p=0,42), utilização de hemocomponentes/hemoderivados durante a cirurgia (p=0,34) e a presença de sinais de ISC no pós-operatório.

O teste de Mann-Whitney-Wilcoxon analisou a relação entre ISC e idade (p=0,84), IMC (p=0,56), tempo de internação pré-operatória (p=0,23), tempo de cirurgia (p=0,93) e tempo de CEC (p=0,36), que também não demonstraram significância estatística para o desfecho.

Discussão

Observou-se, neste estudo, que os pacientes submetidos ao transplante cardíaco eram predominantemente homens, com doença sistêmica grave, submetidos a internações pré-operatórias extensas e procedimentos cirúrgicos longos. Em relação ao diagnóstico de infecção, verificou-se a presença de ISC em 9,3% da amostra do presente estudo.

As taxas de ISC entre pacientes submetidos a transplantes e/ou cirurgias cardíacas são variáveis, com evidências de apenas 2%1414. Ho JK, Sung-Ho J, Jae JK, Joon BK, Suk JC, Tae-Jin Y, et al. Early postoperative complications after heart transplantation in adult recipients: Asian medical center experience. Korean J Thorac Cardiovasc Surg. 2013;46(6):426-32. doi: 10.5090/kjtcs.2013.46.6.426
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, até valores muito semelhantes ao demonstrado pela presente investigação, que apontou 9,4%1515. Silva QCG, Barbosa MH. Fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em cirurgia cardíaca. Acta Paul Enferm. 2012;25(nº esp 2):89-95..

Estão frequentemente envolvidos na etilogia das ISCs micro-organismos Gram-positivos, especialmente Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase negativo e Enterococcus faecium, embora possam ser encontradas também bactérias Gram-negativas como Escherichia coli, Klebsiella oxytoca e Acinetobacter. Cabe ressaltar que, no presente estudo, observaram-se agentes comumente relacionados à ISC e descritos em outras investigações88. Deniz H, Gokaslan G, Arslanoglu Y, Ozcaliskan O, Guzel G, Yasim A, et al. Treatment outcomes of postoperative mediastinitis in cardiac surgery; negative pressure wound therapy versus conventional treatment. J Cardiothor Surg. 2012;7:67. doi:10.1186/1749-8090-7-67
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,1515. Silva QCG, Barbosa MH. Fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em cirurgia cardíaca. Acta Paul Enferm. 2012;25(nº esp 2):89-95.-1616. Shinagawa N, Taniguchi M, Hirata K, Furuhata T, Fukuhara K, Mizugucwi T, et al. Bacteria isolated from surgical infections and its susceptibilities to antimicrobial agents--special references to bacteria isolated between April 2010 and March 2011. Jpn J Antibiot. 2014 Oct;67(5):293-334., como também outros tipos de micro-organismos como a Candida albicans e Aspergillus, que parecem retratar a peculiaridade da microbiota hospitalar onde foi realizada a presente investigação.

Quanto à classificação das ISCs, sublinha-se a grande diversidade presente nos registros em prontuários dos casos infecciosos, o que pode comprometer a comparabilidade dos dados. Apesar de existirem definições e critérios diagnósticos para cada subtipo de infecção de sítio cirúrgico, por topografia, conforme o plano acometido, foram observadas, nos prontuários avaliados, variações quanto ao diagnóstico de infecção e classificações diferentes das recomendadas pelos órgãos competentes, como, por exemplo, infecção secundária ao procedimento. Infelizmente, esse aspecto também está presente em outras realidades e países, dado que, atualmente, existem muitas terminologias e classificações disponíveis1717. Leaper D, Tanner J, Kiernan M. Surveillance of surgical site infection: more accurate definitions and intensive recording needed. J Hosp Infect. 2013;83(2):83-6. doi: 10.1016/j.jhin.2012.11.013
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Reconhece-se que o uso de transfusão alogênica entre pacientes submetidos a cirurgias cardíacas está associado a maior risco de ocorrência de mediastinite1818. Ang LB, Veloria EN, Evanina EY, Smaldone A. Mediastinitis and blood transfusion in cardiac surgery: a systematic review. Heart Lung. 2012;41(3):255-63. doi: 10.1016/j.hrtlng.2011.07.012.
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, no entanto, apesar de 82,4% dos casos analisados na presente investigação terem recebido hemocomponente ou hemoderivado, houve evidência de apenas um caso de mediastinite, e que, mesmo preenchendo os critérios diagnósticos, não foi registrado dessa forma.

Para o diagnóstico de mediastinite é necessária cultura de micro-organismos a partir de tecido ou fluido do mediastino, provas em exame histopatológico ou anatômico, ou, ao menos, um dos seguintes sinais ou sintomas: febre (>38,0°C), dor no peito ou a instabilidade do esterno, drenagem purulenta e alargamento do mediastino em exame de imagem1919. Center for Disease Control. CDC/NHSN - Surveillance Definitions for Specific Types of Infections. 2015. [Acesso 14 jan 2015]. Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/17pscNosInfDef_current.pdf
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.

São considerados fatores predisponentes para a ISC: diabetes, sexo masculino e IMC elevado, contudo, embora essas variáveis estivessem presentes na amostra investigada, nenhuma delas foi associada de forma estatisticamente significante à ISC77. Mangram AJ, Horan TC, Pearson ML, Silver LC, Jarvis WR, the Hospital infection control practices advisory committee. Guideline for the prevention of surgical site infection, 1999. Infect Control Hosp Epidemiol. 1999;20(4):247-80.,1515. Silva QCG, Barbosa MH. Fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em cirurgia cardíaca. Acta Paul Enferm. 2012;25(nº esp 2):89-95..

Uma das medidas sugeridas para a profilaxia das ISC é a antibioticoprofilaxia pré-operatória, que ocorre imediatamente antes do procedimento, preferencialmente, utilizando cefalosporinas de primeira ou segunda geração (cefuroxima, cefazolina), no entanto, destaca-se a necessidade de individualizar a terapia conforme infecção/colonização prévia do doador ou do receptor77. Mangram AJ, Horan TC, Pearson ML, Silver LC, Jarvis WR, the Hospital infection control practices advisory committee. Guideline for the prevention of surgical site infection, 1999. Infect Control Hosp Epidemiol. 1999;20(4):247-80.,2020. Bacal F, Souza Neto JD, Fiorelli AI, Mejia J, Marcondes-Braga FG, Mangini S, et al. II Diretriz brasileira de transplante cardíaco. Arq Bras Cardiol. 2010;94(1):e45-6..

Na análise realizada, 58,8% dos pacientes receberam exclusivamente cefuroxima como profilaxia no intraoperatório, os demais se distribuíram por uma diversidade de outros medicamentos exclusivos (meropenem, tazocin, vancomicina, ceftriaxona, clindamicina, ciprofloxacina) ou combinados.

A implantação de protocolos de antiobioticoprofilaxia de maneira sistemática pela instituição hospitalar previne a ocorrência de ISC, por reduzir a carga microbiana presente no momento da cirurgia. Vale destacar, contudo, que a implementação dessas drogas deve ser baseada em evidências científicas, que garantam o sucesso e diminuam os riscos de aumentar a resistência bacteriana, por meio da seleção de micro-organismos2121. Finkelstein R, Rabino G, Mashiach T, Bar-El Y, Adler Z, Kertzman V, et al. Effect of preoperative antibiotic prophylaxis on surgical site infections complicating cardiac surgery. Infect Control Hosp Epidemiol. 2014;35(1):69-74. doi: 10.1086/674386.
https://doi.org/10.1086/674386...
-2222. Najjar PA, Smink DS. Prophylactic antibiotics and prevention of surgical site infections. Surg Clin North Am. 2015;95(2):269-83..

Dentre os 86 pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico e incluídos na presente investigação, 31 (36%) foram a óbito. Frequência similar (38,9%) à apresentada em estudo nacional incluindo cirurgias cardíacas1515. Silva QCG, Barbosa MH. Fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em cirurgia cardíaca. Acta Paul Enferm. 2012;25(nº esp 2):89-95., contudo, quando analisadas apenas as mortes relacionadas diretamente às mediastinites, o índice cai para 20,4%22. Silva EA, Carvalho DV. Transplante cardíaco: complicações apresentadas por pacientes durante a internação. Esc Anna Nery. 2012;16(4):674-81. doi: 10.1590/S1414-81452012000400005.
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. Cabe sublinhar que a maior causa de óbito no presente estudo esteve associada à perda do enxerto, ocorrendo em sua maioria em períodos superiores a sete dias, o que pode estar associado desde complicações clínicas, derivadas da gravidade do quadro dos pacientes, até mesmo a complicações infecciosas como ISC, tendo em vista que um dos pacientes que foi a óbito, em consequência de choque séptico, apresentava ISC.

A ISC profunda é uma complicação pós-operatória que aumenta a mortalidade intra-hospitalar em transplantados cardíacos2323. Dorschner P, McElroy LM, Ison MG. Nosocomial infections within the first month of solid organ transplantation. Transplant Infect Dis. 2014;16(2):171-87. doi: 10.1111/tid.12203
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. Além disso, grande parte dos quadros infeciosos, inclusive de outros sítios, entre eles pneumonia e infecções de corrente sanguínea são diagnosticados no pós-operatório, o que reforça a importância da vigilância pós-alta2424. Gelijns AC, Moskowitz AJ, Acker MA, Argenziano M, Geller NL, Puskas JD et al. Cardiothoracic surgical trials network (CTSN). J Am Coll Cardiol. 2014;64(4):372-81. doi: 10.1016/j.jacc.2014.04.052.
https://doi.org/10.1016/j.jacc.2014.04.0...
.

Neste sentido, salienta-se que três casos sofreram reinternação, motivadas por ISC, fortalecendo a importância da vigilância pós-alta, para a obtenção de estimativas confiáveis em relação aos casos de ISC das instituições de assistência à saúde. Destaca-se que a falta de padronização nos critérios de rastreamento para ISC, na pós-alta, pode prejudicar a detecção de casos1717. Leaper D, Tanner J, Kiernan M. Surveillance of surgical site infection: more accurate definitions and intensive recording needed. J Hosp Infect. 2013;83(2):83-6. doi: 10.1016/j.jhin.2012.11.013
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.

Estudo com pacientes de cirurgia geral evidenciou taxa de ISC de 10%, entre 3.663 pacientes. Desses, 48% foram diagnosticadas após a alta hospitalar e em 15,6% foi necessária reinternação. A maioria das reinternações ocorreram na primeira semana após a alta2525. Gibson A, Tevis S, Kennedy G. Readmission after delayed diagnosis of surgical site infection: a focus on prevention using the American College of Surgeons national surgical quality improvement program. Am J Surg. 2014;207(6):832-9. doi: 10.1016/j.amjsurg.2013.05.017
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.

O mesmo estudo indica que a vigilância pós-alta deve ser intensa para todos os pacientes cirúrgicos entre a primeira e a segunda semana de alta hospitalar, período de maior detecção das infecções. Apenas o contato telefônico direcionado seria suficiente nessa investigação, o que corroboraria a redução de custos hospitalares2525. Gibson A, Tevis S, Kennedy G. Readmission after delayed diagnosis of surgical site infection: a focus on prevention using the American College of Surgeons national surgical quality improvement program. Am J Surg. 2014;207(6):832-9. doi: 10.1016/j.amjsurg.2013.05.017
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, uma vez que, em geral, pacientes com infecções consideradas graves, como profundas e de órgão/espaço, frequentemente são readmitidos, elevando os gastos institucionais.

Enfim, a prevenção e o controle dos casos de ISC envolve abordagem multifatorial e multiprofissional, destacando-se o papel da enfermagem que deve atuar intensamente em todas as fases da experiência cirúrgica, no sentido de minimizar essas intercorrências, por meio da implementação de medidas preventivas, abordagem dos fatores de risco e busca ativa dos potenciais casos de infecção.

Conclusão

Conclui-se que a amostra foi constituída predominantemente por homens, com doença sistêmica grave, submetidos a internações pré-operatórias e procedimentos cirúrgicos extensos, sendo que 9,3% dos transplantados apresentaram sinais de infecção do sítio cirúrgico e o sinal mais prevalente foi a drenagem de exsudato da ferida (37,5%).

Não houve associação estatisticamente significante entre as variáveis relacionadas ao paciente e ao procedimento cirúrgico com os casos de ISC. Possivelmente, esse aspecto pode ser explicado pelo pequeno número de casos de infecção detectados entre a amostra.

Dessa forma, sugere-se a condução de novos estudos, preferencialmente prospectivos, que possam avaliar em até 30 dias os possíveis casos de ISC, em uma amostragem maior. Essa forma de coleta de dados permitirá aplicar medidas padronizadas na avaliação dos casos e controlar outras variáveis não disponíveis nos prontuários.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2016

Histórico

  • Recebido
    08 Abr 2015
  • Aceito
    18 Ago 2015
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