Objetivo: avaliar características definidoras de diagnósticos de enfermagem que se configuram como preditoras de desordens de saúde mental entre estudantes de graduação na era pós-COVID-19.
Método: estudo transversal, multicêntrico, realizado com estudantes de graduação de quatro universidades públicas do estado de Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado, online, com variáveis sociodemográficas e clínicas. Investigou-se, ainda, por meio de autorrelato, a presença de características definidoras incluídas nos Diagnósticos de Enfermagem de Ansiedade, Síndrome do Estresse por Mudança; Síndrome Pós-trauma; Sobrecarga de Estresse e Tristeza Crônica, presentes na taxonomia da NANDA-I. Foram utilizadas, também, a Depression, Anxiety and Stress Scale e a Impact of Events Scale-Revised. Análise de regressão logística multivariada foi realizada para determinar as características definidoras que se configuraram como preditoras das desordens de saúde mental. Odds ratios ajustados foram estimados, juntamente com os intervalos de confiança de 95%, a 5% de significância.
Resultados: participaram do estudo 2.349 estudantes de graduação. Foi investigada a presença de 24 características definidoras físicas, comportamentais, cognitivas e emocionais dos diagnósticos de enfermagem em questão. Destas, 13 emergiram como preditoras para os sintomas de ansiedade; 15 para os sintomas de estresse; 11 para os sintomas de depressão; e 15 para o transtorno do estresse pós-traumático.
Conclusão: evidenciaram-se características definidoras físicas, comportamentais, cognitivas e emocionais de diagnósticos de enfermagem da NANDA-I que se configuraram como preditoras para o desenvolvimento de desordens de saúde mental em universitários na era pós-COVID-19.
Descritores:
Sinais e Sintomas; Saúde Mental; Universidades; Estudantes; COVID-19; Enfermagem
Destaques:
(1) Desordens de saúde mental são prevalentes em universitários na era pós-COVID-19. (2) Diagnósticos de enfermagem relacionados à saúde mental são prevalentes em estudantes. (3) Características definidoras emergiram como preditoras para desordens de saúde mental. (4) É necessário implementar intervenções para promover a saúde mental nessa população.
Objective: to evaluate defining characteristics of nursing diagnoses that are predictors of mental health disorders among undergraduate students in the post-COVID-19 era.
Method: cross-sectional, multicenter study conducted with undergraduate students from four public universities in the state of Minas Gerais. Data were collected through a structured, online questionnaire with sociodemographic and clinical variables. The presence of defining characteristics included in the Nursing Diagnoses of Anxiety, Change Stress Syndrome; Post-Trauma Syndrome; Stress Overload and Chronic Sadness, present in the NANDA-I taxonomy, was also investigated through self-report. The Depression, Anxiety and Stress Scale and the Impact of Events Scale-Revised were also used. Multivariate logistic regression analysis was performed to determine the defining characteristics that were configured as predictors of mental health disorders. Adjusted odds ratios were estimated, along with 95% confidence intervals, at 5% significance.
Results: 2,349 undergraduate students participated in the study. The presence of 24 physical, behavioral, cognitive, and emotional defining characteristics of the nursing diagnoses in question was investigated. Of these, 13 emerged as predictors for anxiety symptoms; 15 for stress symptoms; 11 for depression symptoms; and 15 for post-traumatic stress disorder.
Conclusion: physical, behavioral, cognitive, and emotional defining characteristics of NANDA-I nursing diagnoses were evidenced as predictors for the development of mental health disorders in university students in the post-COVID-19 era.
Descriptors:
Signs and Symptoms; Mental Health; Universities; Students; COVID-19; Nursing
Highlights:
(1) Mental health disorders are prevalent among college students in the post-COVID-19 era. (2) Nursing diagnoses related to mental health are prevalent among students. (3) Defining characteristics have emerged as predictors of mental health disorders. (4) Interventions to promote mental health in this population are needed.
Objetivo: evaluar características definitorias de diagnósticos de enfermería que se configuran como predictoras de trastornos de salud mental entre estudiantes de pregrado en la era post COVID-19.
Método: estudio transversal, multicéntrico, realizado con estudiantes de pregrado de cuatro universidades públicas del estado de Minas Gerais. Los datos fueron recolectados mediante un cuestionario estructurado, en línea, con variables sociodemográficas y clínicas. Se investigó, además, mediante autoinforme, la presencia de características definitorias incluidas en los Diagnósticos de Enfermería de Ansiedad, Síndrome del Estrés por Cambio; Síndrome Postraumático; Sobrecarga de Estrés y Tristeza Crónica, presentes en la taxonomía de la NANDA-I. Se utilizaron también la Depression, Anxiety and Stress Scale y la Impact of Events Scale-Revised. Se realizó un análisis de regresión logística multivariada para determinar las características definitorias que se configuraron como predictoras de los trastornos de salud mental. Se estimaron odds ratios ajustadas, junto con los intervalos de confianza del 95%, con un nivel de significancia del 5%.
Resultados: participaron en el estudio 2.349 estudiantes de pregrado. Se investigó la presencia de 24 características definitorias físicas, conductuales, cognitivas y emocionales de los diagnósticos de enfermería en cuestión. De estas, 13 emergieron como predictoras para los síntomas de ansiedad; 15 para los síntomas de estrés; 11 para los síntomas de depresión; y 15 para el trastorno de estrés postraumático.
Conclusión: se evidenciaron características definitorias físicas, conductuales, cognitivas y emocionales de diagnósticos de enfermería de la NANDA-I que se configuraron como predictoras para el desarrollo de trastornos de salud mental en universitarios en la era post COVID-19.
Descriptores:
Signos y Síntomas; Salud Mental; Universidades; Estudiantes; COVID-19; Enfermería
Destacados:
(1) Los trastornos de salud mental son prevalentes en universitarios en la era post COVID-19. (2) Los diagnósticos de enfermería relacionados con la salud mental son prevalentes en estudiantes. (3) Características definitorias emergieron como predictoras de trastornos de salud mental. (4) Es necesario implementar intervenciones para promover la salud mental en esta población
Introdução
Segundo a World Health Organization, a saúde mental é definida como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue lidar com os estresses cotidianos, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade” ( 1 ). As desordens relacionadas a ela representam um grande problema de saúde pública a nível mundial e surgem quando a pessoa não consegue adaptar-se às mudanças que ocorrem em sua vida, gerando grande sofrimento ( 1 ).
Em todo o mundo, uma em cada oito pessoas vivem com desordens de saúde mental ( 1 ). Os resultados do Global Burden of Diseases apontaram que entre os anos de 1990 e 2019, o número global de anos de vida ajustados por incapacidade devido a transtornos mentais aumentou de 80,8 milhões para 125,3 milhões, com grande ônus para as pessoas em todo o mundo ( 2 ).
Os estudantes de graduação representam uma população vulnerável ao desenvolvimento de desordens de saúde mental ( 3 ), e a pandemia da COVID-19 as agravou ainda mais ( 4 - 5 ), pois dentre os seus inúmeros impactos negativos, desencadeou uma crise global na saúde mental das pessoas ( 1 ). De fato, ansiedade, estresse, depressão e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), permaneceram prevalentes na era pós-COVID-19 ( 6 - 7 ).
No contexto da enfermagem, a taxonomia da NANDA-I ( 8 ) apresenta alguns diagnósticos relacionados à saúde mental que podem estar presentes na população universitária, e provavelmente foram intensificados devido ao contexto pandêmico. Dentre eles, destacam-se a Ansiedade (00146); Sobrecarga de Estresse (00177); Síndrome Pós-trauma (00141); Síndrome do Estresse por Mudança (00114) e Tristeza Crônica (00137). Atentar-se para as características definidoras e fatores relacionados que podem desencadear esses problemas, a fim de implementar medidas efetivas para solucioná-los e preveni-los, faz-se essencial nesse contexto de crise da saúde mental.
Globalmente, estudos já avaliaram desordens de saúde mental em estudantes universitários na era pós-COVID-19 ( 6 - 7 , 9 - 12 ). Como exemplo, estudo conduzido na China ( 6 ) identificou que fatores associados a mudanças sociais, familiares e econômicas impostas pela pandemia aumentaram o risco de sintomas psicológicos em estudantes universitários. Outro estudo ( 7 ) realizado no Chile identificou, além de altas prevalências de depressão, ansiedade e estresse, que ser do sexo feminino, pertencer a minorias sexuais e uso de psicofármacos parecem ter impacto na suscetibilidade a problemas de saúde mental. Ademais, um estudo conduzido na Tailândia ( 12 ) encontrou que condições médicas, relacionamentos ruins com familiares, amigos ou outras pessoas, ter problemas enquanto estudava na universidade e o impacto autopercebido da COVID-19 na vida do aluno foram aspectos associados a problemas de saúde mental.
Destaca-se que grande parte dos estudos envolveram, principalmente, o rastreamento do estado psicológico e sua associação com fatores demográficos, clínicos e acadêmicos ( 6 - 7 , 9 - 12 ). No entanto, as investigações no Brasil são escassas e até o presente momento não foram encontrados, a nível nacional ou internacional, estudos de revisão sistemática ou de escopo, ou que avaliaram a presença de características definidoras de diagnósticos de enfermagem em estudantes de graduação na era pós-COVID-19, e as estimou como preditoras de ansiedade, estresse, depressão e TEPT. Avaliar essas características em uma população vulnerável ao desenvolvimento de desordens de saúde mental e que vivenciou uma grande crise sanitária pode ser um passo importante no desenvolvimento de estratégias institucionais de cuidado para esse público. Nesse sentido, o presente estudo objetivou avaliar características definidoras de diagnósticos de enfermagem que se configuram como preditoras de desordens de saúde mental entre estudantes de graduação na era pós-COVID-19.
Método
Delineamento do estudo
Estudo transversal, multicêntrico, realizado com estudantes universitários de graduação e reportado de acordo com as recomendações do Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology ( 13 ).
Local e período
O estudo foi realizado em quatro universidades públicas do estado de Minas Gerais, Brasil, entre janeiro de 2023 a abril de 2024. A universidade 1 possui 79 cursos de graduação distribuídos em cinco campi nas regiões Metropolitana e Norte do estado de Minas Gerais. A universidade 2 possui 56 cursos de graduação, em três campi na região Metropolitana. Já a universidade 3 conta com 67 cursos de graduação em três campi na Zona da Mata, região Metropolitana e Alto Paranaíba/Triângulo Mineiro. Por fim, a universidade 4 é composta por 38 cursos de graduação em quatro campi, localizados no Sul e Sudoeste do estado.
População e definição da amostra
A população foi constituída por 67.110 estudantes universitários de graduação, sendo 33.900 na universidade 1, 13.110 na universidade 2, 14.000 na universidade 3, e 6.100 na universidade 4. Para o cálculo da amostra, foi utilizada uma estimativa conservadora de prevalência de 50%, já que a prevalência de desordens de saúde mental na era pós-COVID-19 no Brasil era desconhecida no momento do planejamento do estudo. Foi utilizada a fórmula n = (z2.p(1-p)/e2)/1+(z2.p(1-p)/e2N), em que: z = escore z (para grau de confiança de 95%, z = 1,96); p = prevalência de casos com a característica estudada; e = margem de erro; N = tamanho da população. Ao considerar a população de 67.110 estudantes e margem de erro de 2%, o tamanho da amostra mínimo estimado para o presente estudo foi de 2.319 estudantes.
Critérios de seleção
Estudantes com 18 anos ou mais, que estavam regularmente matriculados em qualquer período dos cursos de graduação e que tinham disponibilidade de horário para responder aos instrumentos de coleta de dados foram recrutados. Foram excluídos do estudo aqueles que não tinham acesso à internet no momento da coleta de dados e que não completaram todo o inquérito.
Variáveis do estudo
A presença ou ausência de sintomas de ansiedade, estresse, depressão e TEPT foram consideradas variáveis dependentes. As características definidoras dos diagnósticos de enfermagem estudados foram consideradas explicativas ou preditoras. Características sociodemográficas e clínicas foram consideradas covariáveis.
Instrumentos utilizados para a coleta das informações
As seguintes características sociodemográficas e clínicas foram coletadas por meio de um questionário estruturado online: sexo biológico; cor da pele; situação conjugal; moradia; renda familiar (em salários-mínimos do Brasil - no momento da coleta de dados: R$1.320,00); atividade laboral; assistência estudantil; bolsa estudantil (de ensino, pesquisa ou extensão); diagnóstico clínico de desordens de saúde mental; uso de psicofármacos; acompanhamento com psiquiatra e psicólogo. Além disso, foi investigada, por meio de autorrelato, a presença de características definidoras dos seguintes diagnósticos de enfermagem, de acordo com a taxonomia NANDA-I ( 8 ):
-
1)
Ansiedade: agitação psicomotora; choro fácil; insegurança; alteração no ciclo sono-vigília; produtividade diminuída; aperto no peito; boca seca; diarreia; tensão muscular; palpitação cardíaca; náusea; padrão respiratório alterado; rubor facial; transpiração aumentada; atenção alterada; esquecimento; preocupação; medo.
-
2)
Síndrome do estresse por mudança: baixa autoestima; raiva; medo; preocupação; frustração; alteração no ciclo-vigília; solidão.
-
3)
Sobrecarga de estresse: raiva; impaciência aumentada; tensão muscular.
-
4)
Síndrome pós-trauma: atenção alterada; cefaleia; raiva; medo; palpitação cardíaca.
-
5)
Tristeza crônica: tristeza.
Essas características definidoras foram selecionadas pois foram observadas com mais frequência em estudantes de graduação, de acordo com a prática clínica de seis pesquisadores da equipe, que são enfermeiros e docentes universitários. Além disso, algumas dessas características definidoras também estão presentes na Depression, Anxiety, and Stress Scale (DASS-21) ( 14 ) e na Impact of Events Scale-Revised (IES-R) ( 15 ).
Para mensurar os sintomas de ansiedade, estresse e depressão foi utilizada a DASS-21 ( 14 ). A escala conta com 21 questões, em forma de autorrelato, sendo dividida em três subescalas que avaliam sintomas percebidos na última semana, por meio de sete perguntas, com quatro opções de respostas (0 = não se aplicou de maneira alguma a 3 = aplicou-se muito ou na maioria do tempo). O somatório de cada subescala, multiplicado por dois, fornece o escore total de cada construto ( 14 ). A escala foi traduzida e validada para a versão brasileira e possui adequadas propriedades psicométricas ( 14 ). Na presente amostra, o alfa de Cronbach global foi de 0.944 (para as subescalas ansiedade, estresse e depressão foi 0.867, 0.886 e 0.901, respectivamente) ( 16 ).
Para avaliar o TEPT foi utilizada a IES-R ( 15 ). A IES-R é autoaplicável e apresenta 22 itens subdivididos em três subescalas de sintomas: evitação, intrusão e hiperestimulação, que consideram os últimos sete dias. Cada item compreende cinco opções de resposta (0- nenhum pouco a 4- extremamente). O resultado geral é a soma das médias de cada subescala. Valor maior que 5,6 indica a presença de TEPT ( 15 ). O instrumento foi validado e adaptado para a versão brasileira ( 15 ), e na presente amostra, o alfa de Cronbach foi 0.961 ( 16 ).
Coleta de dados
O estudo foi conduzido de forma online, via plataforma Google Forms, durante três semestres, a fim de atingir o número de participantes estimado pelo cálculo amostral. O estudo foi divulgado nos canais de comunicação oficial das universidades, nos e-mails institucionais e por meio de entrega de panfletos. Fornecemos a todos os potenciais participantes informações detalhadas sobre os objetivos da pesquisa para que pudessem tomar decisões informadas sobre participar ou não. Aqueles que concordaram assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido em formato digital. Em seguida, responderam, por meio de autorrelato, aos instrumentos de coleta de dados. Os dados foram armazenados em formato eletrônico protegido por senha.
Tratamento e análise dos dados
A partir das respostas obtidas pelo Google Forms, foi gerado um banco de dados no software Microsoft Office Excel, versão 2021. Os dados foram importados para o software IBM SPSS Statistics for Windows, versão 26 (IBM Corp., Armonk, NY, USA) para análises. Frequências relativas e absolutas, média e desvio-padrão resumiram as variáveis estudadas. Análise bivariada, por meio do teste de Qui-quadrado de Pearson, foi utilizada para avaliar a associação entre as características definidoras dos diagnósticos de enfermagem estudados e os sintomas de ansiedade, estresse, depressão e TEPT avaliados nas escalas utilizadas.
Para a análise de regressão múltipla, as multicolinearidades das variáveis também foram avaliadas. O teste VIF para colinearidade apresentou valores próximos a 1, não apresentando problema de multicolinearidade. A presença ou ausência de sintomas de ansiedade, estresse, depressão e TEPT foram consideradas variáveis dependentes. As variáveis explicativas (características definidoras dos diagnósticos de enfermagem estudados) foram inseridas pelo método Backward no modelo de regressão logística múltipla. Os odds ratios ajustados (ORA) foram estimados, juntamente com os seus intervalos de confiança de 95% (IC 95), os quais foram usados para determinar aquelas características definidoras que poderiam se configurar como preditoras dos sintomas de ansiedade, estresse, depressão e ao TEPT. A associação das variáveis foi considerada estatisticamente significativa para p<0,05.
As variáveis sociodemográficas e clínicas foram colocadas no grupo de variáveis do modelo de regressão logística múltipla; mas, como elas não foram estatisticamente significativas (p>0,05), optou-se por manter somente as características definidoras dos diagnósticos de enfermagem em questão.
Aspectos éticos
As normas éticas para pesquisas que envolvem seres humanos foram rigorosamente seguidas. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob os pareceres número 5.700.107/ CAAE: 63318222.0.0000.5153. Todos os estudantes que concordaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Um total de 2.409 estudantes de graduação foram avaliados, dos quais 97,5% (2.349) completaram o estudo. 2,5% (60) foram excluídos da análise, pois eram estudantes de pós-graduação (48); recusaram a participar do estudo (7); não responderam ao inquérito de forma completa (3); ou não tinham 18 anos (2).
A idade dos participantes variou de 18 a 62 anos, com média de 23,4 anos (desvio padrão: 5,4). 48,6% (1.141) estavam matriculados em cursos da área de ciências biológicas e da saúde; 24,2% (569) em ciências humanas, artes e letras; 21,3% (501) em ciências exatas e tecnológicas e 5,9% (138) em ciências agrárias. A descrição das características sociodemográficas e clínicas está na Tabela 1.
Dentre os 2.349 estudantes que participaram do estudo, 76,8% (1.804) possuíam sintomas de ansiedade; 77,3% (1.816) sintomas de estresse; 77,2% (1.814) sintomas de depressão; e 42,2% (994) TEPT, que foram mensurados pelas escalas empregadas.
A análise bivariada demonstrou que todas as características definidoras dos diagnósticos de enfermagem, selecionadas para mensuração e relatadas pelos estudantes, associaram-se de forma estatisticamente significativa aos sintomas de ansiedade, estresse, depressão e TEPT, na era pós-COVID-19 (Tabela 2).
A Tabela 3 apresenta as características definidoras que se configuraram como preditoras das desordens de saúde mental entre estudantes universitários de graduação a partir dos modelos de regressão logística multivariada.
Discussão
Este estudo determinou características definidoras físicas, comportamentais, cognitivas e emocionais dos diagnósticos de enfermagem, da taxonomia da NANDA-I ( 8 ), Ansiedade (00146); Sobrecarga de Estresse (00177); Síndrome Pós-trauma (00141); Síndrome do Estresse por Mudança (00114) e Tristeza Crônica (00137) que se configuraram como preditoras naqueles estudantes universitários com desordens de saúde mental na era pós-COVID-19. Tanto as características definidoras de diagnósticos de enfermagem observados quanto as desordens de saúde mental foram altamente prevalentes nessa população, o que torna esses achados preocupantes.
Os problemas de saúde mental foram fortemente agravados na pandemia da COVID-19 e perpetuaram após o seu término, inclusive em estudantes de graduação. Investigações realizadas com esse público já relataram a prevalência desses problemas ao redor do mundo, na era pós-COVID-19 ( 6 - 7 , 9 ). Contudo, encontramos maiores prevalências dessas desordens de saúde mental nos estudantes brasileiros. Isso denota o grande sofrimento mental vivenciado na era pós-pandemia, e a necessidade urgente de estabelecimento de políticas de cuidado que prezem pela saúde mental dos mesmos.
Em relação às características definidoras físicas, transpiração aumentada, padrão respiratório alterado e palpitações cardíacas emergiram como preditoras para ansiedade, estresse e TEPT; boca seca para ansiedade, TEPT e depressão; náusea para ansiedade, estresse e depressão; aperto no peito para ansiedade e depressão; alteração no ciclo sono-vigília para TEPT e depressão; tensão muscular para estresse; e cefaleia para TEPT.
Segundo a NANDA-I ( 8 ), todos esses sinais e sintomas físicos, à exceção da cefaleia, são características definidoras do diagnóstico Ansiedade. O diagnóstico Síndrome do Estresse por Mudança apresenta também, como características definidoras, a referência a sintomas físicos aumentados. Já o diagnóstico Sobrecarga de Estresse, refere-se ao modo de expressar tensão. Palpitações cardíacas e cefaleia constam no diagnóstico Síndrome Pós-trauma. Enquanto isso, o diagnóstico Tristeza Crônica não apresenta características definidoras físicas. Esses achados reafirmam que as características definidoras de fato estão presentes em pessoas com ansiedade, estresse e depressão; e, além disso, podem levar ao desenvolvimento de tais condições clínicas, já que se configuraram como variáveis preditoras no presente estudo.
No contexto da pandemia da COVID-19, alterações no padrão de sono foram frequentes nos estudantes universitários ( 17 ). No presente estudo, essa prevalência também foi expressiva para as quatro desordens investigadas (maior que 80,0%), demonstrando que as alterações no ciclo sono-vigília se mantiveram na era pós-COVID-19. Esses dados são preocupantes, pois a alteração no padrão de sono tem correlação direta com problemas de saúde mental em universitários ( 12 ).
Manifestações como transpiração aumentada, boca seca, parâmetros cardíacos e respiratórios alterados e alterações gastrointestinais, como a náusea, também podem estar presentes em pessoas com ansiedade ( 8 ). Essas manifestações também são investigadas em instrumentos validados para avaliar ansiedade, estresse, depressão, como a DASS-21 ( 14 ), e na IES-R para avaliação do TEPT ( 15 ). Isso reafirma a importância da avaliação dessas características.
No presente estudo, as prevalências de boca seca, palpitações cardíacas e padrão respiratório alterado foram expressivas nos estudantes que manifestaram ansiedade (54,3%, 64,3%, 64,7%, respectivamente). E, principalmente os parâmetros cardíacos e respiratórios também foram expressivos nos estudantes que apresentaram TEPT (69% e 71,4% respectivamente) e estresse (61,8% e 63,8% respectivamente). A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e do sistema nervoso simpático em situações de estresse justificam essas manifestações ( 18 ). No contexto pós-pandêmico, as prevalências expressivas de TEPT e de estresse nos estudantes revelam a importância de avaliar essas manifestações nesse público.
A tensão muscular emergiu como característica definidora preditora para a presença de estresse, com prevalência expressiva nos estudantes do presente estudo (80,1%). Como o sistema nervoso autônomo inerva praticamente todos os sistemas orgânicos do corpo, a ativação da resposta simpática pode levar a várias alterações fisiológicas, como, por exemplo, o aumento da tensão e da dor muscular ( 19 ). Em estudantes universitários, no contexto pandêmico, pesquisadores observaram alta prevalência de tensão nos músculos da face e os níveis de estresse foram significativamente maiores ( 20 ). Da mesma forma, a cefaleia também pode ocorrer e estar associada aos elevados níveis de estresse em estudantes ( 21 ). De fato, no presente estudo, esta característica definidora foi preditora para o desenvolvimento do TEPT, com alta prevalência nos estudantes (70,2%).
Outro sintoma físico que configurou como característica definidora preditora de ansiedade e de depressão foi a sensação de aperto no peito, com prevalência de 67,2% em estudantes com ansiedade e 64,4% com depressão. Estudo realizado com estudantes universitários encontrou associação significativa entre a presença de ansiedade e o sintoma aperto no peito ou no coração; o mesmo não ocorreu para a depressão ( 22 ). É importante destacar que o sintoma aparece como característica definidora do diagnóstico Ansiedade, na NANDA-I ( 8 ). Mas, devido à sua alta prevalência em estudantes com sintomas de depressão e ao fato dele ter emergido como variável preditora para essa condição, sugere-se avaliar a possibilidade de inclusão desse sintoma como característica definidora do diagnóstico Tristeza Crônica.
Ao considerar que as características definidoras físicas são mais facilmente perceptíveis, elas podem atuar como sinais de alerta para tais condições. No contexto universitário, por exemplo, quando os professores identificarem a presença das referidas manifestações nos estudantes em sala de aula, uma maior atenção deve ser dada sobretudo em relação à sua saúde mental, para que os problemas emocionais sejam identificados em estágios iniciais e intervenções precoces possam ser implementadas.
Dentre as características definidoras comportamentais identificadas nos estudantes, baixa autoestima foi preditora para ansiedade, estresse, depressão e TEPT; agitação psicomotora e o choro fácil para ansiedade, estresse e TEPT; impaciência aumentada para estresse; e produtividade diminuída para depressão. Segundo a NANDA-I ( 8 ), a baixa autoestima é característica definidora do diagnóstico Síndrome do Estresse por Mudança; agitação psicomotora, choro fácil e produtividade diminuída são características do diagnóstico Ansiedade; e impaciência aumentada configura-se como característica definidora de Sobrecarga de Estresse.
A baixa autoestima pode ser entendida como a percepção negativa sobre o valor próprio, a autoaceitação, o autorrespeito, a competência e a atitude em relação a si mesmo ( 8 ). No contexto universitário, a baixa autoestima é um fator de influência para níveis mais elevados de depressão ( 23 ), além de comprometer significativamente o desempenho acadêmico ( 24 ). Tal fato foi agravado com a pandemia e perpassa pelo contexto pós-pandêmico, ao observarmos a expressiva prevalência de baixa autoestima, que girou em torno de 84,9% a 90,1% nos estudantes com desordens de saúde mental desse estudo. Diante disso, a avaliação da autoestima nos estudantes pode contribuir para o estabelecimento dos diagnósticos relacionados à saúde mental de forma mais acurada e, consequentemente, no estabelecimento de intervenções mais efetivas.
Agitação psicomotora e choro fácil também foram altamente prevalentes (aproximadamente 92,0% e 75,0%, respectivamente) nos estudantes com ansiedade, estresse e TEPT. A DASS-21 ( 14 ) apresenta, no construto ansiedade, a presença de tremores, por exemplo nas mãos e, no construto estresse, dificuldades de se acalmar e de relaxar, e agitação. Esses sintomas estão relacionados à agitação psicomotora, o que reforça a importância da sua avaliação em pessoas com sintomas de ansiedade, estresse e em situações pós-traumáticas. Já o choro fácil, que emergiu como preditor para essas condições, também é apresentado pela DASS-21 ( 14 ), mas de forma indireta como “senti que estava um pouco emotivo/sensível demais” no construto depressão. Reafirma-se a necessidade de detectar essas características definidoras nos estudantes, que foram fortemente impactados a nível psicológico, pela pandemia da COVID-19.
A impaciência aumentada também foi expressiva em estudantes que apresentaram sintomas de estresse (90,7%) no contexto pós-pandemia. Este também é um sintoma avaliado pela IES-R em pessoas com TEPT (“eu me sentia irritável e bravo”) ( 15 ). As diversas consequências da pandemia na forma de ensino levaram os estudantes a desenvolverem sentimentos de impaciência, aborrecimento e hostilidade ( 25 ), e isso pode predispor ao desenvolvimento de estresse, como foi evidenciado pelo presente estudo. Visto isso, torna-se importante trabalhar com estratégias de enfrentamento e alívio de estresse com essa população, de forma que esses sentimentos negativos não impactem na performance acadêmica do estudante.
Outro sintoma frequente nos estudantes deste estudo e que se configurou como preditor para a depressão foi a produtividade diminuída (85,8%). Destaca-se que a falta de vontade em realizar as atividades do dia a dia é uma característica da depressão. No contexto universitário, essa falta de vontade pode refletir na diminuição da produtividade, com consequente impacto no desempenho acadêmico. Contudo, na NANDA-I, o diagnóstico Tristeza Crônica não apresenta essa característica como definidora ( 8 ). Devido à alta prevalência evidenciada por este estudo e sua relação direta com a depressão, sugere-se a possibilidade de inclusão.
Dentre os sinais e sintomas cognitivos, esquecimento frequente foi preditor para ansiedade, estresse, TEPT e depressão; e atenção alterada para estresse e TEPT. Segundo a NANDA-I, o esquecimento configura-se como característica definidora do diagnóstico Ansiedade; e a atenção alterada como característica definidora de Ansiedade e Síndrome Pós- trauma. Ainda, a IES-R apresenta os problemas de concentração como características do TEPT ( 15 ), reforçando a necessidade de avaliá-los.
Durante a pandemia da COVID-19, a dificuldade de concentração foi frequente entre os estudantes universitários, com prevalência em torno de 89% ( 17 ). Os problemas cognitivos perduraram até a era pós-pandemia, fato comprovado pelo presente estudo, que encontrou prevalência de esquecimento frequente maior que 80% em todos os construtos avaliados, e de atenção alterada de 88,9% e 91,2% em estudantes com estresse e TEPT, respectivamente. Os achados são importantes, pois a presença das características definidoras pode comprometer o desempenho acadêmico dos estudantes, reduzir a motivação para os estudos e, em última instância, contribuir para a evasão escolar.
Dentre as características definidoras emocionais, preocupação excessiva e tristeza foram preditoras para ansiedade, estresse, TEPT e depressão; solidão e raiva para estresse, TEPT e depressão; medo para ansiedade e TEPT; e frustração para depressão.
Observou-se, no presente estudo, alta prevalência de sentimentos de preocupação (>93,0% em todos os construtos) e tristeza (≥85,0% em todos os construtos) nos estudantes. Em estudo realizado com 195 estudantes universitários para compreender os efeitos da pandemia na sua saúde mental, encontrou-se que a preocupação com o desempenho acadêmico e os pensamentos excessivos e depressivos também estavam presentes nesta população; além disso, tais pensamentos contribuíram para a ocorrência de pensamentos suicidas ( 17 ). Diante dos achados, fica evidente como esses sentimentos ainda permanecem no contexto pós-pandêmico, e que, quando exacerbados, podem comprometer a saúde mental dos estudantes e leva-los a comportamentos de risco. Portanto, ao avaliar a saúde mental dos estudantes, sugere-se observar a presença desses sentimentos ao elencar todos os diagnósticos de enfermagem aqui estudados.
Sentimentos de solidão ( 17 ) e raiva ( 26 ), que se fizeram presente em estudantes durante a pandemia, também se mostraram altamente prevalentes na era pós-COVID-19. De fato, mais de 75,0% e de 69,0% dos estudantes deste estudo apresentaram esses sintomas, respectivamente. Segundo a NANDA-I, esses sentimentos estão presentes nos diagnósticos de Síndrome do Estresse por Mudança, Síndrome Pós-trauma e Sobrecarga de Estresse ( 8 ). Contudo, no presente estudo, eles também emergiram como preditores para depressão em estudantes de graduação, de forma que sugerimos a avaliação desses sentimentos também em quadros de tristeza.
O medo, que também foi relatado por estudantes universitários no contexto pandêmico ( 17 ), fez-se presente na era pós-COVID-19 de forma muito frequente, conforme evidenciado pelo nosso estudo, principalmente nos estudantes com ansiedade (83,1%) e com TEPT (88,5%). O medo pode influenciar múltiplos aspectos da vida e da saúde das pessoas ( 27 ). Durante a pandemia, a reação desencadeou sérias consequências fisiopatológicas, sociais, comportamentais e mentais ( 27 ). De fato, o estudo apontou que a maior prevalência de medo da COVID-19 foi relacionada a pior qualidade do sono, pior percepção de saúde, tristeza, maior estresse, sintomas depressivos e ideação suicida ( 27 ). Assim, compreender e mitigar o medo na população de estudantes universitários é uma grande preocupação e um ponto focal para intervenções ( 28 ). Destaca-se ainda, que segundo a NANDA-I ( 8 ), esse sentimento está presente nos diagnósticos Ansiedade, Síndrome do Estresse por Mudança e Síndrome Pós-trauma, demonstrando que os resultados encontrados estão de acordo com a taxonomia.
Por fim, frustração foi outro sintoma expressivo no presente estudo, com prevalência de 91,5% em estudantes com depressão. Durante a pandemia, os estudantes expressaram frustrações em relação às aulas remota; ao acesso às tecnologias; à interrupção de atividades de pesquisa e extensão; e aos aspectos familiares, sociais, emocionais, comportamentais e financeiros da vida ( 29 ). E, com os achados aqui apresentados, nota-se que esse sentimento ainda permanece na era pós-COVID-19. Garantir, então, que as frustrações dos estudantes e as barreiras ao sucesso sejam reconhecidas e consideradas pode ajudar a evitar abandono ao ensino superior ( 29 ).
Diante dos resultados desta investigação, sugerimos que as características definidoras físicas, comportamentais, cognitivas e emocionais que emergiram como preditores de ansiedade, estresse, TEPT e depressão nos estudantes de graduação na era pós-COVID-19 sejam melhor estudados como possíveis características definidoras dos respectivos diagnósticos de Ansiedade; Síndrome do estresse por mudança; Síndrome pós-trauma; Sobrecarga de estresse; Tristeza crônica. Elas podem proporcionar mais pistas diagnósticas e, consequentemente, facilitar a implementação de intervenções efetivas para o público.
Este estudo apresenta limitações que devem ser destacadas. Em primeiro lugar, a coleta de dados de forma online impediu o cálculo de uma taxa precisa de respostas; além disso, estudantes sem acesso à internet não conseguiram participar. Em pesquisas futuras, a coleta de dados presencial evitaria a ocorrência do viés de seleção. Segundo, foram utilizados questionários de autorrelato para avaliar sintomas relacionados às desordens de saúde mental, bem como a presença das características definidoras dos diagnósticos de enfermagem estudados. Para estudos futuros, sugere-se a realização de diagnósticos clínicos por médicos e a avaliação das características definidoras por enfermeiros, de forma que esses dados não sejam baseados apenas na observação do participante. Um terceiro aspecto a ser mencionado se refere ao fato de o estudo ter sido limitado a apenas uma região do país, o que pode restringir, em partes, a generalização dos resultados para outras regiões ou países. Contudo, o expressivo tamanho amostral, proveniente de 15 campi (em diferentes cidades) e 94 cursos de graduação aumentou a confiabilidade e validade das comparações feitas. Além disso, as associações com ORA inferior a 2,0 devem ser interpretadas com cautela, uma vez que podem produzir uma associação falso positiva ( 30 ). Sugere-se, ainda, considerar na análise estatística o semestre acadêmico, uma vez que estudantes de diferentes semestres podem apresentar características diferentes. Por fim, ressaltamos que não foi utilizada a versão mais atual da NANDA-I, pois, no momento da coleta de dados, ela ainda não havia sido lançada. Contudo, observou-se pelos pesquisadores a não contemplação das características definidoras investigadas neste estudo.
Apesar das limitações, este estudo traz avanços ao conhecimento científico, pois está entre os primeiros a identificar a prevalência de desordens relacionadas à saúde mental entre estudantes de graduação na era pós-COVID-19 no Brasil, e em especial para área da enfermagem, uma vez que evidenciou características definidoras de diagnósticos de enfermagem que se configuraram como preditoras de ansiedade, estresse, depressão e TEPT. Os achados podem auxiliar enfermeiros a aprimorarem a avaliação das desordens de saúde mental na população de estudantes universitários, bem como para a implementação de intervenções eficazes para promoção da saúde mental.
Além disso, ressalta-se que a versão mais atual da NANDA-I, lançada em abril de 2024 ( 31 ), não contempla os diagnósticos Síndrome do Estresse por Mudança, Sobrecarga de Estresse e Tristeza Crônica. Ao considerar a alta prevalência das características definidoras desses diagnósticos em uma amostra expressiva de estudantes de graduação e que foram preditoras para ansiedade, estresse, depressão e TEPT, este estudo valida a ocorrência das mesmas. Dessa forma, sugere-se a reinserção dos diagnósticos, com suas respectivas características definidoras, na taxonomia da NANDA-I.
Conclusão
Este estudo evidenciou características definidoras físicas, comportamentais, cognitivas e emocionais presentes nos diagnósticos de enfermagem Ansiedade; Síndrome do Estresse por Mudança; Síndrome Pós-trauma; Sobrecarga de Estresse; Tristeza Crônica, segundo a NANDA-I, que se configuraram como preditoras para o desenvolvimento de desordens de saúde mental em estudantes universitários na era pós-COVID-19, tais como: alteração no ciclo sono-vigília; transpiração aumentada; boca seca; padrão respiratório alterado; palpitações cardíacas; tensão muscular; cefaleia; náusea; aperto no peito; agitação psicomotora; choro fácil; impaciência aumentada; produtividade diminuída; baixa autoestima; atenção alterada; esquecimento frequente; preocupação excessiva; frustração; solidão; medo; raiva; e tristeza.
Agradecimentos
Agradecemos a Yara Martins Rodrigues, Maria Clara Vidigal Santana, Marina das Dores Nogueira de Oliveira, Guilherme Antônio Gonçalves Ribeiro, Eliza Mara das Chagas Paiva e Gabriela Horta Castro pela colaboração na fase de coleta de dados.
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Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 402216/2023-7 e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), processo nº APQ-03370-22, Brasil.
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Como citar este artigo
Moura CC, Toledo LV, Boscarol GT, Chaves RL, Nogueira DA, Marinho CAC, et al. Defining characteristics predicting mental health disorders among undergraduate students in the post-COVID-19 era: a multicenter cross-sectional study. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2025;33:e4671 [cited]. Available from: . https://doi.org/10.1590/1518-8345.7741.4671
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Out 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
23 Out 2024 -
Aceito
27 Abr 2025
