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Setenta anos da Associação Brasileira de Enfermagem: um convite à reflexão

EDITORIAL

Setenta anos da Associação Brasileira de Enfermagem: um convite à reflexão

Iranilde José Messias Mendes

Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Os setenta anos da Associação Brasileira de Enfermagem nos remetem a reflexões sobre perspectivas, desafios, limites e possibilidades para se pensar numa renovação das relações entre os homens.

A formação de pessoal passa, necessariamente, pelo enfrentamento da realidade mundial cujo quadro se delineia como uma sociedade caracterizada por espetacular progresso da ciência e tecnologia versus espetacular degradação das relações sócio-ecológicas.

A minimização desta contradição implica em alterações substanciais nas prioridades econômicas, nas estruturas sociais, nos compromissos políticos, éticos, culturais dentre outros, o que pressupõe uma transformação dos valores hoje presentes na sociedade.

Uma viagem à história nos dá a sensação de que, apesar de tudo o aprendizado humano acontece e vem acontecendo, passamos pela fase da servidão, da escravidão e hoje estamos na fase da dominação.

Entretanto há ao mesmo tempo um movimento sutil, mas vigoroso, no sentido de "desengessar" o homem, possibilitando-lhe o uso da criatividade, do exercício da solidariedade, de maior fraternidade, da busca de justiça nas relações humanas. Quando dominados e dominadores se dispuserem à busca de uma vida mais equânime a transformação, sem dúvida, ganhará mais espaço para acontecer e a sociedade poderá ser mais livre.

Sociedade livre implica em uma sociedade autônoma, capaz de viver uma vida prazerosa.

Nájera* * Organização Panamericana da Saúde. Las crisis de la salud publica: reflexiones para el debate - Washington, DC: OPS, 1992. p. 280. (Publicación Científica 540) , para quem a saúde deve ser considerada capacidade de viver a vida plenamente, chama a atenção aos requisitos sociais de solidariedade e da cultura e ao fato de que a saúde não pode ser medida somente pela quantidade de vida nem de morte, mas passa, necessariamente, pela qualidade de vida e da morte de todos.

Neste sentido, cabe-nos um papel importante no que diz respeito à "desmedicalização" de nossa forma de conceitualizar saúde. Significa termos pela frente as idéias de Ética e Solidariedade, idéias que trazem compromissos de cidadania e de compartilhar responsabilidades na busca de diminuição de desigualdades sociais, ou seja, de saúde.

Resta-nos, então acreditar e trabalhar pela garantia, não apenas do consumo de bens e serviços, mas, sobretudo pelo desenvolvimento das capacidades de julgamento sobre os seus usos. Neste particular, assinalo a importância das entidades de classe particularmente da Associação Brasileira de Enfermagem.

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    Organização Panamericana da Saúde. Las crisis de la salud publica: reflexiones para el debate - Washington, DC: OPS, 1992. p. 280. (Publicación Científica 540)
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Jun 2006
    • Data do Fascículo
      Jul 1996
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