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Do supereu antitético ao falo: o lugar da droga em sujeitos neuróticos*1 *1 O presente artigo é parte inédita da tese de doutorado A clínica psicanalítica no front de guerra às drogas: demanda, identificação e supereu nos equipamentos AD, de autoria de Daniela Santos Bezerra e orientação de Vinicius Anciães Darriba, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com banca de defesa constituída no dia 26 de julho de 2018. A pesquisa teve como base a experiência clínica da autora em dois equipamentos de saúde mental: a Unidade 3 do CIAPS Adauto Botelho, situado em Cuiabá - MT, na qual a autora é membro efetiva da equipe e o CAPS AD III Mirian Makeba, situado no Rio de Janeiro - RJ, no qual a autora se inseriu durante 10 meses, no ano de 2015, para acompanhar a clínica oferecida no espaço coletivo desse serviço. Extraindo consequências das questões que emergiram na clínica articulada à teoria dos discursos de Lacan (1969-70/1992), os autores trabalham neste artigo a proposição de que a relação com a droga não deve ser tomada como causa prévia a uma formação sintomática, bem como articulam clínica e política, resgatando fundamentos da clínica psicanalítica.

About the superego as an antithetic to the phallus: The place of drugs in neurotic subejcts

Du surmoi antithétique au phallus: la place de la drogue chez le sujet nevrótique

Del superyó antitético al falo: el lugar de la droga en sujetos neuróticos

O presente artigo parte da experiência clínica em uma unidade de internação psiquiátrica para homens com diagnóstico de dependentes químicos. Tal experiência foi tomada a partir do que se extrai do discurso do analista (Lacan 1969-70/1992Lacan, J. (1992). O seminário. Livro 17. O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1969-70).). O agenciamento do objeto a revela que nem sempre a relação com a substância é a causa do sofrimento psíquico. Um dos aspectos presentes nessa clínica, na qual predominam sujeitos neuróticos, é o empuxo à repetição do fracasso, engendrando o sem-sentido. Tal atuação não diz respeito à relação com a droga, mas revela-se modus operandi do sujeito. Apontando a antítese entre falo e supereu, como a única instância que impõe o gozo, estabelecemos a diferença entre o uso da droga como suspensão do gozo fálico como indicado por Lacan (1975/1976)Lacan, J. (1976). Clotûre aux Journées d’Etudes des Cartels. Lettres de l’Ecole Freudienne de Paris, 18, Paris, abril de 1976. (Trabalho original publicado em 1975). e a repetição compulsiva que exaure o sujeito e realiza o fracasso.

Palavras-chave:
Neurose; falo; supereu; droga


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