Acessibilidade / Reportar erro

Comunidades lenhosas no cerrado sentido restrito em duas posições topográficas na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, DF, Brasil

Cerrado strictu sensu woody communities in two land positions in the Brasília Botanic Gaedens Ecologuical Station, Federal District, Brazil

RESUMO

A topografia afeta o regime hídrico e propriedades edáficas determinantes da vegetação do cerrado. Este estudo avaliou a distribuição espacial de árvores do cerrado sensu stricto em duas posições topográficas, interflúvio (I) e vale (V) na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília. No total 15 parcelas, 20x50m cada, foram locadas, 10 no cerrado I e cinco no cerrado V, para amostrar árvores, DB≥ 5cm. O número(30cm) de árvores por parcela serviu para a classificação por TWINSPAN. A comparação da densidade e área basal de espécies preferenciais aos cerrados I e V em 18 localidades elegeu aquelas potencialmente indicadoras de condições ambiente no Brasil central. A topografia contribuiu para diferenças florísticas e estruturais nas comunidades I e V. Para o interflúvio foram indicadoras Blepharocalyx salicifolius, Dalbergia miscolobium, Miconia ferruginata, M. pohliana, Piptocarpha rotundifolia, Ouratea hexasperma, Pterodon pubescens, Qualea parviflora e Sclerolobium paniculatum em Latossolos. Byrsonima coccolobifolia, Caryocar brasiliense e Erythroxylum suberosum em Latossolos, solos Litólicos ou arenosos. Pouteria ramiflora em Latossolos e Neossolos Quatzarênicos. Para o vale e Cambissolos foram indicadoras Dimorphandra mollis, Eremanthus glomerulatus, Eriotheca pubescens, Guapira noxia, Plenckia populnea, Qualea multiflora e Symplocos rhamnifolia. As espécies Byrsonima verbascifolia, Kielmeyera coriacea, Qualea grandiflora, Stryphnodendron adstringens e Schefflera macrocarpa foram generalistas.

Palavras-chave:
árvores; topografia; espécies indicadoras de ambientes; densidade; área basal

ABSTRACT

Topography affects moist regime and edaphic properties determinants of the cerrado sensu stricto vegetation. This study assessed trees spatial distribution in two topographic positions, interfluvial (I) and valley slope (V), in the Ecological Station of the Brasília Botanical Garden, Brasília, Brazil. In the total 15 plots, 20x50 m each, were located, 10 in area I and 5 in area V, to survey trees, BD≥ 5cm. Species number of trees per plot was used to a TWINSPAN classification. Density and basal(30cm) area of cerrados I and V preferential species were compared in 18 areas in Central Brazil to elect those potentialy indicators environmental conditions. Topography contributed to floristic and structural differences within I and V communities. Interfluvial indicators were Blepharocalyx salicifolius, Dalbergia miscolobium, Miconia ferruginata, M. pohliana, Piptocarpha rotundifolia, Ouratea hexasperma, Pterodon pubescens, Qualea parviflora and Sclerolobium paniculatum for Latossols. Byrsonima coccolobifolia, Caryocar brasiliense and Erythroxylum suberosum for Latossols, Litolic or sand soils. Pouteria ramiflora for Latossols and sandy solis. Valey slope over Cambissols indicators were Dimorphandra mollis, Eremanthus glomerulatus, Eriotheca pubescens, Guapira noxia, Plenckia populnea, Qualea multiflora and Symplocos rhamnifolia. Widely distributed species were Byrsonima verbascifolia, Kielmeyera coriacea, Qualea grandiflora, Stryphnodendron adstringens and Schefflera macrocarpa.

Key words:
trees; topography; environment indicator species; density; basal area

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 2
    CNPq – Bolsa, Pesquisador II.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Adámoli, J.; Macedo, J.; Azevedo, L. G. & Madeira Neto, J. 1985. Caracterização da região dos Cerrados. In: Goedert, W.J. (ed.). Solos dos cerrados. EMBRAPA, Brasília. Pp. 33-73.
  • Angiosperm Phylogeny Group II. 2003. An update of the angiosperm phylogeny group classication for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141(4): 399-436.
  • Assunção, S. L. & Felfili, J. M. 2004. Fitossociologia de um fragmento de cerrado (s.s) na APA do Paranoá, DF. Acta Botanica Brasilica 18(4): 903-909.
  • Azevedo, L. G.; Ribeiro, J. R.; Schiavini, I. & Oliveira, P. E. A. M. 1990. Levantamento da vegetação do Jardim Botânico de Brasília-DF. Fundação Zoobotânica, Brasília, DF, 92p.
  • Eiten, G. 1972. The Cerrado vegetation of Brazil. Botanical Review 38(2): 201-341.
  • Eiten, G. 1994. Vegetação do cerrado. In: Pinto, M. N. (ed.). Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. 2ed. UnB/Sematec, Brasília. Pp. 9-65.
  • EMBRAPA. 1999. Sistema brasileiro de classificação de solos. EMBRAPA, Rio de Janeiro. 412 p.
  • Fechner, H. R. 2001. Sobrevivência de árvores no Cerrado (sensu stricto) após fogo, no Jardim Botânico de Brasília-DF. Monografia de Graduação. UnB, Brasília, 15p.
  • Felfili, J. M. 2000. Diversidade florística das áreas nucleares da Reserva da Biosfera do Cerrado-Fase I. In: Vegetação no Distrito Federal-tempo e espaço. UNESCO/Brasil. Pp. 29-74.
  • Felfili, J. M.; Silva Júnior, M. C. 1993. A comparative study of cerrado (sensu stricto) vegetation in Central Brazil. Journal of Tropical Ecology 9: 277-289.
  • Felfili J. M.; Silva Júnior. M. C.; Rezende, A. V.; Machado, J. M. B.; Walter, B. M. T.; Silva, P. E. N. & Hay, J. D. 1993. Análise comparativa da florística e fitossociológia da vegetação arbórea do cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha, DF-Brasil. Acta Botanica Brasilica 6(2): 27-46.
  • Felfili, J. M.; Filgueiras, T. S.; Haridasan, M.; Silva Júnior, M. C.; Mendonça, R. & Rezende, A. V. 1994. Projeto biogeografia do bioma cerrado: vegetação e solos. Cadernos de Geociências do IBGE 12: 75-166.
  • Felfili, J. M.; Sevilha, A. C. & Silva Júnior, M. C. 2001. Comparação entre as unidades de fisiográficas da Chapada Pratinha, Veadeiros e Espigão Mestre do São Francisco. In: Felfili, J. M. & Silva Júnior M. C. (eds.). Biogeografia do bioma cerrado-Chapada do Espigão Mestre do São Francisco. Programa Nacional de Florestas, Brasília. Pp. 80-94.
  • Felfili, J. M.; Silva Júnior, M. C.; Sevilha, A. C; Fagg, C. W.; Walter, B. M. T.; Nogueira, P. E. & Rezende, A. V. 2004. Diversity, floristic and structural patterns of cerrado vegetation in Central Brazil. Plant Ecology 175: 37-46.
  • Felfili, J. M.; Sevilha, A. C. & Silva Júnior, M. C. 2007. Comparação entre as unidades fisiográficas: Chapada Pratinha e Chapada dos Veadeiros. In: Felfili, J. M.; Rezende, A. V. & Silva Júnior, M. C. (eds.). Biogeografia do bioma cerrado-vegetação e solos da Chapada dos Veadeiros. Editora UnB. Brasília. Pp. 113-117.
  • Ferreira, J.; Bustamante, M.; Garcia-Montiel, D.; Caylor, K. & Davidson, E. 2007. Spatial variation in vegetation structure coupled to plant available water determined by two-dimensional soil resistivity profiling in a Brazilian savanna. Oecologia 153 (2): 417-430.
  • Fonseca, M. S. & Silva Júnior, M. C. 2004. Fitossociologia e similaridade florística entre trechos de cerrado sentido restrito em interflúvio e em vale no Jardim Botânico de Brasília-DF. Acta Botanica Brasilica 18(1): 19-29.
  • Franco, A. C. 2002. Ecophysiology of woody plants. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. (org.). The cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna. 1 ed. Columbia University Press, New York. Pp. 178-197.
  • Frost, P. G. H.; Medina, E.; Menault, J. C.; Solbrig, O.; Swift, M. & Walker, B. 1986. Responses of savannas to stress and disturbances. Biology International (special issue) 10: 1-82.
  • Haridasan, M. 2007. Solos. In: Felfili, J. M.; Rezende, A. V. & Silva Júnior, M. C. (ed.). Biogeografia do bioma cerrado-Chapada dos Veadeiros. Ed. UnB, Brasília. Pp. 27-43.
  • Henriques, R. P. B. 2004. Análise fitossociológica em vegetação de cerrado sensu stricto em um gradiente topográfico no Brasil Central. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer 13: 61-84.
  • Henriques, R. P. B. & Hay, J. D. 2002. Patterns and dynamics of plant populations. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. (eds.). The cerrados of Brazil. Ecology and natural history of a neotropical savanna. Columbia University Press, New York. Pp. 140-158.
  • Hill, M. O. 1979. TWINSPAN: a FORTRAN program for arranging multivariate data in an ordered two-way table by classification, and its application to a survey of native pinewoods in Scotland. Journal of Ecology 63: 597-613.
  • Jongman, R. H. G.; Ter Braak, C. J. F.; Van Tongeren, O. F. R. 1987. Data analysis in community and landscape ecology. Pudoc. Wageningen.
  • Ledru, M. P. 2002. Late quaternary history and evolution of the cerrados as revealed by palinological records. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. (eds.). The cerrados of Brazil. Ecology and natural history of a neotropical savanna. Columbia University Press, New York. Pp. 33-50.
  • Mendonça, R. C.; Felfili, J. M.; Walter, B. M. T.; Silva Júnior, M. C.; Rezende, A. V.; Filgueiras, T. S. & Nogueira, P. E. 1998. Flora vascular do cerrado. In: Sano, S. & Almeida, S. (eds.). Cerrado ambiente e flora. EMBRAPA, Planaltina. Pp 289-556.
  • Miranda, H. S.; Bustamante, M. M. C.& Miranda, A. C. 2002. The fire factor. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. (eds.). The cerrados of Brazil. Ecology and natural history of a neotropical savanna. Columbia University Press, New York. Pp. 51-68.
  • Mittermeier, R. A.; Gil, P. R.; Hoffmann, M.; Pilgrim, J.; Brooks, T.; Mittermeier, C. G.; Lamourex, J. & Fonseca, G. A. G. 2005. Hotspots revisited. Earth's biologically richest and most endangered terrestrial ecorregions. CI, Washington. Pp. 15-96.
  • Moreira, A. G. 1992. Fire protection and vegetation dynamics in the brazilian cerrado. Ph.D. thesis. Harvard University, Cambridge, 235p.
  • Nunes, R. V. 2001. Padrões de distribuição geográfica de espécies lenhosas do cerrado (sentido restrito) no Distrito Federal. Dissertação de Mestrado. UnB, Brasília, 58p.
  • Nunes, R. V.; Silva Júnior, M. C.; Felfili, J. M. & Walter, B. M. T. 2002. Intervalos de classe para a abundância, dominância e frequência do componente lenhoso do cerrado sentido restrito no Distrito Federal. Revista Árvore 26 (2): 173-182.
  • Oliveira-Filho, A. T. & Ratter, J. A. 2002. Vegetation physiognomies and woody flora of the cerrado biome. In: Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. (eds.). The cerrados of Brazil. Ecology and natural history of a neotropical savanna. Columbia University Press, New York. Pp. 91-120.
  • Pereira, B. A. S. 2008. Fitogeografia e relação vegetação-ambiente em florestas estacionais deciduais sobre afloramentos calcários no Brasil Central e em zonas de transição com a caatinga e com a Amazônia. Tese de Doutorado. UnB, Brasília, 108p.
  • Ratter, J. A.; Bridgewater, S. & Ribeiro, J.F. 2003. Analysis of the floristic composition of the brazilian Cerrado vegetation III: comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany 60(1): 57-109.
  • Ratter, J. A; Ribeiro, J. F. & Bridgewater, S. 1997. The Brazilian cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Annals of Botany 80: 223-230.
  • Ribeiro, J. F. & Walter, B. M. T. 2008. As principais fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sueli Matiko Sano; Semíramis Pedrosa de Almeida; José Felipe Ribeiro. (orgs.). Cerrado: ecologia e flora. 1 ed. v. 1. Embrapa Cerrados/Embrapa Informação Tecnológica, Brasília. Pp. 151-212.
  • Ribeiro, J. F.; Bridgewater, S.; Ratter, J. A. & Sousa-Silva, J. C. 2005. Ocupação do bioma cerrado e conservação da sua diversidade vegetal. In: Scariot, A., Sousa-Silva, J. C. & Felfili, J. M. (eds.). Cerrado: ecologia biodiversidade e conservação. MMA, Brasília. Pp. 385-399.
  • Rodriguez-Iturbe, I.; Porporato, A.; Laio, F. & Ridolfi, F. 2001. Plants in water-controlled ecosystems: active role in hydrologic processes and response to water stress I. Scope and general outline. Adv. Water Res 24: 695-705.
  • Rossi, C. V.; Silva Júnior, M. C. & Santos, C. E. N. 1998. Fitossociologia do estrato arbóreo do cerrado sensu stricto no Parque Ecológico Norte, Brasília-DF. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer 2: 49-56.
  • Sarmento, T. R. & Silva Júnior, M. C. 2006. Composição florística e fitossociologia das comunidades lenhosas do cerrado sentido restrito em duas posições topográficas no Jardim Botânico de Brasília, DF. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer 16: 12-22.
  • Sarmento, T. R. & Silva Júnior, M.C. 2008. Classificação do cerrado sentido restrito de interflúvio e vale na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, DF. 5º Simpósio de Pós-graduação em Ciências Florestais. Vol. 1 em CD.
  • Silva Júnior, M. C. 2004. Fitossociologia e estrutura diamétrica da mata de galeria do Taquara, na Reserva Ecológica do IBGE, DF. Revista Árvore 28 (3): 419-428.
  • Silva Júnior, M. C. 2005. Fitossociologia e estrutura diamétrica na mata de galeria do córrego Pitoco, na Reserva Ecológica do IBGE, DF. Revista Cerne 11(2): 147-15.
  • Solbrig, O. T. 1996. The diversity of the savanna ecosystem. In: Solbrig O. T.; Medina E.; Silva, J. F. (eds.). Biodiversity and savanna ecosystem processes - A global perspective. Ecological Studies, v.121. Springer, Berlin.
  • Walter, B. M. T. 2006. Fitofisionomias do Bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese de Doutorado. UnB, Brasília, 373p.
  • Walter, H. 1986. Vegetação e zonas climáticas. EPU, São Paulo, 237p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2009

Histórico

  • Recebido
    Out 2007
  • Aceito
    Jul 2009
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br