Acessibilidade / Reportar erro

Florística e ecologia de epífitas vasculares em um fragmento de floresta de restinga, Ubatuba, SP, Brasil

Floristics and ecology of vascular epiphytes in a fragment of coastal plain forest, Ubatuba, São Paulo, Brazil

Resumo

O epifitismo é responsável por parte significativa da diversidade de florestas tropicais, proporcionando recursos alimentares e microambientes especializados para a fauna de dossel. A comunidade de epífitas vasculares ocorrente em floresta alta de restinga na planície litorânea da Praia da Fazenda, Núcleo Picinguaba, ao norte do município de Ubatuba/SP, foi avaliada através de coletas mensais durante o período de um ano. Foram identificadas 64 espécies, 37 gêneros e 12 famílias, sendo Orchidaceae, Bromeliaceae, Polypodiaceae e Araceae as mais representativas com 75% do total de espécies amostradas. A forma de vida mais rica encontrada foi a holoepífita obrigatória (73,4%), tendo as monocotiledôneas como maioria (55,3%). Em seguida, apareceram as holoepífitas facultativas (14,1%), restritas às famílias Bromeliaceae e Lomariopsidaceae, as hemiepífitas secundárias (6,3%) e primárias (3,1%), exclusivamente da família Araceae, e as holoepífitas acidentais e preferenciais (1,6% cada).

Palavras-chave:
categorias ecológicas; epifitismo; florística

Abstract

Vascular epiphytism plays a significant role in the diversity of tropical forests and it also provides food resources and microhabitats for specialized fauna of the canopy. We present the epiphyte community of a “restinga” high forest on the coastal plain of Fazenda Beach, Picinguaba Sector of Serra do Mar State Park, located in northern Ubatuba municipality/São Paulo. The vascular epiphyte species were sampled monthly for a period of one year, resulting in 64 species, 37 genera and 12 families identified. Orchidaceae, Bromeliaceae, Polypodiaceae and Araceae were the most representative families, totaling 75% of all species. The life form “true epiphytes” was the richest in species (73.4%), with a monocot majority (55.3%). Next in order are the “facultative” group (14.1%), exclusively Bromeliaceae and Lomariopsidaceae, the “secondary” group (6.3%) and “primary” (3.1%) hemiepiphytes, exclusively Araceae, and the “accidental” and “preferred” epiphytes (1.6% each).

Key words:
epiphytism; floristics; life form

Texto completo disponível apenas em PDF.

Referências

  • Aguiar, L.W.; Citadini-Zanete, V.; Martau, L. & Backes, A. 1981. Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica 28: 55-93.
  • Angiosperm Phylogeny Group [APG]. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121.
  • Assis, M.A. 1999. Florística e caracterização das comunidades vegetais da planície costeira de Picinguaba, Ubatuba - SP. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 248p.
  • Bencke, C.S.C. & Morellato, L.P.C. 2002. Estudo comparativo da fenologia de nove espécies arbóreas em três tipos de floresta atlântica no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 237-248.
  • Benzing, D.H. 1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptive diversity. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 183-204.
  • Benzing, D.H. 1990. Vascular epiphytes. Cambridge University Press, Cambridge. 354p.
  • Borgo, M. & Silva, S.M. 2003. Epífitos vasculares em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 391-401.
  • Borgo, M.; Silva, S.M. & Petean, M. 2002. Epífitos vasculares em um remanescente de floresta estacional semidecidual, município de Fênix, PR, Brasil. Acta Biologica Leopoldinense 24: 121-130.
  • Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names. Royal Botanic Gardens, Kew. 732p.
  • Cervi, A.C. & Borgo, M. 2007. Epífitos vasculares no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (Brasil). Levantamento preliminar. Fontqueria 55: 415-422.
  • Cervi, A.C.; Acra, L.A.; Rodrigues, L.; Train, S.; Ivanchechen, S.L. & Moreira, A.L.O.R. 1988. Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de araucária do Primeiro Planalto Paranaense. Insula 18: 75-82.
  • Cesar, O. & Monteiro, R. 1995. Florística e fitossociologia de uma floresta sobre a restinga em Picinguaba (Parque Estadual Serra do Mar), município de Ubatuba, SP. Naturalia 20: 89-105.
  • Dettke, G.A; Orfrini, A.C. & Milaneze-Gutierre, M.A. 2008. Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de Floresta Estacional Semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59: 859-872.
  • Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. A flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (São Paulo, Brasil). Boletim Botânico da Universidade de São Paulo 17: 61-83.
  • Dislich, R. 1996. Florística e estrutura do componente epifítico vascular na Mata da Reserva da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”, São Paulo, SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 174p.
  • Dittrich, V.A.O.; Kozera, C. & Menezes-Silva, S. 1999. Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, PR, Brasil. Iheringia, Série Botânica 52: 11-21.
  • Elias, C.; Fernandes, E.A.N.; França, E.J. & Bacchi, M.A. 2006. Seleção de epífitas acumuladoras de elementos químicos na Mata Atlântica. Biota Neotropica. Vol. 6. Disponível em <http://www.biotaneotropica.org.br/v6n1/pt/fullpaper?bn02106012006+pt>. Acesso em 29 maio 2006.
    » http://www.biotaneotropica.org.br/v6n1/pt/fullpaper?bn02106012006+pt
  • Figueiredo, A.M.G.; Saiki, M.; Ticianelli, R.B.; Domingos, M.; Alves, E.S. & Market, B. 2001. Determination of trace elements in Tillandsia usneoides by neutron activation analysis for environmental biomonitoring. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry 249: 391-395.
  • Fontoura, T.; Sylvestre, L.S.; Vaz, A.M.S. & Vieira, C.M. 1997. Epífitas vasculares, hemiepífitas e hemiparasitas da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: Lima, H.C. & Guedes-Bruni, R.R. (eds.). Serra de Macaé: diversidade florística e conservação da Mata Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. 89-101.
  • Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Contribution of nontrees to species richness of a tropical rain forest. Biotropica 19: 149-156.
  • Giongo, C. & Waechter, J.L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica 27: 563-572.
  • Gonçalves, C.N. & Waechter, J.L. 2003. Aspectos florísticos e ecológicos de epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul. Acta Botanica Brasilica 17: 89-100.
  • Hertel, R.J.G. 1949. Contribuição à ecologia da flora epifítica da Serra do Mar (vertente oeste) do Paraná. Tese de Livre Docência. Universidade do Paraná, Curitiba. 70p. Index Kewensis Version 1.0. 1993. Oxford University Press, Oxford. On compact disc.
  • Kersten, R.A & Kunyioshi, Y.S. 2006. Epífitos vasculares na Bacia do Alto Iguaçu, Paraná, Brasil - composição florística. Estudos de Biologia 28: 55-71.
  • Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2001. Composição florística do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24: 213-226.
  • Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 259-67.
  • Kress, W.J. 1986. The Systematic distribution of vascular epiphytes: an update. Selbyana 9: 2-22.
  • Lombardi, J.A. 1991. O gênero Rhipsalis Gärtner (Cactaceae) no estado de São Paulo I. Espécies com ramos cilíndricos ou subcilíndricos. Acta Botanica Brasilica 5: 53-76.
  • Lombardi, J.A. 1995. O gênero Rhipsalis Gärtner (Cactaceae) no estado de São Paulo II. Espécies com ramos aplanados. Acta Botanica Brasilica 9: 151-161.
  • Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13.
  • Martin-Gajardo, I.S. & Morellato, L.P.C. 2003. Fenologia de Rubiaceae do sub-bosque em floresta Atlântica no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 299-309.
  • Melo, M.M.R.F.; Barros, F.; Chiea, S.A.C.; Kirizawa, M.; Jung-Mendaçolli, S.L. & Wanderley, M.G.L. (Org.). 2000. Flora Fanerogâmica da Ilha do Cardoso. Vol. 7. Instituto de Botânica, São Paulo, 121p.
  • Melo, M.M.R.F.; Barros, F.; Chiea, S.A.C.; Kirizawa, M.; Jung-Mendaçolli, S.L. & Wanderley, M.G.L. (org.). 2008. Flora Fanerogâmica da Ilha do Cardoso. Vol. 13. Instituto de Botânica, São Paulo, 143p.
  • Moraes, M.D. & Monteiro, R. 2006. A família Asteraceae na planície litorânea de Picinguaba, Ubatuba, São Paulo. Hoehnea 33: 41-78.
  • Nadkarni, N.M. 1988. Tropical rainforest ecology from a canopy perspective. In: Almeida, F. & Pringle, C.M. (eds.). Tropical rainforests: diversity and conservation. San Francisco, California Academy of Science and Pacific Division. American Association for the Advancement of Science. 306p.
  • Nadkarni, N.M. 1992. The conservation of epiphytes and their habitats: summary of a discussion at the international symposium on the biology and conservation of epiphytes. Selbyana 13: 140-142.
  • Nieder, J.; Engwald, S.; Klawun, M. & Barthlott, W. 2000. Spatial distribution of vascular epiphytes (including hemiepiphytes) in a lowland amazonian rain forest (Surumoni Crane Plot) of southern Venezuela. Biotropica 32: 385-396.
  • Perry, D.R. 1978. A method of access into the crowns of emergent and canopy trees. Biotropica 10: 155-157.
  • Piliackas, J.M.; Barbosa, L.M. & Catharino, E.L.M. 2000. Levantamento das epífitas vasculares do manguezal do Rio Picinguaba, Ubatuba, São Paulo. In: Watanabe, S. (coord.). Anais do 5º Simpósio de Ecossistemas Brasileiros. Vol. 2. Aciesp, São Paulo, Pp. 357-363.
  • Ribeiro, J.E.L.S.; Garcia, J.P.M. & Monteiro, R. 1994. Distribuição das espécies de orquídeas na planície litorânea (Restinga) da Praia da Fazenda, município de Ubatuba, SP. Arquivos de Biologia e Tecnologia 37: 515-526.
  • Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556.
  • Sanchez, M. 2001. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea num gradiente altitudinal da Mata Atlântica. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 123p.
  • Sanchez, M.; Pedroni, F.; Leitão-Filho, H.F. & Cesar, O. 1999. Composição florística de um trecho de floresta ripária na Mata Atlântica em Picinguaba, Ubatuba, SP, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 22: 31-42.
  • Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55: 705-731.
  • Waechter, J.L. 1986. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica 34: 39-49.
  • Waechter, J.L. 1992. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 163p.
  • Waechter, J. L. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura 20: 43-66.
  • Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Giulietti, A.M.; Longhi-Wagner, H.M. & Bittrich, V. (org.). 2001. Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 1. 292p.
  • Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Melhem, T.S. & Giulietti, A.M. (org.). 2003. Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 3. 398p.
  • Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Melhem, T.S. & Giulietti, A.M. (org.). 2007. Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, Vol. 5. 476p.
  • Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Melhem, T.S.; Martins, S.E.; Kirizawa, M. & Giulietti, A.M. (orgs.). 2005. Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 4. 432p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2010

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2009
  • Aceito
    13 Jul 2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br