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Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Combretaceae

Flora of the cangas of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Combretaceae

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo florístico para a família Combretaceae na vegetação sobre canga da Serra dos Carajás. Na área, a família é representada por uma espécie, Combretum laxum, que é aqui descrita, ilustrada e discutida.

Palavras-chave:
FLONA Carajás; Amazônia; Combretum

Abstract

This paper aims a floristic survey of the Combretaceae in the canga vegetation of Serra dos Carajás. The family is represented in the area by a single species, Combretum laxum, which is here described, illustrated and discussed..

Key words:
FLONA Carajás; Amazon; Combretum

Combretaceae

Combretaceae R. Brown apresenta aproximadamente 14 gêneros comportando 500 espécies com distribuição pantropical, a maioria das espécies são nativas da África (Linsingen et al. 2009Linsingen VL, Cervi AC & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 738-750.; Neto et al. 2014Neto RLS, Cordeiro LS & Loiola MIB (2014) Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia 65: 685-700.). A família apresenta espécies arbóreas, arbustivas, scandentes ou não, subarbustos ou liana, folhas opostas ou alternas, verticiladas ou não, simples, inteiras, sem estípulas, indumento de tricomas compartimentados, escamosos ou glandulares, inflorescências em espigas, panículas de espigas, racemos ou panículas terminais ou axilares, raramente capitadas, flores actinomorfas ou zigomorfas com ovário ínfero e unilocular, frutos indeiscentes, secos, alados ou não, quando alados com 2, 4 ou 5 alas (Stace & Alwan 1998Stace CA & Alwan AR (1998) Combretaceae. In: Berry PE, Holst BK & Yatskievych K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 329-352.; Linsingen et al. 2009Linsingen VL, Cervi AC & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 738-750.). No Brasil ocorrem 63 espécies distribuídas em 5 gêneros, das quais 36 foram registradas para o estado do Pará (BFG 2015BFG (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás, registrou-se um único gênero de Combretaceae: Combretum Loefl.

1. Combretum Loefl.

Combretum pertence à tribo Combreteae Engler e possui cerca de 255 espécies (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica. Vol. 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.). No Brasil, ocorrem 22 espécies, distribuídas em todas as regiões, habitando áreas antropizadas, caatinga, campinarana, campo limpo, cerrado, floresta ciliar, floresta de igapó, floresta de terra firme, floresta de várzea (BFG 2015BFG (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). As espécies de Combretum são árvores, arbustos, subarbustos ou lianas, com folhas opostas, inflorescências terminais ou axilares, do tipo panícula, panícula de espigas, espiga ou racemo, flores alvas a suavemente amareladas, esverdeadas, alaranjadas a vermelhas (Linsingen & Cervi 2008Linsingen VL & Cervi AC (2008) A família Combretaceae R. Brown nas formações de cerrado do estado do Paraná, Brasil. Pesquisas 59: 211-222.; Linsingen et al. 2009Linsingen VL, Cervi AC & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 738-750.). Na Serra dos Carajás foram registradas quatro espécies de Combretum: Combretum laxum Jacq., C. fruticosum (Loefl.) Stuntz, C. lanceolatum Pohl ex Eichler e C. pyramidatum Ham., sendo somente C. laxum registrada para as áreas de cangas.

1.1. Combretum laxum Jacq., Enum. Syst. Pl. 19. 1760. Fig. 1a-c

Figura 1
Combretum laxum - a. hábito; b. flor; c. bractéola (U.N. Maciel et al. 784).
Figure 1
Combretum laxum - a. habit; b. flower; c. bracteole (U.N. Maciel et al.784).

Liana. Folhas 8,5-10 × 4,5-6,5 cm, cartáceas, oblongas a obovadas, discolores, face adaxial glabra, nervuras primárias evidentes, nervuras secundárias proeminentes, face abaxial com nervuras primárias e secundárias proeminentes, ápice acuminado, base cuneada a obtusa, margens sinuosas; pecíolos 3-8 mm compr., pubescentes. Inflorescências 2,3-11,7 cm compr., panículas de espigas terminais e axilares; raque pubescente. Flores com bractéolas 0,6-1,4 mm, lineares, pubescentes; hipanto inferior 0,5-1,6 × 0,5-0,9 mm, trígono, moderadamente escamoso; hipanto superior 1,1-2 × 0,9-1,7 mm compr., cupuliforme, externamente escamoso; lóbulos do cálice 4, deltoides, 0,3-0,5 × 0,4-0,9 mm; pétalas 0,4-0,6 mm compr., brancas, glabras, unguiculadas, emarginadas no ápice. Estames 8; filetes 0,9-1,2 mm compr., filiformes; anteras 0,1-0,2 cm compr., orbiculares. Estiletes 0,5-1 cm compr., arqueados na extremidade; estigma obtuso. Frutos não vistos.

Material examinado: BRASIL. PARÁ: Carajás, Serra Norte, N1, 7.VII.1982, fr., Maciel, U.N. et al. 784 (MG).

Combretum laxum assemelha-se superficialmente a C. fruticosum pelas flores com 4 pétalas, 4 lobos no cálice e pela presença de frutos com 4 alas. Entretanto C. laxum distingue-se de C. fruticosum pelo formato cupuliforme do hipanto superior, com lobos do cálice reduzidos e pétalas unguiculadas, maiores que os lóbulos do cálice.

Esta espécie é Neotropical, distribuída desde a região sul do México até a Argentina (Linsingen et al. 2009Linsingen VL, Cervi AC & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 738-750.). No Brasil apresenta ampla distribuição nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (BFG 2015BFG (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi coletada na Serra Norte: N1, em solo com afloramento ferrífero, usualmente associada a bordas de mata baixa e transição para formações abertas.

  • Lista de exsicatas
    Maciel UN 784 (1.1).
  • Editor de área: Dr. Julio Lombardi

Agradecimentos

Agradeço ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Instituto Tecnológico Vale, a estrutura e apoio. Aos curadores dos herbários consultados, o acesso aos materiais examinados. Ao Me. João Silveira, a confecção das ilustrações. Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (455505/2014-4), o financiamento.

Referências

  • BFG (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.
  • Linsingen VL, Cervi AC & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 738-750.
  • Linsingen VL & Cervi AC (2008) A família Combretaceae R. Brown nas formações de cerrado do estado do Paraná, Brasil. Pesquisas 59: 211-222.
  • Neto RLS, Cordeiro LS & Loiola MIB (2014) Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia 65: 685-700.
  • Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica. Vol. 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.
  • Stace CA & Alwan AR (1998) Combretaceae. In: Berry PE, Holst BK & Yatskievych K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 329-352.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    03 Maio 2016
  • Aceito
    12 Maio 2017
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