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Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Polypodiaceae

Flora of the cangas of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Polypodiaceae

Resumo

Este estudo engloba os táxons de Polypodiaceae registrados nas cangas da Serra dos Carajás, no estado do Pará, trazendo descrições, ilustrações e comentários morfológicos. Foram registrados oito táxons para a área de estudo, distribuídos em seis gêneros: Campyloneurum centrobrasilianum, C. phyllitidis, Microgramma lycopodioides, M. persicariifolia, Pecluma plumula, Pleopeltis polypodioides var. burchellii, Phlebodium decumanum e Serpocaulon triseriale.

Palavras-chave:
Campyloneurum; FLONA Carajás; Microgramma; samambaias; taxonomia

Abstract

This study addresses the Polypodiaceae reported on canga formations in Serra dos Carajás, Pará state, presenting descriptions, illustrations and morphological comments. Eight taxa were recorded in the study area, belonging to six genera: Campyloneurum centrobrasilianum, C. phyllitidis, Microgramma lycopodioides, M. persicariifolia, Pecluma plumula, Pleopeltis polypodioides var. burchellii, Phlebodium decumanum and Serpocaulon triseriale.

Key words:
Campyloneurum; FLONA Carajás; Microgramma; ferns; taxonomy

Polypodiaceae

Polypodiaceae J. Presl & C. Presl é uma das famílias mais diversas de samambaias e um dos grupos mais ricos e abundantes dentre as plantas vasculares nas florestas tropicais e subtropicais (Schneider et al. 2004Schneider H, Smith AR, Cranfill R, Hildebrand TJ, Haufler CH. & Ranker TA (2004) Unraveling the phylogeny of polygrammoid ferns (Polypodiaceae and Grammitidaceae): exploring aspects of the diversification of epiphytic plants. Molecular Phylogenetics and Evolution 31: 1041-1063.). São plantas epífitas, terrícolas ou rupícolas, com rizoma reptante ou ereto; frondes monomorfas a dimorfas, simples a 1-pinadas, glabras ou com indumento formado por tricomas e escamas, venação livre ou anastomosada, pecíolo articulado ou contínuo com o rizoma; soros geralmente arredondados (podendo ser oblongos, lineares ou formando cenosoros), sem indúsio, com ou sem paráfises; esporos monoletes ou triletes. Família cosmopolita, com 1652 espécies e 65 gêneros distribuídos em seis subfamílias (PPG I 2016PPG I (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.). No Brasil ocorrem 20 gêneros e 164 espécies (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Nas cangas da Serra dos Carajás, foram registrados seis gêneros e oito táxons.

    Chave de identificação dos gêneros de Polypodiaceae das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Frondes simples, inteiras...................................................................................................................... 2

    • 2. Rizoma curto-reptante; duas ou mais fileiras de soros entre a costa e a margem da fronde, se apenas uma fileira de soros presente, então escamas do rizoma clatradas 1. Campyloneurum

    • 2'. Rizoma longo-reptante; uma fileira de soros entre a costa e a margem da fronde, escamas do rizoma não-clatradas................... 2. Microgramma

  • 1'. Frondes pinatífidas ou mais divididas................................................................................................... 3

    • 3. Lâmina densamente escamosa na face abaxial da fronde ........................................... 5. Pleopeltis

    • 3'. Lâmina glabra ou, quando presentes, escamas esparsas na face abaxial ...................................... 4

      • 4. Venação livre ......................................................................................................... 3. Pecluma

      • 4'. Venação anastomosada .......................................................................................................... 5

        • 5. Soros no ápice da confluência de duas vênulas inclusas na aréola .......... 4. Phlebodium

        • 5'. Soros sobre uma única vênula inclusa na aréola ..................................... 6. Serpocaulon

1. Campyloneurum C.Presl

Plantas epífitas, terrícolas ou rupícolas. Rizoma curto ou longo-reptante, com escamas clatradas ou não, filopódios presentes. Frondes simples, raramente 1-pinadas (mas não na área de estudo), articuladas com o rizoma; lâmina linear a elíptica, glabra, com tricomas ou com escamas; venação anastomosada, com vênulas livres inclusas nas aréolas. Soros circulares, em 2-6 séries entre as nervuras secundárias, sobre as vênulas, paráfises presentes ou ausentes. Esporos monoletes. Campyloneurum é um gênero neotropical, com cerca de 50 espécies (PPG I 2016PPG I (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.). No Brasil ocorrem 22 espécies, das quais cinco são registradas no estado do Pará e na Serra dos Carajás (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.; Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Dessas, duas espécies ocorrem na canga.

    Chave de identificação das espécies de Campyloneurum das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Lâmina linear; escamas do rizoma lanceoladas; soros formando (1-)2 fileiras entre a costa e a margem da lâmina ................................................................................. 1.1. Campyloneurum centrobrasilianum

  • 1'. Lâmina lanceolada; escamas do rizoma ovadas; soros formando 3 ou mais fileiras entre a costa e a margem da lâmina ................................................................................ 1.2. Campyloneurum phyllitidis

1.1. Campyloneurum centrobrasilianum Lellinger, Amer. Fern J. 78(1): 16. 1988.Fig. 1a-b

Figura 1
a-b. Campyloneurum centrobrasilianum – a. hábito; b. detalhe da face abaxial da lâmina mostrando as nervuras e os soros. c-d. Campyloneurum phyllitidis – c. hábito; d. detalhe da face abaxial da fronde mostrando as nervuras e os soros (a-b. T.E. Almeida et al. 2254; c. A. Salino et al. 15152; d. T.E. Almeida et al. 2329).
Figure 1
a-b. Campyloneurum centrobrasilianum – a. habit; b. abaxial side of blade showing veins and sori. c-d. Campyloneurum phyllitidis – c. habit; d. abaxial side of blade showing veins and sori (a-b. T.E. Almeida et al. 2254; c. A. Salino et al. 15152; d. T.E. Almeida et al. 2329).

Plantas epífitas. Rizoma curto-reptante, 1-2,5 mm de largura, escamas lanceoladas, clatradas, castanho-claras. Frondes 35-45 × 0,5-1 cm; pecíolos 5-8 mm compr. × 0,1-0,2 mm diam., glabros; lâmina simples, inteira, linear, glabra; nervuras com 1(-2) séries de aréolas entre a costa e a margem da fronde. Soros formando (1-)2 fileiras entre a costa e a margem da fronde, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, S11D, 6º23'39"S, 50º21'01"W, 724 m, 18.II.2010, T.E. Almeida et al. 2254 (BHCB).

Campyloneurum centrobrasilianum se diferencia das outras espécies do gênero ocorrentes na Flona de Carajás pela lâmina estreita e linear (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.). A espécie mais próxima ocorrente nas demais formações da Serra dos Carajás, C. austrobrasilianum (Sw.) Fée (Arruda 2014), pode ser distinguida pelas escamas do caule com células retorcidas e lume iridescente (León 1993León B (1993) A taxonomic revision of the fern genus Campyloneurum (Polypodiaceae). Tese de Doutorado. Aarhus Universitet, Aarhus. 105p.). Esse é o primeiro registro da espécie para o estado do Pará.

Endêmica do Brasil: BA, DF, GO, MG, MS, MT, PA, TO (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra dos Carajás: Serra Sul: S11D. Ocorre em Floresta Ombrófila.

1.2. Campyloneurum phyllitidis (L.) C.Presl, Tent. Pterid. 190, t. 7, f. 18-20. 1836.

Polypodium phyllitidis L., Sp. Pl. 2: 1083. 1753. Fig. 1c-d

Plantas epífitas ou rupícolas. Rizoma curto-reptante, 0,2-0,3 mm de largura, escamas ovadas, clatradas, castanhas. Frondes 60-72 × 4-7,5 cm; pecíolos 3-7 mm compr. × 1,9-2,8 mm diam., glabros; lâmina simples, inteira, lanceolada, superfície laminar glabra, escamas clatradas, ovadas, presentes abaxialmente na costa; nervuras com 5-8 séries de aréolas entre a costa a margem da fronde. Soros formando três ou mais fileiras entre a costa e a margem da fronde, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, S11A, 06º18'30,1"S, 50º23'44,1"W, 582 m, 21.V.2010, A.J. Arruda et al. 268 (BHCB); S11C, 06º22'34"S, 50º23'04"W, 717 m, 13.II.2010, T.E. Almeida et al. 2154 (BHCB); S11D, 06º24'24"S, 50º23'11,7"W, 650 m, 30.VI.2010, T.E.Almeida et al. 2453 (BHCB); Serra do Tarzan, 06º19'34"S, 50º07'13"W, 540 m, 09.II.2012, A. Salino et al. 15152 (BHCB); Serra da Bocaina, 06º06'18"S, 49º53'00"W 13.II.2012, A. Salino et al. 15183 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N6, 06º08'18"S, 50º10'34"W, 701 m, 24.III.2012, A.J. Arruda 835 et al. (BHCB).

Campyloneurum phyllitidis é uma espécie de ampla distribuição e apresenta grande variação morfológica. Pode ser distinguida das espécies congenéricas ocorrentes nas demais formações da Serra dos Carajás pelo caule curto-reptante e lâmina lanceolada (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.; León 1993León B (1993) A taxonomic revision of the fern genus Campyloneurum (Polypodiaceae). Tese de Doutorado. Aarhus Universitet, Aarhus. 105p.).

Neotropical. Brasil: AC, AM, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MT, PA, PE, RO, RR, TO (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N6; Serra Sul: S11A, S11C, S11D, Serra da Bocaina e Serra do Tarzan. Ocorre em Floresta Ombrófila Densa e Mata Baixa.

2. Microgramma C.Presl

Plantas epífitas, rupícolas, ou ocasionalmente terrestres. Rizoma longo-reptante, com escamas subuladas ou lanceoladas. Frondes monomorfas a dimorfas; lâmina simples, inteira a lobada, lanceolada a elíptica, glabra ou com indumento de tricomas e/ou escamas; venação anastomosada, aréolas geralmente com vênulas livres inclusas. Soros arredondados, oblongo a lineares, geralmente formando uma fileira de cada lado da costa, paráfises presentes ou ausentes. Esporos monoletes. Microgramma é um gênero com 29 espécies neotropicais e uma espécie na África e ilhas do Oceano Índico (Almeida 2014Almeida TE (2014) Estudos sistemáticos e filogenéticos no gênero Microgramma C.Presl (Polypodiaceae-Polypodiopsida). Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 222p.). No Brasil ocorrem 18 táxons, dos quais oito são registrados no estado do Pará (Almeida 2017Almeida TE (2017) Microgramma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654>. Acesso em 11 março 2017.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
). Na Serra dos Carajás ocorrem quatro espécies (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.), duas das quais são registradas nas cangas.

    Chave de identificação das espécies de Microgramma das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Escamas do rizoma com margens ciliadas; soros arredondados; frondes até 1,5 cm de largura ............ ............................................................................................................. 2.1. Microgramma lycopodioides

  • 1'. Escamas do rizoma com margens inteiras; soros oblongos a lineares; frondes com 2,5-5,5 cm de largura ............................................................................................... 2.2. Microgramma persicariifolia

2.1. Microgramma lycopodioides (L.) Copel., Gen. Fil. 185. 1947.

Polypodium lycopodioides L., Sp. Pl. 2: 1082. 1753. Figs. 2a; 4a-b

Figura 2
a. Microgramma lycopodioides – fronde fértil. b. Microgramma persicariifolia – fronde fértil. c. Pecluma plumula – hábito. d. Pleopeltis polypodioides var. burchellii – hábito mostrando face adaxial da fronde à esquerda e face abaxial à direita (a. P.L. Viana et al. 3386; b. A.J. Arruda et al. 1105; c. T.E. Almeida et al. 2758; d. T.E. Almeida et al. 2153).
Figure 2
a. Microgramma lycopodioides – fertile frond. b. Microgramma persicariifolia – fertile frond. c. Pecluma plumula – habit. d. Pleopeltis polypodioides var. burchellii – habit showing adaxial side of the frond to the left and abaxial side to the right (a. P.L. Viana et al. 3386; b. A.J. Arruda et al. 1105; c. T.E. Almeida et al. 2758; d. T.E. Almeida et al. 2153).

Figura 3
a-b. Phlebodium decumanum – a. hábito; b. detalhe da face abaxial mostrando as nervuras e os soros. c-d. Serpocaulon triseriale – c. hábito; d. detalhe da face abaxial mostrando as nervuras e os soros (a. L.V. Costa et al. 1064; b. M.O. Pivari et al. 1659; c. A. Salino et al. 15149; d. A.J. Arruda et al. 211).
Figure 3
a-b. Phlebodium decumanum – a. habit; b. abaxial side of blade showing veins and sori. c-d. Serpocaulon triseriale – c. habit; d. abaxial side of blade showing veins and sori (a. L.V. Costa et al. 1064; b. M.O. Pivari et al. 1659; c. A. Salino et al. 15149; d. A.J. Arruda et al. 211).

Figura 4
a-b. Microgramma lycopodioides – a. frondes estéreis; b. frondes férteis. c-d. Microgramma persicariifolia – c. hábito; d. soros. e-f. Pleopeltis polypodioides var. burchellii – e. hábito; f. face abaxial da fronde mostrando escamas e soros. g-h. Phlebodium decumanum – g. fronde; h. rizoma. i-j. Serpocaulon triseriale – i. face abaxial da fronde mostrando soros e venação; j. rizoma. Fotos: a. P.L. Viana; b-c, e-f. A. Salino; d, g-h. N.F.O. Mota; i-j. André Simões.
Figure 4
a-b. Microgramma lycopodioides – a. sterile fronds; b. fertile fronds. c-d. Microgramma persicariifolia – c. habit; d. sori. e-f. Pleopeltis polypodioides var. burchellii – e. habit; f. abaxial side of frond showing scales and sori. g-h. Phlebodium decumanum – g. frond; h. rhizome. i-j. Serpocaulon triseriale – i. abaxial side of frond showing sori and venation; j. rhizome. Photos: a. P.L. Viana; b-c, e-f. A. Salino; d, g-h. N.F.O. Mota; i-j. André Simões.

Plantas epífitas. Rizoma longo-reptante, 1,4-2,9 mm diam., cilíndrico, coberto por escamas lanceoladas, castanho-avermelhadas quando jovens, com margens ciliadas pelo menos na metade distal. Frondes monomorfas, 4-17 × 0,5-1,5 cm, sésseis; lâmina lanceolada com tricomas multicelulares esparsos na costa, herbácea a cartácea; nervuras evidentes. Soros circulares, medianos, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra da Bocaina, 6º18'40"S, 49º53'36"W, 690 m, 12.XII.2012, A. Salino et al. 15572 (BHCB); Serra Sul, S11A, 6º06'18"S, 50º27'00"W, 634 m, 22.V.2012, A. Salino et al. 15267 (BHCB); S11B, 06º20'46"S, 50º25'49"W, 650 m, 03.X.2009, P.L. Viana et al. 4392 (BHCB); S11C, 06º22'18"S, 50º23'05"W, 666 m, 08.XII.2007, P.L. Viana 3386 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N4, 06º05'43"S, 50º11'29"W, 675 m, 24.III.2012, A.J. Arruda 833 et al. (BHCB).

Microgramma lycopodioides é uma espécie de ampla distribuição no norte do Brasil. Pode ser reconhecida pela fronde com superfície laminar sem escamas e pelas escamas do caule com margens ciliadas (Almeida 2017Almeida TE (2017) Microgramma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654>. Acesso em 11 março 2017.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
).

Neotropical. Brasil: AM, AP, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, RO, RR (Almeida 2017Almeida TE (2017) Microgramma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654>. Acesso em 11 março 2017.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
). Serra dos Carajás: Serra Norte: N4; Serra Sul: S11A, S11B, S11C, Serra da Bocaina. Ocorre em canga, Floresta Ombrófila Densa e Mata Baixa.

2.2. Microgramma persicariifolia (Schrad.) C.Presl., Tent. Pterid. 214. 1836.

Polypodium persicariifolium Schrad., Gött. gel. Anz. 867. 1824. Figs. 2b; 4c-d

Plantas epífitas ou rupícolas. Rizoma longo-reptante, 1,6-2,2 mm diam., cilíndrico, escamas lanceoladas, castanho-claras, margens inteiras. Frondes monomorfas, 8-20 × 2,5-5,5 cm; lâmina elíptica, glabra, cartácea; nervuras não evidentes. Soros oblongos a lineares, inframedianos, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra da Bocaina, 06º06'18"S, 49º53'00", 700 m, 12.II.2012, A. Salino et al. 15167 (BHCB); Serra Sul, S11A, 06º20'47"S, 50º25'52"W, 737 m, 25.IV.2012, A.J. Arruda et al. 1105 (BHCB); S11B, 06º21'00"S, 50'24"00"W, 700 m, 18.II.2010, A.J. Arruda et al. 198 (BHCB); S11C, 06º23'41,3"S, 50º21'00,4"W, 740 m, 22.V.2010, D.T. Souza et al. 1107 (BHCB); S11D, 06º23'46"S, 50º16'39"W, 743 m, 17.III.2009, P.L. Viana et al. 4116 (BHCB); Serra do Tarzan, 06º19'45"S, 50º08'17"W, 700 m, A.J. Arruda et al. 210 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N4, 06º01'58"S, 50º09'24"W, 600 m, 25.IV.2009, V.T. Giorni et al. 359 (BHCB).

Essa espécie pode facilmente ser separada de todas as espécies ocorrentes nas demais formações da Serra dos Carajás pela superfície laminar glabra, pelos soros oblongos a lineares e pelas escamas do caule com margens inteiras (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.).

Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela (Almeida 2014Almeida TE (2014) Estudos sistemáticos e filogenéticos no gênero Microgramma C.Presl (Polypodiaceae-Polypodiopsida). Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 222p.). Brasil: AC, AM, AP, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RR, SP (Almeida 2017). Serra dos Carajás: Serra Norte: N4; Serra Sul: S11A, S11B, S11C, S11D, Serra da Bocaina, e Serra do Tarzan. Ocorre em Floresta Ombrófila Aberta e Mata Baixa.

3. Pecluma M.G.Price

Plantas epífitas, rupícolas ou terrícolas. Rizoma curto a longo-reptante, raramente ereto, coberto por escamas basifixas, pseudopeltadas ou peltadas. Frondes monomorfas, pectinadas, raque com escamas conspícuas ou inconspícuas, ou glabra. Venação livre ou anastomosada. Indumento ausente ou composto por tricomas catenados, clavados e/ou ctenoides, no pecíolo, raque, costa e superfície laminar. Soros inframedianos a submarginais, paráfises ausentes ou presentes. Esporos monoletes. Pecluma é um gênero neotropical com 51 táxons (Assis 2015Assis FC (2015) Estudos filogenéticos e taxonômicos no gênero Pecluma M.G.Price. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 197p.). No Brasil ocorrem 20 espécies, das quais duas são registradas no estado do Pará (Assis & Salino 2017Assis FC & Salino A (2017) Pecluma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91695>. Acesso em 11 março 2017.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
). Ambas ocorrem na Serra dos Carajás (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.) e apenas uma delas é registrada nas cangas.

3.1. Pecluma plumula (Willd.) M.G.Price, Amer. Fern J. 73(3): 115. 1983.

Polypodium plumula Humb. & Bonpl. ex Willd., Sp. Pl., ed. 4 [Willdenow] 5: 178. 1810. Fig. 2c

Plantas rupícolas. Rizoma curto-reptante, escamas basifixas, castanhas, não-clatradas. Frondes 50-66 × 2,8-4 cm; pecíolos 5,4-9,9 cm compr. × 1,1-1,7 mm diam., com escamas e tricomas esparsos; lâmina pinatiseta, linear, com segmentos basais reduzidos a lobos; raque com escamas deltoides na face abaxial e tricomas na face adaxial; tricomas presentes nas costas e nervuras dos segmentos, raramente na superfície laminar; nervuras livres, 1(-2)-bifurcadas. Soros arredondados, medianos, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, S11A, 06º19'10,4"S, 50º26'25,8"W, 735 m, 30.VIII.2010, T.E. Almeida et al. 2495 (BHCB).

Material adicional examinado: BRASIL. MATO GROSSO: Vila Bela da Santíssima Trindade, 07.III.2011, T.E. Almeida et al. 2758 (BHCB).

Pecluma plumula pode ser diferenciada de P. hygrometrica (Splitg.) M.G.Price, ocorrente nas demais formações da Serra dos Carajás, pela presença de escamas na raque abaxialmente (vs. raque sem escamas em P. hygrometrica) (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.).

Neotropical (Assis 2015Assis FC (2015) Estudos filogenéticos e taxonômicos no gênero Pecluma M.G.Price. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 197p.). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RO, SC, SP (Assis & Salino 2017Almeida TE (2017) Microgramma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654>. Acesso em 11 março 2017.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
). Serra dos Carajás: Serra Sul: S11A. Ocorre no interior de Mata Baixa.

4. Phlebodium (R.Br.) J.Sm.

Plantas epífitas. Rizoma longo-reptante, cobertos por escamas vermelho-alaranjadas a castanhas, não-clatradas, peltadas, filopódios evidentes. Frondes monomorfas, articuladas com o caule; pecíolo longo, lâmina pinatífida a 1-pinada; venação anastomosada, com duas vênulas inclusas por aréolas, exceto as aréolas costais. Soros arredondados, no ápice da confluência de duas vênulas inclusas na aréola, dispostos em uma a sete fileiras entre a nervura central e margem do segmento, paráfises ausentes. Esporos monoletes. Phlebodium é um gênero neotropical com quatro espécies (Tejero-Díez et al. 2009Tejero-Díez JD, Mickel JT & Smith AR (2009) A hybrid Phlebodium (Polypodiaceae, Polypodiophyta) and its influence on the circumscription of the genus. American Fern Journal 99: 109-116.) No Brasil ocorrem três espécies, todas registradas no estado do Pará (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Apenas uma ocorre nas cangas da Serra dos Carajás.

4.1. Phlebodium decumanum (Willd.) J.Sm., J. Bot. (Hooker) 4: 59. 1841.

Polypodium decumanum Willd., Sp. Pl., ed. 4 [Willdenow] 5: 170. 1810. Figs. 3a-b; 4g-h

Plantas epífitas. Rizoma longo-reptante, 2-3 mm de largura, achatado, escamas lineares, vermelho-alaranjadas, margens ciliadas. Frondes 30-150 × 11-50 cm; pecíolos 27,5-40 cm compr. × 3-7,7 mm diam., glabros; lâmina pinatiseta, margem inteira, superfície laminar glabra, costa abaxial com esparsos tricomas diminutos. Nervuras formando 3-7 fileiras de aréolas entre a costa e a margem da pina. Soros dispostos em 4-7 fileiras entre a nervura central e a margem do segmento.

Material selecionado: Canaã do Carajás, Serra da Bocaina, 06º17'32"S, 49º54'53"W, 700 m, 16.XII.2010 L.V. Silva et al. 1064 (BHCB); Serra Sul, S11D, 06º22'18"S, 50º23'05"W, 655 m, 08.XII.2007, P.L. Viana et al. 3400 (BHCB). Parauapebas, N8, 06º11'08"S, 50º07'56"W, 711 m, 23.III.2012, P.B. Mayer et al. 1172 (BHCB).

Phlebodium decumanum é uma planta de ampla distribuição e muito abundante na região amazônica. É facilmente reconhecida pelo rizoma densamente coberto por escamas vermelhas a alaranjadas e pelas longas frondes adultas, que podem chegar a 1,5 m de comprimento. Pode ser confundida na área de estudo com Serpocaulon triseriale, do qual se diferencia pelos soros dispostos em várias fileiras entre a margem do segmento e a nervura mediana (vs. 1(-2) fileiras de soros entre a margem do segmento e a nervura mediana em S. triseriale) e pela presença de duas vênulas inclusas em cada aréola (vs. uma única vênula inclusa em S. triseriale).

Neotropical. Brasil: AC, AL, AM, AP, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SC, SE, TO (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N8; Serra Sul: S11D e Serra da Bocaina. Ocorre no interior de Floresta Ombrófila Densa e em Mata Baixa.

5. Pleopeltis Humb. & Bonpl. ex Willd.

Plantas epífitas ou rupícolas. Rizoma curto a longo-reptante, com escamas peltadas, concolores a bicolores, com margens inteiras, denticuladas, fimbriadas ou erosas. Frondes monomorfas a levemente dimorfas, pecíolos curtos a longos, articulados com o rizoma, glabros a escamosos; lâmina simples, furcada a pinado-pinatífida, esparsa a densamente revestida por escamas peltadas, circulares a ovado-lanceoladas; venação livre ou anastomosada com ou sem vênulas livres inclusas. Soros arredondados a lineares, glabros ou recobertos por escamas peltadas (ao menos nos soros imaturos). Esporos monoletes. Pleopeltis é um gênero principalmente neotropical com três táxons na África (Smith & Tejero-Díez 2014Smith AR & Tejero-Díez JD (2014) Pleopeltis (Polypodiaceae), a redefinition of the genus and nomenclatural novelties. Botanical Sciences 92: 43-58.). No Brasil ocorrem 19 espécies, das quais cinco são registradas no estado do Pará (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Na Serra dos Carajás são registradas duas espécies (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.), uma das quais ocorre nas cangas.

5.1. Pleopeltis polypodioides var. burchellii (Baker) A.R.Sm., Candollea 60(1): 281. 2005.

Polypodium incanum var. burchelli Baker., Fl. bras. 1(2): 526. 1870. Figs. 2c; 4e-f

Plantas epífitas. Rizoma longo-reptante, 1-2 mm diam., cilíndrico, revestido por escamas peltadas, lanceoladas, margens eroso-ciliadas, bicolores, castanho escuras na parte central, alaranjadas nas margens. Frondes 3-12 × 1-3 cm; pecíolos 1-5,3 cm × 0,5-1 mm, recobertos por escamas lanceoladas, castanho-avermelhadas; lâmina pinatífida a 1-pinada, face adaxial esparsamente escamosa, face abaxial recoberta por escamas lanceoladas, com margens erosas; nervuras livres. Soros circulares, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra da Bocaina, 06º18'40"S, 49º53'36"W, 690 m, 12.XII.2012, A. Salino et al. 15571 (BHCB); Serra Sul, S11B, 06º21'06,5"S, 50º23"44,1"W, 700 m, 20.V.2010, A.J. Arruda et al. 219 (BHCB); S11C, 06º19'59"S, 50º24'56"W, 557 m, 17.II.2010, T.E. Almeida et al. 2243 (BHCB); Serra do Tarzan, 06º19'00"S, 50º07'00"W, 740 m, 09.II.2012, L.F.A. de Paula et al. 540 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N1, 06º00'55"S, 50º17'51"W, 750 m, 11.XII.2007, P.L. Viana et al. 3450 (BHCB); N3, 06º02'35"S, 50º13'08"W, 640 m, 23.VI.2012, L.V.C. Silva 1304 (BHCB); N4, 06º06'13", 50º10'36"W, 645 m, 18.V.2012, A. Salino et al. 15219 (BHCB); N7, 06º09'28"S, 50º10'13", 699 m, 23.III.2012, A.J. Arruda et al. 810 (BHCB).

Pleopeltis polypodioides var. burchellii pode ser separada de P. minima (Bory) J.Prado & R.Y.Hirai, a espécie mais próxima ocorrente no Brasil, pelas escamas da superfície laminar com margens erosas na primeira espécie e inteiras na última (Weatherby 1939Weatherby CA (1939) The group of Polypodium polypodioidesContributions from the Gray Herbarium 124: 22-35.). Além disso, Pleopeltis minima não ocorre na região amazônica (Prado et al. 2015). Das espécies congenéricas ocorrentes nas demais formações da Serra dos Carajás, P. polypodioides var. burchellii pode ser separada pela lâmina pinatífida a 1-pinada, pois P. astrolepis (Liebm.) E.Fourn. possui a lâmina inteira e P. desvauxii (Klotzsch) Salino possui a lâmina furcada (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.).

Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Venezuela. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PE, RO, RR, TO (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N3, N4, N7; Serra Sul: S11B, S11C, Serra da Bocaina e Serra do Tarzan. Ocorre em canga, Floresta Ombrófila e Mata Baixa.

6. Serpocaulon A.R.Sm.

Plantas epífitas, rupícolas ou terrícolas. Rizoma longo-reptante, com escamas geralmente clatradas, peltadas, filopódios evidentes. Frondes monomorfas, pecíolo curto a longo; lâmina pinatífida a 1-pinada, raramente simples, glabra, pubescente ou com escamas esparsas na costa e raque; venação regularmente anastomosada, aréolas com uma vênula livre inclusa. Soros arredondados, em uma ou mais fileiras entre a costa e a margem do segmento, surgindo no ápice da nervura inclusa; paráfises presentes ou ausentes. Esporos monoletes. Serpocaulon é um gênero neotropical com ca. 40-45 espécies (Smith et al. 2006Smith AR, Kreie H-P, Haufler CH, Ranker TA & Schneider H (2006) Serpocaulon (Polypodiaceae), a new genus segregated from PolypodiumTaxon 55: 919-930.; Schwartsburd & Smith 2013Schwartsburd PB & Smith AR (2013) Novelties in Serpocaulon (Polypodiaceae). Journal of the Botanical Research Institute of Texas 7: 85-93.). No Brasil ocorrem 19 espécies, das quais duas são registradas no estado do Pará (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.), ambas ocorrendo na Serra dos Carajás (Arruda 2014Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.).

6.1. Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R.Sm., Taxon 55(4): 929. 2006.

Polypodium triseriale Sw., J. Bot. (Schrader) 1800[2]: 26. 1800[1801].Fig. 3c-d; 4i-j

Plantas terrestres ou rupícolas. Rizoma longo reptante, 3-9 mm diam., escamas ovadas, castanhas. Frondes 18-66 × 10-42 cm; pecíolo 7,5-55 cm compr. × 1,5-5 mm diam., glabros; lâmina 1-pinada, superfície laminar glabra, esparsas escamas lineares na costa; nervuras formando 3-4 fileiras de aréolas entre a costa e a margem da pina. Soros circulares, formando 1-2(-3) fileiras de soros entre a costa e a margem da pina, paráfises ausentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra da Bocaina, 06º19'11"S, 49º51'21"W, 742 m, 09.III.2012, A.J. Arruda et al. 662 (BHCB); Serra Sul, S11A, 06º20'55,5"W, 50º26'51,7"W, 721 m, 31.V.2010, D.T. Souza et al. 1122 (BHCB); S11C, 06º23'49"S, 50º23'07"W, 692 m, 29.I.2012, L.V.C. Silva et al. 1175 (BHCB); S11D, 06º23'51"S, 50º20'26"W, 545 m, 06.XII.2007, N.F.O. Mota et al. 1065 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N1, 06º24'38,8"W, 50º23'11"W, 700 m, 18.V.2010, A.J. Arruda et al. 211 (BHCB); N4, 06º05'43"S, 50º11'XX"W, 675 m, A.J. Arruda et al. 834 (BHCB).

Serpocaulon triseriale é a espécie mais amplamente distribuída do gênero, ocorrendo em uma ampla variedade de ambientes por todo o Neotrópico (Labiak & Prado 2008). Na Serra dos Carajás, a espécie ocorre desde a canga até formações florestais e uma grande variação morfológica foi observada. Na ausência de uma monografia atual para o gênero, segue-se aqui a circunscrição atual da espécie (Smith et al. 2006Smith AR, Kreie H-P, Haufler CH, Ranker TA & Schneider H (2006) Serpocaulon (Polypodiaceae), a new genus segregated from PolypodiumTaxon 55: 919-930.; Labiak & Prado 2008Labiak PH & Prado J (2008) New combinations in Serpocaulon and a provisional key for the Atlantic Rain forest species. American Fern Journal 98: 139-159.; Schwartsburd & Smith 2013Schwartsburd PB & Smith AR (2013) Novelties in Serpocaulon (Polypodiaceae). Journal of the Botanical Research Institute of Texas 7: 85-93.).

Neotropical. Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SP, TO (Prado et al. 2015Prado, J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos, FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N4; Serra Sul: S11A, S11C, S11D, Serra da Bocaina, e Serra do Tarzan. Ocorre em canga, Floresta Ombrófila Densa e Mata Baixa.

  • Lista de exsicatas
    Almeida TE 2153 (5.1), 2154 (1.2), 2155 (6.1), 2203 (2.2), 2240 (4.1), 2243 (5.1), 2254 (1.1), 2274 (6.1), 2329 (1.2), 2330 (2.2.), 2453 (1.2), 2495 (3.1), 2758 (3.1). Arruda AJ 526 (4.1), 559 (5.1), 610 (2.1), 662 (6.1), 810 (5.1), 833 (2.1), 834 (6.1), 835 (1.2), 182 (6.1), 183 (2.1), 186 (6.1), 187 (6.1), 198 (2.2), 210 (2.2), 211 (6.1), 219 (5.1), 268 (1.2), 1105 (2.2). de Paula LFA 540 (5.1). Giorni VT 175 (6.1), 243 (2.2), 247 (5.1), 359 (2.2). Mota NFO 1065 (6.1), 1907 (6.1), 1941 (6.1), 1969 (4.1), 1992 (5.1), 2583 (2.2). Mayer PB 1172 (4.1). Pivari MO 1659 (4.1). Salino A 15147 (6.1), 15148 (6.1), 15149 (61.), 15150 (2.2), 15152 (1.2), 15164 (6.1), 15167 (2.2), 15183 (1.2), 15218 (2.1), 15219 (5.1), 15267 (2.1), 15571 (5.1), 15572 (2.1). Silva LVC 1064 (4.1), 1152 (2.2), 1175 (6.1), 1304 (5.1). Souza DT 1107 (2.2), 1122 (6.1), 1147 (6.1), 1150 (5.1). Viana PL 3386 (2.1), 3393 (2.2), 3400 (4.1), 3450 (5.1), 4116 (2.2), 4175 (5.1), 4392 (2.1), 4394 (2.2).
  • Editor de área: Dr. Pedro Viana

Agradecimentos

Ao Instituto Tecnológico Vale (01205.000250/2014-10) e ao CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento do projeto. Ao CNPq, a bolsa de Produtividade para A. Salino (proc. 306868/2014-8). A Elizabeth Reale, as ilustrações; a Nara Mota, a elaboração da prancha de fotos; e a Luiza Costa Moura e a Lucas Lima, o auxílio na preparação das pranchas. Aos dois revisores, as correções e sugestões na versão final deste manuscrito.

Referências

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  • Almeida TE (2017) Microgramma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654>. Acesso em 11 março 2017.
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91654
  • Arruda AJ (2014) Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.
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  • Assis FC & Salino A (2017) Pecluma. In: Flora do Brasil 2020 [em construção] Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB91695>. Acesso em 11 março 2017.
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  • Weatherby CA (1939) The group of Polypodium polypodioidesContributions from the Gray Herbarium 124: 22-35.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2017
  • Aceito
    04 Jul 2017
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